Para atingirmos a iluminação
verdadeira, totalmente pura, perfeita e onisciente, é necessário unir as duas acumulações:
de mérito e de sabedoria. Sem esta dupla acumulação, a iluminação não é
possível. A acumulação de mérito é de tal importância que, sem ela a acumulação
de sabedoria não poderia existir. Existe uma relação interativa entre o mérito
e a sabedoria. A acumulação de mérito situa-se no campo conceitual, sendo
também chamada de “meios”. A acumulação de sabedoria é não conceitual, ela
também é designada por “conhecimento”. Se nós falarmos de “meios-conhecimento”
ou de “mérito-sabedoria”, o sentido é o mesmo. Entre cada um destes termos
existe uma colocação. Diz-se: “sem se apoiar no relativo, impossível de atingir
a iluminação; sem se apoiar na iluminação, impossível de atingir a liberação.” Para
atingir a iluminação, é necessário então unir as duas acumulações. Para nós que
somos principiantes, é na acumulação de méritos que devemos nos dedicar mais,
pois ela nos permite progredir rapidamente.
No contexto das oferendas que nós
apresentamos no altar, a acumulação de mérito faz referência a três pontos:
1- O objetivo de acumulação: são
os Budas e os Bodisatvas, o campo de mérito superior das qualidades
inimagináveis. Primeiro é necessário ter fé e devoção para com eles.
2- A intenção perfeitamente pura:
devemos pensar que estamos fazendo essas oferendas com o objetivo que nós
mesmos e todos os seres possamos fazer as duas acumulações e atingir a
Iluminação.
três- A matéria perfeitamente
pura: são as oferendas materiais e as oferendas produzidas pela imaginação. As
oferendas materiais são constituídas pela série tradicionalmente chamada “as
sete oferendas”, mesmo que sejam oito, as duas primeiras reunidas para
contarmos como uma. Estas oferendas são: a água para beber, a água pura ou para
lavar, as flores, o incenso, a luz (a lamparina), a água perfumada, a comida e
a música. Cada uma correspondente a uma parte da realização da essência da
natureza da mente.
* A água para beber: ela possui 8
qualidades ( frescura, sabor, limpidez, ...) Quando a oferecemos, pensamos que
com ela oferecemos todos os rios, os mares e todas as águas puras do universo.
É a oferenda representada à boca dos Budas. Ela terá como resultado diminuir a
sede produzida pelo calor das paixões.
* A água pura ou água para lavar
é oferecida aos corpos dos Budas e Bodisatvas. Oferecê-la lavará nossa mente
das negatividades e dos véus que a deturpam.
* As flores: aos olhos dos Budas
e Bodisatvas nós oferecemos as flores colocadas no altar, assim como todas as flores
do mundo. Por esta oferenda, se abrirá em nossa mente o lótus da felicidade.
*O incenso: nós oferecemos o
incenso do altar, assim como todos os perfumes, naturais ou preparados, que
perfumam o universo. Com esta oferenda, nós realizaremos a não realidade de
todos os fenômenos, similares a um sonho ou a uma criação mágica.
*A luz: além da lamparina a óleo
ou da vela acesa no altar, nós oferecemos o sol, a lua, as estrelas, todas as
luzes naturais ou artificiais que iluminam o mundo. Com isso nós realizaremos o
ser da clara luz.
*A água perfumada: oferecida ao
corpo de Buda como todas as essências e todos os perfumes do mundo, ela conduz
à realização da vacuidade última de todos os fenômenos, unido à compaixão para
com todos os seres que sofrem por não possuírem esse conhecimento.
*A comida: estão colocados no
altar, todos os alimentos saborosos e nutritivos. Daqui nascerá a realização da
força das sabedorias e das qualidades da Iluminação.
*A música: pelos objetos que a
representam são oferecidas todas as músicas e todas as harmonias do universo.
Esta oferenda atingirá por conseqüência a realização do som próprio da
realidade última e a alegria das qualidades da palavra da Iluminação.
Nós fazemos estas oferendas com
alegria, fé e minúcia. “O estado de espírito” já desenvolverá um fruto rápido e
poderoso. Estas oferendas não são limitadas. Podemos também oferecer riquezas e
bens materiais, o que nos ajudará a nos purificar. Por outro lado, o esforço
físico que temos nas oferendas (encher os potes, esvaziá-los, limpá-los)
contribui para a purificação dos atos negativos executados pelo corpo. Atingir
a Iluminação é obter os dois corpos de Buda: o corpo absoluto e o corpo formal
(que se apresenta sob dois aspectos: corpo de glória e corpo de emanação). A
acumulação de mérito nos leva a conseguir o corpo formal. A acumulação de
sabedoria, isto é, a meditação sobre a não realidade dos fenômenos, sobre a
natureza da mente e sobre a vacuidade, nos leva a conseguir o corpo absoluto.
Assim se diz:
“Por esta
virtude possam todos os seres unir o mérito e a sabedoria, e obter os dois
corpos santos que resultam do mérito e da sabedoria”. Se não efetuarmos as duas
acumulações, não obteremos os dois corpos e não obter os dois corpos, quer
dizer não obter a iluminação.
Tilopa dizia a Naropa:
“Enquanto a
realidade não nascida não é atingida, a qual é ligada a aparência dos
fenômenos,
das duas
acumulações, similares a duas rodas de uma carroça, Naropa, não te separe
jamais”.
Comentário de Bokar Tulku Rinpoche:
Um pequeno altar em casa, para
que? Para falar a verdade, os Budas, Bodisatvas, os seres liberados e todas as
expressões da Iluminação não precisam de nossas oferendas. Eles derramam suas
bênçãos permanentemente. Mas o vaso ou o pote que nós somos está quase sempre
virado para baixo: a benção cai no fundo e escorrega pelos lados, nada penetra.
Se os Budas não precisam de nossos sentimentos para nos abrir as portas de sua compaixão,
nós precisamos, dirigir a eles nossos pensamentos para receber a luz. A
oferenda é um meio precioso para fazer funcionar esse movimento para com os
Budas. Tantas coisas, pequenas e grandes, preenchem nosso cotidiano e nossa
mente, que para pensar nos Budas e no Mestre, nos resta muito pouco tempo.
Assim, se ocupar regularmente, com amor e carinho, de um pequeno altar, já é
uma certeza de pensar pelo menos por alguns instantes neles todo dia. E ainda,
a cada vez que nós vemos o altar nos lembramos de sua presença. Nossa casa se
torna um pouco a casa deles. Mas por que, nós podemos perguntar, todos esses
objetos, essas manipulações, essa limpeza exterior? Não é o espírito que conta?
Sim é o espírito. Mas em nossa casa, os objetos nos lembram uma viagem, as
fotos nos lembram uma determinada pessoa. A disposição dos móveis e das coisas
cria o ambiente que tanto gostamos. Porque nosso espírito não se basta com a lembrança
da criança amada? Porque nosso espírito precisa de uma mesa de mogno, de papel
de parede pintado de flores e de cortina de veludo para se sentir à vontade?
Temos que admitir, os objetos ocupam na nossa vida, isto é, em nosso espírito,
um lugar importante. Nós temos tanto zelo ao escolhê-los! Então por que não
deixá-los nos falar um pouco sobre o sagrado! Quando nós renunciamos a todos os
objetos deste mundo, como Milarepa, pode ser que também não precisaremos mais
destes objetos sagrados. Enquanto isto, a escolha do que nos envolve tem grande
influência em nossa mente. “Objetos inanimados, vocês têm então uma alma?”
Fazer oferendas, por mais simples que elas sejam, no altar, representa em
primeiro lugar a nossa consideração às diversas expressões da Iluminação.
Quando presenteamos um amigo, o objeto vale menos do que ele representa: nossa
amizade e nossa estima. Nós também não sentimos necessidade de dar uma forma
material ao nosso sentimento. A oferenda, também tem seu significado muito mais
baseada na atitude interna de nosso gesto: fé, confiança, devoção, respeito,
humildade do que no próprio objeto. O exemplo de Gueshe Ben ficou famoso no
Tibet. Gueshe Ben era um monge em retiro, seguidor de um generoso mestre. De
bom coração e boa mente, ele, porém não era aplicado. Ele tinha descuidado
tanto de seu altar, que de oferendas só tinham o nome. Cobertas de manchas e de
poeira, totalmente indignas da glória dos Budas para quem eram destinados. Eis
que um dia seu mestre lhe anuncia sua visita. Logo aparecem na mente de Gueshe
Ben: impossível receber seu benfeitor nesta desordem, que visto por este prisma
lhe dava vergonha. Assim, ele pôs-se a limpar o altar, tirou o pó, esfregou as
manchas deixadas pela manteiga das lamparinas e poliu. Tudo ficou brilhando.
Como o mestre iria ficar contente! Feliz com certeza o mestre ficaria, mas o
fato é que esta sua atitude era uma hipocrisia. Sem hesitar, ele pegou o barro,
encheu as mãos e começou a jogar no altar que ele havia limpado com tanto
vigor. E assim foi dito que a oferenda feita dessa maneira foi a mais bela
oferenda que ele podia apresentar. A oferenda permite desenvolver as virtudes
espirituais, pois ela participa das duas acumulações:
Acumulação de mérito: todo ato
“positivo” produz mérito, isto é um potencial kármico carregado de felicidade e
se nossos anseios vão nesse sentido, orienta nossa mente para a liberação. Nós
precisamos desse mérito. Costuma-se dizer que o acumulo é tão importante quanto
o objeto ou a pessoa a quem se dirige o ato positivo é sagrado.
Acumulação de conhecimento
primordial: o conhecimento primordial é a descoberta que o ser faz sobre sua
própria natureza, além de toda dualidade. A oferenda contribui no
desenvolvimento deste conhecimento a medida que nos aprofundamos na compreensão
que, do ponto de vista superior, quem oferece, o objeto oferecido e a quem
oferecemos são na essência um só. Vivendo, no momento, na ignorância e na
dualidade, nós enxergamos o Buda como externo e ele nos aparece como tal.
Quando nós deixamos de ser alienados, nos tornando o que somos realmente, então
nós seremos o Buda ”Iluminado“ e os conceitos de externo e interno, de um ou
múltiplo, de eu e outro se apagarão.
Material necessário:
Nós temos no presente livreto o
método para montar um pequeno altar, bem simples, assim como algumas dicas e
receitas, as quais o leitor nos desculpará a simplicidade. O autor dessas
linhas, não sendo muito jeitoso, procurou facilitar o trabalho de seus irmãos
desajeitados.
Resumindo, o que é necessário?
Um suporte
Uma estátua ou foto
Sete potes
Uma lamparina a óleo
Pavio de lamparina
Água
Arroz
Flores
Incenso
Uma fruta ou biscoitos
Um pequeno instrumento musical ou
concha
Óleo
Nada muito difícil de achar. O
principio é simples: a estátua (ou a foto) representa de maneira visível a
Iluminação, a transcendência, diante de quem são apresentadas as oferendas,
manifestação de nossa devoção.
O suporte: uma prateleira, a
parte de cima de uma cômoda, o apoio de uma lareira servem muito bem. A
orientação do altar não importa muito. Por definição, ele está sempre a Leste:
não o leste geográfico, mas o leste interno. Se diz: “Onde se vê o
yogui? Onde é o leste.” A educação budista pede que tudo que respeitamos se
coloque no alto. Assim não colocamos o altar perto do chão, mas na altura da
cintura ou mais acima. A mesma educação considera uma ofensa esticar as pernas em
direção a um Lama ou a uma representação sagrada. Dessa maneira, não podemos
colocar o altar ao pé da cama. Se for necessário, nós podemos cobrir o altar
com um belo tecido (cor de vinho, amarelo, branco,...) e se quisermos podemos
colocar acima um vidro feito sob medida. É mais fácil de limpar: basta limpar
com um pano úmido. A estátua ou uma foto: o espírito de um ser Iluminado tem em
comum com o espaço, ser onipresente e infinito. Nada impede que nós gostemos de
encontrá-lo num corpo igual ao nosso, e que, sem esse encontro a comunicação
seria bem difícil. Assim, sabendo que nossas oferendas são dirigidas à
Iluminação onipresente e infinita, nós a tornamos mais acessível por uma
representação simplesmente presente e finita. Nós colocamos no altar, eventualmente,
um pouco acima do suporte principal, uma estátua ou uma foto, normalmente de
Buda, mas também pode ser de Tchenrezi, de Tara, de Mandjurshri, de outro Yiedam
ou de um mestre espiritual do passado ou do presente. Nós podemos, é claro,
colocar vários: as manifestações da Iluminação são infinitas. Neste caso a
estátua de Buda ocupa o lugar central e mais alto. A estátua pode ser pintada:
o rosto e o pescoço de cor de ouro, os cabelos azul escuro e não preto . Pode
também estar vestida de um quadrado de brocado amarelo. A foto pode ser
envolvida de uma kata (echarpe de seda branca). Em todo caso, é muito
importante que elas sejam “vivas” e para isso, abençoadas. Mais do que uma
simples representação, elas se tornam a partir daí, a presença mesmo do que
elas representam. A estátua ganha vida estando “recheada”: nós colocamos dentro
mantras escritos e, se conseguirmos, relíquias, substâncias sagradas e
materiais preciosos (ela tem que ser então oca). O melhor seria pedir a um Lama
executar esse processo. Não esqueça de acrescentar ao seu pedido uma oferenda,
como pede o costume. Quanto a uma foto, seja ela uma representação de uma tangka
ou uma foto de um mestre, ela é abençoada por uma inscrição no verso, uma
abaixo da outra as três sílabas OM, AH, HUNG, (respectivamente situadas na
testa, na garganta e no coração) em tibetano, que traduzidas representam o
Corpo, a Fala e a Mente de Buda. Nós podemos fazer nós mesmos ou pedir a um
Lama.
Origem das oferendas
Aí está então colocada a
representação viva daquele ou daqueles a quem dirigimos nossas oferendas. Nós
vamos colocar na frente dela as oito oferendas tradicionais. Da esquerda para a
direita: a água para beber, a água pura, as flores, o incenso, a luz, a água
perfumada, a comida, a música. Assim são sete potes e uma lamparina. Há muito
tempo atrás, Na Índia, quando um convidado muito importante era recebido no
palácio de um rajah, para aliviá-lo do calor da viagem lhe ofereciam primeiro
algo para beber, para tirar a poeira da estrada lavava-se seus pés em segundo;
depois para descansar e também para demonstrar a estima que se tinha por ele,
lhe eram apresentados as flores, o incenso, as luzes, os perfumes. Enfim lhe
ofereciam uma refeição ao mesmo tempo em que os músicos o divertiam com suas
harmonias. Que hóspede de maior dignidade e gloriosa majestade podemos receber
se não a manifestação para nós visível da Iluminação infinita? Também nós lhe apresentamos,
com o maior respeito, estas mesmas humildes oferendas.
A escolha dos potes
É necessário uma série de sete
potes idênticos, de tamanho adequado ao altar, geralmente, pequenos. Mas o
material será valioso, bonito e nobre, mais a nossa oferenda será valiosa,
bonita e nobre. No Tibet, os potes eram por tradição de prata ou cobre e do
mesmo formato. Hoje nós encontramos na Índia esses mesmos potes e, de vez em
quando, em alguns centros de Dharma na Europa. A prata é sem dúvida o melhor
material, em razão do seu valor. Esse grande valor é, porém um fator que
encarece e às vezes fica inviável. Mas se vocês têm meios de adquirir não
hesite. Os potes de cobre têm a vantagem de serem confeccionados da maneira
tradicional e bem esfregados brilham muito. Mas eles emboloram rapidamente e
exigem muito cuidado. Nos resta o que podemos encontrar mais facilmente.
Cristal, vidro, porcelana ou mesmo metal prateado, é possível encontrar coisas
muito bonitas. A regra básica: que seja belo, digno e limpo. Vamos examinar
agora as oito oferendas uma a uma:
Primeiro e segundo potes - Água para beber e água pura
Na prática, mesmo que o objetivo
seja diferente, a mesma água serve para encher os dois primeiros potes: uma
água clara, limpa e potável. Nós podemos tornar a oferenda mais preciosa preparando
água com açafrão.
Receita de água com açafrão:
Colocar uma pitada de açafrão, de
preferência em pedacinhos, e deixar ferver em 1 litro de água. Deve-se colocar açafrão
suficiente para obter uma bonita coloração amarelo-alaranjado. O açafrão em pedaços
é mais aconselhável do que em pó para obter um resultado melhor, porém é
difícil de encontrar e muito caro. Preparar a água com açafrão todas as manhãs
seria o ideal. O melhor é preparar o suficiente para encher uma garrafa e
utilizar um pouco todos os dias. Nós veremos, mais tarde, como encher os potes
cada manhã e esvaziá-los a cada noite.
Terceiro pote: As flores
Quando um pote não está destinado
a conter água nós enchemos de arroz sobre o qual colocamos o objeto oferecido, nesse
caso a flor. O melhor é usar arroz branco redondo de preferência. Podemos, como
para a água enriquecê-lo com açafrão.
Receita de arroz com açafrão:
Ingredientes: 1 kg de arroz cru e
açafrão
Preparar, primeiro, 100 ou 200 ml.
de água com açafrão bem concentrada. Utilizaremos a água quente ou fria, isso não
tem importância. Lavar bem o arroz e depois deixar secar espalhando numa
bandeja. Uma vez seco, colocar numa tigela, jogar aos poucos a água com açafrão,
sem encharcar, sovar o arroz até que ele pegue uma cor amarelada. O pote será
primeiro preenchido de arroz, depois coloca-se uma ou duas flores, naturais ou
de seda. Pode-se também colocar sobre o arroz um pequeno vaso com flores. Além
desse vaso, podemos enfeitar o altar com um bouquet ou um vaso bem florido.
Quarto pote: O incenso
O quarto pote recebe o incenso
basicamente são colocadas algumas hastes de incenso no arroz. Incenso tibetano,
indiano, japonês, ou qualquer um do nosso gosto. Atenção: este incenso colocado
no arroz não pode ser queimado. O incenso a ser queimado é colocado num outro
recipiente, como, por exemplo, um pote comum, cheio de arroz ou de areia,
posicionado no chão em frente ao altar. Ascenda o incenso que preferir. Uma
haste de incenso que se quebra ou que cai deixa um rastro forte no chão. É
melhor colocar um prato largo o suficiente em baixo do pote que tem o incenso a
ser queimado.
A luz
As lamparinas tibetanas à base de
manteiga, na maioria das vezes, são de prata ou cobre. Por ser difícil de
encontrar, podemos substituí-las por um recipiente de vidro ou cerâmica. O
vidro tem a vantagem de deixar a chama visível mesmo quando o nível do óleo
diminui. Aliás, é mais prático encher o recipiente de óleo de que de manteiga.
Um óleo de boa qualidade se torna uma oferenda mais bela e generosa do que se
colocado um óleo de qualidade inferior. É aconselhável colocar um pires embaixo
do recipiente caso espirre ou transborde o óleo. Para uma chama ideal, o melhor
é encontrar um "pavio" especial geralmente encontrado em lojas de
artigos religiosos. É também aconselhável colocar água no fundo do recipiente.
Assim o "pavio" não queimará e também evitaremos que o recipiente
esquente demais quando o "pavio" chegar perto do fundo. Dessa maneira
uma lamparina a óleo pode ficar acesa dia e noite sem perigo. Podemos
eventualmente substituir a lamparina por uma vela, ou por uma "vela
elétrica" ou também por uma lâmpada de potência fraca. A desvantagem das
velas é que não duram muito e pode ser perigoso deixar queimando na nossa ausência.
A tradição pede que não se assopre nunca uma vela, pois seria apagar a chama de
sua própria vida. Apagamos então a vela com um gesto dos dedos, ou chacoalhando
ou ainda com a ajuda de um objeto específico (uma colher pequena, por exemplo).
Quinto pote - A água perfumada
É a mesma água que os dois
primeiros potes. Podemos acrescentar algumas gotas de perfume: água de rosas,
lavanda, etc. Alguns perfumes reagem na água e outros podem prejudicar os
metais, portanto é melhor ter cuidado.
Sexto pote - A comida.
O pote está cheio de arroz, sobre
o qual colocamos uma bela fruta, um biscoito, etc. O ideal é trocar a oferenda
antes que se estrague. Podemos também colocar nesse pote uma pequena forma de
farinha, chamada chelzé, representando a oferenda da comida.
Sétimo pote - A música
Colocamos sobre o arroz que
preenche o pote o símbolo de um instrumento musical, o mais freqüente uma
concha ou um pequeno sino.
Os sete potes devem estar
precisamente alinhados e separados um do outro por um espaço do tamanho de um
grão de arroz; costuma-se dizer que o espaço muito grande entre os potes
representa um distanciamento do mestre. A luz é colocada seja na frente da
estátua (atrás dos potes), seja entre o 4º e o 5º pote.
Método para as oferendas quotidianas:
Os potes contendo água são cheios
a cada manhã e são esvaziados a cada noite. Os que contêm arroz permanecem continuamente.
Podemos renová-los a cada lua cheia. O arroz pode ser dado aos pássaros, aos
peixes ou outro animal.
Manhã:
Os três potes de água estão
vazios e virados para baixo. Para enchê-los nos servimos de um recipiente
especialmente para isso e enchemos os potes da esquerda para a direita. Vire o
primeiro pote e coloque a água equivalente à 1/3 da quantidade total. Depois
vire o 2º pote e segurando o 1º jogue um pouco da sua água no 2º pote. Fazer o
mesmo para o terceiro pote, dessa vez, jogando a água que está no 2º pote. Fazer
isso de maneira que cubra o fundo dos potes. Depois é só encher os potes de
água quase até a boca. Após tudo isso se deve abençoar as oferendas. Nós
podemos fazê-lo seguindo diversos métodos, os quais veremos aqui os mais
simples. Para fazer a bênção, nós podemos pegar um pouco da água do pote de
água perfumada (5º pote), seja mergulhando uma haste de incenso, seja
umedecendo o anular direito, espirramos nas oferendas. Ao mesmo tempo,
recitamos três vezes o mantra OM AH HUNG (representando o Corpo, a Fala e a
Mente dos Budas). Um método mais elaborado consiste em dizer três vezes o
mantra RAM YAM KAM OM AH H.UNG. Neste caso as três primeiras sílabas purificam
e as três seguintes abençoam. RAM representa o fogo que queima as impurezas, YAM
o vento que as varre e KAM a água que lava. Após a benção, em sinal de
homenagem, fazemos três prostrações em frente ao altar.
Noite
Esvaziamos os potes de água da
direita para a esquerda, depois os enxugamos e os viramos para baixo até a
manhã seguinte. Nós jogamos essa água num lugar limpo: na natureza, num pote de
flor ou se não tiver opção na pia. Existe um método de oferendas simplificado,
que consiste em encher sete potes somente de água. Nesse caso enchemos os sete
potes cada manhã e esvaziamos a cada noite.