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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dharma


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“Outra maneira de olhar a natureza da existência é a partir do ponto de vista de nossa própria percepção, da maneira como experimentamos o mundo individual que cada um de nós habita. Todos os fenômenos que aparentam existir fora de nós estão também contidos dentro deste mundo, porque a nossa experiência real deles somente existe dentro de nossas mentes, intermediadas pelos sentidos. O budismo analisa esse reino da nossa experiência em termos de unidades básicas, ou dharmas, em sânscrito. Em um contexto budista, dharma no singular (muitas vezes começado com uma maiúscula) normalmente significa o ensinamento do Buda, mas esses dois significados da palavra compartilham um princípio subjacente e não são tão diferentes um do outro quanto parecem à primeira vista. Algumas vezes ao traduzir, a pessoa não sabe dizer qual dos dois significados foi pretendido e, algumas vezes, ambos estão implicados ao mesmo tempo.

A palavra dharma tem o sentido básico de manter e apoiar. Seu uso primário é para transmitir as idéias de lei, religião e dever que preservam a sociedade humana e são preservados por ela em uma relação recíproca. Em um nível pessoal significa o papel especial na vida que cada ser vivente nasceu para realizar – a verdade interior da pessoa, a lei pela qual alguém vive. Pode também significar a natureza inerente da qualidade de qualquer coisa, a lei que determina exatamente o que cada coisa é e faz. Assim como o dharma de um rei é reinar, o dharma do fogo é queimar. Nesse sentido, existem inúmeros dharmas, as leis fundamentais de tudo o que existe. Entre eles, certos elementos físicos e psicológicos em particular foram identificados no budismo como estando na raiz de nossa maneira de perceber o mundo.

A ligação entre dharma e os dharmas é a própria idéia de lei interior e verdade. O dharma ensinado pelo Buda revela a verdade sobre a existência, a lei final da vida. Dharma, a verdade em si, manifesta-se espontaneamente como os muito dharmas, as realidades fragmentadas da existência relativa, temporária. Eles tomam muitas formas, aparecem e desaparecem, ainda assim, em essência, nunca foram nda além da verdade.”

De “Vazio Luminoso” – Francesca Fremantle – Editora Nova Era – páginas 129 e 130

domingo, 9 de agosto de 2009

Destinos.

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"Sabe qual o erro que todos sempre cometemos? O de pensar que a vida é imutável, que, uma vez tomada uma direção, tenhamos que seguir o mesmo trilho até o fim. O destino, por sua vez, tem muito mais imaginação do que nós. Justamente quando nos julgamos num beco sem saída, quando chegamos aos píncaros do desespero, com a velocidade de uma rajada de vento, tudo muda, se subverte e, de uma hora para outra estamos vivendo uma vida nova."

Suzanna Tamaro - "Vá aonde seu coração mandar" - Editora Rocco - página 91

sábado, 8 de agosto de 2009

Dalai-Lama pede ajuda do presidente Lula


Em entrevista ao 'Estado', líder tibetano diz que o Brasil precisa falar com vigor sobre democracia com Pequim.
Jamil Chade - O Estado de S. Paulo
GENEBRA - O líder espiritual tibetano Dalai-Lama pede para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fale de "democracia e liberdade" com a cúpula chinesa. "O Brasil ganhou sua democracia, o que foi muito importante para o País. Agora, com o peso que o Brasil tem no mundo, precisa defender esse valor", disse o Dalai-Lama em entrevista ao Estado. "O presidente Lula precisa tocar no assunto com vigor quando tratar com a China", afirmou o líder tibetano no exílio. O Dalai-Lama, que na quinta-feira, 6, esteve em Genebra, fez duras críticas contra o governo de Pequim. "Para ser uma superpotência, a China não poderá contar apenas com os lucros. Só o dinheiro não garantirá uma boa imagem da China no mundo. Verdade e transparência serão essenciais. Isso será fundamental para a imagem da China no futuro", disse. "A realidade é que muitos países, até mesmo os EUA, têm uma relação muito próxima com a China. Mas, ao mesmo tempo, têm desconfianças em relação ao regime", declarou. "Todos os países que se apoiam na democracia para legitimar seus governos precisam defender os mesmos princípios em relação ao governo chinês." Ainda ontem, em uma entrevista coletiva, o Dalai-Lama acusou Pequim de estar "enganando o povo chinês". "Não há outra alternativa para a China a não ser a democracia. A política para as minorias fracassou, grande parte da corrupção hoje é cometida por membros do Partido Comunista, que não é mais de trabalhadores. É dos milionários influentes", afirmou. "Tanto o marxismo quanto o dinheiro fracassaram em trazer a paz na China. Eu mesmo, em 1954, me entusiasmei com o comunismo. E cheguei a pedir para entrar no Partido Comunista. Era jovem e meio revolucionário. Mas hoje a China é um país capitalista e totalitário", disse o Dalai-Lama. "Chegou a hora de o Partido Comunista aposentar-se, depois de 60 anos."Tibete - Ele insiste que o Tibete não quer sua independência da China. "Queremos autonomia. A política externa e a defesa têm de ficar com Pequim. Mas queremos administrar a educação, a saúde e as questões religiosas." Segundo o Dalai-Lama, 4 mil pessoas ainda estão detidas por Pequim desde o ano passado, quando ocorreram violentos protestos no Tibete. "Esses protestos não nasceram da noite para o dia. Foi o ressentimento de gerações que explodiu. Há uma crise e precisamos admitir isso", afirmou."Se a situação não for resolvida, esse ressentimento aumentará. Precisamos encontrar uma solução realista e pacífica." Para ele, uma das saídas é a garantia de um maior desenvolvimento para a região. Outra estratégia é obter apoio dos intelectuais chineses. "A população está mais próxima de nós. Sabemos que até funcionários públicos levam minha foto em seus celulares", disse.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A bronca do Dalai Lama!


Sobre os ensinamentos do Dalai Lama às Sanghas e organizadores.
Este é o resumo das notas de tradução tomadas durante um encontro de Sua Santidade o Dalai Lama com as sanghas budistas e os membros da organização de sua visita ao Brasil, em maio de 2006, após encerradas suas atividades públicas no país. Como notas tomadas rapidamente, têm várias imprecisões e não é um relato completo de sua fala.
Os representantes das sanghas de São Paulo e de outras cidades do Brasil se reúnem no segundo andar do centro de convenções de um grande hotel na cidade. Há um largo corredor, bem comprido, e os presentes — talvez umas cento e oitenta pessoas ou mais — se reúnem em grupos de 30, para que seja possível fazer caber cada grupo em uma foto com o Dalai Lama. É quase hora de sua chegada, marcada para as 17:45, e várias sanghas cantam a oração de longa vida por Sua Santidade.
Ele surge pontualmente, com seus seguranças, que o acompanham por todos os países que visita, e também aqueles enviados pela polícia federal e militar. São vários, mais de dez, caminhando em torno dele, que se dirige mais ou menos para o meio do corredor e parai para perto de uma mesa de bufê, ao meu lado direito. Vou traduzi-lo do inglês, e ocasionalmente ele falará em tibetano. Para esse caso, à minha esquerda há outro tradutor, tibetano-inglês, que falará baixinho, em meu ouvido, o significado a ser traduzido para o português.
A aclamação é geral. Totalmente à vontade, o Dalai Lama apóia-se na mesa, sem se sentar na cadeira reservada a ele, e começa, de pé, a falar para os budistas e não-budistas que trabalharam na organização da sua visita ao país, essas pessoas todas, pertencentes a diversos centros budistas, centros filosóficos, equipes de filmagem, produção e divulgação, assessores de imprensa, etc. Mas a mensagem será mesmo dirigida principalmente aos budistas— vários deles já ordenados monges, ou sagrados lamas ou mestres... estou ao seu lado e cabe-me traduzir o que ele dirá. Terei que falar bem alto, para que todos possam me ouvir, até o final do corredor numa e outra direção. Sinto uma energia enorme, e apesar do momento exigir atenção e concentração, estou completamente tranqüilo, como sempre me sinto quando estou em sua presença. Demora um pouco até que cessem as palmas e mantras com que as pessoas o recebem... Ele pede então aos seguranças que se afastem, abrindo o caminho para que todos possam vê-lo, mesmo os que estão mais longe, e os homens de terno escuro diluem-se entre os presentes.
O Dalai Lama começa agradecendo a todos pelos esforços realizados para que ele esteja ali, conosco. Diz que vários já devem ter alguma familiaridade com o budismo, por estarem fazendo a prece pela sua longa vida. Está com a expressão tranqüila, mais para serena do que para sorridente. Está cansado, provavelmente, após um dia em que mal teve tempo de almoçar devido à quantidade de compromissos, entrevistas e palestras agendados para ele.
Entra então rapidamente no primeiro tema de sua fala: “outro dia, em nosso encontro no templo chinês [uma sessão de ensinamentos para o público budista realizada dois dias antes no Templo Zulai, em Cotia], em nossa sessão sobre o budismo, vi, naquele dia tão bonito, muitas pessoas com uma variedade enorme de roupas. Havia roupas do budismo zen japonês, roupas do budismo tibetano, roupas de monges tibetanos, roupas de monges de outras nacionalidades, roupas que eu nem sei quais eram... talvez roupas de outro planeta!” (risos gerais).
Sua expressão se altera um pouco. Sério, olha para baixo, como se estivesse procurando as palavras certas... os outros presentes estão absolutamente encantados com ele, inclusive os seguranças.
“Sou um pouco crítico quanto aos ocidentais que entram em contato com as tradições orientais, como por exemplo a budista, e começam a mudar seus hábitos exteriores. Primeiro, abandonam suas tradições de origem. Depois, mudam suas roupas, vestindo-se como os orientais se vestem. Em seguida, mudam os móveis de sua casa. Mudam seu comportamento, mudam seus gestos...
Vemos ocidentais que abraçam por exemplo o sikkismo, ou tornam-se hare krishnas, e de repente saem as ruas com o cabelo raspado, as vestes laranja no estilo oriental... acho que isso não é bom.”
O Dalai Lama diz que o Dharma não está nas roupas, não está no comportamento exterior, nos móveis... “prefiro pessoas que conservem suas tradições de origem e aprendam o que podem aprender com o budismo, aplicando suas novas descobertas dentro de sua maneira cultural própria. O budismo não está nas regras monásticas nem na aparência. Olhem para o nosso mestre, Buda Shakyamuni. Ele criou um conjunto de regras a serem seguidas, mas seu grande ensinamento está em conhecermos a nossa própria mente!
Talvez o que faz do budismo um caso quase único é que ele procura usar ao máximo a inteligência humana para transformar as emoções. E essa transformação não acontece através de preces, através de uma meditação unidirecionada. Não adianta fazer preces para os budas (o Dalai Lama faz um gesto unindo suas mãos e olhando para o alto) e ficar esperando que ocorra uma transformação mágica em suas emoções. Você pode fazer cem mil mantras om mani peme hum, fazer todo esse esforço, e achar que com isso já deve estar transformado, mas a mudança nesse caso só vai ocorrer se por acaso acontecer um milagre...”
A voz do Dalai Lama é cada vez mais forte, e seus gestos começam a adquirir expressividade. Se antes ele estava cansado, começo agora a sentir nele um vigor e energia extraordinários. Ele parece ter achado algo muito importante a dizer para os seguidores do budismo, e vai dizê-lo sem perder uma palavra sequer. O envolvimento é entre os presentes é ainda maior, e o silêncio é absoluto.
“A transformação demora para acontecer. Demanda muito esforço. O próprio Buda Shakyamuni demorou três eras inteiras para transformar suas emoções. Não vai ser fazendo alguns mantras que você acha que sua vida vai mudar totalmente! Eu tenho mais de setenta anos, quase setenta e um. Comecei a interessar-me realmente pelo BuddhaDharma quando tinha dezesseis anos, e só agora, talvez, minha mente esteja se tornando um pouco mais estável...
De nada adianta você fazer um retiro tradicional de três anos, três meses e três dias. Pode ser até que a sua mente, ao longo desse tempo, em vez de melhorar, piore... a única coisa certa que se pode dizer é que, depois desse tempo todo, seu cabelo vai crescer!” (risos gerais, mas um pouco contidos, porque a audiência percebe que o assunto é sério, e o puxão de orelha só começou...).
“O desenvolvimento e a transformação da mente requer muito esforço. Mas perceba aqui também que o esforço cego de nada adianta: ele tem que ser acompanhado pela sabedoria. Novamente, podemos orar para Buda, para Tara, Avalokiteshvara, fazer uma sadana... mas só há uma chance em um milhão de que isso baste para a sua transformação: se ocorrer um milagre. De outra forma, será realmente difícil atingir a mudança desejada.
Uma vez um aluno perguntou a um grande mestre tibetano do início do século vinte se deveria fazer um retiro de Manjushri de um mês, para melhorar a acuidade de suas percepções mentais. Esse mestre respondeu ao aluno que se ele fizesse o retiro, talvez houvesse alguma mudança; mas que se ele ocupasse esse mês estudando seriamente, era certo que sua mente iria mudar. Isto é MUITO importante.
Estudar é crucial. Já estamos trabalhando para que mais livros sobre o budismo tibetano sejam publicados na língua de vocês. Minha recomendação é: ESTUDEM! Estudem muito. Estudem e produzam textos, pequenos panfletos; não para venda, não para comércio, mas para fazer circular entre vocês. Leiam, discutam em pequenos grupos, escrevam e façam suas idéias circular entre todos do grupo maior. Estudar e discutir é essencial. É irreal ficar esperando que venha um lama, uma vez por ano, fazer um workshop com ele e um monte de iniciações, e depois nada mais, e esperar alguma transformação em sua mente. Isso não é suficiente. É necessário estudar regularmente. Ocasionalmente, se você se encontra com algum bom professor, e passa com ele uma ou duas semanas fazendo workshops, é ótimo, mas depois volte ao seu estudo regular e sistemático.”
Os presentes estão completamente atentos. O Dalai Lama chama a atenção de seus irmãos budistas: menos automatismo, mais reflexão, mais consciência! É um momento grave, e a mensagem é passada de maneira clara e inequívoca. Não há como fugir.
“Mas há um pequeno problema. No mundo de hoje, há vários “businessmen” que, visando obter dinheiro, dão ensinamentos religiosos. Isso acontece cada vez mais freqüentemente; ocorre muito na China, que importa “mestres” tibetanos, mas também no resto do mundo. Esses não são mestres genuínos. Apresentam-se como grandes mestres, mas não são. Seu propósito é unicamente o de obter dinheiro.
Uma vez, um senhor chinês se aproximou de mim e colocou-me esse problema. “Dalai Lama, faça algo por favor para conter esse fenômeno, esses falsos mestres”. Eu lhe disse que não há nada que eu possa fazer! A única coisa que pode funcionar é que, do lado do aluno, haja consciência de quais são as qualificações de um mestre verdadeiro, de um professor autêntico, e ele examine se a pessoa em questão as possui ou não possui. Isso é MUITO importante. Eu, por exemplo. Examinem-me, se como professor, eu tenho as qualidades necessárias! Eu também tenho que ser submetido a um exame!”
O Dalai Lama está completamente cheio de energia e vigor em suas palavras. Percebe-se que o assunto é de total importância, e ele realmente quer que todos entendam a importância do estudo e do empenho individual em transformar a mente, não de um modo mecânico, mas através da reflexão consciente.
Antes que eu acabasse de traduzir sua última fala, a mais longa, ele gentilmente me interrompe, mudando o rumo do seu pronunciamento.
“Mais uma coisa. Como eu já disse, meu terceiro compromisso é para com a causa tibetana, a nação tibetana. [O primeiro é com os valores humanos, e o segundo com a harmonia inter-religiosa.] O Tibet tem uma história muito longa, uma herança cultural viva e muito rica, e tem também sua própria escrita. Tudo isso tem mais de mil anos, tempo em que a tradição NALANDA do budismo foi mantida viva, nas regiões geladas das montanhas — como congelada num freezer. As tradições indianas sofreram muitos danos, mas a tibetana foi mantida intacta esse tempo todo. Há achados arqueológicos que atestam quanto tempo tem a cultura tibetana ancestral: mais de trinta mil anos!
Mas este cenário belíssimo, com as montanhas elevadas, traz também o quadro trágico: o de uma nação que está morrendo. Ainda não somos como o povo inca, que morreu totalmente, mas estamos morrendo. Ainda lutamos para sobreviver, mas se a situação presente se mantiver, a cultura tibetana e a nação tibetana perecerão, como aconteceu no caso dos incas. Neste momento, já está claro para todos que a cultura tibetana em sua forma pura já não existe no território tibetano — só existe na Índia, entre as comunidades no exílio.
O Tibet luta pela sua sobrevivência, buscando uma liberdade limitada; não apenas política, mas cultural. Se a luta pelo Tibet fosse unicamente uma questão política, eu, que no fundo sou um monge budista, não a teria abraçado. Se o fiz, é porque envolve a sobrevivência de nossa cultura, de nossa tradição, de nossa língua. Portanto, essa luta pela liberdade limitada, uma luta democrática pela preservação da cultura ancestral tibetana, de sua rica tradição — se ela é assim, considero que minha atuação nesse sentido é parte da minha prática espiritual.
É claro que nossa cultura ancestral, se comparada com o desenvolvimento das culturas contemporâneas, podia ser considerada atrasada em muitos aspectos. Assim, o Tibet pode beneficiar-se de estar sob a China, se houver modernização e progresso material.
A constituição chinesa prevê direitos próprios às diferentes etnias. Mas desde a ocupação, houve apenas um acordo entre o Governo Tibetano e o Governo Central da China envolvendo a preservação desses direitos; era um acordo para a liberação pacífica do Tibet, assinado na década de 50, e que nunca foi cumprido. Ainda nessa década, a própria ONU emitiu várias resoluções em que considerava o Tibet um caso especial; o governo chinês reconheceu esses acordos, na ocasião, mas também nunca os cumpriu. Fui a vários encontros com o “Camarada Mao”, mas isso não deu em nada...”
O Dalai Lama parece encher-se de lembranças, e sorri um pouco.
“Fiz muitos encontros, naquela época... provavelmente, em 1957, muitos de vocês não tinham nem nascido! Você, já era nascido? E você? Pois bem... naquele tempo eu era jovem, e fiquei enormemente atraído pelo “movimento revolucionário”. Acho que eu era, como dizer, um sujeito considerado... como dizer... perigoso: meio marxista, meio budista! [risos gerais]. O que acho do marxismo? acho que ele não é nem bom nem ruim. Minha impressão é de que o marxismo original tinha uma série de pontos muito interessantes, muito bons. Mas depois, quando se tornou apenas parte de um poder político e nacionalista, tudo isso se perdeu. Hoje, para mim, a China não tem mais qualquer conteúdo: não é mais ideológica. É apenas autoritária.
Assim, faço a todos meu pedido: a nação tibetana está morrendo — ajudem-nos, de todas as maneiras que puderem...
Meus amigos, meus irmãos e irmãs: agradeço enormemente seu interesse e seu envolvimento de coração com a cultura tibetana. Muito obrigado a todos!!!
O Dalai Lama, é longamente ovacionado. Enquanto traduzo sua fala final, vai a cada um dos grupos, e senta-se no meio das pessoas enquanto os fotógrafos, vários, procuram registrar o momento. Depois, acenando para todos, caminha até o fim do corredor, desaparecendo em direção aos seus aposentos...
Créditos para Arnaldo Bassoli, membro do Comite Brasileiro de Apoio ao Tibet e do Colegiado Budista Brasileiro, que fez a tradução para o português e redigiu este relato.

domingo, 2 de agosto de 2009

"Vazio Luminoso" - Trechos marcados

"A iluminação não é nada de mais - é nosso estado natural."
"Não somos catapultados para um mundo completamente diferente, apenas percebemos o mundo de forma diferente."

"No estágio final, a essência mais interior do vajrayana, o próprio coração do tantra, se encontra no reconhecimento de que nunca fomos outra coisa que não despertos. Aqui não existe mais nenhuma necessidade de técnicas, de simbolismos ou de transformação. O praticante que terminou o caminho vive em uma condição de completa simplicidade e experiência direta da realidade."
"(...) somente quando sabemos a causa de algo é que podemos verdadeiramente dar um fim naquilo e evitar que surja de novo no futuro."
"Ao apontar a realidade do sofrimento, ele não estava sendo negativo nem pessimista. O Buda se expressou daquela forma por causa de sua abordagem extremamente prática da espiritualidade. Ele não queira atrair as pessoas com lindas descrições da iluminação que iriam apenas inflamar sonhos e fantasias ou fornecer material para discussões filosóficas. Certamente não pretendia que seus seguidores exagerassem a desgraça em suas vidas, mas sim que olhassem profundamente sua condição atual. Compreender a verdade sobre o sofrimento é realmente uma questão de encarar a realidade, não tentando ignorar ou fugir da dor, mas identificando-a e examinando suas causas de modo a poder dar um fim a ela. Privação deliberada, ascetismo e estender-se nos aspectos dolorosos da vida não são atitudes recomendadas no budismo; afinal, a inspiração e as metas do Buda eram a completa liberação do sofrimento."
"A roda da vida mostra que todos os fenômenos são transientes e interdependentes: tudo surge de uma causa e, por seu turno, se torna uma causa para a próxima manifestação surgir. Isso quer dizer que nada pode existir em isolamento. Nós mesmos somos compostos de combinações extremamente complexas de aparências condicionadas e momentâneas. Não importa o quanto procuremos por alguma coisa que dure e não mude, não seremos capazes de encontrá-la, seja dentro ou fora de nós."
"Parece não haver nada no budismo que corresponda ao ser da psicologia moderna, nenhum conceito de desenvolver um ser maduro, equilibrado, integrado por si só, sem referência a uma meta esperitual."
"O budismo nos relembra de forma contínua do maravilhoso potencial e da oportunidade única que temos como seres humanos e que nunca devemos denegrir a natureza humana ou nos sentir envergonhados do que somos."
"(...) quando Trungpa Rinpoche ensinava meditação, sempre enfatizava se abandonar em vez de se concentrar. (...) Abandonar significa afrouxar a tensão do apego e do agarramento, relaxando o esforço de segurar continuamente, Quando na verdade não existe nada a que se segurar. Abandonar é esvaziar, esvaziar-se de ilusões, conceitos e construções imaginárias de todos os tipos. Finalmente, por meio do processo de abandono, chegamos à experiência conhecida como vazio (shunyata)."

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Lerdeza

Gente. Desculpa mas eu tirei um monte de coisa que tinha no meu blog: vídeos, sino e incenso para meditar, troquei o reloginho, tirei luzinha, peixinho e gatinho e algumas outras coisas que, no fundo, eu acho que ninguém vai mesmo dar falta. Se alguém der falta, me fala, né que, quem sabe, eu ponho de volta. Sabe o quê que é? Tava lerdando o meu computador...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sei lá de quem...

"Libere sempre o seu bom humor. O riso é ótimo método de relaxamento e ajuda o organismo a aliviar-se das tensões emocionais."

"Preguiça é o pecado de falhar ao fazer de nossa vida aquilo que sabemos que poderíamos fazer dela."

Será do Dalai Lama? Não sei. Pode ser...

Agende-se?

É impressionante como não podemos contar com o que planejamos, com o que escrevemos na nossa agenda. Hoje desmarquei dentista porque passei mal durante a noite e fiquei com uma dor de cabeça daquelas de destampar o côco! Já tendo tomado um bocado de remédios, vários de copos de água filtrada e natural, feito Do-In, usado métodos da medicina tibetana, não consegui ficar livre da danada. Comecei a sentir náuseas e uma vontade de vomitar. Tomei um Dramin. Não tomei Ormiguein porque tem muita cafeína e a única coisa que eu queria era apagar, dormir! Aí, já viu, né? Dramin dá sono! Resultado? Troquei a noite pelo dia e dormi até as cinco da tarde! Tento dispensado a dentista por conta da maldita, compremeti-me com ela de tirar as radiografias que ela pediu. Pensei comigo: amanhã acordo cedo e vou. Chega a noite e minha mãe telefona dizendo que morreu a Therezinha, esposa do Murilo, primo dela - e nosso - que é mesmo que irmão. Como diz o ditado: prá morrer, basta tá vivo! Então, nem dentista, nem radiografia. Por enquanto, a agenda mudou para velório no Cemitério do Bonfim e desde junho, é a quarta vez que vou lá. Se nada acontecer até lá... no momento, vivo o momento, o presente momento, o momento presente! E olhe lá!

Definição de futebol

O repórter José Brito e o dr. Sócrates em uma das suas últimas entrevistas pelo Canal Futura. http://www.futura.org.br/
"Futebol é uma micro expressão da vida humana e é por isso que ele é tão popular. Não adianta ser muito articulado ou ter um papel preponderante. Tem que estudar! Encarar com seriedade tudo o que se faz."
Dr. Sócrates.

Se...

"Se você quiser muito alguma coisa, deixe-a ir. Se ela não voltar é porque nunca foi sua, mas, se voltar, será sua para sempre!"
Sei lá de onde tirei isso. Fico vendo TV e escrevendo tudo que acho legal! Maluquice...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Crise + Perigo = Oportunidade

http://www.casaconhecimento.com.br/blog/2008/12/crise-perigo-oportunidade/

Incerteza e Oportunidade

Uma amiga e eu nos falamos por telefone, ela lá do sul e eu aqui no sudeste de uma distância de 1480 quilômetros! Ela me indicou este texto. Repasso.

O LIVRO TIBETANO DO VIVER E DO MORRER – Sogyal Rinpoche – Editora Talento / Palas Athena – páginas 144 a 145. - http://www.travessa.com.br/O_LIVRO_TIBETANO_DO_VIVER_E_DO_MORRER/artigo/25A4C5F3-43D8-4E96-B07F-6C96B6BE9D66

“INCERTEZA E OPORTUNIDADE
Uma das características centrais dos bardos é que são períodos de profunda incerteza. Tome esta vida como o exemplo principal. À medida que o mundo à nossa volta se torna mais turbulento também as nossas vidas tornam-se cada vez mais fragmentadas. Sem contato e sintonia com nós mesmos, ficamos ansiosos, agitados e freqüentemente paranóicos. A alfinetada de uma pequenina crise estoura o balão das estratégias atrás das quais no escondemos. Um único momento de pânico revela-nos como tudo é precário e instável. Viver o mundo moderno é sem duvida viver em um reino do bardo; não é preciso morrer para experienciá-lo.

Essa incerteza que já agora permeia tudo torna-se ainda mais intensa, mais acentuada depois que morremos quando os mestres ns dizem que nossa claridade ou confusão é ‘multiplicada por sete’.

Qualquer pessoa que olhe com honestidade para sua vida verá que vivemos em constante estado de dúvida e ambigüidade. Nossa mente fica alternando entre confusão e claridade. Se só ficássemos confusos todo o tempo, isso permitiria ao menos alguma espécie de claridade. O que é de fato desconcertante a respeito da vida é que às vezes, apesar de toda nossa confusão, podemos ser realmente sábios! Isso nos revela o que é o bardo: uma contínua e desalentadora oscilação entre claridade e confusão, perplexidade e discernimento, certeza e incerteza, sanidade e insanidade. Em nossa mente, tal como somos agora, sabedoria e confusão surgem simultaneamente, ou, como dizemos, ‘co-emergentes’. Isso mostra que nos defrontamos com um contínuo estado de escolha entre aquelas alternâncias e que tudo depende afinal do que escolhemos.

Essa constante incerteza pode fazer tudo parecer triste e quase em esperança; mas, se você olhar para ela com maior atenção, verá que sua própria natureza cria intervalos, espaços em que profundas oportunidades de transformação florescem continuamente – desde que possam ser vistas e aproveitadas.

Como a vida nada mais é que uma oscilação permanente entre nascimento, morte e transição, as experiências do bardo estão nos acontecendo o tempo todo e são parte fundamental da nossa constituição psicológica. No entanto, quando a nossa mente passa de uma assim chamada situação ‘sólida’ para a seguinte, esquecemo-nos dos bardos e seus intervalos. Habitualmente ignoramos as transições que estão sempre ocorrendo. Na realidade, como os ensinamentos podem nos ajudar a compreender, cada momento de nossa experiência é um bardo, tal como cada pensamento e cada emoção que emanam e tornam a morrer no âmago da mente. Os ensinamentos nos alertam para o fato de que é especialmente nos momentos de forte mudança e transição que a verdadeira natureza primordial de nossa mente, semelhante ao céu, terá uma oportunidade de se manifestar.

Deixe-me dar-lhe um exemplo. Imagine que você volta para casa um dia, após o trabalho e encontra a porta de sua casa arrombada, pendurada nas dobradiças. A casa foi assaltada. Você entra e descobre que tudo o que possuía desapareceu. Por instantes fica paralisado, em estado de choque e, em meio ao desespero, procura freneticamente entrar no processo mental de tentar lembrar o que foi roubado. O resultado é terrível: você perdeu tudo. Sua mente passa da inquietação e agitação ao atordoamento e os pensamentos se acalmam. E há uma súbita, profunda imobilidade, quase uma experiência de felicidade. Não há mais luta nem esforço, porque ambos são inúteis. Agora, tudo o que você tem a fazer é desistir, não há escolha.

Assim, num instante você perdeu alguma coisa preciosa e no instante imediatamente seguinte você descobre que a sua mente repousa num estado de paz profunda. Quando esse tipo de experiência acontece, não corra logo em seguida em busca de soluções. Fique por uns instantes nesse estado de paz. Permita que ele seja um intervalo, uma brecha. E se você de fato descansar nesse intervalo, olhando dentro da mente, vislumbrará a natureza imortal da mente iluminada.”

No sexto parágrafo, me lembrei de um filme em que a personagem diz que sonhou que estava caindo na água e se debatendo. Por fim, ela começa a afundar e ver que está mesmo se afogando, morrendo. Ela se entrega, se deixa ir e diz que se sente perfeitamente bem e tranqüila. Conheço uma pessoa que sofreu um severo acidente de carro e que ouvia as pessoas dizerem que ela estava morta. Mas não estava e, no entanto, não sentia nenhuma dor, só a aflição de querer dizer que ainda estava viva. Por fim, é claro, foi salva ou eu não estaria aqui relatando isso.

sábado, 25 de julho de 2009

Boa romaria.

Acho que ninguém acessou o Inteligência este mês. Pelo menos, ninguém se tornou seguidor. Talvez as pessoas estejam de férias e eu não saí prá lugar nenhum. “Boa romaria faz quem em casa fica em paz”. Dormi muito mal hoje, tive pesadelos, acordei agitada e tive que ficar em shamata um tempão até minha mente sossegar. Assim que acordei, sentei-me, apoiei as costas nos travesseiros, coluna bem ereta e fiquei bem quietinha. Só aí me levantei da cama. Tudo é um sonho. Tomei um banho e é durante o tempo em que a água cai do chuveiro que fico pensando em um monte de coisas. Acho que isso acontece com muita gente, não sei. Talvez o que esteja me incomodando seja a idade, algumas dores pelo corpo que são inexplicáveis, um tratamento dentário que eu não sei se vale a pena, as despesas, o medo da morte, o despreparo para ela, o tempo curto que me resta prá fazer um tanto de coisa que eu quero, um tanto de livro que quero ler e não consigo porque sou desleixada, preguiçosa e procrastinadora. Não preciso de um psicólogo para me dizer isso. OM MANI PEME HUNG

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sobras.

Sobrou linha, fiz uma almofada. Sobrou retalhos, fiz uma colcha. O que eu não queria mais, fiz doação.



Verso em linha branca

DIT - Diálogo Interno Torturante

Le Penseur - Auguste Rodin

A lei do karma é extremamente importante na compreensão de Liberação através da audição. O que acontece conosco depois da morte não tem nada a ver com punição, destino ou poder superior, mas é inteiramente resultante de nossas próprias ações. É simplesmente a aplicação da lei universal, justiça universal. O Buda disse que se quisermos entender nossas vidas passadas, basta-nos olhar para as nossas condições atuais, porque elas são o resultado do passado. Se quisermos saber como a vida futura será, devemos examinar as ações presentes, porque são a causa do sofrimento futuro. Isso não quer dizer que podemos compor listas mecânicas de causas e efeitos; fatores externos e as ações de outras pessoas também desempenham grande papel na construção do destino e existem variáveis demais para se fazer predições exatas, principalmente sobre eventos e circunstâncias exteriores. Mas nossas reações a essas circunstâncias e o que fazemos delas são nossa inteira responsabilidade.

É no mundo interior dos pensamentos, emoções e reações que podemos realmente observar o mecanismo de causa e efeito. O karma funciona de momento a momento, assim como por longos períodos de tempo. Qualquer pensamento ou emoção que surge na mente cria um efeito; ele deixa seus traços ali e cada traço pode se reproduzir repetidamente. Raiva gera mais raiva; desejo gera mais desejo. Sempre que uma reação negativa se torne habitual, é posto em movimento um processo interminável, circular, de uma causa propiciando o surgimento de um efeito, em seguida aquele efeito se tornando uma causa semelhante e assim por diante, repetidamente. O que parece em um momento uma reação insignificante de aborrecimento ou ressentimento pode terminar envenenando a mente por horas ou mesmo dias.

Felizmente, a força do karma é igualmente poderosa em direções positivas. Felicidade gera mais felicidade tanto para nós quanto para os outros. Um sentimento de simpatia ou um ato de bondade cria as condições para uma bondade maior se desenvolver. Geralmente parece mais fácil pensar sobre o karma em termos de boas ou más ações significativas, impelindo-nos em direção a vidas futuras felizes ou infelizes. Mas é realmente a corrente de pensamentos mais comum, familiar e quase despercebida que está continuamente determinando o padrão de nosso destino. O sonhar acordado e o mexerico subconsciente, os pensamentos e preocupações habituais que passam pela nossa mente todo o tempo estão continuamente criando karma, perpetuando nosso senso de ser.

“Vazio Luminoso – Para entender o clássico Livro Tibetano dos Mortos” – Francesca Fremantle – Editora Nova Era – páginas 74 e 75.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

As artes e S.S. Dalai Lama

Os cinco sentidos contribuem para criar as emoções no homem. É por isso que a música, a pintura, a arte sacra em geral exercem influência sobre as nossas emoções e podem ajudar-nos a transformar emoções negativas no seu contrário. É, em particular, o caso da música, que possui a virtude de nos remeter para níveis profundos do nosso ser.

sábado, 18 de julho de 2009

O novo membro da família.

Murphy, mas eu o chamo de Zezinho! Afinal é um mini-coelho!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

É amanhã.

Prata, Caranguejo do Mangal - foto Miguel Pais
Clique para ampliar se tiver coragem!

Alguém brinca com caranguejo? Então, cuidado com os cancerianos!

Todo mundo pensa que os cancerianos são mansos, chorões, família, sentimentais. Somos! Mas quando a gente cisma de fazer alguma coisa, não larga até conseguir. Pelo menos é assim comigo. Eu não entendo muito lá de mapa astral, mas o meu ascendente é Áries que já sai primeiro e arrombando porta com a cabeça, com o aríete! Alguém já viu tenaz maior? É o tamanho da nossa tenacidade! Parabéns para todos os cancerianos!

DISCIPLINA - Tsultrim (tib.) - Shila (sânsc.) - Kiritsu (jap.)

Kiritsu (kandji japonês)

"Manter uma disciplina pessoal não consiste em pensar «Não devo fazer isto ou aquilo porque não é permitido», antes implica reflectir sobre as consequências dos nossos pensamentos e dos nossos actos a curto, médio e longo prazo, a fim de compreendermos que há acções que não podem ser cometidas pois geram sofrimento em nós e nos outros. Esta forma de disciplina assenta no raciocínio e na análise, é mais fácil de aplicar do que uma disciplina que só assenta no medo da polícia. Assim, a verdadeira disciplina baseia-se na compreensão das consequências últimas dos nossos actos."

Sua Santidade, o IVº Dalai Lama

Via e-mail de Helena Melo - Lisboa, Portugal

terça-feira, 14 de julho de 2009

E agora?

Acabei de acordar. Com a mente clara, depois de um sono tranqüilo e revigorante, tive um insight sobre o que causou minha síndrome de pânico. Se for isso, estarei curada? Devo perguntar para Allan Wallace* que aconselha que, como um laser, foquemos a mente no passado até para além da idade que temos no momento. Acho que já o fiz e pela segunda vez. A outra foi durante uma noite de insônia, deitada no escuro. A regressão com uma psicóloga não conta porque não funcionou.

Não afirmo, mas sinto com muita intensidade que, na minha vida anterior, estive presa em um campo de concentração nazista. Fui “coletada” em Bergen-Belsen e transferida para Auschwitz-Birkenau. O nome Treblinka não me é desconhecido, mas como foi o primeiro em extermínio, talvez tenha passado por ele e depois, “transferida”. Não me causa uma impressão tão grande quanto os dois primeiros onde, com certeza minha, fui “exterminada” em Auschwitz-Birkenau com a idade de vinte e poucos anos.

Como uma pluma movida pelos ventos do carma, passei pelo bardo sem instrução nenhuma e vim cair aqui, nessa vida, no Brasil, um lugar onde as pessoas mais viajadas dizem que é o melhor para se viver. Os outros países, só para se conhecer. Meu mestre, um refugiado tibetano, depois de escapar das garras do governo chinês, morou no Canadá e nos Estados Unidos. Por onde passou, criou centros de meditação, mas fixou residência aqui e aqui faleceu. Sua viúva e uma de suas alunas mais antigas, ambas dos Estados Unidos, também vivem aqui. São lamas residentes.

Desde a minha mais tenra idade, não me sentia uma criança feliz. Os adultos me assustavam, eram como que mandantes de tudo o que eu devia fazer e eu fazia por medo de punição! Kapos? Meu pai era um dentista muito bravo, mandão e tinha horror de sentar em sua cadeira para tratamento. Mais tarde, já adulta, nunca mais permiti obturações de ouro nos meus dentes. Também não uso jóias e, as poucas que possuo, tenho vontade de vender. Desapego-me fácil das coisas de valor monetário. Valor para mim é outra coisa. Já tive vontade e medo de morrer.

Sou decoradora. Cursei quatro anos na Fundação Universidade Mineira de Arte, uma escola referência nos outros estados com muitos colegas de outras cidades. Tive uma educação acadêmica muito boa assim como a maioria dos judeus tinha. Mas não era uma aluna exemplar. Tomei uma bomba em matemática. Só na universidade é que me destaquei.

As casas de enxaimel da região sul do Brasil sempre me encantam. Os móveis recortados também. Apesar de ter um português e inglês corretos, francês e espanhol medianos, recuso-me a aprender alemão e italiano. Nem Hitler, nem Mussolini. Aliás, só sei dizer “Ahchtung!”

Meu irmão mais velho foi para a escola aos quatro anos de idade. Fui com minha mãe levá-lo, mas, ao vê-lo desaparecer no corredor, tomei-me de um choro só contido pelas explicações de minha mãe que dizia que ele iria voltar de tarde, mas aquelas palavras me soaram falsas. São Tomé, só acreditei vendo!

Quando foi a minha vez, tornei-me ainda mais triste e taciturna. Ao mudar de colégio, nunca fui de ter muitas amigas, colegas próximas, talvez umas três ou quatro. Mas em casa, na vizinhança, as amizades foram em grande número e como que eternas, durando até os dias de hoje. Aí, sim, fui feliz!

Aos dezenove anos de idade, perdi meu irmão caçula de apenas nove. Foi o gatilho. Aos vinte e poucos tive a primeira crise caracterizada por um medo irreconhecível. Não era de morrer, mas mais como que de ficar louca, petrificada de medo. Convivi com isso e, sem contar para ninguém, casei-me e tive meus três filhos.

Aos trinta e poucos, uma nova crise sobreveio ainda mais forte. Tenho para mim que esta foi a idade que teria se viva fosse quando me reencarnei. Então, procurei ajuda profissional para poder ter um mínimo de qualidade par educar meus filhos e trabalhar. Aliás, trabalho sempre foi um enorme problema para mim. Gosto, procuro, mas sempre acho um patrão que me maltrata e, não suportando mais, peço demissão, ou sou despedida, descartada. Trabalho forçado, nunca mais. Não consigo trabalhar por conta própria apesar de ter qualificações muito boas para qualquer coisa. Parece que me acostumei a ser mandada.

Se alguém achar que isso é maluquice, está bem. Mas para mim, faz muito sentido.

Mas quer saber? Eu quero mais é meditar, fazer crochet, costurar, eco-tecer como Gandhi na roca e em seu calmo pensar.

Alan Wallace - Palestra em Curitiba
Posted: 09 Jul 2009 03:04 AM PDT
Palestra na íntegra "Curando a Mente: Onde Meditação e Neurociência Convergem" (Healing the Mind: Where Meditation and Neuroscience Converge), realizada dia 7 de junho em Curitiba. Tradução de Eduardo Pinheiro. Duração: 2h24m.
This posting includes an audio/video/photo media file: Download Now

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Touca de lã com orelhas de ursinho. Para gente grande e pequena!



Eu falei que ia fazer crochet de novo, né? Pois é. Essa touca é facinha de fazer. Começa do topo e, dependendo do tamanho, pára de aumentar e vem descendo reto com um ponto bonito. Depois de pronta é só fazer as orelhinhas e costurar com a própria lã moldando para ficarem curvadas. Parece que ela é pink, mas é roxa, cor de quaresmeira, sabe? É porque tirei a foto no sol! Lã? Cisne Premium cor 5045. Gostou? R$45 reais mais o frete.

domingo, 12 de julho de 2009

O Buda disse - Dalai Lama

Amitabha Buddha - Xiang Ju Chan - Stock Photo

"Somos aquilo que pensamos, criamos o mundo com os nossos pensamentos."

"Portanto, um comportamento e uma ética correctos influenciarão o mundo de forma positiva, o que não significa que as coisas sejam apenas projecções do espírito. A maneira como apreendemos o mundo é uma projecção, uma fabricação do nosso espírito e é específica de cada um de nós. Como prova o facto de duas pessoas poderem pensar, sobre o mesmo objecto, uma que ele é bonito e a outra que ele é feio. Os ensinamentos dizem que a nossa maneira de apreender o mundo é o resultado do conjunto dos carmas que acumulámos durante numerosas vidas. Podemos, portanto, afirmar que o mundo, tal como o vemos, na qualidade de ser humano, é um reflexo das experiências cármicas que a nossa consciência atravessou ao longo das nossas inúmeras vidas."

S. S. Dalai Lama - e-mail de Helena Melo, Portugal

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A mensagem que anda rolando.


Faz tempo que ando pensando assim - Quando se tem 50 anos ou mais.

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!

Esta mensagem está sempre rolando. Entretanto, por ser tão verdadeira, sempre que me enviam eu não consigo deletar sem reenviar aos meus amigos, principalmente aqueles que já não tem muitas jaboticabas na bacia, mas que sabem selecionar o falso do verdadeiro.

Via e-mail de Natercia, sem citar o autor.
Citou: Mulheres Da Minha Geração - Santiago Gamboa

Mudanças

Acho que este blog não vai ser o mesmo. Muita coisa está mudando e, consequentemente, mudo também. Aliás, a inconstância é a vida ela própria. Já postei muito ensinamentos que colhi aqui e ali e, o leitor interessado neles, pode voltar nas postagens mais antigas.
Fui deitar-me por volta de uma hora da madrugada, não dormi quase nada e às quatro e cinquenta, desisti. Levantei-me pensando que, se estivesse em retiro estaria extremamente atrasada.
Ontem assisti parte de um vídeo de uma palestra de Sua Santidade. Ele falava inglês, por vezes, tibetano e era traduzido para o francês por Mathieu Ricard, o monge francês. Ele falava de uma viagem que fez de avião, muito longa, praticamente uma noite inteira e, como ele prefere viajar na classe econômica, pode ver muitas situações enriquecedoras que ele gentilmente compartilha com todos.
Disse que pousou os olhos numa família, pai e mãe com dois filhos pequenos. As crianças passaram a noite inteira correndo prá lá e prá cá e os pais tomando conta. A certa altura, ambas começaram a chorar e ficar irritadas. O pai simplesmente dormiu e a mãe cuidou para o bem-estar deles pelo resto da viagem. Quando desceram do avião, Sua Santidade pode perceber que a mãe trazia os olhos vermelhos e cansados.
Pode parcer maluquice, mas as mães fazem isso porque fazem e pronto. Não estão esperando nada em troca. E é isso que ando fazendo. Meus filhos têm, respectivamente, trinta e um, vinte e oito e vinte e seis anos. Nenhum saiu de casa, casou-se ou coisa parecida. As coisas não andam fáceis para se viver sozinho, ter um canto só seu como era há alguns anos atrás. A crise nos pegou a todos.
Então, minha filha, a única e mais velha, tem uma crise nervosa por volta da meia-noite. Muito problema. Chorou, abracei-a, conversamos na surdina até que ela se acalmasse. Parece que está dormindo. Não sei. Mas eu... nem com calmante...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Tapete de barbante

Comecei hoje um tapete. Vamos ver no que dá. É de barbante e a agulha tem que ser muito grossa prá dar conta porque o barbante é muito difícil de deslizar. Sei lá o que está acontecendo comigo prá retornar assim ao crochet. Estou esperando um empreiteiro que veio aqui e mediu o terraço prá reformar porque a família já não agüenta mais de tanta goteira todo santo verão. Até agora não me deu o orçamento. Deve ter escrito meu e-mail errado porque não tá lá. E a obra tem que ser agora, enquanto está seco. Vai dar trabalho, barulho, sujeira, poeira e - ai, ai, ai - vizinho reclamando. Eu estou me preparando prá isso e pedindo até pro Sagrado Coração de Jesus prá me dar muuuuita paciência. Enquanto isso, faço um tapete prá botar na porta de entrada que, se os pedreiros o detonarem, faço outro mais bonito!

Crochet, o Retorno

De tanto ver coisas bonitas na internet, meus dedos começaram a coçar e a cabeça, a inventar! Onde foi que eu guardei aquele monte de linhas, novelos e trabalhos inacabados? Como boa mineira, num baú! Num só dia, fiz uma touca de inverno prá minha filha. Parece coisa de neném, mas foi ela que escolheu. E a cor também: roxo! Com orelhinhas de urso em vez do tradicional pompom. Agora, ela tem que tirar uma foto pra postar aqui, mas é mais enrolada que uma bola de lã. Até agora, nada. Mas a touca roxa tá pronta!

domingo, 5 de julho de 2009

Diz sua Santidade o 14º Dalai Lama

A disciplina (shila) é um dos factores que contribuem para alcançar o despertar com a meditação (samadhi), o conhecimento ou a sabedoria (prajna). Estes diferentes elementos são complementares. A ausência de ética traduz-se principalmente por uma maneira de estar que prejudica os outros. Conduzindo-nos deste modo, não só fazemos mal aos outros como também espalhamos as sementes do nosso próprio sofrimento. Devemos ter uma consciência clara de tudo isto para podermos desenvolver uma disciplina ética baseada no conhecimento e na sabedoria. O aspecto mais elevado da ética consiste em pensar que a felicidade dos outros conta mais do que a nossa.

sábado, 4 de julho de 2009

How to build a bigger brain


Study shows that meditation may increase gray matter
By
Mark Wheeler
5/12/2009 9:20:00 AM
Brain scan
The right orbito-frontal cortex, shown here, is one of the areas of the brain that appears to be enlarged due to meditation.
Push-ups, crunches, gyms, personal trainers — people have many strategies for building bigger muscles and stronger bones. But what can one do to build a bigger brain?

Meditate.

That's the finding from a group of researchers at UCLA who used high-resolution magnetic resonance imaging (MRI) to scan the brains of people who meditate. In a study published in the journal NeuroImage and currently available online (by subscription), the researchers report that certain regions in the brains of long-term meditators were larger than in a similar control group.

Specifically, meditators showed significantly larger volumes of the hippocampus and areas within the orbito-frontal cortex, the thalamus and the inferior temporal gyrus — all regions known for regulating emotions.

"We know that people who consistently meditate have a singular ability to cultivate positive emotions, retain emotional stability and engage in mindful behavior," said Eileen Luders, lead author and a postdoctoral research fellow at the UCLA Laboratory of Neuro Imaging. "The observed differences in brain anatomy might give us a clue why meditators have these exceptional abilities."

Research has confirmed the beneficial aspects of meditation. In addition to having better focus and control over their emotions, many people who meditate regularly have reduced levels of stress and bolstered immune systems. But less is known about the link between meditation and brain structure.

In the study, Luders and her colleagues examined 44 people — 22 control subjects and 22 who had practiced various forms of meditation, including Zazen, Samatha and Vipassana, among others. The amount of time they had practiced ranged from five to 46 years, with an average of 24 years.

More than half of all the meditators said that deep concentration was an essential part of their practice, and most meditated between 10 and 90 minutes every day.

The researchers used a high-resolution, three-dimensional form of MRI and two different approaches to measure differences in brain structure. One approach automatically divides the brain into several regions of interest, allowing researchers to compare the size of certain brain structures. The other segments the brain into different tissue types, allowing researchers to compare the amount of gray matter within specific regions of the brain.

The researchers found significantly larger cerebral measurements in meditators compared with controls, including larger volumes of the right hippocampus and increased gray matter in the right orbito-frontal cortex, the right thalamus and the left inferior temporal lobe. There were no regions where controls had significantly larger volumes or more gray matter than meditators.

Because these areas of the brain are closely linked to emotion, Luders said, "these might be the neuronal underpinnings that give meditators' the outstanding ability to regulate their emotions and allow for well-adjusted responses to whatever life throws their way."

What's not known, she said, and will require further study, are what the specific correlates are on a microscopic level — that is, whether it's an increased number of neurons, the larger size of the neurons or a particular "wiring" pattern meditators may develop that other people don't.

Because this was not a longitudinal study — which would have tracked meditators from the time they began meditating onward — it's possible that the meditators already had more regional gray matter and volume in specific areas; that may have attracted them to meditation in the first place, Luders said.

However, she also noted that numerous previous studies have pointed to the brain's remarkable plasticity and how environmental enrichment has been shown to change brain structure.

Other authors of the study included Arthur Toga, director of the UCLA Laboratory of Neuro Imaging; Natasha Lepore of UCLA; and Christian Gaser of the University of Jena in Germany. Funding for the study was provided by the National Institutes of Health. The authors report no conflicts of interest.

The UCLA Laboratory of Neuro Imaging, which seeks to improve understanding of the brain in health and disease, is a leader in the development of advanced computational algorithms and scientific approaches for the comprehensive and quantitative mapping of brain structure and function. The laboratory is part of the UCLA Department of Neurology, which encompasses more than a dozen research, clinical and teaching programs. The department has ranked No. 1 among its peers nationwide in National Institutes of Health funding for the last seven years (2002–08).

For more news, visit the UCLA Newsroom.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Princípios humanos universais

Todos os particularismos religiosos ou culturais devem ser ultrapassados, a fim de que todos os seres possam reconhecer-se numa ética laica baseada em princípios humanos universais.Tratar-se-ia de uma verdadeira revolução espiritual, assente em qualidades humanas como a compaixão, o amor, a tolerância, o respeito, o sentido das responsabilidades.
Sua Santidade, o Dalai Lama.

terça-feira, 30 de junho de 2009

A prostração é um gesto de reverência profunda.


Reverenciar o Buda gera muito mérito, e em particular a prática/voto de refúgio é a maneira pela qual nos tornamos receptivos aos ensinamentos e ao treinamento budista. Reverenciamos o Buda em corpo, fala e mente. Isto é, ao mesmo tempo em que pensamos nas qualidades e na realização do Buda e nos admiramos e enchemos de emoção, expressamos isto através de orações e de ações corporais, referencialmente simultaneamente, mas também como der, sempre que lembrarmos. A prostração purifica os venenos mentais, em particularmente orgulho. Também é um bom exercício vitalizante, e meditadores precisam de exercício físico por passar tanto tempo sentados. Além disso, como já disse, o mérito gerado é muito grande, e precisamos de mérito para nosso benefício em termos mundanos (temporário: saúde, sobrevivência, bem-estar) e no sentido do dharma também (para sermos capazes de encontrar e aproveitar o dharma que encontramos e consumá-lo). No budismo tibetano nos botamos de pé, colocamos as mãos no mudra da oração (palmas juntas, levemente curvadas - só a base da palma e as pontas dos dedos se encontram - e dedões relaxados, com as pontas levemente dentro da curvatura formada) na altura do coração (ao centro do peito, não na frente do coração) Visualizamos à frente, elevado a uma altura um pouco acima do horizonte, Shakyamuni Buda, com os arhats de um lado, bodisatvas do outro, os mestres da linhagem, assim por diante, formando um campo de mérito. Se for muito complicado, podemos apenas visualizar o Buda, ou apenas imaginar sua presença, como se ele estivesse mesmo ali em pessoa. Pode haver uma imagem ou um altar para nos lembrar da forma do Buda. Mas é importante não se prostrar apenas à forma do Buda, é preciso lembrar que essa forma é vazia. Uma prostração perante apenas a forma (visualizada ou física) acumula mérito, mas não é o mais correto. No vajrayana geralmente o campo de refúgio é descrito em detalhes exaustivos, e varia de linhagem para linhagem. O essencial é reconhecer nosso lama raiz como indissociável de todas as fontes de refúgio. Para incrementar o mérito, podemos visualizar também todos os seres prostrando-se conosco. Se for difícil visualizar uma multidão, começamos pelos nossos pais, amigos, inimigos, quem vier à mente. Começamos então a recitar a prece particular de nossa linhagem, ou apenas ficamos em silêncio. Um voto de refúgio comum na tradição tibetana é "No Budha, no Dharma e na excelente assembléia da Sangha, até que alcance a iluminação, neles eu tomo refúgio. Através da minha prática das seis perfeições, possam todos os seres sencientes alcançar o estado búdico". Pode se usar também o voto de refúgio cantado em pali, no caso em que cada prostração é feita após uma linha recitada. No caso de quatro versos, como acima, pode-se recitar dois durante a descida e dois durante a subida. Enquanto recitamos, portanto, ou ao final da recitação, ou em silêncio, colocamos as mãos ainda no gesto de oração no topo da cabeça, na frente da garganta e ao peito novamente. Então descemos ao chão e ficamos deitados de bruços, com as mãos esticadas à frente. Ainda no chão, colocamos as mãos no mudra da oração na altura da nuca. Nos levantamos e colocamos as mãos na altura do coração novamente. Se não houver espaço para esticar-se completamente no chão, na forma curta apenas tocamos a testa ao chão. Repetimos o movimento em geral no mínimo três vezes. A prostração deve ser executada sempre que possível, mas em geral ao acordar, antes da prática diária. Toda vez que estamos diante de um monumento sagrado, ou entramos numa sala de prática. Toda vez que um mestre se senta para dar ensinamentos, e assim por diante. Em geral não nos prostramos como forma de despedida, ou seja, ao final. Mas isso é apenas superstição. Podemos nos prostrar quando quisermos, desde que não incomode ninguém. Algumas vezes em ensinamentos menos formais e com muitos iniciantes, particularmente num auditório que não seja especialmente consagrado ao dharma, pode ser inadequado ou pelo menos estranho prostrar-se. Nesse caso se a motivação for não criar idéias negativas na cabeça das pessoas, não há problema em não se prostrar. Em outros casos, sempre é claro podemos não prostrar, particularmente quando de fato ainda não nos sentimos inclinados a tomar refúgio. Porém, para aqueles que tomaram refúgio, é uma prática excelente. Diz-se que se alguém assiste alguém se prostrando, isso já gera um mérito incomensurável para esta pessoa que está apenas vendo o gesto. Sem falar que purificar os venenos da mente é essencial, e a prostração é um bom método. Sustentar a visualização e a mente de refúgio durante um número grande de prostrações é também uma prática de concentração. Reconhecer a vacuidade nas formas dos objetos de refúgio e daquele que se refugia é uma prática de "insight". Assim, a prostração em si é uma prática completa. E mesmo que uma pessoa tenha como prática apenas a prostração ela pode alcançar o resultado último. Após as prostrações, sentamos para praticar ou ouvir ensinamentos, e em alguns casos há instruções sobre dissolver o campo de mérito em nós mesmos, reconhecendo a inseparatividade entre o temporal que se prostra e o atemporal reverenciado. Sua Santidade, o Dalai Lama, com setenta anos de idade, ainda faz 300 prostrações por dia. Fazendo-se 300 por dia, é possível completar 100 mil num ano. Então não são tantas assim. Com 100 por dia, 3 anos. E algumas pessoas ainda pagam academia! Conheço uma pessoa que completou 100.000 em dois meses. O importante é sempre fazer um pouco, mesmo 27 ou 7 por dia, ao longo de 10 ou 40 anos, acumulam 100.000. Realmente esperamos nos iluminar em 10 ou 40 anos, para que não precisemos mais praticar esse compromisso mínimo, que leva menos de 5 minutos por dia? As pessoas fazem mais rápido porque entendem a impermanência e sabem que podem morrer antes da próxima inspiração! 65 anos de prática do Dalai Lama com certeza já conta com milhões de prostrações, e, pasmem, nesta que é a 14a vida que ele recebe o nome de "Dalai Lama!" De fato, o número de 100.000 é arbitrário, e é o MÍNIMO, na tradição tibetana, para considerar-se que a pessoa realmente sustentou algum compromisso com o dharma. Esse é um número em particular ligado a tradição tibetana, e certos mestres requisitam essa prova mínima de comprometimento para concederem certos ensinamentos porque crêem que isso em alguns casos cria a receptividade e o mérito necessário para podermos entendê-los. Em geral não são apenas 100.000 prostrações, as prostrações são uma das acumulações numa prática que envolve outras etapas. Pelo menos 80 brasileiros já completaram estas acumulações, no Brasil, e provavelmente são muito mais. Conheço pessoas que realmente trabalham e tem filhos e vão ao cinema que completaram esta acumulação em menos de um ano. Por outro lado, algumas pessoas terminam estas acumulações e acham que então podem descansar. Não é o caso. O carma das pessoas é muito vasto e variado. Algumas pessoas podem alcançar grandes resultados com pouquíssima prática, mas ainda assim provavelmente ainda faltará algo, então não é motivo para parar enquanto não somos completamente iluminados. Por outro lado, outras pessoas fazem muita prática e obtém pouco resultado, nesse caso mais ainda elas devem praticar, se elas realmente entendem que o samsara é sofrimento, e que o Buda ensinou métodos efetivos... Caso a pessoa tenha impedimentos físicos reais de fazer prostrações, ela pode pedir a seu professor por alguma prática substituta. Algumas tradições budistas não enfatizam tanto as prostrações como o budismo tibetano, mas em todas elas as prostrações existem e podem ser feitas, sem dúvida com benefícios.

Mil Budas

Dudjom Lingpa
"Até que a sucessão de mil Budas da Era Afortunada chegue ao fim, que minhas emanações possam surgir sem interrupção realizando vastos benefícios para todos os seres a serem domados."

O Senhor dos Yoguis, Nüdan Dordje, primeira aparição de Dudjom Lingpa nessa terra. A chamada Era Afortunada é esta era em que o Buda Shakyamuni surgiu na terra.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Our tendency to reflect off each other - Nossa tendência para refletir um no outro - Ani Zamba Chozön


Monday, June 22nd, 2009 - 16:16
Dear friends, I’d just like to thank you all for your friendship and support over the years thru all our ups and downs we’ve been around for each other. That’s something quite rare and special to be able to appreciate that we’re all on a path that will take us thru many twists and turns and that these may not always be so comfortable, may not always be the way we would like things to be. Sometimes when things are not going the way we would like, it can be more valuable than having things the way we want. Those times act as a challenge for us to see our own tendencies and reactions more clearly. These times help to reflect more clearly how we construct our own experiences. Today as per usual I hear myself keep repeating the same old thing as a constant reminder-ALL our experience no matter what it might be, is constructed by our own mental processes - if we like something, if we don’t-if we think something is beautiful or ugly, right or wrong-the way you see me, the way I see you, as soon as we form a judgement, give anything a value of any kind, give substance and content to any phenomena through our mental tendencies towards fabrication, believing that whatever it is actually truly exists in that particular way from the side of the object. Watch out! When we hold the belief that whatever exists, can exist Independent of our mental fabrication, can just be the way we think it is from its own side then somehow we’ve lost track of the path. Why? Because the path is about connecting with the true nature of phenomena beyond mental fabrication, so no matter what might be arising to our consciousness entering thru our eyes and ears and nose tongue or tactile sensations. Remember that all the information that enters thru our 5 sense consciousnesses is completely neutral, you do not hear good or bad sounds, you do not have good or bad visual contact, smell good or bad smells taste good or bad through the tongue. So then what’s telling you that something is good or bad or neither good nor bad - what’s telling you that a particular situation or person or event is a certain way with specific characteristics such as good, bad , right and wrong, if you care to observe you’ll see that what’s telling you is your own mental consciousness your own conceptual mind-that’s learnt names and labels, value and judgement systems. The speed of the mechanism of our own mental processes is moving so fast that whatever appears to our perception appears as if it is unchanging solid/continuous and substantial full of content and value, self-existing from its own side. If this is the way we perceive things the fact might be we’re in complete denial of the true nature of the phenomena- it’s as if we’re trying to maintain the belief that the movie just exists on that screen independent of any projector. It seems that the movie itself is NOT just composed of empty appearances arising on an empty screen. The way we see at present is as if those appearances really have substance, they really have the intrinsic quality of sadness,of being happy, irritating, angry, desirable, fearsome whatever value WE wish to give them or however we identify with them, that’s how they will appear to us, as if they really exist the way we think they do. So what happens when something occurs to change our attitude towards the seeming object, notice when our attitude changes the appearance of the object also changes, it may put a few cracks in the seemingly solid appearance of what we held to be true previously. This may present the possibility of opening us to another way of seeing that doesn’t constantly need to invest in everything being something desireable or threatening, that doesn’t constantly need to identify with the movement of the change as having some substance or value in order to give one a false sense of false security and the impression of some entity called “I” exists.This sense seems to arise as I am something that exists because there is desire, there is fear and all the other feelings/mental factors (actually classified as 51 mental factors that arise as filters to distort our perception. Thus I’m angry, tired bored, fearful, happy, dissatisfied, envious, irritated and on and on...... Interesting how we identify with feelings, not just simply as fear or insecurity but ‘my fear, my insecurity’’I’m angry, I’m frustrated-you’re threatening me- always the need to possess the feelings as ‘mine’ as ‘me’ as ‘I’-this is how ‘I’ feel, you hurt ‘my feelings’ it’s just a habit that comes from attachment to an idea of some self existing entity called ‘I’ something that exists independent of any conditions which if we examine is totally not true Our idea of ‘I” is just a name for many constantly changing conditions being frozen in time and space. So either we see the truth or not. Seeing the interdependency of all the conditions is also seeing the emptiness of phenomena and correspondingly seeing the emptiness of self. Seeing that when you strip away all the mental fabrication what reveals itself is our nature and the nature of phenomena. Even if we do not realize completely now, we should have a strong aspiration to realize this as this is the only way we can be free and awake to our own nature.We may have heard all this many times, but as we know when it comes to living our daily lives then the speed with which we tend to react seems to leave us no space to see things clearly. Programmed to react in certain ways when certain stimulus arises-those trigger buttons we all have them. We can test this out when we really like something or dislike something its as if these filters seem even more dense-they really act to blind us, it’s as if we really don’t want to see the truth-we’re going to ignore the truth, so then these filters have the power to distort our perception big time, making us believe that the object that we perceive is truly the cause of our desire or the cause of our anger-so then we have to have it, or get rid of it as the case maybe-This is a mechanism that perpetuates itself in order for us to feel good about ourselves and to maintain our comfort zone We will fight tooth and dagger to maintain the illusion that our desires and conflicts are based on external objects, because basically we’re not so sure as to whether the cause of the desire or conflict is arising from something internal or external. This arises from not knowing what is real and what is not. This is the problem of this idea of ego. We’re not just working with ego but ego’s projections. When ego began, its projections also began. When we see the transient, transparent nature of our projections then we will correspondingly see the transient transparent nature of the idea of self. Those of us who maybe in some teacher/student relationship know the famous phrase that depicts this relationship so well. The teacher is like the fire you need to be close enough to keep warm but if you get too close you’ll get burnt.Most of us do not want to really get the habits of our ego psychology weakened and eventually terminated because we believe we would not be able to function without them. So intellectually it seems like a nice idea but emotionally we cling on to our habits That’s because we do not appreciate the possibility of another way of seeing that expresses itself beyond the usual limitations that we impose by our attachment and identification to reference points. We’re habituated to believe in these reference points as actual entities, here and there, inside and outside you and me and so on. It seems that all our appreciation or acknowledgement of relative truth goes out the window...... Relative to what????? To certain conditions that make phenomena appear a certain way to us in relationship to those conditions. When we take some of the conditions away or change the conditions what happens? Examine and you’ll see that the basis for our experience of whatever it maybe- falls apart. Without previous causes and conditions we cannot have the result of our present experience- it’s impossible. So then why not try to understand what kind of conditions, psychological conditions produce what kind of experiential results –this is what we call “perception” The path is about how to free ourselves from all the conditioning factors that result in our dualistic vision as fundamentally it’s that which perpetuates our confused way of seeing and the way interact with the illusory appearances of the phenomenal world.We’ve been given so many tools to help us work with our psychological make-up. It’s really up to us personally, if we want to use these tools or not. That depends on whether we value the awakened way of seeing as the source of Liberation or not and whether we truly want to be free........love to you all. AZ.

2ª feira, 22 de junho de 2009 – 16:16h.
Queridos amigos,
queria agradecer a todos pela amizade e pelo apoio através de todos estes anos e também pelos momentos bons e ruins em que estivemos juntos para ajudar. Isto é uma coisa muito rara e especial: ser capaz de valorizar que estamos todos no caminho que nos levará por muitas reviravoltas e que isto pode não ser muito confortável, pode não ser do modo que gostaríamos que as coisas fossem, mas, às vezes, quando as coisas não estão indo do jeito que gostaríamos, elas podem ser mais valiosas do que ter as coisas do jeito que queremos. Estes momentos agem como um desafio para que possamos ver nossas tendências e reações mais claramente. Eles nos ajudam a refletir mais claramente sobre como construímos nossas experiências. Hoje, como sempre, eu me peguei falando para mim mesma aquela mesma coisa como um lembrete constante: todas as nossas experiências, não importa quais sejam, são construídas pelo nosso próprio processo mental. Se gostamos ou não de alguma coisa, se achamos algo bonito ou feio, certo ou errado, como vocês me vêem, como eu vejo vocês, assim que fazemos julgamentos, damos um valor ou qualidade a alguma coisa, damos substância e conteúdo a qualquer fenômeno através de nossas tendências mentais em direção à fabricação acreditando que, seja o que for, aquilo existe de verdade daquele modo em particular por parte do objeto. Cuidado! Quando nos apegamos à crença de que o que quer que exista pode existir independentemente da nossa fabricação mental, pode apenas ser o modo através do qual pensamos que é por parte nós mesmos, então, nos perdemos no caminho. Por quê? Porque o caminho está calcado sobre se conectar com a natureza verdadeira dos fenômenos além da construção mental. Então, não importa o que nos entra pelos olhos, ouvidos, nariz, língua (paladar) ou tato. Lembrem-se que toda informação que entra pelos cinco sentidos é completamente neutra. Vocês não escutam sons ruins ou bons, sentem sabores ruins ou bons. O que está dizendo a vocês que uma coisa é boa ou ruim, o que está dizendo que uma situação, uma pessoa ou um acontecimento é de determinada forma com características específicas tais como bom e ruim, se vocês tiverem o cuidado de observar, verão que o que está dizendo isto a vocês é a sua própria consciência mental, sua mente conceitual que aprendeu sistemas de nomes e rótulos, valores e julgamentos. A velocidade do mecanismo do nosso processo mental move-se tão rápido que, o que quer que apareça à nossa percepção, aparece como se fosse imutável, sólido, contínuo, substancial, cheio de conteúdo e valor, auto-existente por si mesmo. Se esta é a maneira que percebemos as coisas, o fato deve estar em que estamos em completa negação da verdadeira natureza dos fenômenos. É como se estivéssemos tentando manter a crença de que o filme só existe na tela independentemente de qualquer projetor. Parece que o próprio filme NÃO é só composto de aparências vazias surgindo numa tela vazia. O modo que vemos agora é como estas aparências realmente tem substância, realmente tem a qualidade intrínseca da tristeza, felicidade, irritação, raiva, desejo, medo, qualquer valor que NÓS queiramos dar a elas. Como nos identificarmos com elas é assim que elas aparecerão para nós como se realmente existissem da maneira que pensamos que aparecem. Então, o que ocorre quando alguma coisa muda nossa atitude em relação ao aparente objeto? Notem que quando nossa atitude muda, a nossa aparência e a do objeto também mudam. Podem aparecer algumas falhas na aparente solidez da aparência que tínhamos como verdadeira anteriormente. Isto pode apresentar uma possibilidade de nos abrir para um outro modo de ver que não precisa investir em tudo senão como algo desejável e ameaçador, que não precisa identificar-se com o movimento das mudanças como tendo alguma substância ou valor a fim de dar um falso sentido ou segurança e a impressão de que alguma entidade chamada “eu” existe. Porque há desejo, medo e todos os outros sentimentos/fatores mentais, na verdade são classificados como cinquenta e um fatores mentais que aparecem como filtros para distorcer a nossa percepção. Então, fico com raiva, cansado, entediado, com medo, satisfeito, insatisfeito, com inveja, irritado e por aí vai. É interessante como nos identificamos com os sentimentos não só simplesmente medo e insegurança, mas, “meu medo e minha insegurança, eu estou com raiva, frustrado, você está me ameaçando” – sempre com a necessidade de possuir os sentimentos como “meu”, “eu”, “me” – é assim que “eu me” sinto, você fere “meus” sentimentos – é só um hábito que vem do apego, uma idéia de uma entidade auto existente chamada “eu”, alguma coisa que existe independente de qualquer condição que, se a examinarmos bem, é totalmente falsa. Nossa idéia de “eu” é apenas um nome para condições constantemente mutáveis sendo congeladas no tempo e no espaço. Então, ou vemos a verdade, ou não. Ver a interdependência de todas as condições também é ver a vacuidade do fenômeno e, correspondentemente, ver a vacuidade do eu (self). Ver que quando se destrincha toda a fabricação mental, o que se revela é a nossa natureza e a natureza dos fenômenos. Mesmo que não compreendamos isto agora, devemos ter uma forte aspiração para realizar isto, pois é a única maneira pela qual podemos ser livres e despertos para a nossa própria natureza. Podemos ter ouvido muitas vezes, mas quando sabemos, isto passa a fazer parte da nossa vida diária. Então, a velocidade com a qual tendemos a reagir parece não nos deixar nenhum espaço para ver as coisas claramente, programados para reagir de determinadas formas quando certos estímulos surgem – aqueles botões de gatilho que todos temos. Podemos testar isto quando gostamos ou não gostamos de alguma coisa. É como se estes filtros parecessem mais densos. Eles realmente agem para nos cegar, como se não quiséssemos mesmo ver a verdade. Nós ignoramos a verdade e então estes filtros têm o poder de distorcer nossa percepção fazendo com que acreditemos que o objeto que percebemos seja realmente a causa de nosso desejo ou a causa da nossa raiva. Então, temos que o possuir ou nos livrar dele se for o caso. Este é um mecanismo que se perpetua a fim de que nos sintamos bem em relação a nós mesmos, para mantermos a nossa zona de conforto. Lutaremos com unhas e dentes para manter a ilusão de que nossos desejos e conflitos sejam baseados em objetos externos porque, basicamente, não estamos tão seguros de que a causa do desejo ou do conflito surge de alguma coisa interna ou externa. Isso surge do não saber o que é real e do que não é. Este é o problema desta idéia do ego. Não estamos trabalhando com o ego, mas com as projeções dele. Quando o ego começa, as suas projeções também dão início. Quando vemos a transição, a natureza translúcida de nossas projeções, então veremos a natureza transiente e transparente da idéia e do ego (self). Talvez, numa relação professor/aluno, alguns de nós conhecem a frase que descreve essa relação tão bem: o professor é como o fogo e precisamos ficar o mais perto possível para nos aquecer, mas, se ficarmos perto demais, podemos nos queimar. A maioria de nós não quer mesmo ter os hábitos da nossa psicologia do ego enfraquecido e, eventualmente exterminados porque acreditamos que não poderíamos ser capazes de funcionar sem eles. Então, intelectualmente, parece uma boa idéia, mas emocionalmente nos agarramos aos nossos hábitos. Isto porque não nos agrada a possibilidade de outro modo de ver que se expressa além das limitações usuais que impomos pelo nosso apego e identificação para pontos de referência. Estamos habituados a acreditar nestes pontos de referência como entidades verdadeiras, aqui e ali, dentro e fora de nós e daí por diante. Parece que todo o nosso apego ou reconhecimento da verdade relativa sai pela janela. Relativo a quê????? A certas condições que fazem os fenômenos aparecerem para nós de certa forma em relação a estas condições. Quando tiramos algumas condições ou mudamos as condições, o que acontece? Examinem e verão que a base para a nossa experiência, seja ela qual for, cairá por terra. Sem causas e condições prévias não podemos ter o resultado de nossa experiência atual. É impossível. Então, porque não tentar compreender que tipos de condições psicológicas produzem que tipo de resultado experiencial - isto é o que chamamos de “percepção”. O caminho está em como libertar-nos de todos os fatores condicionais que resultam em nossa visão dualística, pois fundamentalmente é o que perpetua nosso confuso modo de ver e o modo que interage com as experiências ilusórias do mundo dos fenômenos. Recebemos tantas ferramentas para nos ajudar com nossa maquiagem psicológica. Realmente, cabe pessoalmente a nós decidir se queremos usar estas ferramentas ou não. Isto depende se valorizamos a maneira de ver o despertar como a fonte de liberação ou não, se realmente queremos ser livres...
Amor para vocês.
Ani Zamba.