"Quando estamos sob o domínio do ódio ou da cólera, não nos sentimos bem  nem física nem mentalmente. Toda a gente repara nisso e ninguém tem  vontade de estar connosco. Até os animais fogem de nós, excepto as  pulgas e os mosquitos, que só querem o nosso sangue! Perdemos o apetite,  deixamos de dormir, às vezes ficamos com úlceras, e, se estivermos  continuamente nesse estado, iremos certamente reduzir o número de anos  que nos resta para viver.
A cólera e o ódio, em particular, são a causa de uma grande parte das  desgraças deste mundo, desde as disputas familiares aos piores  conflitos. A cólera e o ódio tornam insuportável qualquer situação  agradável. Nenhuma religião as louva como virtudes. Todas elas dão  ênfase ao amor e à bondade. Basta ler as diferentes descrições do  paraíso para darmos conta de que elas falam de paz, de beleza, de  jardins magníficos, de flores, mas nunca, tanto quanto eu saiba, de  conflitos e de guerras. Por conseguinte, não atribuímos à cólera  qualquer qualidade.
Os nossos verdadeiros inimigos são os venenos mentais: a ignorância, o  ódio, o desejo, a inveja, o orgulho. Estes são os únicos capazes de  destruir a nossa felicidade.
Como havemos de lidar com a cólera? Para algumas pessoas a cólera não é  um defeito. Os que não têm o hábito de observar o espírito pensam que  ela faz parte da nossa natureza, que não a devemos reprimir mas, pelo  contrário, exprimi-la. Se isso fosse verdade, teríamos igualmente que  dizer que a ignorância ou o analfabetismo fazem parte do nosso espírito,  uma vez que quando nascemos não sabemos nada. No entanto, fazemos tudo o  que podemos para os eliminar, e ninguém protesta dizendo que são coisas  naturais que não devemos mudar. Então, por quê não fazer o mesmo ao  ódio ou à cólera, que são bem mais devastadores? Vale certamente a pena  tentar."
Tenzin Gyatso, Sua Santidade, o 14° Dalai Lama
Boas Festas
Há 10 anos

 
 
 



 
 






 
 
 
 
 
 
 
 
