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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Walden


"Como alguém pode estar em boas condições morais enquanto escraviza ou faz sofrer um outro homem?" - Henry David Thoreau

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Como se tratava o estupro em 1833.



SENTENÇA JUDICIAL DE 1833
'Ipsis litteris, ipsis verbis' - TRATA-SE DE LINGUA PORTUGUESA ARCAICA
SENTENÇA JUDICIAL DATADA DE 1833 - PROVÍNCIA DE SERGIPE
PROVÍNCIA DE SERGIPE
O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora Sant'Ana quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de em uma moita de mato, sahiu della de supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimonio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova. CONSIDERO: QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar , porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;
QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas;
QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens. CONDENO:O cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa.
Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos Juiz de Direito da Vila de Porto da Folha Sergipe, 15 de Outubro de 1833. Fonte: Instituto Histórico de Alagoas

De volta à natalidade - Dráuzio Varella

25/08/2003
Follha de São Paulo
O problema mais grave do país talvez seja o da natalidade entre a população pobre. Tenho consciência plena de que essa afirmação é considerada politicamente incorreta e que me traz problemas com certas alas da intelectualidade todas as vezes que a faço.
Mesmo assim, vou insistir nela.
Nove meses de gravações de uma série sobre gravidez, realizadas para a TV em cinco cidades brasileiras, fortaleceram em mim a convicção de que, se não tomarmos providências imediatas, a violência urbana nas próximas décadas nos fará sentir saudades da paz que ainda desfrutamos em lugares como São Paulo e Rio de Janeiro.
Numa época em que dispomos de métodos eficazes de contracepção, o número de gestações indesejadas nas classes mais desfavorecidas é tão exagerado que cabe perguntar: por que razão os responsáveis pela elaboração de políticas públicas fogem desse assunto como o Diabo da cruz?Além do descaso, só encontro duas explicações para a omissão: ingenuidade ou falta de coragem para contrariar a igreja.A ingenuidade está na interpretação apressada das estatísticas que mostram queda das taxas médias de natalidade. Realmente, mesmo as mulheres mais pobres têm hoje, em média, menos do que a meia dúzia de filhos de 50 anos atrás. Mas, naquela época, 70% da população vivia em zona rural, onde a criança de sete anos já pegava na enxada para ajudar no sustento da família. Hoje, com 80% dos habitantes nas cidades, três ou quatro filhos pequenos por acaso contribuem para melhorar o orçamento doméstico?
Outra distorção ao analisar taxas médias está em não perceber o que acontece com determinadas subpopulações. Por exemplo, segundo o IBGE, as mulheres com formação universitária têm, em média, 1,4 filho (como nos países desenvolvidos), enquanto as analfabetas e as que cursaram apenas um ano escolar têm 5,6 (a mesma taxa da Namíbia).
O que mais choca, no entanto, é que não é preciso formação acadêmica para avaliar a gravidade do problema; a realidade está a menos de um palmo de nossos narizes. Quem de nós não conhece de perto uma mulher com muito mais filhos do que poderia sustentar? Casas sem reboco, mocinhas grávidas e criançada na rua saltam à vista de quem chega à periferia ou entra numa favela de qualquer cidade brasileira.
Não é preciso consultar o IBGE para constatar que existe uma epidemia de gravidez na adolescência no país, basta ir à sala de espera de uma maternidade do SUS. Na favela da Maré, a maior do Rio de Janeiro, elogiei a beleza da menina no colo de uma moça de cabelo cacheado. É minha neta, respondeu. Tinha 31 anos.
Cada bebê assim nascido tira a mãe da escola e empobrece a família dos avós, porque os homens de hoje dificilmente assumem paternidades não desejadas. Quem já pôs os pés numa cadeia sabe o quanto é difícil encontrar um preso que tenha sido criado em companhia de um pai trabalhador; a maioria esmagadora é de filhos de pais desconhecidos, ausentes, mortos em tiroteios ou presidiários como eles.
Os que menos filhos deveriam conceber são justamente os que mais os têm. Por quê? Por sem-vergonhice? Por maldade, só para vê-los sofrer?Esses bebês indesejados pelos pais vêm ao mundo como conseqüência da ignorância e da dificuldade de acesso aos métodos de contracepção. Embora no papel o programa brasileiro de planejamento familiar seja considerado dos mais avançados, na prática ele chega capenga à população de baixa renda. As pílulas distribuídas nos postos de saúde são as mais baratas do mercado (e que mais efeitos colaterais provocam); os anticoncepcionais em adesivos a serem trocados apenas uma vez por semana, ideais para vencer a indisciplina das adolescentes como os estudos demonstram, não estão disponíveis; os dispositivos intra-uterinos (DIU) são virtualmente ausentes; e camisinha à vontade, só no Carnaval. Conseguir vasectomia ou laqueadura de trompas pelo SUS, então, é o verdadeiro parto da montanha. Há que marcar consulta com os médicos, com a assistente social e com a psicóloga. São meses de peregrinação pelos corredores dos hospitais públicos que mães ou pais de cinco filhos são obrigados a fazer, para ouvir perguntas como: e se você se separar de sua mulher e se casar com outra mais jovem? E se seus filhos morrerem e você quiser outros?
Na cartilha que o Ministério da Saúde distribui às gestantes, está garantido acesso à laqueadura a toda mulher com mais de 25 anos que tenha dois ou mais filhos, gratuitamente, pelo SUS. Você sabia, leitora? De que adianta garantir a existência teórica de um direito, se, na prática, ele é desconhecido por todos? Se o acesso a ele é vedado de forma tão cruel pela burocracia oficial, que até hoje são comuns práticas odiosas como as de políticos trocarem laqueaduras por votos em véspera de eleição, e médicos do SUS cobrarem por fora por esses procedimentos?Que ideologia insana ou princípio religioso hipócrita justifica o fato de nossas filhas atravessarem a adolescência sem engravidar, enquanto as filhas dos mais pobres dão à luz aos 15 anos? Termos um ou dois filhos, no máximo, enquanto eles têm o dobro ou o triplo para acomodar em habitações precárias?
A falta de recursos para programas abrangentes de planejamento familiar é desculpa irresponsável! Sai muito mais caro abrir escolas, hospitais, postos de saúde, servir merenda, dar remédios e arranjar espaço físico para esse mundo de crianças.
E, mais tarde, construir uma cadeia atrás da outra para enjaular os malcomportados.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

'Tequinfim!

'Téquinfim! Detesto esse horário de verão e até hoje não descobri prá que serve. Esse papo de economia de energia não cola porque tomo banho de manhã acendendo a luz do banheiro e de noite, com ela apagada. Ou seja. Tanto faz! Tá certo que tenho a tendência familiar de ter dores de cabeça e, às vezes, enxaqueca. Mas hoje, que é o último dia, acordei e tomei uma Neusa! E nem vem que é psicológico, não. É o relógio biológico mesmo. Muda tudo! A hora de acordar, a hora de comer, a hora de trabalhar, a hora de dormir, fora as outras horas. Se o tempo não existe então quê que tão mexendo nele?

A Virtude da Amizade


A amizade pode ser a fonte mais segura de satisfação num mundo instável, melhor que o sexo, o dinheiro ou o poder. Os gregos valorizavam-na acima do romance ou da reputação e davam-lhe um lugar de honra no panteão do amor.
A amizade, philia, amor fraterno, a afeição que existe somente entre iguais é, ao mesmo tempo, o mais modesto e o mais vigoroso dos modos do amor. Calma como um papo ao cair da tarde, é suficientemente forte para sobreviver aos ácidos do tempo. E, ao mesmo passo que nos arrasta para as nossas profundezas emocionais, não exige nenhum frenesi romântico. Nada de uivos à lua, nem explosões de sentimentos contraditórios. Nenhum ciúme. A amizade cria homens e mulheres gentis. Não depende de nada tão frágil quanto um rostinho bonito ou de números exorbitantes numa conta bancária, nem de nada tão irracional quanto a força do sangue e do parentesco. Baseia-se no mais simples dos silogismos do coração: “Eu gosto de você, você gosta de mim; portanto, somos amigos”. E, embora possamos imaginar uma vida satisfatória sem o picante transbordamento do amor sexual ou sem os suaves encargos da família, sabemos, intuitivamente, que, sem um amigo, a melhor das vidas seria tão solitária que não se poderia tolerar.
Nos dias de hoje, entretanto, a amizade é uma espécie em extinção. Não medra numa ecologia social que acentua a velocidade, a preocupação constante entre os homens. Requer vagar. Como o bom uísque, ela precisa ser envelhecida na madeira, macerada com paciência e longamente fermentada. Nada de intimidades instantâneas ou de encontros de uma noite só. A cadência da amizade mede-se em ritmos que tem a extensão de décadas. Uma amizade duradoura leva anos de semeadura, tem de ser tratada em tempo de chuva e de seca e não pode ser arrancada pela raiz. A amizade não quer saber de eficiências nem de agendas. Toda ela consiste em estar juntos ao pé de uma cerveja gelada num bar, ou de lançar iscas na correnteza de um rio. Consiste em estar lá para ouvir e ajudar quando a vida do amigo parece vir abaixo.

Do livro de Sam Keen, ´O homem na sua plenitude”, Editora Cultrix, São Paulo, 1993.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O Meio de Vida Correto


Sangha Virtual - Estudos Budistas - Tradição do Ven. Thich Nhat Hanh

Do livro “A Essência dos ensinamentos de Buda” – Thich Nhat Hanh

Para praticar o Meio de Vida Correto, é necessário encontrar uma forma de ganhar a vida que não represente uma transgressão aos ideais de amor e compaixão. A forma pela qual você se sustenta pode ser uma expressão do seu ser mais profundo ou pode ser uma fonte de sofrimento para você e para os outros.

Os sutras costumam dizer que o Meio de Vida Correto é ganhar a vida sem precisar transgredir nenhum dos Cinco Treinamentos da Atenção Plena: não vender armas, não vender escravos, não vender carne, álcool, drogas nem venenos, não fazer profecias nem dizer a sorte. Monges e monjas devem tomar cuidado para não fazerem aos leigos pedidos exagerados em relação aos quatro requisitos básicos, que são remédios, alimentos, roupas e hospedagem, e para não possuírem coisas materiais além de suas necessidades imediatas. Ao procurarmos estar conscientes em todos os momentos, tentamos ter uma ocupação que seja benéfica para os seres humanos, os animais, as plantas e a terra, ou pelo menos uma ocupação que prejudique pouco. Vivemos em uma sociedade na qual os empregos costumam ser difíceis de obter, mas se nosso emprego prejudicar a vida de alguma forma, então deveríamos procurar outro. Nossa atividade diária tanto pode alimentar a compreensão e a compaixão quanto pode ajudar a destruí-las.

Temos sempre que ter consciência das conseqüências, imediatas ou remotas, do nosso trabalho. Muitas indústrias modernas são prejudiciais aos seres humanos e à natureza, mesmo aquelas que produzem alimentos, e os pesticidas químicos e fertilizantes destroem o meio ambiente. Por isso, a prática do Meio de Vida Correto é muito difícil para os fazendeiros. Se não usarem produtos químicos, talvez tenham dificuldades para se manterem comercialmente competitivos. Este é apenas um entre muitos exemplos. Ao exercer sua profissão, respeite sempre os Cinco Treinamentos da Atenção Plena. Um trabalho que de alguma forma envolva morte, roubo, má conduta sexual, mentiras ou venda de drogas ou de álcool não é um Meio de Vida Correto. Se sua empresa polui os rios ou o ar, trabalhar neste lugar não é um Meio de Vida Correto. Fabricar armas ou lucrar com as superstições dos outros também não são Meios de Vida Corretos. As pessoas têm superstições, e acreditam que seu destino está escrito nas estrelas ou na palma das mãos. A verdade é que ninguém pode ter certeza absoluta sobre o que acontecerá no futuro, e ao praticar a atenção plena adquirimos o poder de alterar o destino previsto pelos astrólogos. Além disso, as profecias contribuem para que fatos preditos acabem se tornando realidade.

Compor ou executar obras de arte também podem ser um meio de sustento. Um compositor, escritor, pintor, músico, bailarino ou ator têm efeito direto na consciência coletiva. Qualquer obra de arte é, em grande parte, um produto da consciência coletiva. Portanto, o artista deve praticar a atenção plena, para que seu trabalho ajude aqueles que entram em contato com ele a também praticar a atenção plena. Um jovem que queria aprender a desenhar flores de lótus foi a um mestre e pediu para ser seu aprendiz. O mestre o conduziu até um lago de lótus e o convidou a se sentar ali. O jovem viu as flores desabrochando quando o sol estava alto, e observou os botões se fechando quando a noite chegava. Na manhã seguinte, fez a mesma coisa. Quando uma flor de lótus murchou e suas pétalas caíram na água, ele observou o caule, o estame e o restante da flor, e depois passou a observar outra flor. Fez isto durante dez dias. No décimo primeiro dia, o mestre lhe perguntou: "Você está pronto?" e ele respondeu: “Vou tentar." O mestre lhe deu um pincel, e apesar de ter um estilo infantil, o jovem desenhou um lótus absolutamente lindo. Ele havia se tornado o lótus, e o desenho simplesmente brotou de dentro dele. A ingenuidade em matéria de técnica era evidente, mas uma beleza profunda estava retratada ali.

O Meio de Vida Correto não é apenas uma questão de escolha pessoal. Ele representa o nosso carma coletivo. Por exemplo, se eu sou um professor primário, e acho que ensinar as crianças a ter mais amor é compreensão é uma grande profissão, recusaria se alguém me pedisse para parar de ensinar e me transformasse, por exemplo, em um açougueiro. Mas ao meditar na interdependência das coisas, vejo que o açougueiro não é o único responsável pela matança de animais.

Talvez nossa opinião seja que o meio de vida do açougueiro é errado, e o nosso é certo, mas se nós não comêssemos carne ninguém precisaria matar animais. O Meio de Vida Correto, na verdade, é uma questão coletiva. O trabalho de cada pessoa afeta todas as outras. Os filhos do açougueiro podem se beneficiar com o professor, mas os filhos do professor, que comem carne, também são responsáveis pelo sustento do açougueiro. Vamos imaginar que um fazendeiro que se sustenta vendendo carne bovina queira receber os Cinco Treinamentos da Atenção Plena. À luz do primeiro treinamento, ele começa a se perguntar o que tem feito para proteger a vida. Reflete que proporcionou ao seu gado as melhores condições possíveis de bem estar, chegando mesmo a operar seu próprio matadouro, para que não houvesse crueldade desnecessária infligida aos animais na hora de abatê-los. Ele herdou a fazenda do pai, e além disso tem uma família para sustentar. É um dilema. O que fazer? Suas intenções são boas, mas ele herdou dos ancestrais não apenas a fazenda, mas também a força e a energia de seus hábitos. Cada vez que uma vaca é morta, isso deixará uma impressão em sua consciência, que retomará a ele em sonhos, durante a meditação ou no momento da morte. Tomar conta do gado da melhor maneira possível enquanto os animais estão vivos é de fato um Meio de Vida Correto. Ele deseja tratar seus animais com o máximo de bondade, mas também deseja a segurança proporcionada por uma renda estável para ele e para sua família.

Este homem deve continuar a contemplar todas estas questões com profundidade, praticando continuamente a atenção plena em companhia de sua Sangha local. À medida que sua compreensão se aprofunda, ele acabará encontrando uma forma de sair desta situação em que é obrigado a matar para viver.

Tudo o que fazemos é parte de nosso esforço de praticar o Meio de Vida Correto. Trata-se de um assunto muito mais amplo do que apenas o meio pelo qual obtemos nossa renda mensal. Talvez não possamos ter um Meio de Vida cem por cento correto, mas podemos decidir que vamos caminhar na direção da redução do sofrimento e do aumento da compaixão.

Milhões de pessoas, por exemplo, ganham a vida na indústria de armas, ajudando direta ou indiretamente a fabricar armamentos convencionais ou nucleares. Os Estados Unidos, a Rússia, a França, a Inglaterra, a China e a Alemanha são os principais fornecedores de armas do mundo. A seguir estas armas são vendidas para países do Terceiro Mundo, onde o povo não precisa de armas, e sim de comida. Fabricar ou vender armas não é um Meio de Vida Correto, mas a responsabilidade por essa situação pertence a nós todos - políticos, economistas e consumidores. Nunca promovemos um grande debate nacional sobre esta questão, que é tão importante. Precisamos discutir isso, e precisamos também continuar a gerar novos empregos, para que ninguém seja obrigado a viver dos lucros da fabricação de armas. Se você trabalha em uma profissão em que há espaço para a realização de seu ideal de compaixão, fique grato. E por favor, ajude a criar empregos para que outros também possam viver de uma forma correta, simples e sadia. Use toda a sua energia para tentar melhorar a situação geral.

Praticar o Meio de Vida Correto significa praticar a Atenção Plena Correta. Cada vez que o telefone toca, considere-o como a campainha da atenção. Pare tudo o que estiver fazendo, inspire e expire conscientemente, e a seguir pegue o telefone. A sua forma de atender o telefone personificará o Meio de Vida Correto. Precisamos discutir entre nós como praticar a atenção plena em nosso local de trabalho e em todos os outros locais. Será que respiramos ao ouvir o telefone? Sorrimos quando estamos atendendo a outros? Caminhamos com atenção plena quando nos deslocamos de uma reunião para outra? Praticamos a Fala Correta? Fazemos um relaxamento total depois de muitas horas de trabalho pesado? Vivemos de forma a encorajar as pessoas a serem pacíficas e felizes, e a trabalhar para incentivar a paz e a felicidade? Estas perguntas são muito importantes, e são todas de ordem prática. Trabalhar para incentivar este tipo de pensamento e de ação, além da compaixão, significa praticar o Meio de Vida Correto.

Se alguém tem uma profissão que contribui para que seres vivos sofram e oprimam outros, isto acabará contaminando sua consciência, da mesma forma que quando poluímos o ar que depois iremos respirar. Muitas pessoas enriquecem vivendo de forma incorreta. A seguir vão a um templo ou igreja e fazem doações. Estas doações se originam de sentimentos de culpa e medo, e não do desejo de fazer os outros felizes. Quando um templo ou igreja recebe grandes doações, as pessoas que recebem os recursos devem entender isto, e devem também tentar ajudar na transformação do doador, mostrando-lhe como abandonar um Meio de Vida incorreto. Estas pessoas necessitam, mais do que qualquer outra coisa, dos ensinamentos do Buda.

À medida que vamos estudando e praticando o Nobre Caminho óctuplo, começamos a entender que cada etapa do caminho está contida nos outros sete. Vemos também que cada etapa contém dentro de si as Nobres Verdades da existência, origem e cessação do sofrimento.

Ao praticar a Primeira Nobre Verdade, reconhecemos nosso sofrimento e o chamamos pelo seu nome correto - depressão, ansiedade, medo ou insegurança. A seguir olhamos de frente para ele, para descobrir em que se baseia, e isso representa a prática da Segunda Nobre Verdade. Essas duas práticas contêm os primeiros dois elementos do Nobre Caminho Óctuplo, ou seja, a Compreensão Correta e o Pensamento Correto. Todos nós temos uma tendência a fugir do sofrimento, mas quando começamos a praticar o Nobre Caminho Óctuplo criamos coragem para passar a encarar o sofrimento de forma diferente. Utilizamos a Atenção Plena Correta e a Concentração Correta para observar o sofrimento de frente, com coragem. A prática de olhar com profundidade e enxergar com clareza representa a Compreensão Correta, que nunca nos mostrará uma única razão para o sofrimento, mas centenas de camadas de causas e condições: sementes que herdamos de nossos pais, avós e ancestrais; sementes dentro de nós nutridas por amizades ou pela situação econômica e política de nosso país; além de muitas outras causas e condições.

Agora chegamos ao ponto onde queremos fazer alguma coisa para diminuir o nosso sofrimento. Depois de identificar o que alimenta nosso sofrimento, acharemos uma forma de deixar de ingerir esse nutriente, quer se trate de um comestível, de alimento dos sentidos, de nutriente recebido das nossas intenções, ou do alimento de nossa consciência.

Alexitímia


ALEXITÍMIA
Impossibilidade de expor os sentimentos.
A: falta.
Lexi: expressão falada, fala.
Timia: humor, ânimo, sentimentos.

Los que padecen este trastorno poseen emociones pero no son capaces de identificarlas y confunden sus manifestaciones.

La alexitimia es un término de origen griego que significa "sin palabras para las emociones". Este término fue acuñado en 1972 por el psiquiatra estadounidense Peter Sifneos. Lo definimos como un trastorno en el procesamiento emocional caracterizado por la incapacidad para expresar las emociones como consecuencia de que las personas que lo sufren no son capaces de identificar lo que sienten.
Los alexitímicos son personas que poseen emociones, pero no son conscientes de las expresiones fisiológicas de las mismas o no entienden su significado emocional.Responden a los estímulos emocionales como cualquier otra persona: los músculos se tensan, la respiración se agita, palpitaciones, etc. pero, al no ser capaces de identificarlos como síntomas emocionales lo interpretan como síntomas físicos de enfermedad. Tenemos que distinguir a los alexitímicos de aquellas personas que no expresan con facilidad sus emociones porque son personas tímidas y reservadas o como consecuencia de la educación afectiva recibida o de un aprendizaje social. Existen familias donde los sentimientos no suelen expresarse con facilidad, por lo que los niños educados en estas familias, aprenden a hacer lo mismo y no exteriorizan sus sentimientos. También puede suceder que ciertas actitudes determinadas por algunas culturas o razas influyan negativamente en la exteriorización de las emociones. En ambos casos saben perfectamente lo que sienten y son capaces de describirlo, pero prefieren no hacerlo.Hay preguntas cuya respuesta define claramente si una persona puede ser alexitímica como por ejemplo: ¿cómo te sentirías ante un incendio? Mientras que la respuesta habitual sería sentirse con miedo, huiría o paralizado, quien padece este trastorno contestaría "no sé".

2. Tipos de alexitimia

Tenemos que distinguir entre la alexitimia primaria, que lo padecen las personas como un rasgo de su personalidad y alexitimia secundaria que se debe a un problema ajeno a la personalidad de la personas. En la alexitimia primaria, su origen puede deberse a una predisposición genética o a anomalías neurológicas.La alexitimia secundaria, es consecuencia de fuertes situaciones traumáticas que bien pudieron ocurrir en la infancia o por una prolongada situación de intenso estrés. Está relacionada con el trastorno por estrés postraumático, trastorno del pánico, trastornos alimenticios, depresión y adicciones. En este caso, se suprimen las emociones dolorosas como un mecanismo de defensa y de negación ante traumas y conflictos, que reprime los sentimientos.

3. Características de las personas alexitímicas

1. Dificultad para identificar emociones y sentimientos. Los alexitímicos tienen dificultad para diferenciar sus emociones y no saben expresarla porque no saben lo que sienten. Por ejemplo, no saben distinguir con claridad cuando están enfadados o tristes. Esto mismo les sucede con respecto a las emociones ajenas que no logran diferenciarlas en sus voces, gestos o expresiones. 2. No son conscientes de tener este problema. Por lo tanto, no sufren por ello, se sienten normales a pesar de no poder expresar sus emociones. 3. No pueden transmitir lo que sienten. No saben expresar lo que sienten en su ámbito afectivo, familiar o profesional, lo que les causa muchos problemas en sus relaciones sociales, familiares y afectivas, pueden notar que algo no va bien pero no saben qué es lo que sucede. 4. Poseen una personalidad introvertida, son muy calladas y les gusta estar solas. Normalmente, sienten indiferencia por lo que les rodea. 5. Las personas que padecen alexitimia suelen ser aburridas, poco conversadoras, serias y presentan dificultad para crear vínculos afectivos. Su forma de hablar es monótona, no introducen cambios en el tono de voz y apenas gesticulan cuando hablan. Son inexpresivos. 6. Carecen de imaginación y creatividad. 7. Suelen ser muy indecisos cuando tienen que tomar decisiones personales. Como no son capaces de decidir con respecto a sus sentimientos, toman decisiones por razones prácticas, de modo que el resultado no será gratificante.

Dª. Trinidad Aparicio Pérez
Psicóloga clínica. Psicóloga escolar
Centro de Psicología Alarcón. Granada. Última actualización: 12/05/2008 12:53

Além das diferenças - Ralph Antunes





Ralph Antunes é um dos participante da lista budista de discussão Shunya
Data: sábado, 7 de outubro de 2006 - 16:15:53 – 0300

Nada como meditar sobre os fatos do cotidiano. Tenho pensado sobre por que tenho e temos opinião formada sobre tantas coisas. Por que somos Flamengo ou Fluminense, PT ou PSDB, gostamos ou não de pagode, rock, música clássica, mulheres louras e magras ou morenas bem fornidas, ou não gostamos de mulher? As preferências pessoais são livres, e é saudável que existam diferenças. Que seria das louras magras se todos preferissem as morenas? Tenho tentado pensar de forma desapaixonada nessas questões. Torço pelo Fluminense, certamente não porque seja o melhor time, mas porque meu avô era Fluminense, e, por causa do meu avô, meu pai também era Fluminense. Se não fossem, eu poderia ser Flamengo ou Vasco. Se torcer por um time fosse algo racional eu hoje torceria pelo São Paulo, talvez. Ser homo ou heterossexual, gostar de praia ou montanha, ser extrovertido ou calado é tudo questão de carma. A grande maioria de nossas escolhas são irracionais e automáticas, conseqüência de muitas vidas, nossas ou de outros. Em assuntos sem maiores conseqüências, como futebol, pouca diferença faz que escolha fazemos, embora existam muitos que vêem o futebol como assunto seríssimo, a ponto de provocar ódios e mortes. No Maracanã, quando o Fluminense faz um gol, pulo e comemoro, mas não consigo mais deixar de olhar a torcida adversária calada e triste. Inversamente, quando levamos um gol e a torcida adversária comemora, penso que toda aquela gente também merece alegria. Da perspectiva de alguém lá do alto, de Google Earth, como diz minha amiga Karla, talvez fosse mais justo a torcida do Flamengo, mais numerosa, comemorar. Embora continue gostando muito de futebol, torcer nunca mais será o mesmo para mim. Perigoso é quando pensamos que nossas escolhas são as únicas certas e passamos a hostilizar quem é diferente, pensa diferente ou apenas nasceu em um lugar diferente. Somos iguais em um aspecto fundamental, o desejo de sermos felizes, e, mais que isso, o direito à felicidade. O traficante pensa que sua atividade é um atalho para a felicidade. Que a polícia ou quadrilha adversária querem bloquear seu caminho até lá, justificando assassinatos. Quando alguém resiste a entregar seu carro ou sua bolsa a um ladrão, está perigosamente resistindo a entregar o que, para ele, parece ser a passagem para a felicidade. Da mesma forma, a vítima do assalto não quer que alguém leve embora a felicidade armazenada na bolsa ou no valor do carro. O corrupto quer alcançar uma casa na praia, um carrão, belas mulheres, sensação de poder, alguns milhões em um paraíso fiscal, qualquer coisa que abafe a angústia de se sentir miserável e infeliz a cada manhã. O argentino que quer ser campeão mundial, o colega de trabalho que disputa conosco uma promoção, o motorista do outro carro que disputa conosco uma vaga no shopping lotado, o chefe que parece nos exigir mais do que podemos ou queremos dar, todos tentam fugir da infelicidade. Porém, qualquer idéia de sucesso que passe pela dor alheia é ilusória. Se buscássemos matar a sede de felicidade na fonte correta, se víssemos com clareza e caminhássemos na direção correta, caminharíamos todos na mesma direção, cada um a seu modo, e não haveria disputas. Quando alguém ergue a cabeça acima da manada, do ponto de vista do Google Earth ou mais alto ainda, e vê além da ignorância, não há mais separação. Nada que antes dividia faz mais sentido. Só faz sentido o que é bom para o todo. Seria bom se, cada vez que eu encontrasse resistência ou ouvisse uma opinião diferente da minha, eu pensasse nisso. Creio que a bússola está dentro de nós, indicando o Norte. No silêncio podemos ouvir a parte de nós que é anterior à ignorância, que escuta além do ruído, e vê além dos obstáculos.
Abraços a todos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Presente do Mar - Anne Morrow Lindbergh



Procurando por este livro, talvez para reler, sei lá, para dar uma olhada nas aquarelas, descubro um pedaço de papel digitando.
Não. Não fui eu quem escreveu. Eu não escreveria termos tais como preocupação precípua, sensações incognocíveis, égide do intelecto. Não! Essa verborréia não me pertence.

Deixei o papel de lado e fui ver o que grifei no livro. Sempre leio grifando. Descobri que a moça não era nada boba. Era reprimida. Também, naquela época! Principalmente com quatro filhos e com um marido sempre ausente: Charles Lindbergh, o primeiro piloto a atravessar o Atlântico no "Spirit of Saint Louis" em uma viagem sem escalas.
Ela estava a fim de alguém e não sabia o que fazer com isso. Ninguém sabe no decorrer do livro. Ela não diz.

Sua paixonite foi ninguém mais ninguém menos que Antoine de Saint-Exupéry. Outro piloto!

Bem, vamos aos meus grifos.

"Nunca se sabe que possíveis tesouros essas ondas inconscientes vão lançar à areia branca e suave do consciente. Talvez uma pedra redonda de formato perfeito, ou uma concha rara do fundo do mar; [...]

Mas esses tesouros não devem ser procurados, muito menos desenterrados. Nada de escavar o fundo do mar. Isso frustraria nosso objetivo. O mar não recompensa os que são por demais ansiosos, ávidos ou impacientes. Escavar tesouros mostra não só falta impaciência e avidez, mas também falta de fé. Paciência e fé. Precisamos nos deitar vazios, abertos e sem exigências como a praia - esperando por um presente do mar."

"Há certos caminhos que podemos trilhar. Um deles é a simplicidade da vida."

"Essa não é uma vida de simplicidade, mas de multiplicidade, sobre a qual os sábios nos advertem. Não nos conduz à unificção, mas à fragmentação. Não nos traz o estado de graça, mas destrói a alma."

"A agitação é, sempre foi, e provavelmente será sempre inerente à vida da mulher."

[...] não estamos nos desapegando só das roupas, mas também da vaidade."

[...] descubro que estou me desapegando da hipocrisia dos meus relacionamentos. Que alívio isto me traz! Descobri que a coisa mais desgastante da vida é ser insincera. É por isso que a vida social se torna, ás vezes, cansativa. Estamos usando máscaras. Resolvi tirar a minha."

[...] essa simplicidade pode nos trazer uma extraordinária paz e liberdade espiritual."

[...] podemos nos dar ao luxo de escolher entre simplificar e complicar a vida. [...] Mas quando se descobre por acaso essa simplicidade, como eu a descobri por alguns dias, encontra-se a serenidade que ela traz consigo."

[...] somos todos ilhas num mar comum. [...] Estamos todos sozinhos.
Partir é inevitavelmente doloroso, mesmo que seja por pouco tempo. É como se fosse uma amputação, em que eu tivesse a perna a perna arrancada e não pudesse me locomover.
Afastada da minha própria espécie, pareço estar mais próxima das outras.
Na verdade não é a solitude física que separa as pessoas umas das outras; não é o isolamento físico, mas o isolamento espiritual que as separa. [...] O que nos afasta é o deserto do espírito, as terras áridas do coração, por onde andamos perdidos e alheios. Quando somos estranhos para nós mesmos, nos tornamos estranhos para os outros também.
Acredito que a mulher não se ressinta tanto por se dar em pequenas doses, mas por se dar em vão.
Toda pessoa, especialmente a mulher, deveria ficar sozinha por algum tempo durante o ano, durante a semana, durante o ano.
O que dizer de uma civilização em que ficar a sós é considerado suspeito; em que temos que nos desculpar e inventar explicações por ficarmos sozinhos, ou esconder o fato de que gostamos da solidão, como se isso fosse um vício secreto!
Nada alimenta tanto o núcleo interno quanto o trabalho criativo, por mais simples que seja, como cozinhar e costurar.
Nosso cotidiano não nos prepara para a meditação."

Os 5 Ss do Direito da Vizinhança


Saúde – Segurança – Silêncio – Solidariedade – Sossego

Quem não reclama seus direitos por não querer se indispor com o vizinho é conivente com seu próprio desconforto ou não sabe conversar cuidadosamente sem ferir.
A lei do silêncio já não existe há muito tempo. Caducou. Ela ainda pode valer como um acordo entre cavalheiros, mas, para tanto, há que existir cavalheirismo.
Vigora, atualmente, a propalada Poluição Sonora que, sendo violada, dá o direito ao incomodado de reclamar judicialmente, afora o que estiver escrito no Novo Código Civil que promete reviravoltas na educação da sociedade. Aliás, uma educação que deve começar do berço. Literalmente.
Hoje em dia, parece que os pais não sabem onde está o limite de um choro sentido e sofrido da birra irritante, nociva e manipulativa de uma criança.
Crescendo adolescentes mal educados pegam o carro dos pais para infernizar o trânsito já tão caótico da cidade. Usam o apartamento desalugado, também dos pais, para fazer festinhas e sexo barulhento e constrangedor em prédios estritamente familiares.
Tanto estes adolescentes quanto estas crianças vão, um dia, ser adultos e podem chegar a exercer cargos de governo. Já pensou?
Pessoalmente, acho que o que vale é o bom senso e a inteligência. Vejamos:
1) O padeiro tem que dormir bem, senão, de manhã cedinho, ele não vai fazer um pãozinho legal para você.
2) O guarda noturno mal dormido de dia vai dormir à noite, no serviço, e não nos garantirá nenhuma segurança.
3) Os bebês precisam dormir de dia. Um sono interrompido, inexistente ou de má qualidade interferirá na saúde deles e crescerão irritadiços.
4) O estudante precisa de silêncio para se concentrar nos estudos.
5) O idoso já não é, pela própria idade, uma pessoa cem por cento sadia; precisa descansar.
6) O doente crônico também precisa de repouso. O que se dirá de uma pessoa gripada, com febre, mal estar e dores e que está de cama? Aí, pessoal – tenham dó – já é um caso de compaixão. E se esse doente fosse um parente seu, um filho, um pai, uma mãe ou até você mesmo?
Reflita um pouco antes de achar que você mora sozinho, numa ilha deserta e que pode fazer qualquer barulho que não vai incomodar ninguém!

Os Quatro métodos de Orientação dos Boddhisattwas


Os quatro métodos de orientação dos bodisatvas são doação, fala bondosa, ação benéfica e cooperação.

1- Doação

Esta "doação" significa ausência de cupidez. Não ser cúpido significa não cobiçar. Não cobiçar é o mesmo que não bajular. Mesmo se você domina os quatro continentes, para educar e ensinar corretamente, você tem antes que deixar a cobiça de lado. Dando, por exemplo, seus pertences para pessoas desconhecidas, oferecendo flores de alguma montanha distante a um Buda, ou oferecendo os tesouros de sua vida passada aos seres vivos. Seja material, seja em forma de ensinamentos, cada dádiva tem seu valor e vale a pena ser dada. Mesmo se o presente a ser dado não lhe pertence, nada impede que você faça a doação. Não importa quão insignificante seja a coisa, desde que o esforço de dar seja genuíno.

Quando você sai do caminho para o caminho você chega ao caminho. Chegando ao caminho, o caminho está sempre sendo deixado para o caminho. Quando se deixa bens serem bens, bens tornam-se dádivas. Você se dá para você mesmo, outro se dá a outro. O poder das relações causais de doar vai longe, atingindo devas, seres humanos e sábios iluminados. Quando a doação é feita, formam-se imediatamente tais relações causais. O Buda disse: "Quando um praticante da doação aproxima-se de um grupo, todos notam sua presença".

Você deve saber que a mente de uma pessoa assim comunica de maneira sutil com as outras. Dê, portanto, nem que seja uma pequena frase ou um verso do ensinamento. Isso será boa semente, nesta e em outras vidas. Dê o que você tem de valor, nem que seja uma única moeda ou uma única folha de grama. Isso se tornará uma forte raiz de bondade, nesta e em outras vidas. O ensinamento também é um tesouro e bens materiais também são ensinamentos. Tudo depende do desejo e da intenção de quem dá.

Houve um rei que deu sua barba como medicamento para curar seu criado e uma criança que, tendo oferecido areia ao Buda tornou-se rei numa vida futura. Eles não ansiavam por gratidão, apenas compartilhavam o que tinham. Preparar um barco ou construir uma ponte também é transcendente generosidade de dar.

Quando se aprende a dar, aceitar um corpo ao nascer ou largar o corpo na hora da morte são ambos atos de doação. Todo trabalho produtivo é fundamentalmente uma dádiva. Deixar flores ao sabor do vento e os pássaros ao da estação também são doações meritórias.

Quando o rei Ashoka alimentou centenas de monges com a metade de uma manga, ele deu também um exemplo de grande dádiva para aqueles que recebem. Não se trata apenas de fazer o esforço da doação, é preciso estar atento e tirar proveito de todas as oportunidades de dar. As doações passadas, as virtudes de dar inerentes a você, é o que o levam a ser o que é agora.

O Buda disse: "Se deves praticar o dar a ti mesmo, muito mais podes dar aos teus pais, esposa e filhos". Assim, você deve saber que, até usando alguma coisa para você mesmo, você está doando; dar para pais, esposa e filhos também é dar. Mesmo quando você dá um grão de poeira, rejubile-se com seu ato, pois corretamente você transmite uma das virtudes dos Budas e passa a praticar um dos princípios de um bodisatva.

Difícil é transformar a mente de um ser que sente. Você deve mudar sempre as mentes dos seres sencientes, desde a primeira partícula até o momento em que eles encontram o caminho. No início, é dando que se faz isso. Por isso, dar é o primeiro dos seis paramitas[1]. A mente é imensurável. As coisas dadas são imensuráveis. No entanto, há um momento em que a mente transforma as coisas e há doações nas quais as coisas transformam a mente.

2- Fala bondosa

"Fala bondosa" significa que, ao olhar para os seres vivos, é preciso despertar a mente de amor e bondade e pronunciar palavras de muito carinho. É o oposto do discurso duro e cruel. Socialmente, estamos acostumados a perguntar se alguém vai bem de saúde; no budismo, existe a expressão "cuida-te" e é uma maneira respeitosa de perguntar como vai uma pessoa. Fala bondosa é aquela dirigida aos seres vivos com o mesmo carinho com que se fala aos bebês.

Devemos elogiar quem tem virtudes e ter piedade de quem não as tem. Uma vez iniciada a fala bondosa, pouco a pouco esta virtude aumentará. E assim, outras falas bondosas, inauditas e desconhecidas surgirão. Nesta vida de agora deveríamos, com prazer, falar bondosamente; então, de vida em vida, nunca regrediremos. A conquista dos inimigos e a harmonização dos dirigentes se baseiam na fala bondosa. Quem ouve uma fala bondosa será tocado profundamente e nunca se esquecerá dela.
Você deve saber que a fala bondosa vem da mente bondosa e a mente bondosa da semente da boa vontade. Devemos saber que a fala bondosa não é apenas o elogio a quem merece. Ela tem o poder de mudar o destino das nações.

3- Ação benéfica

Ação benéfica é o emprego de habilidades para o benefício de todos os seres, em todos os níveis. Significa cuidar do futuro próximo e do futuro distante desses seres e auxilia-los habilidosamente. Até uma tartaruga exausta ou um pardal ferido merecem um auxílio, pelo qual nenhuma recompensa é esperada. Aqui, a ação benéfica é a única motivação.

Os tolos pensam que, beneficiando outros, reduzem seus próprios benefícios. Estão enganados. A ação benéfica é um princípio único, beneficiando universalmente todos os envolvidos nela.

Um grande chefe da antiguidade interrompeu seu banho três vezes e três vezes deixou a refeição pelo meio a fim de atender quem vinha lhe pedir auxílio. Sua única intenção era ajudar os outros. Ele não se importava nem mesmo em auxiliar os súditos de outros chefes. Da mesma forma, você deve auxiliar igualmente amigos e inimigos. Beneficiar igualmente a si e aos outros. Com este estado de espírito, até as ervas e as árvores, as águas e os ventos são incessantemente atingidos pela ação benéfica. Você deve esforçar-se de todo coração para socorrer o ignorante.

4- Cooperação

Cooperação significa não-diferenciação. É não-diferenciação de si e não-diferenciação de outros. Por exemplo, no mundo humano, o Buda tomou a forma de um ser humano. Daí sabermos que ele deve fazer o mesmo em outros planos. Quando conhecemos cooperação, o eu e os outros são apenas um. Música, canção e vinho integram os seres humanos, integram os seres celestiais e integram os seres espirituais. O ser humano integra a música, a canção e o vinho. A música, a canção e o vinho integram a música, a canção e o vinho. O ser humano integra o ser humano, o ser celestial integra o ser celestial, o ser espiritual – esta lógica existe. Compreender isso é compreender a cooperação.

Ação cooperativa significa forma apropriada, dignidade, atitude correta. Assim, você leva à identidade com os outros após levar os outros à identidade consigo. No entanto, a relação e/outros varia infinitamente com as circunstâncias.

Um filósofo chinês do século VII dizia: "O oceano não recusa água, por isso ele é imenso. Montanhas não recusam terra, por isso elas podem ser tão altas. O sábio chinês não recusa gente, por isso ele pode ter muitos seguidores".

O fato de o oceano não recusar água é cooperação. Por outro lado, a água também não recusa o oceano. Esta é a razão pela qual a água se junta e vira oceano; pela qual a terra não se acumula e vira montanha. É claro, o oceano é o oceano por não recusar o oceano, por isso ele é imenso. Porque Montanhas não montanhas, há montanhas, e altas. Porque o chefe não recusa gente, sua gente forma uma comunidade. Um soberano não afasta o povo de si. Não afastar o povo não significa deixar de punir ou de recompensar. Embora um chefe de nação recompense e puna, ele não afasta o povo.

Antigamente, quando as pessoas eram simples e honestas, não havia entre povos nem punição, nem recompensa. O conceito de punição e recompensa era diferente. Ainda hoje deve haver gente que procura o caminho sem esperar recompensa. Este conceito está além da capacidade de compreensão da pessoa ignorante. Como o dirigente esclarecido compreende isto, ele não se separa do povo.

As pessoas sempre formam uma nação e buscam um chefe esclarecido, mas, não sabendo exatamente a razão pela qual o sábio dirigente é sábio, elas apenas se felicitam por não serem rejeitadas pelo iluminado chefe. Elas não sabem como rejeitá-lo. Não se dão conta de que são elas que suportam o sábio chefe. Sendo assim, como a lógica da cooperação se aplica tanto aos soberanos iluminados quanto à gente ignorante, cooperação é a tarefa do bodisatva. Gentilmente, pratica a cooperação com seja quem for que encontrares.

Cada um desses quatro métodos de orientação inclui os quatro. Logo, há dezesseis métodos para guiar os seres vivos.

Eihen Dogen Daisho, que transmitiu o Dharma da China ao Japão, escreveu este ensinamento no quinto dia do quinto mês do quarto ano de Ninji (1243).
[1] Perfeições: Generosidade, disciplina, paciência, perseverança (ou diligência), concentração e sabedoria.

Os Três Defeitos, as Seis Máculas e os Cinco Modos Errôneos de Deter os Ensinamentos


"Através dos ensinamentos do Dharma, podemos levar todos os seres ao estado búdico perfeito. Então, quando recebemos esses ensinamentos, é essencial que estejamos livres das falhas habituais que poderiam nos impedir de entendê-los claramente – os três defeitos, as seis máculas e os cinco modos errôneos de reter os ensinamentos. De outro modo, estudar os ensinamentos será apenas uma perda de tempo. Por favor, focalize os ensinamentos com atenção consumada e aplique as seis perfeições".

Patrul Rinpoche – The Heart Treasure of The Enlightened Ones – Shambala Editora – 1992 Páginas de 1 a 6.

Os três defeitos:
1. Não prestar atenção aos ensinamentos;
2. Esquecê-los;
3. Ouvi-los com a mente cheia de pensamentos negativos.

As seis máculas:
4. Ouvir os ensinamentos com orgulho;
5. sem fé;
6. indiferente;
7. distraído;
8. aborrecido;
9. desencorajado.

Os cinco modos errôneos de reter os ensinamentos:
1. Lembrar das palavras, mas não dos significados;
2. Lembrar do significado, mas não das palavras;
3. Lembrar de ambos, mas falhar em reconhecer sua intenção verdadeira;
4. Lembrar de ambos, mas confundir a ordem;
5. Lembrar de um significado errado.

As Seis Paramitas (perfeições):
1. djin-pa (tib.) – dana ( sânsc.) – generosidade;
2. tsul-trin (tib.) – sila (sânsc.) – disciplina moral, isto é, isentar-se de matar, de roubar, ter conduta sexual indevida, mentir, difamar, fala rude, conversar fiado, cobiçar, maldade e visão errônea;
3. dzö-pa (tib.) – shanti (sânsc.) – paciência; paz- ciência;
4. tson-drü (tib.) virya (sânsc.) – perseverança jubilosa;
5. sam-tem (tib.) djana - (sânsc.) (ou samadhi) – concentração;
6. she-rab (tib.) – prajna (sânsc.) – conhecimento transcendental.


Presença incômoda


Vocês incomodam, perturbam, importunam. São um estorvo, pessoas desagradáveis e cansativas. Só sabem reclamar, queixar, molestar e apoquentar. Apontam falhas de todos, mas não vêem as suas e nem as querem ouvir, revidando com fala rude. Só fazem exigências e difamam as pessoas jogando-as umas contra as outras. Querem é chamar a atenção e o estão conseguindo porque as pessoas não falam em outra coisa senão na presença incômoda que vocês representam. Vocês criaram esta situação. Agora, tratem de sair dela.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eu não sabia

Eu não sabia que SWAT quer dizer Special Weapons And Tactics

Distração.


Inúmeras pessoas crêem que a meditação deve necessariamente ser um estado desprovido de todos os pensamentos. Ora, quando elas meditam, pensamentos aparecem e elas concluem disso que são incapazes de meditar, que a meditação é um exercício completamente fora de seu alcance. Esse a priori é um erro: meditar não é apagar todo pensamento. Como abordar o problema dos pensamentos? É preciso, antes de tudo, evitar dois erros:
1 - O primeiro é não tomar consciência de que os pensamentos se produzem nem segui-los maquinalmente.
2 - O segundo é procurar detê-los.
A atitude justa será, ao contrário, estar consciente da produção dos pensamentos, mas sem segui-los nem procurar pará-los, mas simplesmente não ocupar-se deles. Se não nos ocupamos dos pensamentos, os pensamentos não tem força. Enquanto não conhecemos a natureza de nossa mente, esta produz pensamentos, que tanto podem ser positivos como negativos, dotados de uma grande força sobre nós mesmos, pois eles são apreendidos como reais. Sem esta apreensão, os pensamentos não tem nenhuma força. Quando deixamos a mente relaxada, vem de início um momento em que ela permanece sem pensamentos. Esse estado estável é como um mar sem ondas. Nessa estabilidade, surge em seguida um pensamento. Este é como uma onda que se forma na superfície do mar. Na medida em que deixamos este pensamento sem nos ocuparmos dele, sem o "deter", ele esvanece-se por si mesmo na mente de onde emanou. É como a onda que se desfaz de novo no mar de onde surgiu. O mar e a onda, se não refletimos sobre isso, podem aparecer como duas realidades separadas. De fato, elas são indiferenciadas em essência, pois a essência da onda é a água, bem como a essência do mar também o é. Não podemos dizer que ambos sejam entidades diferentes. Ondas sobem à superfície do mar, mas nada podem fazer alem de fundir-se de novo no mar. No entanto, não podemos dizer que o mar estaria de início diminuído ou que estaria em seguida aumentado. Da mesma maneira, quando deixamos acontecer o movimento dos pensamentos sem nos ocuparmos deles, nossa mente não se encontra deteriorada quando os pensamentos se produzem, e ela não se encontra melhorada quando é desprovida de pensamentos. Enquanto não tivermos compreendido o que é a mente, somos um pouco como aquele que estando na praia pensasse que o mar deve absolutamente ser desprovido de ondas. Quando uma onda vem em sua direção, ele desejaria agarrá-la e jogá-la para um lado, depois, agarrar a seguinte e jogá-la do outro lado. E mesmo quando, independentemente de seus esforços, o mar se acalmasse por instantes, seria inevitável que ondas se formassem de novo ali. Aquele que esperasse estabelecer um mar definitivamente desprovido de ondas só poderia estar constantemente decepcionado. Querer, durante a meditação, eliminar os pensamentos, é colocar-se na mesma situação. Quando ondas surgem do mar, elas recaem no mar. Na realidade, o mar e as ondas não são diferentes. Se compreendemos isso, permanecemos sentados na praia, relaxados: não há então nem fadiga nem dificuldade. Do mesmo modo, quando observamos a essência de nossa própria mente, que existam pensamentos ou não, é sem importância; permanecemos simplesmente relaxados.

De "Meditação - Conselhos ao Principiante" de Bokar Rinpoche.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Dias "Livres do Stress"


No meu blog todos os dias são dias "Livres do Stress". Nestes dias vocês têm permissão para sorrir, gargalhar, contar piadas, descontrair, tomar banho de mar, de cachoeira e o que mais der na telha!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Aqui, ó!

Toninho Horta

"Senhoras e senhores, aqui quem vos fala é o comandante fulano de tal. Estamos descendo para realizar pouso em Belo Horizonte. Observem os sinais de não fumar... blá, blá, blá...

Olho na janelinha. Sempre escolho a janelinha. Pode ser brega, mas escolho a janelinha. E vejo as minhas Minas Gerais... Águas doces, muitas. Montanhas. Mares de morros. Não tem mar. Tem água. Muita. E doce... Como é doce voltar para casa...


AQUI, Ó!

Oh! Minas Gerais
Um caminhão
Leva quem ficou
Por vinte anos ou mais
Eu iria a pé
Com meu amor
Eu iria até, meu pai
Sem um tostão
Em Minas Gerais
A alegria é guardada em cofres, catedrais
Na varanda eu vejo o meu amor
Tem benção de Deus
Todo aquele que trabalha
No escritório
Bendito é o fruto
Bendito é o fruto
Bendito é o fruto dessas Minas Gerais.

Música e letra de Toninho Horta.

Um Chapéu para Viagem...


"A mente é como um páraquedas!
Funciona melhor quando aberta!"
(Frank Zappa)

Quero um chapéu desses, mas vou mudar tudo!
Cor verde exército e mensagem do Frank Zappa.

Citação de Einstein


“Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo.
A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos.
A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura.
É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias.
Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".
Quem atribue à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções.
A verdadeira crise, é a crise da incompetência.
O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia.
Sem crise não há mérito.
É na crise que se aflora o melhor de cada um.
Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo.
Em vez disso, trabalhemos duro.
Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la"

Albert Einstein

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

As siglas, gente!


pps: power point show

jpg: joint photographic group

gif: grafic interchange format

pdf: portable document format

txt: text - Essa é fácil.

doc: document - Também é fácil.

html: hyper text markup language - Cruzes!

http: hypertext transfer protocol overview - Nossa! Meu blog é isso?!

www: world wide web - Pensei que fosse aquela fundação para salvar animais em extinção...

rar: roshal archive

zip: unzip, decompress - A mesma coisa que abrir o zíper? O fecho éclair? Será que não tem nada em português? Só inglês e francês?

bmp: bitmap

Tá. Mas qual o significado disso tudo? Ah, ó! Fica para uma outra vida...

Juro que não acompanho!


Sou do tempo em que não tinha TV.
Sou do tempo em que a TV era preto e branco e a programação era ao vivo. Errou? Errou. Começava às sete horas da noite e acabava quando eu já estava dormindo. Nunca soube a que horas.
Sou do tempo em que a TV passou a ser "em cores". Aí, consertaram para "a cores".
Tela oval. Tela quadrada. Tela plana. Controle remoto.
Vídeo cassete. Vídeo cassete de quatro cabeças. Locadoras.
TV a cabo? Sky? Quantos canais? Qual é o plano?
Estou no tempo em que, quem compra hoje, vai trocar amanhã.
Comprou um Home Theather? Ih, filhinha, tá defasada, hein?
Analógica? Já tem digital! Já tem virtual! Plasma!
LSD? Não! LCD! Liquid Cristal Display.
CD Player, MP3, MP4. Gente! Sou do tempo da MPB.
Cérebro Eletrônico, Computador, PC, Notebook, Laptop, Palm. Bluetooth é um dente azul?
E as siglas? Ai, as siglas! Pps, jpg, gif, pdf, txt, doc, html, www, avi, wmv, win rar, zip... Meu Deus! Já deu! Sou uma analfabeta digital!
Tanto consumismo, juro que não acompanho! Mais fácil descobrir a natureza pura da minha mente!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Praticando o Poder do Agora - Eckart Tolle


A calma é nossa natureza essencial. O que é calma? É o espaço interior ou a consciência onde as palavras desta página são assimiladas e se transformam em pensamentos. Sem essa consciência, não haveria percepção, não haveria pensamentos nem mundo. Você é essa consciência em forma de pessoa. Quando você perde contato com sua calma interior, perde contato com você mesmo. Quando perde esse contato, fica perdido no mundo. O equivalente ao barulho externo é o barulho interno do pensamento. O equivalente ao silêncio externo é a calma interior. Sempre que houver silêncio à sua volta, ouça-o. Isso significa: apenas perceba-o. Preste atenção nele. Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que você pode perceber o silêncio. Veja que, quando percebe o silêncio à sua volta, você não está pensando. Está consciente do silêncio, mas não está pensando. Quando você percebe o silêncio, instala-se imediatamente uma calma alerta NO SEU INTERIOR. VOCÊ ESTÁ PRESENTE. Nesses momentos você se liberta de milhares de anos de condicionamento humano e coletivo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Meu saudoso Mestre Chagdud Tulku Rinpoche

Saudades... E eu tenho um colcha igualzinha a essa...

Sonhos

Já fazem oito dias que voltei do retiro. Assim que cheguei, comecei a acordar achando que ainda estava lá e que tinha que sair correndo para não perder a prática das quatro horas da madrugada! Depois acordava sem saber onde estava! Hoje acordei achando que essa não é a minha casa! Será que estou ficando louca?

Antes sonhava que estava sem o efeito da força de gravidade: voando ou nadando. Consultei um lama que me disse que era sinal de prática boa de uma certa deidade. Um psicólogo budista falou que é saudades do nirvana. Melhor abrir o link abaixo da foto e ler. Mas prefiro a opinião do lama.

Atenção!
Nirvana não é uma banda de Seattle, Washington State, USA. Samsara não é um perfume da Guerlain. E dharma não é pesquisa do seriado Lost

Aliás, segundo Jigmed Rinpoche e outros tantos mestres, "O samsara é como uma privada. Onde quer que ele exista, o cheiro não é bom!" Daí inventar um perfume com esse nome, só pode ser prá usar como Bom Ar!

sábado, 31 de janeiro de 2009

Stupa guarda cinzas de Chagdud Tulku Rinpoche em Belo Horizonte

Lama Tchimed feliz e sorridente!

Lama Tchimed e a stupa. agora só falta pintar.
(Fotos do Orkut de Elisa Filgueiras)
Manhã de sábado. O Templo do Budismo Tibetano Dawa Drolma, em Casa Branca, distrito de Brumadinho, estava lotado de praticantes que foram participar do ritual de consagração da stupa de Chagdud Tulku Rinpoche, lama tibetano que teve seu parinirvana (passagem) em 2002 e, aos 4 anos, foi reconhecido como um tulku (encarnação de um mestre de meditação). Rinpoche era o mestre do templo, um iluminado, dizem os budistas.

O dia era de festa. Na parte externa, flores, incensos e bandeiras de oração que tocadas pelo vento espalhavam a força das preces contidas em centenas de mantras (sílabas em sânscrito ou poemas). Eles repetiam o mantra "om dzambala zhalen traia soha" para gerar prosperidade espiritual e material irrestritos.

Diante da stupa, pessoas de qualquer credo podem fazer pedidos para si e para a humanidade. A cerimônia foi conduzida pelo lama Tchimed Rigdzin que, aos 3 anos, foi entregue aos cuidados de um tio, também lama e, aos 12 anos, começou seu treinamento no monastério Khatok, no Tibete.

Lama Tchimed explicou que, durante um retiro no Nepal, o venerável Chagdud Rinpoche insistiu para que ele viesse para o Brasil "para dar vigor às atividades".

- Ao longo do caminho o que parecia ser obstáculo foi se resolvendo.

Ritual: A cerimônia na manhã de sábado durou duas horas e Lama Tchimed ressaltou que "todas as religiões são necessárias".

- Tenho fé e devoção nas religiões porque elas nos dão caminhos e formas legítimas de chegarmos aonde queremos. Sem fé e devoção não é possível recebermos bênçãos.

Lama Tchimed respondeu a uma indagação muito comum, principalmente entre leigos, que desconhecem a filosofia budista. Onde está Buda? Nos templos, nas estátuas?

- Procuramos por ele, mas Buda somos nós. Nossa natureza é Buda. Nossa mente é Buda. Quando meditamos alcançamos a liberação. Buda nos concede bênçãos, nós mantemos votos e somos nós próprios a alcançarmos a liberação. Sem fé e devoção nada funciona. Mas é o lama que nos mostra o caminho do Buda e nós praticamos. Buda liderou a si mesmo e meditou.

Segundo Lama Tchimed, "um lama congrega características especiais, internas, externas e secretas. Seu nome é apenas um nome, mas o que o torna um lama é a não dualidade dos fenômenos internos e externos. Tenho 40 anos de treinamento, vivi em cavernas no Tibete, mas no Brasil levo uma vida confortável, tenho cama, lençóis limpos, televisão, e essa não é a vida de um lama. Por isso não estou pronto."

Ele explicou ainda os benefícios de se ter uma stupa em um local tão próximo de Belo Horizonte.

- Ela é a representação do corpo, fala e mente do Buda. Aqui, todas as pessoas de bom carma podem se reconectar com o mestre Chagdud Rinpoche. E esses benefícios não estão restritos apenas a Casa Branca, pois são espalhados para todos os continentes e pessoas de todas as religiões. Rinpoche está aqui - assegurou.

Lama Tchimed disse que estava muito emocionado com o carinho e dedicação de toda a sanga (pessoas envolvidas naquele grupo) para a construção da stupa.

- Em apenas um ano, o sonho se tornou realidade. A stupa não poderia ser mais perfeita porque contém todos os elementos adequados como mandalas, substâncias sagradas e manuscritos legados por Buda.

Agenda A stupa, que fica no Condomínio Cachoeira das Pedras, em Casa Branca, está aberta à visitação pública.

Publicado em 27 de janeiro de 2009 por Ana Elizabeth Diniz para o jornal O Tempo

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A falta que eu não faço.


Amanhã à noite faz uma semana que voltei prá casa e ainda não saí prá lugar nenhum. Parece que estou em retiro domiciliar com um horário de acordar, comer e dormir todo doido. Esquisito prá caramba!

Hoje fez um calor danado em BH e só agora à noite é que refrescou. O céu está meio cor-de-rosa, sabe, com aquela cor estranha que aparece no céu quando vai chover. Será que vai chover? Seria bom.

Estou meio devagar, desanimada, lerda. Hoje até achei que podia ser gripe, dengue, corpo doendo, coceiras. Será que é o remédio tibetano do Lama Rigdzin fazendo limpeza? Mas acho que é o calor mesmo. Acho que vou dormir na sala que é mais fresquinho.

Inez mandou algumas fotos, não todas, mas foi o suficiente para sentir saudades. O jeito é me mudar para Porto Alegre e ir ao templo sempre que me der vontade. Ou, melhor ainda, ser moradora do Khadro-Ling e trabalhar prá ficar lá.

Mas agora estou pensando em passar uns tempos no Odsal Ling com Lama Tsering. Ela é meio sargentona, brava e disciplina é o seu nome. Não dá mole mesmo! Mas, quem sabe, é disso que eu estou precisando. Além do mais, São Paulo é mais perto e se encher o saco tenho onde ficar na casa de uma amiga ou volto prá casa. Mas essa é a última hipótese dos meus planos.

O marido parece mais bem humorado hoje. Antes mal me dirigiu a palavra. Problema! Eu é que não vou deixar de fazer minhas coisas por conta de ninguém. Se tiver que perder, que perca.

Ah! Também esse lance de marido vai ver que nem é comigo. Paranóia minha! É pepino de trabalho e coisa de síndico do prédio. Fico louca prá ele largar esse cargo! Vizinho enche o saco mesmo, faz barulho e só sabe reclamar. E eu que me acostumei com o silêncio do Khadro Ling...

Tenho peninha da minha filha que disse que eu fiz muita falta prá ela. Mas também foi só ela. Acho que por ser mulher. Os homens da casa, nem aí!

Minha mãe mal telefonou. E, no fundo, no fundo, estou achando isso tudo muito bom. É sinal que não faço tanta falta assim e posso cair no mundo que tudo fica do mesmo jeito. Ótimo! Não sou tão importante! Já vai cortando meu ego!

Debaixo da mesa do meu computador tem um pernilongo de plantão que morde minhas pernas e pés. No calor então! Ai! Tchau!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Tempo


Por que demorou tanto? Já faço dez anos de Nyingma. Meu Ngöndro pronto há quatro anos. Fiz outro almejando o Dzogchen com este nome atrativo de Grande Perfeição. O dinheiro nunca aparecia, nunca surgia, nunca sobrava, nunca poupava, nunca patrocinava. E eu insistindo, forçando a barra.

Um dia, desisti. Deixei de lado. Achei que não era para esta vida, que era bad karma. E fui seguindo minhas práticas normaizinhas, simplórias como simples se tornaram minhas vontades. Diria minha tia:

- Seja tudo pelo amor de Deus!

Inventei de fazer mantras curtos de Tara. Facinho... Um milhão e duzentos!
Como tudo muda, tudo é impermanente, o carma mudou também. Good karma. E o dinheiro apareceu. Não um milhão e duzentos, mas o suficiente para viajar meio Brasil ida e volta e passar vinte e dois dias no Khadro Ling vivendo, aprendendo, meditando, contemplando, fotografando, comprando, vendo, comendo, respirando e dormindo. Pouco. Vinte e dois dias. O tempo certo.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Qualidades da natureza da mente

"A mente é o mais sutil e recôndito aspecto da nossa condição relativa, mas não é difícil notar a sua presença. Basta observar os pensamentos e como eles nos enredam no seu fluxo. Se perguntarmos o que é a mente a resposta é o fluxo ininterrupto dos pensamentos que surgem e desaparecem. Ela tem a capacidade de julgar, de raciocinar, de imaginar, etc. dentro dos limites de espaço e tempo. Mas, além da mente, além dos pensamentos, existe o que se denomina 'natureza da mente', o estado verdadeiro da mente, além de quaisquer limitações. Como está além da mente, o que fazer para nos acercarmos de uma compreensão a seu respeito? Tomemos, por exemplo, o espelho. Olhamos no espelho e vemos refletidas as imagens de tudo o que está diante dele, mas não vemos a natureza do espelho. Mas o que significa a 'natureza do espelho'? Quer dizer a capacidade de refletir, descrita como a sua claridade, transparência, pureza, limpidez, condições indispensáveis para que os reflexos possam manifestar-se. A natureza do espelho não é algo que se veja, e a única forma de concebê-la será através das imagens refletidas no espelho. Da mesma forma, apenas conhecemos e vivenciamos o que esteja relacionado ao corpo, à voz e à mente. Contudo, é assim mesmo que somos levados a compreender a sua verdadeira natureza."

"Dzogchen: The Self-Perfected State" by Namkhai Norbu Rinpoche.
Translated from the Italian by John Shane.
Edited by Adriano Clemente.
New York: Arkana, 1989.
Available at Ligmincha's Bookstore.
Traduzido para o português por Tenzin Namdrol

Camiseta branca




"A camiseta não é suja. Ela está suja. Um mestre budista costuma usar esta metáfora para nos lembrar que nossos medos, inseguranças e negatividades não são a nossa mente, mas só estão recobrindo temporariamente nossa lucidez como a sujeira em uma camiseta que pode ser lavada."

Texto escrito dentro do desenho de uma camiseta sob o vidro da mesa da recepção do Khadro-Ling.

Fui preguiçosa, desatenta e obscurecida pelo sono.

Fui preguiçosa, desatenta e obscurecida pelo sono.
Verbalmente me arrependo.
Mentalmente, lamento duplamente
por ter até mesmo vergonha de confessar
e de expressar meus outros erros e deslizes.
Abandono a culpa
mas me envergonho.
Clamo com remorso.
Recomponho meu corpo, fala e mente
e, recitando, me purifico.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Normose - Professor Hermógenes


Entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, sobre uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal.
Pessoalmente, não o conheço e nunca participei de nenhuma oficina com ele, mas essa entrevista se encaixa muito bem para mim. Quando digo a alguém que estou ansiosa, aflita, angustiada, tem gente que até grita:
- Pára!
Umas fazem uns discursos tipo auto-ajuda, outras até debocham. Isso é muito desagradável e só faz com que nos sintamos pior, menos normais!
Segue a entrevista.

"Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito 'normal' é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema.
Quem não se 'normaliza', quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.
A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas? Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha 'presença' através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.
A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa.
Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?
Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscosde viver uma vida a seu modo. Criaram o seu 'normal' e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros.
É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.
Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes."