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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Ilusões


Existem muitas pessoas que não conseguem ver além do seu próprio nariz. Olham para a palma da mão a uma distância de um centímetro dos olhos. São auto-centradas demais. Pensam que o único sofrimento existente no universo é o delas próprias. Às vezes, estão tão desorientadas dentro de si mesmas que não vêem o mal que causam a si e aos outros. Sua única preocupação é o próprio ego, a pior coisa que carregamos conosco, nosso maior fardo. Dizem uma coisa envolvendo outras pessoas e depois as decepcionam agindo de forma totalmente avessa ao que foi dito. Ferem e por isso, muitas vezes, sofrem um karma tão imediato que não vêem que elas estão assim por sua única responsabilidade. Não adianta culpar o outro. Agindo dessa maneira, afugentam os amigos e passam a viver reclusas dentro de casa, depois dentro do quarto e depois sobre uma cama. Debaixo das cobertas, tomam refúgio na tela de uma televisão a cabo, seguindo seriados idiotas que as levam a reflexões também idiotas. Ao serem procuradas por amigos, não os vêem mais como amigos. Ao soar da campainha, abrem uma greta da porta de entrada e perguntam o que querem como se agora fossem inimigos, estranhos, gente perigosa. Iniciam uma paranóia, tomam medicamentos para dormir, fugir, achando que, agindo assim, serão menos infelizes. Mas quando acordam, desapontam-se, pois estão no mesmo plano. Não têm coragem para transitar no sofrimento, vivê-lo bem e reconhecê-lo como aliado para sair do lado negro para a claridade. Estas pessoas estão gravemente enfermas de uma doença terrível chamada ignorância. Precisam de extrema ajuda para serem apresentadas à impermanência - melhor companheira da paciência - para perceberem que tudo é ilusão e vai passar como uma nuvem, uma rajada de vento para depois, lentamente, cair no vazio. Passam-se as dores assim como as alegrias também passam. Ambas são idênticas, vindas da mesma essência e possuem o condão de curar, fortalecer, enrijecer e encorajar as pessoas para enfrentar as vicissitudes da vida como sendo suas amigas. A única ajuda que se pode dar a essas pessoas é rezar muito a fim de que possam alcançar alguma fresta de luz nos seus caminhos tortuosos. Aliás, todos os caminhos são tortuosos. Não só os delas.

15 de janeiro de 2004

Ser

Ser como as cinzas que, se já se queimaram, não se queimam mais. Ser como as cinzas que já não temem o fogo.

Curei-me da superficialidade, do hábito de não pensar e não refletir. Não acredito em tudo que me contam. Penso e raciocino com minha própria cabeça. Não acredito em tudo só porque está escrito ou porque me foi dito como verdade.

Mudar de idéias, alterar opiniões não significa fraqueza, mas evolução e crescimento.

Já enfrentei muitas dificuldades e obstáculos nesta minha vida e os compreendi adequadamente. Por isso, descobri a força que precisava para superá-los.

Ainda tenho medo, mas também adquiri coragem suficiente para experimentar o sofrimento, pois ele é o que me deixa mais forte; é dele que extraio as lições das dificuldades; é dele que ganho o destemor.

29 de janeiro de 2001

Estou

...me sentindo triste, cansada, desanimada. Poderia acrescentar deprimida, mas não gosto mais dessa palavra. Ficou muito banal. Está na moda. Todo mundo está ou fica deprimido. É muito normal. Queria que alguém cuidasse de mim e meu mapa astral fala isso o tempo todo. É assim que sou. Disseram que posso mudar, mas não tenho mais forças para lutar. Estou com sono. Estou com vontade de sumir. Estou querendo silêncio. Estou sentindo dores pelo corpo. Minha perna esquerda parece que quer ir embora e toda hora arruma uma reclamação. Nem minha menstruação, coisa abominada por muitas mulheres, não quer saber de mim esse mês. TPM? O que antes eu fazia com facilidade e destreza, já não consigo mais. Acho que a dor é mesmo na alma por que estou sofrendo muito e nem consigo chorar. Estou com o espírito machucado. Estou ficando velha.
Belo Horizonte, 26 de dezembro de 2003.

Com força e com vontade

Passei uma semana de cão. Tive depressão e pânico. Fiquei duas noites sem dormir e três dias sem comer. Mas sabia que era a minha mente aprontando mais uma das suas e sabia mais ainda que era tudo impermanente. Ia passar. Ontem, depois que cheguei do cursinho – foi uma luta assistir à aula - tomei um remédio para me refazer que minha médica receitou. Putz! Dormi cerca de vinte horas seguidas! Mas, quando acordei... ah, cara, foi demais! Sumiu tudo, a disposição não podia ser melhor: arrumei cama, lavei, passei e guardei roupas, varri chão, lavei vasilhas, enfim, arrumei a casa. A de fora e a de dentro. Estou nova em folha. E estou pronta para o que der e vier, com força e com vontade.

Hello, Mr. Nicholson!


Hello, Mister Jack Nicholson!
Hello... miss...
(Yelling) Don’t miss me!!! (Back to the low voice tone and smiling) Sorry. It’s only a pun, a play of words.
(Laughing) I’ll never miss you. And don’t mister me! Call me Jack.
Oh, no! It’s a very common name. By the way, Mister Nicholson: are you son of some guy called Nichol?
Are you trying to imitate me, my dear? You’re being so clever!
I’m not trying to imitate you, Mister Nicholson for I’m not only clever. I’m intelligent too. It’s different.
Well, may I at least know your name?
My name ir Carmen. Not Carmen as you say it in English but Carmen as you say it in Spanish.
Wake up!!!!
This was a dream I had on July, 16th, 2002

O Alvo


Remexendo em coisas guardadas procurando uma que precisava, não achei. Achei isso que escrevi a 4 de junho de 1990:
"Observe o gato: antes de um salto, encolhe-se e prepara os músculos para pular. Olha fixamente para seu objetivo e não se deixa perturbar por nada. Se, por ventura cair, sempre cairá de pé."

Tal negócio. Quem procura o que não perdeu, só encontra o que não guardou e, quando acha, não reconhece.