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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Animais, amáveis companheiros.



Animais proporcionam segurança, diversão e afeição.

Quando eu era criança, nós tínhamos uma cachorra chamada Mecha Preta. A Mecha - também chamada de Biscoito - era uma amigável vira-lata que se parecia com uma versão pequena de um perdigueiro do Labrador. Sempre que a deixávamos sozinha, mesmo que fosse por poucas horas, ela ficava tão excitada com a nossa volta, que podíamos ouví-la correndo lá dentro antes mesmo que a chave tocasse a fechadura.

Quando abríamos a porta, ela disparava prá fora como se fosse um borrão de pelo preto em alta velocidade. Depois, dava voltas e cheirava-nos como se fôssemos amigos que ela não via há muitos anos. Mesmo que voltássemos de um passeio rotineiro ou de um picnic que achávamos que tivesse durado pouco tempo, ela nos fazia sentir felizes por estarmos em casa.

Um animal de estimação oferece tanto para uma criança... Atualmente, com as mudanças dos padrões familiares, um cachorro ou um gato desempenham cada vez mais um papel importante na vida de uma criança, oferecendo tanto segurança quanto diversão e afeição.

Crescendo com animais

Estudos começam a mostrar o que a maioria dos amantes dos animais já sabem a muito tempo: as crianças se beneficiam tremendamente quando crescem com animais. Em recente estudo o psicólogo Michael Levine descobriu que “as pessoas que crescem com um animal mostram uma maior responsabilidade social, melhor ajustamento e desenvoltura social.” Até a criança que está começando a andar pode se relacionar com cães e gatos. Ela gosta de interagir com alguém do seu tamanho e pode aprender lições importantes sobre gentileza e respeito. Crianças de 3 a 10 anos de idade podem ser grandes amigas dos animais. Na verdade, alguns amigos verdadeiros e cães - ou gatos - são inseparáveis. Mas, de acordo com um estudo recente, o adolescente provavelmente terá o vínculo mais estreito com o animal da casa. Um gato ou um cachorro são uma importante “âncora” para os instáveis anos de adolescência.

Duas chaves para construir boas relações entre animais e pessoas da família são o momento da escolha e a cooperação. Você deve direcionar uma criança gradualmente para seus deveres e tarefas de dono de um animal. Muitos pais adquirem um cão ou gato “para as crianças” e esperam elas assumam responsabilidades para as quais elas ainda não estão prontas. Isto só transforma o animal numa tarefa chata e não deixa que as crianças criem o tipo de vínculo que as faria ansiosas pelas necessidades de seus bichinhos, pela hora de alimentá-los, etc.

Crianças em idade escolar são capazes de criar uma variedade de alimentação e adestramento, mas poucas estão prontas para a disciplina da manutenção diária essencial. A escovada diária é uma boa tarefa para crianças em idade escolar. É um trabalho gostoso e que proporciona um retorno inestimável. Elas podem ajudar na alimentação e na limpeza, mas serão mais cooperativas se puderem participar voluntariamente.

Do princípio da adolescência em diante, no entanto, as crianças se beneficiam profundamente sendo responsáveis pelas necessidades e desejos de um animal. Um cão persistente geralmente tem mais paciência que um adulto para suportar um adolescente irritado e mal humorado. As rotinas de um animal terão um efeito calmante e estabilizador na maioria dos adolescentes. E não há nada melhor para um adolescente alienado do que se sentir necessário por um amável animal.

Uma presença garantida

Um animal de estimação faz uma diferença especial para crianças que ficam sós em casa após a escola até que seus pais cheguem. Lynette Long, uma psicóloga infantil e autora do best-seller “Hand book for latchkey children and their parents” (Livro de mão para crianças “com a chave” e seus pais) declara que cerca de dez milhões de crianças com menos de 14 anos tomam conta de si mesmas por aproximadamente tres horas numa tarde. Para estas crianças, um gato ou um cachorro fazem a diferença entre voltar para uma casa vazia e voltar para uma casa que tem uma companhia agradável e protetora. Um amigo peludo pode proteger uma criança de todo tipo de ameaças, sejam reais ou imaginárias. Um ronronar ou um abanar de rabo garantem à criança que nenhum estranho estará por perto. E mesmo um pequeno filhote pode dar um poderoso latido para desencorajar um ladrão. Mais que tudo, um animalzinho esperto pode manter a mente de uma criança longe das criaturas à espreita em sua imaginação.

Melhores amigos

Tédio e solidão são outros grandes desafios para as crianças que ficam a sós em casa. -”Não abra a porta para ninguém!” - é a regra que os pais mais determinam quando as crianças ficam sozinhas em casa. Um animalzinho pode ajudar a preencher a falha deixada pela família ausente durante algumas horas. Animais de estimação estão sempre prontos para brincar ou para ouvir. Eles ficam felizes em ouvir uma criança relatar os acontecimentos do dia.

Talvez a coisa mais importante que um animal faz pelas crianças é fazê-las sentirem-se amadas de uma maneira serena e sem críticas que as faz confidenciar todas as suas preocupações e mágoas. Cães e gatos não julgam as pessoas, eles não competem com elas. Eles só oferecem amizade e lealdade incondicionais.

Isto é muito útil em situações de stress. Os psicólogos chamam a isto de “triangulação”, isto é, ter um partido neutro que ajuda a reduzir tensões e a dissolver conflitos. Por exemplo, um cão com uma bola pode proporcionar uma pausa para uma brincadeira, um “refresco” quando as tensões estão altas. Os animais de estimação fazem companhia quando uma criança é deixada de fora das brincadeiras de um irmão mais velho. Proporcionam conforto quando as famílias “mudam de forma” - e as famílias de hoje sempre mudam de forma. Num estudo recente, a psicóloga Aline Kidd descobriu que alguns animais de estimação proporcionam continuidade durante um divórcio. Uma criança lhe disse que “quando estou com meu pai, o cachorro não me deixa sentir falta da mamãe e quando estou com minha mãe, o gato não me deixa sentir falta do meu pai.”

Uma criança aprende a respeitar a vida quando aprende a cuidar de um animal, a importância de seu horário de comer, quando brincar e até quando parar de provocá-lo. Basicamente, os animais mostram à criança como amar e ser amada por alguém tão diferente dela. Estas são lições tão importantes que, ao se fazer uma comparação, fazem o custo para manter um animal parecer muito pequeno.

Por Cynthia Jabs - “You and your pet”- Country Living Magazine - dez. 1989 - pag. 154

Traduzido e digitado por Ana Carmen Castelo Branco (Pema Lodrön) em 06-01-1997

O Absoluto e o Relativo

Sogyal Rinpoche
Os mestres Dzogchen são aguçadamente conscientes dos perigos de confundir o absoluto com o relativo. Pessoas que não conseguem entender esta relação podem ignorar e até mesmo desdenhar os aspectos relativos da prática espiritual e da lei kármica de causa e efeito. No entanto, aqueles que verdadeiramente apreendem o significado do Dzogchen terão apenas um profundo respeito pelo karma, bem como uma apreciação mais aguçada e mais urgente à necessidade de purificação e de prática espiritual. Isso é porque eles vão entender a vastidão do que está neles que foi obscurecida, e assim se esforçar com mais fervor, e com uma disciplina sempre fresca, natural, para remover o que está entre eles e sua verdadeira natureza.

The Dzogchen masters are acutely aware of the dangers of confusing the absolute with the relative. People who fail to understand this relationship can overlook and even disdain the relative aspects of spiritual practice and the karmic law of cause and effect. However, those who truly seize the meaning of Dzogchen will have only a deeper respect for karma, as well as a keener and more urgent appreciation of the need for purification and for spiritual practice. This is because they will understand the vastness of what it is in them that has been obscured, and so endeavor all the more fervently, and with an always fresh, natural discipline, to remove whatever stands between them and their true nature.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Nada dura. Nothing lasts.

Reflita sobre isto: A realização da impermanência é, paradoxalmente, a única coisa que podemos segurar, talvez a nossa única posse duradoura. É como o céu ou a terra. Não importa o quanto tudo à nossa volta possa mudar ou entrar em colapso, eles suportam. Digamos que passamos por uma crise emocional arrasadora. . . toda a nossa vida parece estar se desintegrando. . . nosso marido ou esposa, de repente nos deixa sem avisar. A terra ainda está lá, o céu ainda está lá. Claro que, mesmo a terra treme de vez em quando, apenas para nos lembrar que não podemos tomar nada como garantido. . . .

Reflect on this: The realization of impermanence is paradoxically the only thing we can hold on to, perhaps our only lasting possession. It is like the sky, or the earth. No matter how much everything around us may change or collapse, they endure. Say we go through a shattering emotional crisis . . . our whole life seems to be disintegrating . . . our husband or wife suddenly leaves us without warning. The earth is still there; the sky is still there. Of course, even the earth trembles now and again, just to remind us that we cannot take anything for granted. . . .

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Olhos abertos - Eyes open

Há várias razões para manter os olhos abertos quando você pratica meditação. Com os olhos abertos, você fica menos propenso a cair no sono. Assim, a meditação não é um meio de fugir do mundo, ou de sair dele em uma experiência de transe ou de um estado alterado de consciência. Pelo contrário, é uma maneira direta para nos ajudar a compreender verdadeiramente a nós mesmos e de se relacionar com a vida e o mundo. Portanto, na meditação você mantem seus olhos abertos, não fechados. Ao invés de deixar a vida, você permanece aberto e em paz com tudo. Você deixa todos os seus sentidos - audição, visão, sensação - simplesmente abertos, naturalmente, como eles são, sem se apegar após a percepção deles. Tudo o que você vir, ouvir, deixe como está, sem se apegar. Deixe a audição na audição, a visão na visão, sem deixar que o seu apego entre na percepção.

There are several reasons for keeping your eyes open when you practice meditation. With your eyes open, you are less likely to fall asleep. Then, meditation is not a means of running away from the world, or of escaping from it into a trancelike experience of an altered state of consciousness. On the contrary, it is a direct way to help us truly understand ourselves and to relate to life and the world. Therefore, in meditation you keep your eyes open, not closed. Instead of shutting out life, you remain open and at peace with everything. You leave all your senses—hearing, seeing, feeling—just open, naturally, as they are, without grasping after their perceptions. Whatever you see, whatever you hear, leave it as it is, without grasping. Leave the hearing in the hearing, leave the seeing in the seeing, without letting your attachment enter into the perception.

http://www.rigpaus.org/Glimpse/Glimpse.php

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Curtas meditações - Short meditations

"Sente-se por um curto período de tempo; em seguida, faça uma pausa, um intervalo bem curto de cerca de trinta segundos ou um minuto. Mas esteja consciente de que, o que quer que você faça, não perca a sua presença e sua facilidade natural. Em seguida, alerte-se e sente-se novamente. Se você fizer muitas sessões de curta duração como esta, suas pausas, muitas vezes, farão a sua meditação, mais real e mais inspiradora; elas vão remover a rigidez, o incômodo, o cansaço, a formalidade, a artificialidade de sua prática e trazer cada vez mais foco e conforto para você.
Gradualmente, através deste jogo de pausar e sentar, a barreira entre a meditação e a vida cotidiana vai se desintegrar, o contraste entre elas se dissolvem, e você vai se encontrar cada vez mais na sua presença pura natural, sem distração.
Então, como Dudjom Rinpoche costumava dizer: "Mesmo que o praticante possa sair da meditação, a meditação não vai deixar o praticante".

"Sit for a short time; then take a break, a very short break of about thirty seconds or a minute. But be mindful of whatever you do, and do not lose your presence and its natural ease. Then alert yourself and sit again. If you do many short sessions like this, your breaks will often make your meditation more real and more inspiring; they will take the clumsy, irksome rigidity, solemnity, and unnaturalness out of your practice and bring you more and more focus and ease.
Gradually, through this interplay of breaks and sitting, the barrier between meditation and everyday life will crumble, the contrast between them will dissolve, and you will find yourself increasingly in your natural pure presence, without distraction.
Then, as Dudjom Rinpoche used to say: “Even though the meditator may leave the meditation, the meditation will not leave the meditator."

domingo, 12 de junho de 2011

"Não haveria nenhuma chance de conhecer a morte se isso acontecesse apenas uma vez. Mas, felizmente, a vida nada mais é que uma dança contínua de nascimento e morte, uma dança de mudança. Toda vez que eu ouço o barulho de um riacho de montanha, ou as ondas quebrando na praia, ou meu próprio coração batendo, eu ouço o som da impermanência. Essas mudanças, essas pequenas mortes, são nossos elos da vida com a morte. Eles são os pulsos da morte, a pulsação da morte, levando-nos a abandonar todas as coisas às quais nos agarramos."

"There would be no chance at all of getting to know death if it happened only once. But fortunately, life is nothing but a continuing dance of birth and death, a dance of change. Every time I hear the rush of a mountain stream, or the waves crashing on the shore, or my own heartbeat, I hear the sound of impermanence. These changes, these small deaths, are our living links with death. They are death’s pulses, death’s heartbeat, prompting us to let go of all the things we cling to."
Rigpa - Glimpse of the Day - Sogyal Rinpoche

terça-feira, 7 de junho de 2011

Os olhos na meditação


"Na minha tradição de meditação, os olhos devem ser mantidos abertos. Este é um ponto muito importante. Se você é sensível a perturbações externas, ao começar a prática, você pode achar útil fechar seus olhos por um instante e calmamente interiorizar.
Uma vez que você se sentir estabilizado na calma, gradualmente abra seus olhos, e você vai descobrir que o seu olhar tornou-se mais tranquilo e pacífico. Agora olhe para baixo, ao longo da linha de seu nariz, em um ângulo de aproximadamente 45 graus à sua frente. Uma dica prática, em geral é que, sempre que sua mente se tornar agitada, é melhor baixar seu olhar, e sempre que ficar entediado ou sonolento, levar seu olhar para cima.
Uma vez que sua mente ficar calma, a clareza da visão começa a surgir, você vai se sentir à vontade para olhar para cima, abrindo os olhos e olhar mais para o espaço em frente de você. Este é o olhar recomendado na prática de Dzogchen."

"In my tradition of meditation, your eyes should be kept open: This is a very important point. If you are sensitive to disturbances from outside, when you begin to practice you may find it helpful to close your eyes for a while and quietly go within.
Once you feel established in calm, gradually open your eyes, and you will find that your gaze has grown more peaceful and tranquil. Now look down, along the line of your nose, at an angle of about 45 degrees in front of you. One practical tip in general is that whenever your mind is wild, it is best to lower your gaze, and whenever it is dull and sleepy, to bring your gaze up.
Once your mind is calm and the clarity of insight begins to arise, you will feel free to bring your gaze up, opening your eyes more and looking into the space directly in front of you. This is the gaze recommended in the Dzogchen practice."

Rigpa Glimpse of the Day - Sogyal Rinpoche

sábado, 4 de junho de 2011

O Que é Compaixão?

O que é compaixão? Não é simplesmente um sentimento de simpatia ou de cuidar da pessoa que sofre, não simplesmente um calor no coração pela pessoa diante de você, ou uma grande nitidez de reconhecimento de suas necessidades e dores, também é uma determinação corajosa e eficaz para fazer o que é possível e necessário para ajudar a aliviar o seu sofrimento.

What is compassion? It is not simply a sense of sympathy or caring for the person suffering, not simply a warmth of heart toward the person before you, or a sharp clarity of recognition of their needs and pain, it is also a sustained and practical determination to do whatever is possible and necessary to help alleviate their suffering.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Até agora.

 
O blog já vai lá para os seus, o quê? Uns quatro anos, por aí! Tenho tentado postar coisas que ajudem os que são e os que não são budistas, mesmo porque ser budista tem mais a ver com a prática diária, o fato de ser uma boa pessoa, ter um bom coração, sem distinção do que ficar horas sentado numa almofada olhando para o nada. Mas isso também é bom e necessário. Rezar alguns mantras visualizando a deidade também, do mesmo jeito que os católicos rezam um terço visualizando Nossa Senhora. Aliás, gosto muito dela!

Mas fico pensando: será que ajudei alguém nesses anos todos, ajudei de verdade, despertei pessoas para uma vida melhor? Será que fui de alguma utilidade com essa ferramenta virtual? Se valer a motivação, a intenção, então sim! E fico feliz, sossegada, apesar de saber que ainda falta muito caminho prá trilhar caso eu não venha a ser tirada repentinamente dele como algumas pessoas conhecidas e inclusive da minha própria família. Portanto, cada décimo de segundo é precioso, cada minutinho, cada pouquinho!

Hoje começa o Vesak, tempo em que comemoramos o nascimento, iluminação e parinirvana do Buda Shakyamuni. É dito que Entre os dias 01 e 15 de junho acontecerá o Saga Dawa, um período especial do ano quando nossas virtudes são multiplicadas. O dia 01 de junho é dia de lua nova e acontecerá um eclipse solar, cujo pico será por volta das 18 horas. O dia 15 é dia de lua cheia e ocorrerá um eclipse solar, cujo pico será por volta das 17 horas. Esse é um período muito auspicioso para fazermos prática.

Simplesmente ser.

Field With Ploughman - Vicent Van Gogh
Calmamente sentado, o corpo parado, a fala silenciosa, a mente em paz, deixe que os pensamentos e emoções que surgirem, irem e virem, sem se apegar a qualquer coisa.
Com o que este estado se parece? Dudjom Rinpoche costumava dizer: "Imagine um homem que chega em casa depois de um dia longo e duro nos campos e se afunda em sua cadeira favorita na frente do fogo. Ele trabalhou todos os dias e ele sabe que ele conseguiu o que queria atingir, não há nada mais para se preocupar, nada inacabado, e ele pode soltar totalmente todos os seus cuidados, preocupações e tudo o mais e, simplesmente, ser.

Quietly sitting, body still, speech silent, mind at peace, let thoughts and emotions, whatever rises, come and go, without clinging to anything.
What does this state feel like? Dudjom Rinpoche used to say: Imagine a man who comes home after a long, hard day’s work in the fields, and sinks into his favorite chair in front of the fire. He has been working all day and he knows that he has achieved what he wanted to achieve; there is nothing more to worry about, nothing left unaccomplished, and he can let go completely of all his cares and concerns, content, simply, to be.