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sábado, 26 de setembro de 2009

A Herança do Buda

Quando não houver passado, quando não houver futuro, só então haverá paz. Futuro significa aspirações, realizações, metas, ambições, desejos. Você não pode estar aqui/agora, pois está sempre correndo atrás de alguma coisa, em algum lugar. A pessoa precisa estar integralmente presente no presente, assim há paz. E disso procede a renovação da vida, pois a vida só conhece um tempo, e esse é o presente.

O passado está morto; o futuro é apenas uma projeção do passado morto. O que você pode pensar sobre o futuro? Você pensa em termos do seu passado, isso é o que você conhece, e você o projeta – é claro que numa versão melhorada. Será mais bonito, mais bem decorado; todas as dores foram deixadas para trás e só os prazeres foram escolhidos, mas ainda assim é o passado. O passado não é, o futuro não é, só o presente é. Estar no presente é estar vivo, no que há de melhor – e isso é a renovação.


Apenas um dia antes de Gautama Buda deixar seu palácio para buscar a verdade, um filho havia nascido de sua esposa. Esta é uma história muito humana, tão bela...

Antes de deixar o palácio ele só queria ver ao menos uma vez o rosto de seu filho, símbolo de seu amor por sua esposa. Então entrou nos aposentos dela. Ela estava dormindo, e a criança encoberta, debaixo de um lençol. Ele queria remover a coberta para ver o rosto da criança, pois talvez ele jamais voltasse. Ele estava indo numa peregrinação desconhecida. Ele estava arriscando tudo, seu reino, sua esposa, sua vida, seu filho, ele mesmo, em busca da iluminação – algo que ele somente tinha escutado como uma possibilidade, a qual havia acontecido antes a umas poucas pessoas que tinham procurado por isso.

Ele estava tão cheio de dúvidas como qualquer um de vocês, mas o momento da decisão havia chegado. Ele estava determinado a partir. Mas a mente humana, a natureza humana... Ele só queria ver – ele não tinha nem mesmo visto o rosto de seu próprio filho. Mas ele temia que, se ele removesse a coberta, se Yashodhara, sua esposa, acordasse, ela perguntaria, “O que você está fazendo no meio da noite em meu quarto? – e você parece preparado para ir a algum lugar”.

Ele estava para partir, e ele havia dito ao seu cocheiro, “Espere um minuto. Deixe-me ver o rosto da criança. Pode ser que eu jamais retorne”. Mas ele não pôde ver devido ao medo de Yashodhara acordar, começar a chorar, a soluçar, “Onde você vai? Que você está fazendo? O que é renúncia? O que é iluminação?” Não é possível prever o que uma mulher faria – ela podia acordar todo o palácio! O pai dela viria, e a coisa toda estará estragada. Então ele simplesmente fugiu.

Após doze anos, quando ele realizou a iluminação, a primeira coisa que ele fez foi voltar ao seu palácio para desculpar-se com seu pai, sua esposa, seu filho que agora devia estar com doze anos de idade. Ele estava ciente que eles podiam estar zangados. O pai estava muito zangado – ele foi o primeiro a encontrá-lo, e por meia hora ele continuou insultando Buda. Mas depois, subitamente ele percebeu que estava dizendo muitas coisas e seu filho permanecia ali de pé, como uma estátua de mármore, como se nada o afetasse.

O pai olhou para ele, e Gautama Buda disse, “Foi o caminho que escolhi. Por favor, enxugue suas lágrimas. Olhe para mim: Eu não sou o mesmo garoto que deixou o palácio. Seu filho morreu muito tempo atrás.
Posso me parecer com ele, porém, minha consciência é outra. Basta me olhar”.

O pai disse, “Estou vendo isso. Por meia hora eu estive insultando você, e isso é prova suficiente de que você mudou. Do contrário, sei quão temperamental você era: você não conseguiria ficar tão silencioso. Que aconteceu a você?” Buda disse, “Eu lhe direi. Deixe-me primeiro ver minha esposa e meu filho. Eles devem estar esperando – eles devem ter ouvido que eu cheguei”. E a primeira coisa que sua esposa lhe disse foi, “Posso ver que você está transformado. Estes doze anos foram de grande sofrimento, mas não porque você se foi. Sofri porque você nada me disse. Se houvesse simplesmente me contado que você estava indo em busca da verdade, você acha que eu o teria impedido? Você me insultou profundamente. Essa é a mágoa que tenho carregado por doze anos. Também pertenço a casta dos guerreiros – você acha que sou assim tão frágil que teria chorado e gritado para tentar impedi-lo de partir?
“Durante esses doze anos meu sofrimento foi que você não confiou em mim. Eu teria lhe permitido, teria lhe dado uma despedida, teria vindo até a carruagem. Primeiro eu queria lhe fazer a única pergunta que tem estado em minha mente por todos esses doze anos, sobre o que quer que você tenha alcançado – e parece que certamente você alcançou algo. “Você não é mais a mesma pessoa que deixou esse palácio. Você irradia uma luz diferente, sua presença é totalmente nova e refrescante, seus olhos são tão puros e cristalinos como um céu sem nuvens. Você ficou tão bonito, você sempre foi belo, mas essa beleza não parece ser desse mundo. Alguma graça do além caiu sobre você. Minha pergunta é, seja lá o que você tenha alcançado, não era possível alcançar isso aqui nesse palácio? Pode o palácio impedir a verdade?”

A pergunta era extremamente inteligente, e Gautama Buda teve que concordar: “Poderia ter conseguido isso aqui, mas não tinha nenhuma idéia disso naquele momento. Agora posso dizer que eu poderia ter alcançado isso aqui nesse palácio, não havia nenhuma necessidade de ir a lugar algum. Tinha apenas que mergulhar dentro de mim, e isso podia ter ocorrido em qualquer lugar. Este palácio era tão bom quanto qualquer outro lugar, mas agora posso dizer isso. Naquele momento eu não tinha nenhuma idéia”.

“Então você deve me perdoar, pois não é que eu não confiasse em você ou na sua coragem. Na verdade, estava duvidoso quanto a mim mesmo: se você acordasse e eu tivesse visto o bebê, podia ter começado a imaginar, Que estou fazendo, deixando minha bela esposa, cujo amor total, cuja total devoção é para mim. E deixando meu filho de um dia de idade... se estou deixando-o então porque consenti no seu nascimento? Estou fugindo das minhas responsabilidades”.

“Se meu velho pai tivesse acordado, teria sido impossível para mim. Não é que eu não confiasse em você; realmente foi que eu não confiava em mim mesmo. Sabia que havia uma indecisão; eu não era total na renúncia. Uma parte de mim dizia, ‘O que você está fazendo?' – e outra parte de mim estava dizendo, ‘Essa é a hora de fazer isso. Se você não fizer agora isso se tornará cada vez mais difícil. Seu pai está se preparando para lhe coroar. Uma vez você seja coroado rei, será bem mais difícil’”.

Yashodhara disse a ele, “Essa era a única pergunta que eu queria fazer, e estou imensamente feliz por você ter sido absolutamente verdadeiro dizendo que isso, pode ser alcançado aqui, pode ser alcançado em qualquer parte. Agora seu filho, que está de pé ali, um garotinho de doze anos, tem estado continuamente perguntando sobre você, e tenho dito a ele, “Apenas espere. Ele irá voltar; ele não pode ser tão cruel, não pode ser tão indelicado, não pode ser tão desumano. Um dia ele virá. Talvez o que quer que ele tenha ido realizar esteja levando tempo. Logo que ele realizar, a primeira coisa que ele fará será voltar”. “Então seu filho está ali, e eu quero que você me diga qual herança você está deixando para seu filho? O que você tem para dar a ele? Você lhe deu vida – e agora, o que mais?”

Buda nada tinha a não ser sua tigela de esmolas, então chamou seu filho, cujo nome era Rahul. Ele chamou Rahul para perto dele e deu a ele a tigela de esmolas. Ele disse, “Eu nada tenho. Essa é minha única posse. Doravante terei que usar minhas mãos para pedir esmolas, para pedir minha comida. Dando a você essa tigela de esmolas estou lhe iniciando em sânias, na busca. Esse é o único tesouro que encontrei, e eu gostaria que você também o encontrasse”.

Ele disse a Yashodhara, “Você precisa estar preparada para tornar-se uma parte de minha comunidade de sanyasins”, e iniciou sua esposa. Seu pai tinha chegado e estava observando toda a cena. Ele disse a Gautama Buda, “Então porque você está me deixando de fora? Você não quer compartilhar o que você encontrou com seu velho pai? Minha morte está próxima... inicie-me também”.

Buda disse, “Na verdade, eu apenas vim para levar todos vocês comigo, pois encontrei um reino muito maior – um reino que irá durar para sempre, o qual não pode ser conquistado. Vim aqui para que vocês pudessem sentir aquilo que atingi, a fim de que vocês pudessem sentir minha realização, e eu pudesse convencê-los a serem meus companheiros de viagem”.

O copo e o lago

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse. - Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
- Ruim. - disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse:
- Beba um pouco dessa água.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! - disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? - perguntou o Mestre.
- Não. - disse o jovem.
O Mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Em outras palavras, é deixar de ser copo, para tornar-se um lago.

Guessar

A Guessar está de site novo. Lindo! A minha querida amiga Drika está de parabéns. Ela dá o sangue lá. E as coisas todas são de altíssima qualidade. E outra: são incensos tibetanos MESMO feito por butaneses, nepaleses e tibetanos. São abençoados por lamas realizados e não são encontrados na lojinha de material esotérico do shopping. Para quem curte, tem horóscopo tibetano e muito mais.
Parabéns Drika!
http://www.guessar.com.br/

Abandono de blog

Caros leitores.
Desculpem-me por ter abandonado o blog por tanto tempo sem postagens novas. É que, como diz a Menina do Didentro, "a minha vida não é um blog". A vida prega é peças na gente e muitas! Estevi às voltas com outros empreendimentos, problemas, alegrias, entusiasmos, tristezas e perdas que são coisas que fazem parte da vida mesmo. Quem falar que não passa por isso está mentindo e, pior, enganando a si próprio.
Enfim, estou de volta e, assim que achar um testo legal, que valha a pena postar, estarei aqui.
Abraço a todos e até logo, logo.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sobre o Medo - On Fear - Krishnamurti

Existe o medo. O medo nunca é uma realidade: vem sempre antes ou depois do presente ativo. Quando há medo no presente ativo, será isso medo? Está ali e não há como fugir dele, não há como escapar. Ali, no momento presente, há a atenção total ao momento de perigo, físico ou psicológico. Quando há atenção total, não há medo. Mas o próprio fato da desatenção gera o medo; o medo surge quando há uma evitação do fato, uma fuga; então a fuga é, ela própria, o medo.”
"Porventura uma das causas do medo é a comparação? O comparar-se com outra pessoa? Obviamente sim. A pergunta, portanto, é: será você capaz de viver uma vida sem se comparar com ninguém? Compreende o que digo? Ao se comparar com alguém, seja em termos ideológicos, psicológicos ou mesmo físicos, há o anseio de tornar-se aquilo; e há o medo de não conseguir. é o desejo de preencher e você teme não ser capaz de preencher. Onde há comparação haverá o medo."

Krishnamurti

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Por favor, vejam este vídeo!

http://www.youtube.com/user/SupremeMasterTV

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Não coloque a panela que ainda chia debaixo da água fria!


Achei esta lista no meio dos meus documentos do computador. Achei que já está um tanto antiga e batida e até pensei em jogá-la na lixeira, mas em tempos de reciclagem, resolvi fazer umas mudanças e postá-la. Mas também sei que tem muita gente que não se toca e continua fazendo as mesmas coisas simplesmente por hábito ou por preguiça de mudar. Temos uma postura engraçada de que, se o outro faz não precisamos fazer ou de achar que tudo é inesgotável, que tudo não passa de alarmismo. Mas a cada dia é possível ver nos noticiários e mesmo ao nosso lado que o clima está mudando. É preciso uma consciência ecológica imediata, ou melhor dizendo, para ontem, talvez anteontem! Economizar energia é proteger o PLANETA, vale a pena lembrar! Cada um tem que fazer sua parte e não esperar que o outro faça. O que estou colocando aqui são apenas algumas pequenas coisas do dia-a-dia, atitudes simples, mas que já ajudam bastante. Todo o Mundo agradece!

1.
Tampe suas panelas enquanto cozinha. Parece obvio, não é? E é mesmo! Ao tampar as panelas enquanto cozinha você aproveita o calor que simplesmente se perderia no ar.
2.
Use uma garrafa térmica com água gelada. Compre daquelas garrafas térmicas de acampamento, de 2 ou 5 litros. Abasteça-a de água bem gelada com uma bandeja de cubos de gelo pela manhã. Você terá água gelada até a noite e evitará o abre-fecha da geladeira toda vez que alguém quiser beber um copo de água
3.
Ah, Essa é ótima! Aprenda a cozinhar em panela de pressão. Acredite. Dá pra cozinhar tudo em panela de pressão: feijão, arroz, macarrão, carne, peixe etc. Muito mais rápido e economizando 70% de gás. Desligue um pouco antes do tempo e não coloque a panela que ainda chia debaixo da água fria. Desligue e deixe chiar até ela parar sozinha. Isso é um hábito muito comum, mas, no mínimo, burro! Se você faz isso, não aproveita o calor que ainda continua lá dentro mesmo com o fogo desligado e é aí que você economiza também o gás de cozinha.
4.
Cozinhe com fogo mínimo. Se você não faltou às aulas de física no 2º grau você sabe: Não adianta, por mais que você aumente o fogo, sua comida não vai cozinhar mais depressa, pois a água não ultrapassa 100ºC em uma panela comum. Com o fogo alto, você vai é queimar sua comida.
5.
Antes de cozinhar retire da geladeira todos os ingredientes de uma só vez. Evite o o abre-fecha da geladeira toda vez que seu cozido precisar de uma cebola, uma cenoura, etc.
6.
Coma menos carne vermelha. A criação de bovinos é um dos maiores responsáveis pelo efeito estufa. Não é piada. Você já sentiu aquele cheiro pavoroso quando você se aproximou de alguma fazenda de criação de gado? Pois é. É metano, um gás inflamável, poluente, e megafedorento. Além disso, a produção de carne vermelha demanda uma quantidade enorme de água. Para você ter uma idéia: Para produzir 1 kg de carne vermelha é necessário 200 litros de água potável. O mesmo quilo de frango só consome 10 litros.
7.
Não troque o seu celular. Já foi tempo que celular era sinal de status. Hoje em dia qualquer zé mané tem. Trocar por um mais moderno para tirar onda? Ninguém se importa. Fique com o antigo pelo menos enquanto estiver funcionando perfeitamente ou em bom estado. Se o problema é a bateria, considere o custo/benefício trocá-la e descartá-la adequadamente, encaminhando-a a postos de coleta. Celulares trouxeram muita comodidade à nossa vida, mas utilizam de derivados de petróleo em suas peças e metais pesados em suas baterias. Além disso, na maioria das vezes sua produção é feita utilizando mão de obra barata em países em desenvolvimento. Utilize seus gadgets até o final da vida útil deles, lembre-se de que eles certamente não foram nada baratos.
8.
Compre um ventilador de teto. Nem sempre faz calor suficiente pra ser preciso ligar o ar condicionado. Na maioria das vezes um ventilador de teto é o ideal para refrescar o ambiente gastando 90% menos energia. Combinar o uso dos dois também é uma boa idéia. Regule seu ar condicionado para o mínimo e ligue o ventilador de teto.
9.
Use somente pilhas e baterias recarregáveis. É certo que são caras, mas ao uso em médio e longo prazo elas se pagam com muito lucro. Duram anos e podem ser recarregadas em média 1000 vezes.
10.
Limpe ou troque os filtros o seu ar condicionado. Um ar condicionado sujo representa 158 quilos de gás carbônico a mais na atmosfera por ano, além de contribuir para doenças respiratórias seríssimas que podem, muitas vezes, levar à morte.
11.
Troque suas lâmpadas incandescentes por fluorescentes. Lâmpadas fluorescentes gastam 60% menos energia que uma incandescente. Assim, você economizará 136 quilos de gás carbônico anualmente.
12.
Escolha eletrodomésticos de baixo consumo energético. Procure por aparelhos com o selo do Procel (no caso de nacionais) ou Energy Star (no caso de importados).
13.
Não deixe seus aparelhos em stand-by. Simplesmente desligue ou tire da tomada quando não estiver usando um eletrodoméstico. A função de stand-by de um aparelho usa cerca de 15% a 40% da energia consumida quando ele está em uso.
14.
Mude sua geladeira ou freezer de lugar. Ao colocá-los próximos ao fogão, eles utilizam muito mais energia para compensar o ganho de temperatura. Mantenha-os afastados pelos menos 15cm das paredes para evitar o superaquecimento. Colocar roupas e tênis para secar atrás deles então, nem pensar!
15.
Descongele geladeiras e freezers antigos a cada 15 ou 20 dias. O excesso de gelo reduz a circulação de ar frio no aparelho, fazendo que gaste mais energia para compensar. Se for o caso, considere trocar de aparelho. Os novos modelos consomem até metade da energia dos modelos mais antigos, o que subsidia o valor do eletrodoméstico a médio e a longo prazo.
16.
Use a máquina de lavar roupas e louça só quando estiverem cheias. Caso você realmente precise usá-las com metade da capacidade, selecione os modos de menor consumo de água. Se você usa lava-louças, não é necessário usar água quente para pratos e talheres pouco sujos. Só o detergente já resolve.
17.
Retire imediatamente as roupas da máquina de lavar quando estiverem limpas. As roupas esquecidas na máquina de lavar ficam muito amassadas, exigindo muito mais trabalho e tempo para passar e consumindo assim muito mais energia elétrica. Na minha casa, aposentei o ferro de passar. Roupas de malha e calças jeans podem ser esticadas sobre uma cama e dobradas perfeitamente. Costumo dizer que hoje não passo o ferro. Passo a mão.
18.
Tome banho de chuveiro. E de preferência, rápido. Um banho de banheira consome até quatro vezes mais energia e água que um chuveiro.
19.
Use menos água quente. Aquecer água consome muita energia. Para lavar a louça ou as roupas, prefira usar água morna ou fria.
20.
Pendure ao invés de usar a secadora. Você pode economizar mais de 317 quilos de gás carbônico se pendurar as roupas durante metade do ano ao invés de usar a secadora.
21.
Nunca é demais lembrar: recicle! Recicle no trabalho e em casa. Se a sua cidade ou bairro não tem coleta seletiva, leve o lixo até um posto de coleta. Existem vários na rede Pão de Açúcar. Lembre-se de que o material reciclável deve ser lavado (no caso de plásticos, vidros e metais) e dobrado (papel).
22.
Faça compostagem. Cerca de 3% do metano que ajuda a causar o efeito estufa é gerado pelo lixo orgânico doméstico. Aprenda a fazer compostagem: além de reduzir o problema, você terá um jardim saudável e bonito.
23.
Reduza o uso de embalagens. Embalagem menor é sinônimo de desperdício de água, combustível e recursos naturais. Prefira embalagens maiores, de preferência com refil. Evite ao máximo comprar água em garrafinhas, leve sempre com você a sua própria.
24.
Compre papel reciclado. Produzir papel reciclado consome de 70 a 90% menos energia do que o papel comum, e poupa nossas florestas.
25.
Utilize uma sacola de tecido para as compras. Sacolinhas plásticas descartáveis são um dos grandes inimigos do meio-ambiente. Elas não apenas liberam gás carbônico e metano na atmosfera, como também poluem o solo e o mar. Quando for ao supermercado, leve uma sacola de feira.
26.
Plante uma árvore. Uma árvore absorve uma tonelada de gás carbônico durante sua vida. Plante árvores no seu jardim ou inscreva-se em programas como o SOS Mata Atlântica ou Iniciativa Verde.
27.
Compre alimentos produzidos na sua região. Fazendo isso, além de economizar combustível, você incentiva o crescimento da sua comunidade, bairro ou cidade.
28.
Compre alimentos frescos ao invés de congelados. Comida congelada além de mais cara, consome até 10 vezes mais energia para ser produzida. É uma praticidade que nem sempre vale a pena.
29.
Compre orgânicos. Por enquanto, alimentos orgânicos são um pouco mais caros pois a demanda ainda é pequena no Brasil. Mas você sabia que, além de não usar agrotóxicos, os orgânicos respeitam os ciclos de vida de animais, insetos e ainda por cima absorvem mais gás carbônico da atmosfera que a agricultura "tradicional"? Se toda a produção de soja e milho dos EUA fosse orgânica, cerca de 240 bilhões de quilos de gás carbônico seriam removidos da atmosfera. Portanto, incentive o comércio de orgânicos para que os preços possam cair com o tempo.
30.
Ande menos de carro. Use menos o carro e mais o transporte coletivo (ônibus, metrô) ou o limpo (bicicleta ou a pé). Se você deixar o carro em casa 2 vezes por semana, deixará de emitir 700 quilos de poluentes por ano.
31.
Deixe o bagageiro vazio em cima do carro. Qualquer peso extra no carro causa aumento no consumo de combustível. Um bagageiro vazio gasta 10% a mais de combustível, devido ao seu peso e aumento da resistência do ar.
32.
Mantenha seu carro regulado. Calibre os pneus a cada 15 dias e faça uma revisão completa a cada seis meses, ou de acordo com a recomendação do fabricante. Carros regulados poluem menos. A manutenção correta de apenas 1% da frota de veículos mundial representa meia tonelada de gás carbônico a menos na atmosfera.
33.
Lave o carro a seco. Existem diversas opções de lavagem sem água, algumas até mais baratas do que a lavagem tradicional, que desperdiça centenas de litros a cada lavagem. Procure no seu posto de gasolina ou no estacionamento do shopping.
34.
Quando for trocar de carro, escolha um modelo menos poluente. Apesar da dúvida sobre o álcool ser menos poluente que a gasolina ou não, existem indícios de que parte do gás carbônico emitido pela sua queima é reabsorvida pela própria cana de açúcar plantada. Carros menores e de motor 1.0 poluem menos. Em cidades como São Paulo, onde no horário de pico anda-se a 10km por hora, não faz muito sentido ter carros grandes e potentes para ficar parados nos congestionamentos.
35.
Use o telefone ou a Internet. A quantas reuniões de 15 minutos você já compareceu esse ano, para as quais teve que dirigir por quase uma hora para ir e outra para voltar? Usar o telefone ou skype pode poupar você de stress, além de economizar um bom dinheiro e poupar a atmosfera.
36.
Voe menos, reúna-se por videoconferência. Reuniões por videoconferência são tão efetivas quanto as presenciais. E deixar de pegar um avião faz uma diferença significativa para a atmosfera.
37.
Economize CDs e DVDs. CDs e DVDs sem dúvida são mídias eficientes e baratas, mas você sabia que um CD leva cerca de 450 anos para se decompor e que, ao ser incinerado, ele volta como chuva ácida (como a maioria dos plásticos)? Utilize mídias regraváveis, como CD-RWs, drives USB ou mesmo e-mail ou FTP para carregar ou partilhar seus arquivos. Hoje em dia, são poucos arquivos que não podem ser disponibilizados virtualmente ao invés de em mídias físicas.
38.
Proteja as florestas. Por anos os ambientalistas foram vistos como "eco-chatos". Mas em tempos de aquecimento global, as árvores precisam de mais defensores do que nunca. O papel delas no aquecimento global é crítico, pois mantém a quantidade de gás carbônico controlada na atmosfera.
39.
Considere o impacto de seus investimentos. O dinheiro que você investe não rende juros sozinho. Isso só acontece quando ele é investido em empresas ou países que dão lucro. Na onda da sustentabilidade, vários bancos estão considerando o impacto ambiental das empresas em que investem o dinheiro dos seus clientes. Informe-se com o seu gerente antes de escolher o melhor investimento para você e o meio ambiente.
40.
Informe-se sobre a política ambiental das empresas que você contrata. Seja o banco onde você investe ou o fabricante do shampoo que utiliza, todas as empresas deveriam ter políticas ambientais claras para seus consumidores. Ainda que a prática esteja se popularizando, muitas empresas ainda pensam mais nos lucros e na imagem institucional do que em ações concretas. Por isso, não olhe apenas para as ações que a empresa promove, mas também a sua margem de lucro alardeada todos os anos. Será mesmo que eles estão colaborando tanto assim?
41.
Desligue o computador. Muita gente tem o péssimo hábito de deixar o computador de casa ou da empresa ligado ininterruptamente, às vezes fazendo downloads, às vezes simplesmente por comodidade. Desligue o computador sempre que for ficar mais de 2 horas sem utilizá-lo e o monitor por até quinze minutos.
42.
Considere trocar seu monitor. O maior responsável pelo consumo de energia de um computador é o monitor. Monitores de LCD são mais econômicos, ocupam menos espaço na mesa e estão ficando cada vez mais baratos. O que fazer com o antigo? Doe a instituições como o Comitê para a Democratização da Informática.
43.
No escritório, desligue o ar condicionado uma hora antes do final do expediente Num período de 8 horas, isso equivale a 12,5% de economia diária, o que equivale a quase um mês de economia no final do ano. Além disso, no final do expediente a temperatura começa a ser mais amena.
44.
Não permita que as crianças brinquem com água. Banho de mangueira, guerrinha de balões de água e toda sorte de brincadeiras com água são sem dúvida divertidas, mas passam a equivocada idéia de que a água é um recurso infinito, justamente para aqueles que mais precisam de orientação, as crianças. Não deixe que seus filhos brinquem com água, ensine a eles o valor desse bem tão precioso.
45.
No hotel, economize toalhas e lençóis. Use o bom senso. Você realmente precisa de uma toalha nova todo dia? Você é tão imundo assim? Em hotéis, o hóspede tem a opção de não ter as toalhas trocadas diariamente, para economizar água e energia. Trocar uma vez a cada 3 dias já está de bom tamanho. O mesmo vale para os lençois, a não ser que você faça xixi na cama.
46.
Participe de ações virtuais. A Internet é uma arma poderosa na conscientização e mobilização das pessoas. Um exemplo é o site ClickÁrvore, que planta árvores com a ajuda dos internautas. Informe-se e aja!
47.
Instale uma válvula na sua descarga. Instale uma válvula para regular a quantidade de água liberada no seu vaso sanitário: mais quantidade para o número 2, menos para o número 1! Os vasos com caixa acoplada também são muito mais econômicos.
48.
Não peça comida para viagem. Se você já foi até o restaurante ou à lanchonete, que tal sentar um pouco e curtir sua comida ao invés de pedir para viagem? Assim você economiza as embalagens de plástico e isopor utilizadas.
49.
Regue as plantas à noite. Ao regar as plantas à noite ou de manhãzinha, você impede que a água se perca na evaporação, e também evita choques térmicos que podem agredir suas plantas.
50.
Frequente restaurantes naturais e ou orgânicos. Com o aumento da consciência para a preservação ambiental, uma gama enorme de restaurantes naturais, orgânicos e vegetarianos está se espalhando pelas cidades. Ainda que você não seja vegetariano, experimente os novos sabores que essa onda verde está trazendo e assim estará incentivando o mercado de produtos orgânicos, livres de agrotóxicos e menos agressivos ao meio-ambiente.
51.
Vá de escada. Para subir até dois andares ou descer três, que tal ir de escada? Além de fazer exercício, você economiza energia elétrica dos elevadores.
52.
Faça sua voz ser ouvida pelos seus representantes. Use a Internet, cartas ou telefone para falar com os seus representantes em sua cidade, estado e país. Mobilize-se e certifique-se de que os seus interesses - e de todo o planeta - sejam atendidos.
53.
Divulgue essa lista! Envie essa lista de dicas por e-mail para seus amigos, divulgue o link do post no seu blog ou orkut, reproduza-a livremente, e, quando possível, cite a fonte. O Mude o Mundo agradece, e o planeta também!

sábado, 5 de setembro de 2009

Conhecer a própria mente.

Chögyam Trumgpa Rinpoche
"Samsara é o estado de vagar em círculos. A roda da vida nos apresenta um quadro não apenas da vida humana, mas da vida como um todo - (...)
Tradicionalmente, essa interpretação dos seis reinos tem sido enfatizada como um incentivo à prática do dharma. Em uma cultura onde a crença na reencarnação é aceita, a contemplação sobre o ciclo infindável de vida após vida é muito poderosa e eficaz. Mas para aqueles de nós que não cresceram com essas idéias como parte do seu passado cultural, seria artificial simplesmente aceitá-las como uma questão de fé. Precisamos chegar a uma compreensão mais profunda de seu significado interior, antes que possamos integrá-las à nossa visão de vida. Muitos budistas ocidentais têm dificuldades com o conceito de renascimento nos seis reinos ou mesmo com o renascimento por si só. Ninguém pode nos provar o que existe além da morte. Entretanto, podemos investigar nossas mentes aqui e agora e descobrir todos os mundos contidos nelas. Podemos descobrir o que a vida como um ser humano realmente significa neste exato momento e isso pode nos levar a uma crença razoável, baseada na experiência presente, sobre o que acontece após a morte.
Quando observamos a mente em meditação, podemos ver com clareza como cada pensamento surge e cessa, como causa e efeito operam, como estados mentais sucedem uns aos outros exatamente como uma vida depois da outra e como nossa impermanência imaginada é, na verdade, um processo de mudança contínua. Se aprendermos a observar todas essas coisas acontecendo nesta vida, não é tão difícil aceitar a idéia de todas elas continuarem após a morte. Nossa própria mente é a única coisa que podemos realmente conhecer. Podemos aprender a ver além de qualquer dúvida como criamos continuamente nosso próprio mundo através do poder da mente e como os seis reinos tem uma significação muito real na psicologia da existência diária. (...)
Trungpa Rinpoche sempre falou sobre os seis reinos como estados mentais e enfatizou a importância de compreendê-los dessa foram enquanto temos oportunidade nessa vida. Ele se referia a eles como estilos de aprisionamentos, estilos de confusão, estilos de insanidade e mundos de fantasia. São tdos estratégias para manter o que ele chamava de jogos do ego em face à possibilidade do despertar. Surgem a partir dos venenos e, quando permitimos que uma dessas emoções poderosas se desenvolva e tome conta de nossas vidas, encontramo-nos no reino em particular associado a ela. O veneno corroendo o centro do ser que habita cada reino se origina do medo básico* de perder o ego, expresso nessas seis formas características. Todos os reinos são baseados em apego e avidez não nos permitindo que nos liberemos em direção ao espaço.
Quando estamos completamente imersos em um estado emocional insuperável, todo o nosso mundo se torna colorido por ele; tendemos a ver o ambiente e as outras pessoas sob a mesma luz de tal forma que se torna impossível distinguir a realidade interior da exterior. Quando estamos felizes descobrimos que nossa felicidade afeta todos ao nosso redor, as pessoas reagem a nós e se sentem mais felizes também; somos capazes de desfrutar do tempo mesmo se estiver feio ou desagradável e vemos beleza até na mais feia paisagem. Da mesma forma, quando estamos consumidos por raiva ou por ódio, tudo se torna odioso; não sentimos prazer no ambiente que nos cerca e achamos que todos estão direcionando sua agressividade para nós. Atraímos o pior das outras pessoas e, mesmo objetos inanimados parecem refletir nosso mau humor quebrando-se, ficando no caminho e causando acidentes. Esses são exemplos diários de morada nos reinos do céu e do inferno. As descrições dos seis reinos fque se seguem podem parecer extremas; mostram cada reino em sua forma mais intensa, não diluída por quaisquer outras características. Para nós que somos humanos, as experiências dos outros reinos sempre acontecem dentro da natureza humana básica; é como se víssemos apenas sombras ou seus reflexos."
Do livro "Vazio Luminoso" de Francesca Fremantle - páginas 189, 190, 191.
*O grifo é meu.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Dzambhala

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Dzambhala é mais conhecido por ser o Buda da abundância e bem... todos querem dinheiro! A rica cor de ouro de sua pele representa o aumento e o crescimento: resumindo, ele pode nos trazer riqueza material e nos ajudar a sair da pobreza, mas, o mais importante, sua prática pode nos trazer também a riqueza espiritual e o crescimento pessoal a fim de nos transformar numa pessoa melhor. Assim com todos os budas, sua prática pode nos levar até o alcance da iluminação última. Sua forma é a de um homem baixo, gordo e corpulento o que vem de um tempo em que amplamente se acreditava que a obesidade era sinônimo de riqueza e luxo. Ele também tem uma expressão arrogante em seu rosto e está sentado na postura do conforto real: esta postura é um aviso que serve para nos dizer que se continuarmos a olhar e agir dessa maneira arrogante em nossas tentativas de conseguir riqueza material, na verdade, em vez disso, teremos pobreza. Pensem! Nossa ganância está ferindo os outros? O conforto real de sua forma indica que Dzambhala está livre do samsara – através de sua prática e feitos, ele também adquiriu todo dinheiro, fama e riqueza do universo e não mais experimenta sofrimentos. Ele pode se dar ao luxo de se recostar tranquilo – ele conseguiu tudo o que queria! Ele nos mostra como nossa prática para ele pode nos guiar até a iluminação última onde também podemos ter literalmente tudo que queremos Ao mesmo tempo, ele pisa numa concha com seu pé direito para mostrar que, mesmo que ele tenha alcançado toda essa riqueza, ele está acima dela e não mais permite que os laços do samsara o subjuguem de novo. Dzambhala segura uma fruta na sua mão direita que significa que, se seguirmos sua prática, ele pode “arcar com os frutos” de nossos esforços para ganhar alcances espirituais e iluminação. Em sua mão esquerda, ele segura um mangusto que é um mudra da antiga Índia como um presságio de que coisas boas estão chegando. O mangusto cospe lindas jóias que realizam desejos. Ambos trabalham para nos atrair para a prática de Dzambala com uma promessa imediata de riqueza. As bênçãos de Dzambhala e o valor de sua prática são universais. Manter uma imagem ou estátua dele, ou dar uma estátua de Dzmbhala de presente a alguém é auspicioso para qualquer um em qualquer lugar. Sua energia espiritual em forma de som que ajuda a transformar a mente é o mantra:

OM DZAMBHALA ZALENDRAYÊ SOHÁ
Mas, importantíssimo! Só se pode fazer a prática e repetição do mantra após receber a iniciação de um mestre realizado! Acho que joguei muita água fria em quem achou que era fácil!

domingo, 30 de agosto de 2009

Paciência - Sua Santidade, o 14º Dalai lama

A paciência pode ser cultivada por diferentes métodos. O conhecimento da lei do carma é um deles. Assim, quando vivemos, por exemplo, condições de trabalho difíceis ou nos confrontamos com um problema particular, devemos pensar que somos responsáveis pelo nosso sofrimento e que ele resulta, com certeza, de causas que nós próprios geramos. Embora seja verdade que não é por isso que o problema se resolve, permite-nos relativizar, distanciarmo-nos e motivarmo-nos para fazer o possível para não contribuirmos, por "maus" pensamentos ou atos, para criar de novo este tipo de carma.

sábado, 29 de agosto de 2009

Diz Sua Santidade, o Dalai Lama.

O ódio, a afeição ou a inveja desestabilizam o nosso espírito e impedem-no de se comportar com equanimidade em relação aos seres. Comportarmo-nos com equanimidade não significa sermos indiferentes ou não nos sentimos implicados no sofrimento dos outros. Adotar tal atitude conduz-nos, muito pelo contrário, a agir para com os outros de maneira igualitária, sem mostrarmos preferências ou rejeições, com compaixão e amor, e fazendo tudo o que está ao nosso alcance para ajudar todos os seres, sem distinção, a atingir o despertar.

A verdadeira prática não se manifesta nos locais de culto, mas no exterior, em sociedade, onde nos confrontamos com situações reais e com as pessoas que podem suscitar ódio, amor, compaixão, desejo. Praticar uma religião não consiste simplesmente em orar, mas em desenvolver as emoções positivas que são o amor altruísta, a compaixão, a bondade, a generosidade, o sentido das responsabilidades e em dar sem contar e sem esperar nada em troca a todos os que nos rodeiam, amigos e inimigos.

Habitualmente, esperamos de uma pessoa que auxiliamos que se mostre reconhecida, de uma qualquer maneira. Se não o fizer, podemos sentir crescer dentro de nós raiva, ressentimento, ou ainda vontade de a prejudicar. Se tivermos aprendido a trabalhar o espírito e a observar o que se passa dentro de nós, poderemos então interromper o processo em curso e pôr termo à emoção perturbadora que nos impele a reagir com violência. Torna-se ainda mais fácil de realizar se considerarmos a pessoa que nos enfrenta um mestre cujo papel consiste em nos ensinar a desenvolver a paciência e a compaixão. Pensemos nisto quanto formos levados a viver este tipo de situação e veremos que, uma vez transposto este passo, é cada vez mais fácil comportarmo-nos assim, desenvolver a paz de espírito.

Termos confiança em nós e nas nossas qualidades não significa que sejamos orgulhosos. É importantes termos confiança naquilo que somos, nos nossos talentos e capacidades particulares, de modo a desenvolver a fé na existência, na qual se apoiará a capacidade de gerar a bondade, a benevolência, a compaixão e o amor altruísta. A fé e a confiança são indispensáveis ao desenvolvimento das qualidades humanas. Constituem um terreno fértil onde crescem todas as sementes que dão origem às emoções positivas.

Via e-mail, de Portugal, por Helena Mello.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O que acontece quando todos blogam.

Qua, 26 Ago - 14h48

Por Rodrigo Martins, colaborou Ana Freitas

São Paulo, (Agência Estado) - Hoje todo mundo "bloga" - e assim, entre aspas mesmo. O formato surgiu há mais de uma década como versão digital de diários de viagem (blog é contração de weblog - e "log" é o termo em inglês para essas narrativas), chamou a atenção ao dar voz a uma geração especializada em falar sobre si mesma e mudou a internet ao permitir que qualquer um, mesmo sem conhecimento técnico, pudesse se autopublicar.
Tudo isso aconteceu e, no entanto, o blog não evoluiu como formato. E a grande novidade da internet no século 21 - a autopublicação - foi incorporada por quase todos os endereços da atual paisagem digital. YouTube, Flickr, Twitter, redes sociais, podcasts e agregadores de RSS são a base daquilo a que chamamos de web 2.0 (do conteúdo gerado pelo usuário).
Ao mesmo tempo, a chamada blogosfera cultivou seus autores, gente que viu ali chances de fazer sucesso - artístico, financeiro, profissional. Esses blogueiros regeram momentos-chave da cultura digital no Brasil.
Unidos em torno de um formato - eles se linkavam, discutiam e faziam do blog uma ponte para encontros presenciais -, os blogueiros causaram um ruído grande e organizado na rede, formando a entidade blogosfera.
Mas quando todos publicam online, seja onde for, esse movimento se quebra, certo? E o blog segue firme como ferramenta - hoje é possível blogar sem que seu site sequer pareça um blog.
"O blog não evoluiu rápido o suficiente e por isso agora ele parece lento demais", diz o ex-blogueiro Steve Rubel, que matou seu blog para adotar outro estilo de publicação. A aposentadoria de Rubel fez que muitos decretassem a morte do formato.
Exagero. Como sistema de publicação, ele persiste, mas agora orbita em um espaço em que há mais vozes e ruídos - desorganizados - em ambientes diferentes.
Uma foto no Flickr é tanto autopublicação como um link no Twitter ou mesmo um post num blog. A diferença é que os dois primeiros são mais rápidos. E que o blog, agora, não é mais o único nem o principal - é só a plataforma mais voltada para textos e para reunir tudo o que se publica de forma descentralizada pela web.
Foi assim que nasceu o www.alessandrolandia.com, do jornalista Alessandro Martins, que prova a sobrevida do blog nos novos tempos. Ele publica só links que posta em seus outros blogs. Para ele, é uma volta às origens. "Ainda é a ferramenta mais versátil".

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sílaba Sagrada HRIH

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Para me curar, uma lama me disse para visualizar esta sílaba à noite, antes de dormir.
OM MANI PEME HUNG HRIH

sábado, 22 de agosto de 2009

A Integração – As qualidades naturais da mente

Mahamudra Lineage Gurus - Click to enlarge
São inicialmente apresentadas neste texto as qualidades da experiência de Mahamudra e particularmente a presença natural da Grande Compaixão. Em seguida são introduzidos os princípios fundamentais da integração dos pensamentos e emoções conflituosas como auxiliares no caminho.
A compreensão – prajna – e a compaixão – bodhichitta, são conhecidas como os dois pólos fundamentais do ensinamento de Buda bem como as duas qualidades do despertar, da experiência de mahamudra.
A sabedoria, prajna, é o conhecimento da natureza da realidade, conhecimento da interdependência (e impermanência) de todas as coisas, o conhecimento, e a experiência da vacuidade. “Prajnaparamita”, a perfeição da sabedoria, é também conhecimento imediato ou cognição em si, sabedoria que se experimenta a si-mesma.
A compaixão pode se apresentar segundo três aspectos:
A compaixão com referência aos seres.
É a qualidade do coração que faz-nos, não somente, não ser indiferentes aos outros, mas sermos profundamente tocados e receptivos aos seus sofrimentos e à suas dificuldades. Esta compaixão vive-se na experiência da realidade do outro. É participar da realidade do outro com um coração e uma mente abertos.
A compaixão com referência à realidade.
Esta compaixão é a mais profunda que a primeira, no sentido em que ela vive a situação no conhecimento de sua natureza e compreende a ilusão que é a causa do sofrimento. Esta compaixão se vive participando realmente e profundamente um com o outro; é uma compaixão de comunhão íntima. Em seguida, a terceira é:
A compaixão sem referência.
Ela não tem objeto e nem porque, sem noção, sem idéia nem justificação. É uma compaixão que não é fabricada: ela não repousa em nenhum raciocínio nem sobre uma experiência de amante e amada nem sobre o que quer que seja. Esta compaixão sem referência é a do Budha, dos despertos. É a natureza mesma da experiência imediata, primordial e dela é indissociável. O desperto, vive a experiência primordial mahamudra, vive esta compaixão sem referência. Esta compaixão está no mais profundo de nossa vivência e ela manifesta-se naturalmente quando o eu, o indivíduo não habita mais esta experiência.
Na tradição do mahamudra-dzogchen, esta compaixão fundamental chama-se tuje, termo que traduzimos também por “sensibilidade”. “Compaixão” não é plenamente satisfatório. É um termo freqüentemente entendido como uma atitude condescendente e misericordiosa... ou de amor, porém numa experiência dual, enquanto tuje exprime esta experiência de sensibilidade fundamental que é duma receptividade e também de uma disponibilidade completa e perfeita, além de todo obstáculo e de toda a resistência. É uma experiência sem barreira nem obstáculos. Nesse nível, a compaixão não é mais uma resposta deliberada, mas uma adequação imediata, harmoniosa e espontânea à própria energia da situação.
Sua Santidade o Dalai Lama diz freqüentemente: “Podemos viver sem religião, mas não podemos viver sem compaixão”. Com efeito, podemos muito bem não aderir a uma religião enquanto pensamento filosófico, teológico, enquanto sistema de crenças ou de percepções do mundo, mas não podemos viver sadiamente sem esta dimensão de compaixão que procede, no que tem de fundamental, desta experiência primordial.
O ponto importante é que na experiência primordial, encontram-se ainda presentes também a compreensão que é compaixão desperta, assim como o amor e a sabedoria de um Budha.
Um último ponto importante a considerar é a integração do ponto de vista do mahamudra. Revendo as qualidades da mente: abertura, a claridade e a sensitividade.
Uma vez reconhecida, vivida a natureza vazia, luminosa e ilimitada, da mente sem obstáculos, é também reconhecida a natureza de suas manifestações: de seus pensamentos e de suas emoções. As emoções, os pensamentos e as paixões habituais são também, profundamente, vazias, luminosas e ilimitadas.
A prática de mahamudra não é parar, bloquear os pensamentos, as emoções, mas reconhecer sua natureza. Considerar os pensamentos como obstáculos e querer desenvolver um estado de meditação sem pensamentos, um estado de meditação no qual pensamentos e experiências seriam de algum modo suspensos: uma tranqüilidade pacífica onde tudo é colocado entre parênteses... Uma tal suspensão das experiências seria também uma espécie de inibição e finalmente de opacidade.
Kyabdje Kalu Rinpoche dizia que é possível meditar mahamudra assim, desenvolver um estado de repouso mental confortável... É agradável, mas é um estado em que falta lucidez, que é opaco e que não tem nada a ver com a experiência autêntica.
A energia do desejo, a paixão reconhecida em sua essência é uma energia livre que chamamos a “felicidade vazia”. Plenamente reconhecida, é liberada, e o que é condicionante e alienante torna-se uma energia livre que é a expressão da sabedoria e do despertar.
Assim as cinco emoções conflituosas básicas, transmutadas, são as “cinco sabedorias”:
- O desejo, o apego, torna-se então sabedoria do discernimento;
- O ódio, a agressividade, torna-se então a sabedoria semelhante ao espelho;
- A inveja, o ciúme torna-se então a sabedoria da realização;
- O orgulho, torna-se então a sabedoria da equanimidade;
- A opacidade mental, a ignorância, torna-se a sabedoria da esfera da vacuidade do dharmadatu.
Todas as manifestações da mente tornam-se então espontaneamente o jogo das cinco sabedorias. Nesta perspectiva, quanto mais matéria prima mais sabedoria. As emoções são ditas “madeira trazida para a fogueira da sabedoria”. Quanto mais madeira, mais a fogueira arde.

Do livro: DHARMA – La voie du Bouddha - Mahamudra-Dzogchen
Versão: Flávio Capllonch Cardoso

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Arte de Escutar

Jiddu Krishnamurti
Madanapalle - 11 de maio de 1895
Ojai, 17 de fevereiro de 1986

"(...) acredito ser indispensável aprender a arte de escutar. Aprender a escutar, não apenas o orador, mas os corvos, o barulho, escutar a música favorita, escutar o marido ou a esposa. Porque, na verdade, não escutamos as pessoas, escutamos distraídos e chegamos logo a certas conclusões ou procuramos explicações, mas nunca escutamos de fato aquilo que a pessoa nos diz. Vivemos sempre a traduzir o que os outros dizem."

De "Sobre o Medo" (On Fear) - Krishnamurti - Cultrix - página 11.

Skandha

"A palavra sânscrita skandha tem um duplo significado: pode indicar um grupo composto de unidades menores ou uma única unidade que faz parte de um grupo maior como uma divisão de exército que contém muitos soldados, mas é parte de uma força muito maior. Tradicionalmente, em seu uso budista, a ênfase era no primeiro sentido, a ideia de que cada skandha é um grupo de dharmas. Em tibetano, phung po significa literalmente 'monte, pilha', enquanto as primeiras traduções para o inglês usavam 'agregar'. Para mim, ambas as palavras soam bastante estranhas, pouco naturais. O significado alternativo tem sido mais preferido, especialmente por eruditos ocidentais, que tem usado expressões tais como 'constituintes da personalidade' ou 'componentes psicológicos'. No todo, sinto que é melhor mantê-la em sânscrito.
A filosofia budista é sempre prática e se relaciona diretamente com a experiência, por isso, muitas vezes parece ser mais uma psicologia espiritual do que uma filosofia. O sistema dos skandhas demonstra como eles se combinam para produzir a ilusão de um ser e, ainda assim, esse ser não tem base na realidade. Embora sejamos tão completamente apegados a ele, tudo o que somos e tudo o que experimentamos pode ser explicado perfeitamente sem ele. Trungpa Rinpoche descreveu os cinco skandhas como o processo de cinco etapas do desenvolvimento do ego. É por isso que não estou completamente feliz em traduzir skandha como 'componente', o que dá a impressão de entidades separadas em vez de elementos interativos e interdependentes de um processo. Eles não são tanto do que somos feitos, mas sim como funcionamos."
De "Vazio Luminoso" - Francesca Fremantle - Editora Nova Era - página 131

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dharma


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“Outra maneira de olhar a natureza da existência é a partir do ponto de vista de nossa própria percepção, da maneira como experimentamos o mundo individual que cada um de nós habita. Todos os fenômenos que aparentam existir fora de nós estão também contidos dentro deste mundo, porque a nossa experiência real deles somente existe dentro de nossas mentes, intermediadas pelos sentidos. O budismo analisa esse reino da nossa experiência em termos de unidades básicas, ou dharmas, em sânscrito. Em um contexto budista, dharma no singular (muitas vezes começado com uma maiúscula) normalmente significa o ensinamento do Buda, mas esses dois significados da palavra compartilham um princípio subjacente e não são tão diferentes um do outro quanto parecem à primeira vista. Algumas vezes ao traduzir, a pessoa não sabe dizer qual dos dois significados foi pretendido e, algumas vezes, ambos estão implicados ao mesmo tempo.

A palavra dharma tem o sentido básico de manter e apoiar. Seu uso primário é para transmitir as idéias de lei, religião e dever que preservam a sociedade humana e são preservados por ela em uma relação recíproca. Em um nível pessoal significa o papel especial na vida que cada ser vivente nasceu para realizar – a verdade interior da pessoa, a lei pela qual alguém vive. Pode também significar a natureza inerente da qualidade de qualquer coisa, a lei que determina exatamente o que cada coisa é e faz. Assim como o dharma de um rei é reinar, o dharma do fogo é queimar. Nesse sentido, existem inúmeros dharmas, as leis fundamentais de tudo o que existe. Entre eles, certos elementos físicos e psicológicos em particular foram identificados no budismo como estando na raiz de nossa maneira de perceber o mundo.

A ligação entre dharma e os dharmas é a própria idéia de lei interior e verdade. O dharma ensinado pelo Buda revela a verdade sobre a existência, a lei final da vida. Dharma, a verdade em si, manifesta-se espontaneamente como os muito dharmas, as realidades fragmentadas da existência relativa, temporária. Eles tomam muitas formas, aparecem e desaparecem, ainda assim, em essência, nunca foram nda além da verdade.”

De “Vazio Luminoso” – Francesca Fremantle – Editora Nova Era – páginas 129 e 130

domingo, 9 de agosto de 2009

Destinos.

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"Sabe qual o erro que todos sempre cometemos? O de pensar que a vida é imutável, que, uma vez tomada uma direção, tenhamos que seguir o mesmo trilho até o fim. O destino, por sua vez, tem muito mais imaginação do que nós. Justamente quando nos julgamos num beco sem saída, quando chegamos aos píncaros do desespero, com a velocidade de uma rajada de vento, tudo muda, se subverte e, de uma hora para outra estamos vivendo uma vida nova."

Suzanna Tamaro - "Vá aonde seu coração mandar" - Editora Rocco - página 91

sábado, 8 de agosto de 2009

Dalai-Lama pede ajuda do presidente Lula


Em entrevista ao 'Estado', líder tibetano diz que o Brasil precisa falar com vigor sobre democracia com Pequim.
Jamil Chade - O Estado de S. Paulo
GENEBRA - O líder espiritual tibetano Dalai-Lama pede para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fale de "democracia e liberdade" com a cúpula chinesa. "O Brasil ganhou sua democracia, o que foi muito importante para o País. Agora, com o peso que o Brasil tem no mundo, precisa defender esse valor", disse o Dalai-Lama em entrevista ao Estado. "O presidente Lula precisa tocar no assunto com vigor quando tratar com a China", afirmou o líder tibetano no exílio. O Dalai-Lama, que na quinta-feira, 6, esteve em Genebra, fez duras críticas contra o governo de Pequim. "Para ser uma superpotência, a China não poderá contar apenas com os lucros. Só o dinheiro não garantirá uma boa imagem da China no mundo. Verdade e transparência serão essenciais. Isso será fundamental para a imagem da China no futuro", disse. "A realidade é que muitos países, até mesmo os EUA, têm uma relação muito próxima com a China. Mas, ao mesmo tempo, têm desconfianças em relação ao regime", declarou. "Todos os países que se apoiam na democracia para legitimar seus governos precisam defender os mesmos princípios em relação ao governo chinês." Ainda ontem, em uma entrevista coletiva, o Dalai-Lama acusou Pequim de estar "enganando o povo chinês". "Não há outra alternativa para a China a não ser a democracia. A política para as minorias fracassou, grande parte da corrupção hoje é cometida por membros do Partido Comunista, que não é mais de trabalhadores. É dos milionários influentes", afirmou. "Tanto o marxismo quanto o dinheiro fracassaram em trazer a paz na China. Eu mesmo, em 1954, me entusiasmei com o comunismo. E cheguei a pedir para entrar no Partido Comunista. Era jovem e meio revolucionário. Mas hoje a China é um país capitalista e totalitário", disse o Dalai-Lama. "Chegou a hora de o Partido Comunista aposentar-se, depois de 60 anos."Tibete - Ele insiste que o Tibete não quer sua independência da China. "Queremos autonomia. A política externa e a defesa têm de ficar com Pequim. Mas queremos administrar a educação, a saúde e as questões religiosas." Segundo o Dalai-Lama, 4 mil pessoas ainda estão detidas por Pequim desde o ano passado, quando ocorreram violentos protestos no Tibete. "Esses protestos não nasceram da noite para o dia. Foi o ressentimento de gerações que explodiu. Há uma crise e precisamos admitir isso", afirmou."Se a situação não for resolvida, esse ressentimento aumentará. Precisamos encontrar uma solução realista e pacífica." Para ele, uma das saídas é a garantia de um maior desenvolvimento para a região. Outra estratégia é obter apoio dos intelectuais chineses. "A população está mais próxima de nós. Sabemos que até funcionários públicos levam minha foto em seus celulares", disse.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A bronca do Dalai Lama!


Sobre os ensinamentos do Dalai Lama às Sanghas e organizadores.
Este é o resumo das notas de tradução tomadas durante um encontro de Sua Santidade o Dalai Lama com as sanghas budistas e os membros da organização de sua visita ao Brasil, em maio de 2006, após encerradas suas atividades públicas no país. Como notas tomadas rapidamente, têm várias imprecisões e não é um relato completo de sua fala.
Os representantes das sanghas de São Paulo e de outras cidades do Brasil se reúnem no segundo andar do centro de convenções de um grande hotel na cidade. Há um largo corredor, bem comprido, e os presentes — talvez umas cento e oitenta pessoas ou mais — se reúnem em grupos de 30, para que seja possível fazer caber cada grupo em uma foto com o Dalai Lama. É quase hora de sua chegada, marcada para as 17:45, e várias sanghas cantam a oração de longa vida por Sua Santidade.
Ele surge pontualmente, com seus seguranças, que o acompanham por todos os países que visita, e também aqueles enviados pela polícia federal e militar. São vários, mais de dez, caminhando em torno dele, que se dirige mais ou menos para o meio do corredor e parai para perto de uma mesa de bufê, ao meu lado direito. Vou traduzi-lo do inglês, e ocasionalmente ele falará em tibetano. Para esse caso, à minha esquerda há outro tradutor, tibetano-inglês, que falará baixinho, em meu ouvido, o significado a ser traduzido para o português.
A aclamação é geral. Totalmente à vontade, o Dalai Lama apóia-se na mesa, sem se sentar na cadeira reservada a ele, e começa, de pé, a falar para os budistas e não-budistas que trabalharam na organização da sua visita ao país, essas pessoas todas, pertencentes a diversos centros budistas, centros filosóficos, equipes de filmagem, produção e divulgação, assessores de imprensa, etc. Mas a mensagem será mesmo dirigida principalmente aos budistas— vários deles já ordenados monges, ou sagrados lamas ou mestres... estou ao seu lado e cabe-me traduzir o que ele dirá. Terei que falar bem alto, para que todos possam me ouvir, até o final do corredor numa e outra direção. Sinto uma energia enorme, e apesar do momento exigir atenção e concentração, estou completamente tranqüilo, como sempre me sinto quando estou em sua presença. Demora um pouco até que cessem as palmas e mantras com que as pessoas o recebem... Ele pede então aos seguranças que se afastem, abrindo o caminho para que todos possam vê-lo, mesmo os que estão mais longe, e os homens de terno escuro diluem-se entre os presentes.
O Dalai Lama começa agradecendo a todos pelos esforços realizados para que ele esteja ali, conosco. Diz que vários já devem ter alguma familiaridade com o budismo, por estarem fazendo a prece pela sua longa vida. Está com a expressão tranqüila, mais para serena do que para sorridente. Está cansado, provavelmente, após um dia em que mal teve tempo de almoçar devido à quantidade de compromissos, entrevistas e palestras agendados para ele.
Entra então rapidamente no primeiro tema de sua fala: “outro dia, em nosso encontro no templo chinês [uma sessão de ensinamentos para o público budista realizada dois dias antes no Templo Zulai, em Cotia], em nossa sessão sobre o budismo, vi, naquele dia tão bonito, muitas pessoas com uma variedade enorme de roupas. Havia roupas do budismo zen japonês, roupas do budismo tibetano, roupas de monges tibetanos, roupas de monges de outras nacionalidades, roupas que eu nem sei quais eram... talvez roupas de outro planeta!” (risos gerais).
Sua expressão se altera um pouco. Sério, olha para baixo, como se estivesse procurando as palavras certas... os outros presentes estão absolutamente encantados com ele, inclusive os seguranças.
“Sou um pouco crítico quanto aos ocidentais que entram em contato com as tradições orientais, como por exemplo a budista, e começam a mudar seus hábitos exteriores. Primeiro, abandonam suas tradições de origem. Depois, mudam suas roupas, vestindo-se como os orientais se vestem. Em seguida, mudam os móveis de sua casa. Mudam seu comportamento, mudam seus gestos...
Vemos ocidentais que abraçam por exemplo o sikkismo, ou tornam-se hare krishnas, e de repente saem as ruas com o cabelo raspado, as vestes laranja no estilo oriental... acho que isso não é bom.”
O Dalai Lama diz que o Dharma não está nas roupas, não está no comportamento exterior, nos móveis... “prefiro pessoas que conservem suas tradições de origem e aprendam o que podem aprender com o budismo, aplicando suas novas descobertas dentro de sua maneira cultural própria. O budismo não está nas regras monásticas nem na aparência. Olhem para o nosso mestre, Buda Shakyamuni. Ele criou um conjunto de regras a serem seguidas, mas seu grande ensinamento está em conhecermos a nossa própria mente!
Talvez o que faz do budismo um caso quase único é que ele procura usar ao máximo a inteligência humana para transformar as emoções. E essa transformação não acontece através de preces, através de uma meditação unidirecionada. Não adianta fazer preces para os budas (o Dalai Lama faz um gesto unindo suas mãos e olhando para o alto) e ficar esperando que ocorra uma transformação mágica em suas emoções. Você pode fazer cem mil mantras om mani peme hum, fazer todo esse esforço, e achar que com isso já deve estar transformado, mas a mudança nesse caso só vai ocorrer se por acaso acontecer um milagre...”
A voz do Dalai Lama é cada vez mais forte, e seus gestos começam a adquirir expressividade. Se antes ele estava cansado, começo agora a sentir nele um vigor e energia extraordinários. Ele parece ter achado algo muito importante a dizer para os seguidores do budismo, e vai dizê-lo sem perder uma palavra sequer. O envolvimento é entre os presentes é ainda maior, e o silêncio é absoluto.
“A transformação demora para acontecer. Demanda muito esforço. O próprio Buda Shakyamuni demorou três eras inteiras para transformar suas emoções. Não vai ser fazendo alguns mantras que você acha que sua vida vai mudar totalmente! Eu tenho mais de setenta anos, quase setenta e um. Comecei a interessar-me realmente pelo BuddhaDharma quando tinha dezesseis anos, e só agora, talvez, minha mente esteja se tornando um pouco mais estável...
De nada adianta você fazer um retiro tradicional de três anos, três meses e três dias. Pode ser até que a sua mente, ao longo desse tempo, em vez de melhorar, piore... a única coisa certa que se pode dizer é que, depois desse tempo todo, seu cabelo vai crescer!” (risos gerais, mas um pouco contidos, porque a audiência percebe que o assunto é sério, e o puxão de orelha só começou...).
“O desenvolvimento e a transformação da mente requer muito esforço. Mas perceba aqui também que o esforço cego de nada adianta: ele tem que ser acompanhado pela sabedoria. Novamente, podemos orar para Buda, para Tara, Avalokiteshvara, fazer uma sadana... mas só há uma chance em um milhão de que isso baste para a sua transformação: se ocorrer um milagre. De outra forma, será realmente difícil atingir a mudança desejada.
Uma vez um aluno perguntou a um grande mestre tibetano do início do século vinte se deveria fazer um retiro de Manjushri de um mês, para melhorar a acuidade de suas percepções mentais. Esse mestre respondeu ao aluno que se ele fizesse o retiro, talvez houvesse alguma mudança; mas que se ele ocupasse esse mês estudando seriamente, era certo que sua mente iria mudar. Isto é MUITO importante.
Estudar é crucial. Já estamos trabalhando para que mais livros sobre o budismo tibetano sejam publicados na língua de vocês. Minha recomendação é: ESTUDEM! Estudem muito. Estudem e produzam textos, pequenos panfletos; não para venda, não para comércio, mas para fazer circular entre vocês. Leiam, discutam em pequenos grupos, escrevam e façam suas idéias circular entre todos do grupo maior. Estudar e discutir é essencial. É irreal ficar esperando que venha um lama, uma vez por ano, fazer um workshop com ele e um monte de iniciações, e depois nada mais, e esperar alguma transformação em sua mente. Isso não é suficiente. É necessário estudar regularmente. Ocasionalmente, se você se encontra com algum bom professor, e passa com ele uma ou duas semanas fazendo workshops, é ótimo, mas depois volte ao seu estudo regular e sistemático.”
Os presentes estão completamente atentos. O Dalai Lama chama a atenção de seus irmãos budistas: menos automatismo, mais reflexão, mais consciência! É um momento grave, e a mensagem é passada de maneira clara e inequívoca. Não há como fugir.
“Mas há um pequeno problema. No mundo de hoje, há vários “businessmen” que, visando obter dinheiro, dão ensinamentos religiosos. Isso acontece cada vez mais freqüentemente; ocorre muito na China, que importa “mestres” tibetanos, mas também no resto do mundo. Esses não são mestres genuínos. Apresentam-se como grandes mestres, mas não são. Seu propósito é unicamente o de obter dinheiro.
Uma vez, um senhor chinês se aproximou de mim e colocou-me esse problema. “Dalai Lama, faça algo por favor para conter esse fenômeno, esses falsos mestres”. Eu lhe disse que não há nada que eu possa fazer! A única coisa que pode funcionar é que, do lado do aluno, haja consciência de quais são as qualificações de um mestre verdadeiro, de um professor autêntico, e ele examine se a pessoa em questão as possui ou não possui. Isso é MUITO importante. Eu, por exemplo. Examinem-me, se como professor, eu tenho as qualidades necessárias! Eu também tenho que ser submetido a um exame!”
O Dalai Lama está completamente cheio de energia e vigor em suas palavras. Percebe-se que o assunto é de total importância, e ele realmente quer que todos entendam a importância do estudo e do empenho individual em transformar a mente, não de um modo mecânico, mas através da reflexão consciente.
Antes que eu acabasse de traduzir sua última fala, a mais longa, ele gentilmente me interrompe, mudando o rumo do seu pronunciamento.
“Mais uma coisa. Como eu já disse, meu terceiro compromisso é para com a causa tibetana, a nação tibetana. [O primeiro é com os valores humanos, e o segundo com a harmonia inter-religiosa.] O Tibet tem uma história muito longa, uma herança cultural viva e muito rica, e tem também sua própria escrita. Tudo isso tem mais de mil anos, tempo em que a tradição NALANDA do budismo foi mantida viva, nas regiões geladas das montanhas — como congelada num freezer. As tradições indianas sofreram muitos danos, mas a tibetana foi mantida intacta esse tempo todo. Há achados arqueológicos que atestam quanto tempo tem a cultura tibetana ancestral: mais de trinta mil anos!
Mas este cenário belíssimo, com as montanhas elevadas, traz também o quadro trágico: o de uma nação que está morrendo. Ainda não somos como o povo inca, que morreu totalmente, mas estamos morrendo. Ainda lutamos para sobreviver, mas se a situação presente se mantiver, a cultura tibetana e a nação tibetana perecerão, como aconteceu no caso dos incas. Neste momento, já está claro para todos que a cultura tibetana em sua forma pura já não existe no território tibetano — só existe na Índia, entre as comunidades no exílio.
O Tibet luta pela sua sobrevivência, buscando uma liberdade limitada; não apenas política, mas cultural. Se a luta pelo Tibet fosse unicamente uma questão política, eu, que no fundo sou um monge budista, não a teria abraçado. Se o fiz, é porque envolve a sobrevivência de nossa cultura, de nossa tradição, de nossa língua. Portanto, essa luta pela liberdade limitada, uma luta democrática pela preservação da cultura ancestral tibetana, de sua rica tradição — se ela é assim, considero que minha atuação nesse sentido é parte da minha prática espiritual.
É claro que nossa cultura ancestral, se comparada com o desenvolvimento das culturas contemporâneas, podia ser considerada atrasada em muitos aspectos. Assim, o Tibet pode beneficiar-se de estar sob a China, se houver modernização e progresso material.
A constituição chinesa prevê direitos próprios às diferentes etnias. Mas desde a ocupação, houve apenas um acordo entre o Governo Tibetano e o Governo Central da China envolvendo a preservação desses direitos; era um acordo para a liberação pacífica do Tibet, assinado na década de 50, e que nunca foi cumprido. Ainda nessa década, a própria ONU emitiu várias resoluções em que considerava o Tibet um caso especial; o governo chinês reconheceu esses acordos, na ocasião, mas também nunca os cumpriu. Fui a vários encontros com o “Camarada Mao”, mas isso não deu em nada...”
O Dalai Lama parece encher-se de lembranças, e sorri um pouco.
“Fiz muitos encontros, naquela época... provavelmente, em 1957, muitos de vocês não tinham nem nascido! Você, já era nascido? E você? Pois bem... naquele tempo eu era jovem, e fiquei enormemente atraído pelo “movimento revolucionário”. Acho que eu era, como dizer, um sujeito considerado... como dizer... perigoso: meio marxista, meio budista! [risos gerais]. O que acho do marxismo? acho que ele não é nem bom nem ruim. Minha impressão é de que o marxismo original tinha uma série de pontos muito interessantes, muito bons. Mas depois, quando se tornou apenas parte de um poder político e nacionalista, tudo isso se perdeu. Hoje, para mim, a China não tem mais qualquer conteúdo: não é mais ideológica. É apenas autoritária.
Assim, faço a todos meu pedido: a nação tibetana está morrendo — ajudem-nos, de todas as maneiras que puderem...
Meus amigos, meus irmãos e irmãs: agradeço enormemente seu interesse e seu envolvimento de coração com a cultura tibetana. Muito obrigado a todos!!!
O Dalai Lama, é longamente ovacionado. Enquanto traduzo sua fala final, vai a cada um dos grupos, e senta-se no meio das pessoas enquanto os fotógrafos, vários, procuram registrar o momento. Depois, acenando para todos, caminha até o fim do corredor, desaparecendo em direção aos seus aposentos...
Créditos para Arnaldo Bassoli, membro do Comite Brasileiro de Apoio ao Tibet e do Colegiado Budista Brasileiro, que fez a tradução para o português e redigiu este relato.

domingo, 2 de agosto de 2009

"Vazio Luminoso" - Trechos marcados

"A iluminação não é nada de mais - é nosso estado natural."
"Não somos catapultados para um mundo completamente diferente, apenas percebemos o mundo de forma diferente."

"No estágio final, a essência mais interior do vajrayana, o próprio coração do tantra, se encontra no reconhecimento de que nunca fomos outra coisa que não despertos. Aqui não existe mais nenhuma necessidade de técnicas, de simbolismos ou de transformação. O praticante que terminou o caminho vive em uma condição de completa simplicidade e experiência direta da realidade."
"(...) somente quando sabemos a causa de algo é que podemos verdadeiramente dar um fim naquilo e evitar que surja de novo no futuro."
"Ao apontar a realidade do sofrimento, ele não estava sendo negativo nem pessimista. O Buda se expressou daquela forma por causa de sua abordagem extremamente prática da espiritualidade. Ele não queira atrair as pessoas com lindas descrições da iluminação que iriam apenas inflamar sonhos e fantasias ou fornecer material para discussões filosóficas. Certamente não pretendia que seus seguidores exagerassem a desgraça em suas vidas, mas sim que olhassem profundamente sua condição atual. Compreender a verdade sobre o sofrimento é realmente uma questão de encarar a realidade, não tentando ignorar ou fugir da dor, mas identificando-a e examinando suas causas de modo a poder dar um fim a ela. Privação deliberada, ascetismo e estender-se nos aspectos dolorosos da vida não são atitudes recomendadas no budismo; afinal, a inspiração e as metas do Buda eram a completa liberação do sofrimento."
"A roda da vida mostra que todos os fenômenos são transientes e interdependentes: tudo surge de uma causa e, por seu turno, se torna uma causa para a próxima manifestação surgir. Isso quer dizer que nada pode existir em isolamento. Nós mesmos somos compostos de combinações extremamente complexas de aparências condicionadas e momentâneas. Não importa o quanto procuremos por alguma coisa que dure e não mude, não seremos capazes de encontrá-la, seja dentro ou fora de nós."
"Parece não haver nada no budismo que corresponda ao ser da psicologia moderna, nenhum conceito de desenvolver um ser maduro, equilibrado, integrado por si só, sem referência a uma meta esperitual."
"O budismo nos relembra de forma contínua do maravilhoso potencial e da oportunidade única que temos como seres humanos e que nunca devemos denegrir a natureza humana ou nos sentir envergonhados do que somos."
"(...) quando Trungpa Rinpoche ensinava meditação, sempre enfatizava se abandonar em vez de se concentrar. (...) Abandonar significa afrouxar a tensão do apego e do agarramento, relaxando o esforço de segurar continuamente, Quando na verdade não existe nada a que se segurar. Abandonar é esvaziar, esvaziar-se de ilusões, conceitos e construções imaginárias de todos os tipos. Finalmente, por meio do processo de abandono, chegamos à experiência conhecida como vazio (shunyata)."

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Lerdeza

Gente. Desculpa mas eu tirei um monte de coisa que tinha no meu blog: vídeos, sino e incenso para meditar, troquei o reloginho, tirei luzinha, peixinho e gatinho e algumas outras coisas que, no fundo, eu acho que ninguém vai mesmo dar falta. Se alguém der falta, me fala, né que, quem sabe, eu ponho de volta. Sabe o quê que é? Tava lerdando o meu computador...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sei lá de quem...

"Libere sempre o seu bom humor. O riso é ótimo método de relaxamento e ajuda o organismo a aliviar-se das tensões emocionais."

"Preguiça é o pecado de falhar ao fazer de nossa vida aquilo que sabemos que poderíamos fazer dela."

Será do Dalai Lama? Não sei. Pode ser...

Agende-se?

É impressionante como não podemos contar com o que planejamos, com o que escrevemos na nossa agenda. Hoje desmarquei dentista porque passei mal durante a noite e fiquei com uma dor de cabeça daquelas de destampar o côco! Já tendo tomado um bocado de remédios, vários de copos de água filtrada e natural, feito Do-In, usado métodos da medicina tibetana, não consegui ficar livre da danada. Comecei a sentir náuseas e uma vontade de vomitar. Tomei um Dramin. Não tomei Ormiguein porque tem muita cafeína e a única coisa que eu queria era apagar, dormir! Aí, já viu, né? Dramin dá sono! Resultado? Troquei a noite pelo dia e dormi até as cinco da tarde! Tento dispensado a dentista por conta da maldita, compremeti-me com ela de tirar as radiografias que ela pediu. Pensei comigo: amanhã acordo cedo e vou. Chega a noite e minha mãe telefona dizendo que morreu a Therezinha, esposa do Murilo, primo dela - e nosso - que é mesmo que irmão. Como diz o ditado: prá morrer, basta tá vivo! Então, nem dentista, nem radiografia. Por enquanto, a agenda mudou para velório no Cemitério do Bonfim e desde junho, é a quarta vez que vou lá. Se nada acontecer até lá... no momento, vivo o momento, o presente momento, o momento presente! E olhe lá!

Definição de futebol

O repórter José Brito e o dr. Sócrates em uma das suas últimas entrevistas pelo Canal Futura. http://www.futura.org.br/
"Futebol é uma micro expressão da vida humana e é por isso que ele é tão popular. Não adianta ser muito articulado ou ter um papel preponderante. Tem que estudar! Encarar com seriedade tudo o que se faz."
Dr. Sócrates.

Se...

"Se você quiser muito alguma coisa, deixe-a ir. Se ela não voltar é porque nunca foi sua, mas, se voltar, será sua para sempre!"
Sei lá de onde tirei isso. Fico vendo TV e escrevendo tudo que acho legal! Maluquice...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Crise + Perigo = Oportunidade

http://www.casaconhecimento.com.br/blog/2008/12/crise-perigo-oportunidade/

Incerteza e Oportunidade

Uma amiga e eu nos falamos por telefone, ela lá do sul e eu aqui no sudeste de uma distância de 1480 quilômetros! Ela me indicou este texto. Repasso.

O LIVRO TIBETANO DO VIVER E DO MORRER – Sogyal Rinpoche – Editora Talento / Palas Athena – páginas 144 a 145. - http://www.travessa.com.br/O_LIVRO_TIBETANO_DO_VIVER_E_DO_MORRER/artigo/25A4C5F3-43D8-4E96-B07F-6C96B6BE9D66

“INCERTEZA E OPORTUNIDADE
Uma das características centrais dos bardos é que são períodos de profunda incerteza. Tome esta vida como o exemplo principal. À medida que o mundo à nossa volta se torna mais turbulento também as nossas vidas tornam-se cada vez mais fragmentadas. Sem contato e sintonia com nós mesmos, ficamos ansiosos, agitados e freqüentemente paranóicos. A alfinetada de uma pequenina crise estoura o balão das estratégias atrás das quais no escondemos. Um único momento de pânico revela-nos como tudo é precário e instável. Viver o mundo moderno é sem duvida viver em um reino do bardo; não é preciso morrer para experienciá-lo.

Essa incerteza que já agora permeia tudo torna-se ainda mais intensa, mais acentuada depois que morremos quando os mestres ns dizem que nossa claridade ou confusão é ‘multiplicada por sete’.

Qualquer pessoa que olhe com honestidade para sua vida verá que vivemos em constante estado de dúvida e ambigüidade. Nossa mente fica alternando entre confusão e claridade. Se só ficássemos confusos todo o tempo, isso permitiria ao menos alguma espécie de claridade. O que é de fato desconcertante a respeito da vida é que às vezes, apesar de toda nossa confusão, podemos ser realmente sábios! Isso nos revela o que é o bardo: uma contínua e desalentadora oscilação entre claridade e confusão, perplexidade e discernimento, certeza e incerteza, sanidade e insanidade. Em nossa mente, tal como somos agora, sabedoria e confusão surgem simultaneamente, ou, como dizemos, ‘co-emergentes’. Isso mostra que nos defrontamos com um contínuo estado de escolha entre aquelas alternâncias e que tudo depende afinal do que escolhemos.

Essa constante incerteza pode fazer tudo parecer triste e quase em esperança; mas, se você olhar para ela com maior atenção, verá que sua própria natureza cria intervalos, espaços em que profundas oportunidades de transformação florescem continuamente – desde que possam ser vistas e aproveitadas.

Como a vida nada mais é que uma oscilação permanente entre nascimento, morte e transição, as experiências do bardo estão nos acontecendo o tempo todo e são parte fundamental da nossa constituição psicológica. No entanto, quando a nossa mente passa de uma assim chamada situação ‘sólida’ para a seguinte, esquecemo-nos dos bardos e seus intervalos. Habitualmente ignoramos as transições que estão sempre ocorrendo. Na realidade, como os ensinamentos podem nos ajudar a compreender, cada momento de nossa experiência é um bardo, tal como cada pensamento e cada emoção que emanam e tornam a morrer no âmago da mente. Os ensinamentos nos alertam para o fato de que é especialmente nos momentos de forte mudança e transição que a verdadeira natureza primordial de nossa mente, semelhante ao céu, terá uma oportunidade de se manifestar.

Deixe-me dar-lhe um exemplo. Imagine que você volta para casa um dia, após o trabalho e encontra a porta de sua casa arrombada, pendurada nas dobradiças. A casa foi assaltada. Você entra e descobre que tudo o que possuía desapareceu. Por instantes fica paralisado, em estado de choque e, em meio ao desespero, procura freneticamente entrar no processo mental de tentar lembrar o que foi roubado. O resultado é terrível: você perdeu tudo. Sua mente passa da inquietação e agitação ao atordoamento e os pensamentos se acalmam. E há uma súbita, profunda imobilidade, quase uma experiência de felicidade. Não há mais luta nem esforço, porque ambos são inúteis. Agora, tudo o que você tem a fazer é desistir, não há escolha.

Assim, num instante você perdeu alguma coisa preciosa e no instante imediatamente seguinte você descobre que a sua mente repousa num estado de paz profunda. Quando esse tipo de experiência acontece, não corra logo em seguida em busca de soluções. Fique por uns instantes nesse estado de paz. Permita que ele seja um intervalo, uma brecha. E se você de fato descansar nesse intervalo, olhando dentro da mente, vislumbrará a natureza imortal da mente iluminada.”

No sexto parágrafo, me lembrei de um filme em que a personagem diz que sonhou que estava caindo na água e se debatendo. Por fim, ela começa a afundar e ver que está mesmo se afogando, morrendo. Ela se entrega, se deixa ir e diz que se sente perfeitamente bem e tranqüila. Conheço uma pessoa que sofreu um severo acidente de carro e que ouvia as pessoas dizerem que ela estava morta. Mas não estava e, no entanto, não sentia nenhuma dor, só a aflição de querer dizer que ainda estava viva. Por fim, é claro, foi salva ou eu não estaria aqui relatando isso.

sábado, 25 de julho de 2009

Boa romaria.

Acho que ninguém acessou o Inteligência este mês. Pelo menos, ninguém se tornou seguidor. Talvez as pessoas estejam de férias e eu não saí prá lugar nenhum. “Boa romaria faz quem em casa fica em paz”. Dormi muito mal hoje, tive pesadelos, acordei agitada e tive que ficar em shamata um tempão até minha mente sossegar. Assim que acordei, sentei-me, apoiei as costas nos travesseiros, coluna bem ereta e fiquei bem quietinha. Só aí me levantei da cama. Tudo é um sonho. Tomei um banho e é durante o tempo em que a água cai do chuveiro que fico pensando em um monte de coisas. Acho que isso acontece com muita gente, não sei. Talvez o que esteja me incomodando seja a idade, algumas dores pelo corpo que são inexplicáveis, um tratamento dentário que eu não sei se vale a pena, as despesas, o medo da morte, o despreparo para ela, o tempo curto que me resta prá fazer um tanto de coisa que eu quero, um tanto de livro que quero ler e não consigo porque sou desleixada, preguiçosa e procrastinadora. Não preciso de um psicólogo para me dizer isso. OM MANI PEME HUNG

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sobras.

Sobrou linha, fiz uma almofada. Sobrou retalhos, fiz uma colcha. O que eu não queria mais, fiz doação.



Verso em linha branca

DIT - Diálogo Interno Torturante

Le Penseur - Auguste Rodin

A lei do karma é extremamente importante na compreensão de Liberação através da audição. O que acontece conosco depois da morte não tem nada a ver com punição, destino ou poder superior, mas é inteiramente resultante de nossas próprias ações. É simplesmente a aplicação da lei universal, justiça universal. O Buda disse que se quisermos entender nossas vidas passadas, basta-nos olhar para as nossas condições atuais, porque elas são o resultado do passado. Se quisermos saber como a vida futura será, devemos examinar as ações presentes, porque são a causa do sofrimento futuro. Isso não quer dizer que podemos compor listas mecânicas de causas e efeitos; fatores externos e as ações de outras pessoas também desempenham grande papel na construção do destino e existem variáveis demais para se fazer predições exatas, principalmente sobre eventos e circunstâncias exteriores. Mas nossas reações a essas circunstâncias e o que fazemos delas são nossa inteira responsabilidade.

É no mundo interior dos pensamentos, emoções e reações que podemos realmente observar o mecanismo de causa e efeito. O karma funciona de momento a momento, assim como por longos períodos de tempo. Qualquer pensamento ou emoção que surge na mente cria um efeito; ele deixa seus traços ali e cada traço pode se reproduzir repetidamente. Raiva gera mais raiva; desejo gera mais desejo. Sempre que uma reação negativa se torne habitual, é posto em movimento um processo interminável, circular, de uma causa propiciando o surgimento de um efeito, em seguida aquele efeito se tornando uma causa semelhante e assim por diante, repetidamente. O que parece em um momento uma reação insignificante de aborrecimento ou ressentimento pode terminar envenenando a mente por horas ou mesmo dias.

Felizmente, a força do karma é igualmente poderosa em direções positivas. Felicidade gera mais felicidade tanto para nós quanto para os outros. Um sentimento de simpatia ou um ato de bondade cria as condições para uma bondade maior se desenvolver. Geralmente parece mais fácil pensar sobre o karma em termos de boas ou más ações significativas, impelindo-nos em direção a vidas futuras felizes ou infelizes. Mas é realmente a corrente de pensamentos mais comum, familiar e quase despercebida que está continuamente determinando o padrão de nosso destino. O sonhar acordado e o mexerico subconsciente, os pensamentos e preocupações habituais que passam pela nossa mente todo o tempo estão continuamente criando karma, perpetuando nosso senso de ser.

“Vazio Luminoso – Para entender o clássico Livro Tibetano dos Mortos” – Francesca Fremantle – Editora Nova Era – páginas 74 e 75.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

As artes e S.S. Dalai Lama

Os cinco sentidos contribuem para criar as emoções no homem. É por isso que a música, a pintura, a arte sacra em geral exercem influência sobre as nossas emoções e podem ajudar-nos a transformar emoções negativas no seu contrário. É, em particular, o caso da música, que possui a virtude de nos remeter para níveis profundos do nosso ser.