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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Estabelecendo a motivação e desestagnando os ventos internos.

 
Manjushri

Estabeleça sua motivação para fazer a prática. Nos veículos Mahayana e Vajrayana, a intenção fundamental de quem pratica é a aspiração de superarmos a ignorância raiz que origina o sofrimento, seguindo pelo caminho do bodisatva até o estado búdico final para que assim possamos aliviar o sofrimento de todos os seres sencientes, liberando-os da existência samsárica. Na condição que ora nos encontramos, isso não nos é possível. Ao removermos os obscurecimentos que encobrem a verdadeira natureza de nossa mente, a capacidade de trazermos benefícios aos outros seres aumenta além de qualquer medida. Ao praticar agora, comece pela aspiração de que, não apenas você, mas todos os outros seres, venham a encontrar a liberação das dores do Samsara, de que todos venham a alcançar a realização última da deidade eleita e vivenciar diretamente a felicidade insuperável da consciência pura e compaixão radiante que nada mais é que a nossa própria natureza búdica.

Iniciamos a purificação do nosso corpo através da visualização das respirações. Ao inspirar, visualize-se diante de todos os budas e bodisatvas recebendo suas bênçãos. Inale profundamente e expire pela narina esquerda toda a negatividade causada pela raiva acumulada em incontáveis eras como uma fumaça de cor vermelha para bem mais distante do que cem mil oceanos. Novamente, inspire e exale pela narina esquerda toda a negatividade causada pelo desejo e apego como uma fumaça de cor cinza. Finalmente, inale e expire pelas duas narinas purificando-se de todo o mal causado pela ignorância-raiz como uma fumaça extremamente negra que sai do interior de todo o seu corpo. As fumaças são cortadas pela espada de sabedoria de Manjushri e queimadas pelo fogo da sabedoria última.




Visualize em sua testa uma luz branca e o mantra sagrado OM. Em sua garganta, visualize uma luz vermelha e o mantra AH e em seu coração, uma luz azul e o mantra sagrado HUNG. Inspire e exale falando os mantras OM AH HUNG por três vezes. Depois, descanse a mente por uns instantes antes de iniciar a prática.
OM AH HUNG

Os Sete Gestos de Vairokana

Sente-se de forma confortável na postura corporal dos sete gestos de Vairocana: com as pernas cuzadas, descanse as mãos sobre os joelhos, com as palmas voltadas para baixo liberando a tensão dos braços e dos ombros. Mantenha a coluna ereta, sem rigidez, levando os ombros para trás. Incline levemente o queixo para baixo. Os olhos ficam semicerrados, nada focalizando em particular, direcionados na linha que forma a continuação do nariz. A boca fica entreaberta, com o maxilar descontraído, esboçando discreto sorrido. A ponta da língua toca o palato atrás da linha dos dentes superiores. Não permita que haja qualquer ponto de tensão ou desconforto em seu corpo. Sente-se de forma absolutamente confortável, mas digna, bela e majestosa como a de um buda.

Livros em português de Pema Chodrön

  

"Há anos os livros de Pema Chödrön tem oferecido aos leitores um novo mode de viver: desenvolver a ausência de medo, a generosidade e a compaixão em todos os aspectos de suas vidas. Neste novo livro, ela convida os leitores a se aventurarem um pouco mais no caminho do 'guerreiro bodisatva', explicando em profundidade como podemos despertar a suavidade em nossos corações e desenvolver a confiança verdadeira em meio aos desafios da vida diária. Em 'Sem Tempo a Perder' Chödrön revela os ensinamentos tradicionais budistas que guiam a sua própria vida: O Caminho do Bodhisattva (Bodhicharyavatara), um texto escrito no século VIII pelo sábio Shantideva. Este magnífico trabalho budista é extremamente relevante para a nossa época ao descrever os passos que podemos dar ao cultivar a coragem, a solicitude e a alegria - as chaves para nos curar e ao nosso mundo atribulado. Chödrön nos oferece um comentário altamente prático e atraente sobre este texto essencial, explicando como os seus ensinamentos profundos podem ser aplicados em nossas vidas diárias. Repleto de histórias esclarecedoras e exercícios práticos, este guia diferente  e acessível nos mostra que o caminho do bodhisatva está aberto para cada um de nós. Pema Chödrön nos incita a embarcar neste caminho transformador agora ao escrever: 'Não há tempo a perder - mas não se preocupem, n´s conseguiremos.'"
Cópia do texto da orelha do livro "Sem Tempo a Perder".

Atenção: Eu não ganho nada financeiro ou monetário ao recomendar determinados livros. Faço isso de minha própria vontade porque eles me ajudaram e acredito que a leitura deles possa ajudar aos seguidores do meu blog. Tashi delek!
 
Pema Chödrön é uma monja budista americana na linhagem de Chögyam Trumgpa, o renomado mestre de meditação tibetana.
É professora residente na Abadia de Gampo, Cape Breton, Nova Escócia, o primeiro monastério budista na América do Norte estabelecido para ocidentais.

- O CANTO DAS QUATRO INCOMENSURÁVEIS -

Que todos os seres sensíveis gozem da felicidade e da raiz da felicidade.
Que estejamos libertos do sofrimento e da raiz do sofrimento.
Que não estejamos apartados da grande felicidade destituída de sofrimento.
Que vivamos na grande equanimidade, livres da paixão, da agressão e do preconceito.

Depende de nós. Podemos passar nossa vida cultivando nossos ressentimentos e anseios ou podemos explorar o caminho do guerreiro – alimentando o desenvolvimento da mente aberta e da coragem. A maioria vive reforçando seus hábitos negativos e, assim, planta as sementes do próprio sofrimento. As práticas do boddhicitta[1], no entanto, são maneiras de plantar as sementes do bem-estar. As práticas de aspiração das quatro qualidades ilimitadas – bondade amorosa, compaixão, júbilo e equanimidade – são especialmente poderosas.
Nessas práticas, começamos próximos de nossa casa: exprimimos o desejo que nós e nossos entes queridos gozemos de felicidade e estejamos livres do sofrimento. Então, gradualmente, ampliamos essa aspiração para incluir um círculo cada vez mais amplo de relacionamentos. Começamos onde estamos, onde sentimos as aspirações como genuínas. Iniciamos por reconhecer onde já sentimos amor, compaixão, júbilo e equanimidade. Localizamos nossa sensação atual dessas quatro qualidades sem fronteiras, por mais limitadas que elas possam estar: em nosso amor pela música, nossa empatia com crianças, na alegria que sentimos ao receber boas notícias ou na equanimidade que sentimos quando estamos entre bons amigos. Mesmo se pensarmos que o que já sentimos é muito pouco, ainda assim, devemos começar com o que temos e alimentar seu desenvolvimento. Não é necessário que seja grandioso.
Cultivar essas quatro qualidades nos garante proteção sobre a nossa experiência atual. Dá-nos compreensão sobre o estado da mente e do coração, no momento presente. Passamos a conhecer os sentimentos de amor, compaixão, júbilo e equanimidade, bem como seus opostos. Aprendemos como alguém se sente quando alguma dessas quatro qualidades está presa e como se sente quando ela está fluindo livremente. Nunca fingimos que sentimos algo que não estamos sentindo. A prática depende da inclusão da totalidade da nossa experiência. Ao nos tornarmos íntimos de como nos fechamos, e de como nos abrimos, despertamos nosso potencial ilimitado.
Apesar de começarmos essa prática desejando que nós mesmos e nossos entes queridos estejamos livres do sofrimento, podemos ter a sensação de estarmos falando algo "da boca para fora". Podemos sentir como falso até mesmo esse desejo compassivo referente aos que nos são mais próximos. Mas, desde que não nos estejamos enganando, esse desejo simulado tem o poder de despertar o boddhicitta1. Apesar de sabermos exatamente o que sentimos, fazemos as aspirações com o objetivo de ultrapassar o que, no momento, nos parece possível. Após praticar para nós mesmos e para os que nos são próximos, vamos mais longe: enviamos boa vontade às pessoas neutras de nossas vidas e, também, às pessoas de quem não gostamos.
Podemos sentir que estamos exagerando e sendo falsos ao dizer, "Que esta pessoa que está me deixando louco goze de felicidade e esteja livre do sofrimento". Provavelmente, o que estamos verdadeiramente sentindo é raiva. Essa prática é como um exercício que força o coração além de suas capacidades atuais. Podemos esperar encontrar resistência. Descobrimos que temos nossos limites: podemos ficar abertos para algumas pessoas, mas permanecemos fechados para outras. Vemos tanto nossa clareza quanto nossa confusão. Estamos aprendendo, em primeira mão, o que qualquer um que tenha trilhado esse caminho já aprendeu: somos todos um paradoxal aglomerado de rico potencial, que consiste tanto em neurose como em sabedoria.
A prática da aspiração é diferente de fazer afirmações. Afirmações são como dizer a você mesmo que você é compassivo e corajoso, para esconder o fato de que, secretamente, você se sente um perdedor. Ao praticar as quatro qualidades ilimitadas, não estamos tentando nos convencer de coisa alguma, nem estamos tentando esconder nossos verdadeiros sentimentos. Estamos expressando nossa vontade de abrir o coração e de nos aproximarmos de nossos medos. A prática da aspiração nos ajuda a fazer isso em relacionamentos cada vez mais difíceis.
Se reconhecermos o amor, a compaixão, o júbilo e a equanimidade que sentimos agora, e os alimentarmos por meio dessas práticas, a expansão dessas qualidades ocorrerá por si só. O despertar das quatro qualidades fornece o calor necessário para que uma força sem limites se manifeste. Elas possuem o poder de afrouxar hábitos inúteis e derreter a rigidez gelada das nossas fixações e defesas. Não estamos nos forçando a sermos bons. Quando vemos o quão frios e agressivos podemos ser, não estamos pedindo que nos arrependamos. Em lugar disso, essas práticas de aspiração desenvolvem nossa capacidade de permanecermos estáveis com nossa experiência, seja ela qual for. Dessa maneira, conseguimos saber a diferença entre uma mente aberta e uma mente fechada, gradualmente desenvolvendo a autoconsciência e a bondade de que necessitamos para podermos beneficiar os outros. Essas práticas desbloqueiam nosso amor e nossa compaixão, nossa alegria e nossa equanimidade, liberando seu ilimitado potencial de expansão.

de "Os Lugares Que Nos Assustam – Um guia para despertar nossa coragem em tempos difíceis" – Pema Chödrön – Editora Sextante – Capítulo 6 – página 51.



[1] Boddhicitta: o sentimento compassivo e determinado de promover somente o bem para todos os seres sem qualquer distinção.

 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tempo de não-visitar

"Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.Ninguém avisava nada, o costume era chegar de pára-quedas mesmo. E os  donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se  apresentando, um por um.
Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia. 
Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... Casa singela e acolhedora. A nossa também era assim. Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo
benfazejo, surgia alguém lá da cozinha - geralmente uma das filhas - e dizia:
Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... Tudo sobre a mesa. Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... Era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... Até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
Vamos marcar uma saída!...  ninguém quer entrar mais. Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.Casas trancadas. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da
 manteiga, dos biscoitos do leite... Que saudade do compadre e da comadre!"

José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa
Departamento de Letras, Artes e Cultura
Universidade Federal de São João del-Rei.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Altar principal do Templo de Budismo Tibetano Chagdud Dawa Drolma

 
Este templo fica no Condomínio Aldeia Cachoeira das Pedras em Casa Branca, município de Brumadinho, a cerca de 30 quilômetros de Belo Horizonte. Pode ser visto no Google Earth nas seguintes coordenadas 20°06'05.81S  44°02'06.96"O  elev. 940m.


Stupa com relíquias de Chagdud Tulku Rinpoche construída por Lama Chimed Rigdzin (na foto)

  
Lateral e fundo do templo. Descendo a escada da mata chega-se ao nosso Lago Ordjien!


Casa do Lama com Ani Zamba descansando.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O que significa "Vajrayana"?

 
OM AH HUNG BEN DZRA GU RU PE MA SI DDHI HUNG
Mantra de Guru Rinpoche, Padmasambava que levou o budismo ao Tibet.

O buddhismo tântrico ou Vajrayāna é a tradição buddhista predominante no Tibet, Nepal, Butão, Mongólia e norte da Índia. Suas práticas enfatizam o uso de visualização, recitação e meditação.
O buddhismo tibetano possuiu quatro escolas — Nyingma, Kagyü, Sakya e Gelug. O Vajrayāna também foi influente na China e no Japão através de duas escolas, a Mi-tsung/Shingon e a T'ien-t'ai/Tendai.
Em sânscrito, uma antiga língua indiana, Vajrayāna signfica Veículo Adamantino ou Indestrutível.
No Japão, o buddhismo esotérico é conhecido como Mikkyō ou Ensinamento Secreto.
Para maiores informações visite o site http://www.dharmanet.com.br/vajrayana/vajrayana.htm

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Muralhas


"Pela infalível lei da impermanência às muralhas: da intolerância, da ignorância, das diferenças sociais, dos conflitos étnicos, das guerras comerciais, da indigência política, da segregação racial, do abuso compulsivo às minorias, do abuso de poder, das injustiças que devastam o planeta, das obstruções obscenas à educação e à cultura, da falta de liberdade de expressão, dos abusos de menores, da violência às mulheres, da falta de cuidados médicos, da política como instrumento de enriquecimento, do desamparo aos idosos, das máscaras governamentais, das soberbas quantidades de dinheiro para armas que exterminam inocentes, dos racismos institucionais, da falta de valor pela vida humana, das bárbaras matanças dos animais, da destruição da fauna e da flora, das contaminações dos mares, rios e atmosfera! Devemos restituir a prática do bem para derrubar todas estas muralhas que impedem a evolução da espécie humana como seres livres num estado de direito pleno e democrático onde a justiça seja apreciada em todos os átomos de todas as coisas tal qual a própria ordem natural do universo."

Paz! Karma Tenzin.

Reincarnação (yangsi) de Chagdud Tulku Rinpoche!


Querida sangha! É com grande alegria que comunicamos que Jigme Tromge Rinpoche, durante as comemorações do Losar, anunciou o reconhecimento do tulku de Chagdud Rinpoche. Informamos que, até nova comunicação, passaremos a fazer a prece de longa vida escrita por Jigme Rinpoche, no lugar da prece de pronto renascimento.

Clique aqui
para baixar a prece em formato PDF e mais informações.

Prece para a longa vida do yangsi de Chagdud Tulku Rinpoche

TCHI ME KU NYE PE MA SAM BA UA

TSA SUM RAB DJAM TCHEN TSE NÜ PA YI

GAR DJI UANG TCHUG TCHOG GUI TRUL PE KU

KU TSE TEN TCHING DZE TRIN TAR TCHIN SHOG

Padmasambava, que alcançou o kaya da imortalidade: por meio do conhecimento, do amor e do poder da assembléia infinita das Três Raízes, que a emanação suprema do poderoso Senhor da Dança tenha uma vida estável e leve suas atividades iluminadas à perfeita consumação.

Na ocasião auspiciosa do Losar do ano do tigre de metal, Jigme Tromge Rinpoche fez pequenas modificações na prece de longa vida de Chagdud Rinpoche (1930-2002), escrita por S.S. Dilgo Khyentse, adaptando-a para o yangsi de Chagdud Rinpoche.

TAKING THE LEAP – PEMA CHÖDRÖN – Freeing ourselves from old habits and fears. Dando o Salto – Libertando-nos dos velhos hábitos e dos medos.

ALIMENTANDO O LOBO CERTO

Como seres humanos, temos o potencial de nos desemaranhar dos velhos hábitos e o potencial de amar e cuidar dos outros. Temos a capacidade de acordar e viver conscientemente, mas, como vocês já devem ter notado, também temos uma forte inclinação para ficarmos adormecidos. É como se estivéssemos numa encruzilhada continuamente escolhendo qual caminho tomar. De um momento para o outro podemos escolher ir para a claridade e a felicidade ou para a confusão e a dor.

A fim de fazer esta escolha habilidosamente, muitos de nós saímos em busca de vários tipos de práticas espirituais desejando que nossas vidas vão melhorar e encontrar a força para lidar com nossas dificuldades. Mesmo nessas horas parece crucial que tenhamos em mente o contexto mais sábio no qual fazemos escolhas de como viver: este é o contexto no qual está nosso querido planeta e a condição de pedra e rocha em que ele se encontra.

Para muitos, a prática espiritual representa uma forma de relaxar e de alcançar paz de espírito. Queremos ficar mais calmos, mais focados; e, com esta vida frenética e estressante, quem pode nos culpar? No entanto, temos a responsabilidade de pensar mais intensamente do que nesses tempos. Se a prática espiritual é relaxante, nos dá paz de espírito, isso é ótimo – mas será que esta satisfação pessoal está nos ajudando a nos dirigir ao que está acontecendo no mundo? A pergunta é: estamos vivendo de uma maneira que aumenta a agressão e o que nos faz auto centrados ou estamos contribuindo com uma sanidade mais do que necessária?

Muitos de nós nos sentimos muito preocupados com o que está acontecendo no mundo. Eu sei quão sinceramente as pessoas desejam que as coisas mudem e que os seres de todos os lugares fiquem livres do sofrimento. Mas, se formos honestos, temos alguma ideia de como colocar esta aspiração em prática quando acontece nas nossas próprias vidas? Temos alguma clareza de como nossas palavras e ações podem estar causando sofrimento? Estas sempre foram questões importantes, mas elas são muito mais nos dias de hoje. Esta é uma época em que nos desenredarmos tem muito mais a ver do que nossa própria felicidade.

Trabalhar em nós mesmos e nos tornarmos mais conscientes sobre nossas mentes e emoções pode ser a única maneira para encontrarmos soluções para o bem-estar de todos os seres e a sobrevivência da própria Terra.

Tem uma estória que foi muito divulgada alguns dias depois do 11de setembro de 2001 que ilustra bem o nosso dilema. Um avô nativo americano falava com seu neto sobre a violência e a crueldade no mundo e como elas surgiam. Ele contava que, dentro do seu coração, havia dois lobos lutando. Um lobo era vingativo e feroz e o outro era compreensivo e manso. O jovem perguntou ao avô qual lobo ganhou a luta dentro do coração dele. O avô respondeu, “Aquele que vencer será o que eu escolher alimentar.”

Assim, este é o nosso desafio, o desafio para a prática espiritual e o desafio para o mundo – como podemos treinar agora, não depois, como alimentar o lobo correto? Como podemos buscar a nossa inteligência inata para ver o que ajuda e o que fere, o que leva á agressão e o que oculta a nossa bondade de coração? Com a economia global caótica e o meio-ambiente do planeta em risco, com a guerra assolando e o sofrimento aumentando é hora de cada um de nós em nossas próprias vidas dar um salto e fazer qualquer coisa que pudermos para ajudar a mudar as coisas à nossa volta. Mesmo o menor gesto para alimentar o lobo certo ajudará. Agora, mais do que nunca, estamos nisso juntos.

Dar o salto é fazer um compromisso conosco e com a terra – fazer um compromisso de deixar para trás os rancores, não abandonar pessoas, situações e emoções que nos deixam desconfortáveis, não nos agarrarmos aos nossos medos, às nossas mentes fechadas, nossa dureza de coração, nossa hesitação. Agora é a hora de desenvolver confiança na nossa bondade básica e na bondade básica de nossos irmãos e irmãs desta Terra; hora de desenvolver a fé na nossa habilidade de abandonar nossas velhas maneiras de ficarmos parados e escolher sabiamente. Nós podemos fazer isso aqui e agora.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Taking the Leap: Freeing Ourselves from Old Habits and Fears (978-1-59030-634-5) - Taking the Leap

Taking the Leap: Freeing Ourselves from Old Habits and Fears (978-1-59030-634-5) - Taking the Leap

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Danças Sagradas Tibetanas após os retiros de Vajrakillaia


As danças do budismo tibetano expressam energias sagradas por meio da meditação e do movimento. Especificamente no período do Lösar, o ano novo tibetano, as danças são realizadas para evitar que qualquer escuridão, distúrbios ou energias negativas do ano que passou sejam levados para o ano seguinte. Realizadas com máscaras e roupas esplêndidas, elas celebram a aspiração de que a paz e a harmonia aumentem para todos os seres. O ano que se inicia a 14 de fevereiro é o de 2137, Ano do Tigre de Ferro ou Metal, de acordo com o calendário tibetano. Essa é uma cerimônia tradicional atraindo moradores de toda a região, adeptos e simpatizantes do budismo de todo o Brasil para juntos comemorarmos a entrada do novo ano.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Saber morrer, saber viver!

"Compreenderás que esta é a mais útil das ciências e que se adianta a todas as demais, pois com ela se aprende a morrer. Saber que morrerá, isto é comum a todos os homens; da mesma forma que não há homem que possa viver para sempre, tenha ele esperança ou confiança nisso, mas encontrarás bem poucos que tem essa habilidade de morrer... Eu te revelarei o mistério dessa doutrina; a qual muito te beneficiará para o início da saúde espiritual e para uma estável fundamentação de todas as virtudes."
Orologium Sapientiae

"Contra a sua vontade ele morreu porque não aprendeu a morrer. Aprende a morrer e aprenderás a viver, pois ninguém aprenderá a viver se não houver aprendido a morrer."
"A Viagem de Todas as Viagens: Ensina o Homem a Morrer", Livro da Arte de Morrer.

"Tudo que existe aqui, existe lá; o que existe lá, existe aqui. Aquele que estranha o aqui, encontra morte após morte. Isso só pode ser compreendido através da mente e, então, não haverá mais estranheza aqui. Aquele que estranha o aqui vai de morte em morte."
Katha-Upanishad, IV, 10-11 (Tradução inglesa de Swami Sharvananda.)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Milky - 29 de março de 1995/ 28 de janeiro de 2010

 Milky
Uma cachorrinha que passa quase quinze anos com a gente, fazendo companhia nas horas alegres e tristes, demonstrando uma felicidade e um companheirismo sem distinção e um amor incondicional deve ter pelo menos uma pequena homenagem. Resolvi gravá-la no meu blog.

Que você esteja em boas mãos, minha querida Milky! Que, como diz minha amiga Ju, você renasça  com duas pernas em vez de quatro e, como um ser humano possa praticar o Dharma. Afinal, todas as vezes em que você me via sentada em lótus meditando, você vinha de mansinho, sentava-se ao meu lado ou no meu colo e só saía quando eu terminava fazendo uma companhia silenciosa e respeitosa.

Obrigada pelos momentos felizes. Desculpe-nos pelos percalços. Se não fizemos tudo o que podíamos, fizemos o que achávamos possível e com boa motivação. Fique em paz!

OM MANI PEME HUNG

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

OM MA NI PE ME HUNG - HRIH



Avalokiteshvara (em sânscrito) ou Tchenrezig (em tibetano) é como a lua cuja luz refrescante apaga os fogos ardentes do samsara. Em seus raios o lótus noturno da compaixão abre todas as suas pétalas.

A recitação de seu mantra transforma o orgulho, o ciúme, o desejo, a ignorância e a raiva na verdadeira natureza de cada um deles: as sabedorias das seis famílias búdicas que se tornam manifestas na mente iluminada. Assim, quando o recitamos, as seis emoções são purificadas. Desse modo, recitar suas seis sílabas previne os renascimento em cada um dos Seis Reinos e também dissolve o sofrimento inerente de cada reino.

Ao mesmo tempo, sua recitação purifica os agregados do ego - os skandhas - e aperfeiçoa as Seis Paramitas ou Seis Perfeições: generosidade, conduta harmoniosa, perseverança, entusiasmo, concentração e visão interior. Assegura forte proteção contra todo tipo de influência negativa e várias formas diferentes de doenças.

A "sílaba-semente" HRIH é o catalisador que ativa a compaixão dos budas para transformar nossas emoções negativas na sua natureza de sabedoria.

Na página 367 do Bardo Thödol diz que "Chenrazi, nome tibetano de Avalokiteshvara em sânscrito é 'Aquele que olha para baixo' personificando a misericórdia e a compaixão. Os Dalai-Lamas são considerados sua encarnação. É representado comonze cabeças e mil braços, cada um com um olho na palma da mmão para indicar sua atenção sempre desperta para atender aos que sofrem. Na China, esta entidade é vista como a deusa Kuan Nyin, deusa da misericórdia, uma deusa com um menino nos braços."

Me lembrou Nossa Senhora com o Menino Jesus... E já falei sobre isso numa postagem anterior, a 28 de novembro de 2008.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Porquê das Bandeiras Tibetanas de Oração


Na história das bandeiras tibetanas de oração é dito que o Buda recitou uma prece e ela foi impressa nas bandeiras de batalha entre dois povos. A paz foi logo restabelecida entre eles. A tradição de oferecer bandeiras de oração ao vento foi introduzida no Tibet no século oitavo por um discípulo do Buda.

Tradicionalmente, as bandeiras são erguidas ao ar livre para que as preces sejam levadas e "recitadas" pelo vento por longas distâncias. Para se saber os dias auspiciosos para que cada um ergue suas bandeiras ver a página www.guessar.com.br/bandeiras_ondequando

É importante que, após serem erguidas, as bandeiras não devam ser removidas até serem trocadas por novas. As bandeiras velhas ou gastas pela ação do tempo deverão ser queimadas e não jogadas fora no lixo comum. Sugere-se que a cada novo ano sejam erguidas novas bandeiras para que se criem uma interdependência com o ano que se inicia. Este ano (2010) é o ano do Tigre de Metal e se inicia a 14 de fevereiro. Sete bandeiras são costuradas em um cordão para serem erguidas ao vento.


Bandeira Lung ta
Nas bandeiras Lung ta ou Cavalo de Vento estão impressas preces, mantras e as figuras de cinco animais que representam as nossas forças interiores.
 
O Garuda significa a nossa coragem, sabedoria e capacidade para enfrentar obstáculos como doenças e situações difíceis.


O Dragão representa a nossa capacidade para aprender e magnetizar através do som e da fala, nosso poder e boa reputação.


O Tigre é a nossa confiança, nossa bondade e modéstia.


O Leão das Neves representa a nossa alegria, nosso contentamento, nossa beleza e nossa mente clara e precisa.
Assim, a bandeira do Cavalo de Vento ou Lung ta representa nossa capacidade de realização, nossa força motivadora que reúne e harmoniza todas as outras. Ao seresm erguidas ao vento, estas bandeiras ativarão e fortalecerão nossas forçasinteriores atraindo boa fortuna e bem-estar. Nossas aspirações e empreendimentos poderão se realizar mais rapidamente.
 
Nas bandeiras de Manjushri, o buda da sabedoria, estão impressas preces, mantras e as imagens desse buda. Ao serem erguidas ao vento, nossa boa reputação, fama e carisma se fortalecerão. Nossa capacidade de lidar de forma positiva com nossos inimigos aumentará e eles poderão ser pacificados. Nossa própria inveja e a inveja dos outros enfraquecerá. Nosso magnetismo através da fala e naossa habilidade para lidar com os obstáculos nos relacionamentos aumentará. Recebemos bênçãos diretas e a proteção de Manjushri.



Tara é o aspecto feminino do buda. Nas suas bandeiras estão impressas preces, mantras e a imagem de Tara Vermelha, a nobre mãe, a veloz salvadora, mãe de todos os budas, também chamados de vitoriosos. Ela é como uma porta aberta para a bem aventurança e o estado desperto definitivo. Quando invocada, as bênçãos de Tara chegam rapidamente. Nossa proteção contra inimigos, ladrões e desastres naturais aumentará, nossa fertilidade crescerá e nossa capacidade de realização e de enfrentar obstáculos será fortalecida.

Os Três Defeitos, as Seis Máculas e os Cinco Modos Errôneos de Reter os Ensinamentos.




Patrul Rinpoche
"Através dos ensinamentos do Dharma, podemos levar todos os seres ao estado búdico perfeito. Então, quando recebemos esses ensinamentos, é essencial que estejamos livres das falhas habituais que poderiam nos impedir de entendê-los claramente – os três defeitos, as seis máculas e os cinco modos errôneos de reter os ensinamentos. De outro modo, estudar os ensinamentos será apenas uma perda de tempo. Por favor, focalize os ensinamentos com atenção consumada e aplique as seis perfeições".

Patrul Rinpoche – The Heart Treasure of The Enlightened Ones – Shambala Editora – 1992  Páginas de 1 a 6.

Os três defeitos:
1.     Não prestar atenção aos ensinamentos;
2.     Esquecê-los;
3.     Ouvi-los com a mente cheia de pensamentos negativos.

As seis máculas:
4.     Ouvir os ensinamentos com orgulho;
5.     sem fé;
6.     indiferente;
7.     distraído;
8.     aborrecido;
9.     desencorajado.

Os cinco modos errôneos de reter os ensinamentos:
1. Lembrar das palavras, mas não dos significados;
2. Lembrar do significado, mas não das palavras;
3. Lembrar de ambos, mas falhar em reconhecer sua intenção verdadeira;
4. Lembrar de ambos, mas confundir a ordem;
5. Lembrar de um significado errado.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Oscar Wilde


"A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre."
"A forma de governo mais adequada ao artista é a ausência de governo. Autoridade sobre ele e sua arte é algo de ridículo."
"A arte, felizmente, ainda não soube encobrir a verdade."

O ego e o bolso - Por Ricardo Botelho


Artistas se suicidam pulando do ego. Já ouvimos essa piada muitas vezes (também contada trocando os artistas pelos argentinos). Se algum sujeito que atua com criação não tiver arrepios ao menor sinal de crítica (interferência) ao seu trabalho, não é o autor da criação. Escritor, Jornalista, Ator, Publicitário, Arquiteto ou Design de Interiores. Tanto faz. Todos sofrem do "mal do ego".
Mas atenção: como esses criadores podem de fato criar (especialmente, coisas novas) se não tiverem convicções que não sucumbam facilmente às intervenções exógenas, nunca estimuladoras? Sim, porque críticas construtivas são raras. Começo a crer que as críticas são feitas por aqueles que, de fato, invejam a obra criticada. Quer dizer: são traídos pelo inconsciente, pois na verdade, odeiam não serem os autores da obra. Assim, criticam destrutivamente.
Quando o crítico é o Cliente, muitas vezes, está embutida na crítica uma tática para reduzir o seu valor. Querem pagar pouco e lançam mão da velha prática de por defeito em tudo. A atmosfera se turva, o artista perde a razão e agride. Lá se vai o Cliente. Ego defendido, mas o bolso...
Sei que existem Clientes que compram o "ego do criador". São cada vez mais raros neste mundo sempre dos espertos. Depois do "pai Google" nada mais é verdade absoluta. Contestamos tudo e a todos. Pergunte aos médicos! Como tudo muda toda hora, a verdade agora é relativa. Por isso, vamos usar o ego com finalidade e momento planejados.
Na relação com o Cliente mostre a sua flexibilidade. Deixe-o à vontade. Convide-o a opinar. Use um tom de voz firme, mas tranqüilo, amistoso. Treine isso no espelho. Controle também suas reações fisionômicas. Pratique da mesma forma. 85% da comunicação é não verbal. O gestual é mais relevante. E a comunicação da face, determinante.
Não contra-ataque quando o Cliente faz uma critica. Calma! Agora é hora de colocar o bolso e não o ego à frente. Diga: "posso atender que você não tenha ficado totalmente feliz com isso, mas por favor, me ajude a compreender melhor a sua posição. Me fale um pouco mais sobre seu sentimento."
Faça isso com expressão positiva. Não emburrada. Treine no espelho.
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domingo, 17 de janeiro de 2010

O que é o Budismo.



O budismo é uma abordagem científica, religiosa, filosófica. É uma tradição, um sistema de psicologia, uma prática espiritual, um método de transformação da mente. Para mim ele é uma atitude perante a vida. Existem milhares de abordagens religiosas, filosóficas e psicológicas para nos ajudar a superar as dores e as dificuldades de nossas existências.

A tradição budista, em especial, nos proporciona muitos guias eficazes a começar pelo próprio Buda que, renunciando a uma vida principesca, tomou de seu corpo e de sua mente e deles fez instrumento para a iluminação, ou seja, para se tornar espiritualmente livre.

A tradição budista abarca um sistema até hoje irrefutável de psicologia e prática espiritual iniciada há cerca de seis séculos a.C. e desenvolvida ao longo de milhares de anos. Para o budismo é extremamente importante a maneira como encaramos as situações da vida diária enriquecendo a tecnologia do despertar com métodos que transformam nossas experiências e emoções com energias criativas aumentando nosso desenvolvimento espiritual e nos conduzindo aos mais elevados estados de consciência.É uma abordagem científica do trabalho que salienta a autoconsciência crítica nos levando a realizar todas as lições e conselhos espirituais à luz de nossa própria experiência e observação.

No budismo a compreensão apenas como exercício intelectual não tem o menor valor a não ser que ela  transforme nossa vida. Não é aprendizado e sim o reconhecimento da natureza da realidade o que nos leva ao ponto de vista de que o sofrimento existe porque somos ignorantes - no sentido de que já temos uma natureza pura e não sabemos - porque temos medo e necessidades. Assim condicionados, acreditamos que o alívio jaz fora de nós mesmos ignorando que a paz está dentro de nós. Se estamos onde estamos, fomos nós e não os outros que nos colocaram neste lugar. Logo, cabe a nós e a mais ninguém nos tirar desta situação.

O Buda foi um sábio e um terapeuta para a mente e não um pregador religioso. Ele não foi um profeta, um messias. Não fundou nenhum credo ou religião. É atribuída ao Buda a afirmação de que não devemos aceitar algo porque é acreditado por muitas pessoas ou porque vem de algum livro. Ele estimulava o uso da própria compreensão, do discernimento após ponderação cuidadosa.

A questão é que o que quer que alguém esteja tentando aprender, énecessário que tenha a experiência de modo direto em vez de extraí-la de livros ou de mestres ou apenas com a adaptação a um padrão já estabelecido. O Buda se propôs a não aceitar nada que não tivesse primeiro descoberto por si mesmo. Não se trata da tentativa de obter ajuda de nenhuma outra pessoa, mas sim de descobrir por si próprio.

Todos estes conceitos, ideias, esperanças, receios, emoções e conclusões são criados a partir de nosso pensamentos especulativos, das nossas heranças psicológicas, da nossa educação e assim por diante. Tendemos apenas a colocá-los todos juntos, o que é causado, em parte, é evidente, pela falta de qualificação do nosso sistema educacional. Dizem-nos o que pensar em vez de nos ensinarem como realizar buscas verdadeiras em nosso íntimo.

O importante é transcendermos o padrão de conceitos mentais que formamos. Dessa forma, é necessário introduzir a idéia da conscientização. Podemos então nos indagar todas as vezes e podemos ir al´me de meras opiniões e das supostas conclusões de bom-senso. Temos de aprender a ser cientistas qualificados e a não aceitarmos nada. Tudo deve ser vista através do nosso próprio microscópio e temos que chegar às nossas próprias conclusões e do nosso modo. Até que façamos isso, não há Salvador, nem Guru, nem bênçãos e orientação que possam servir de auxílio.

A questão como um todo, então, é que devemos ver com nossos próprios olhos e não aceitar nenhuma tradição apresentada como se ela possuísse algum poder mágico inerente. Não existe nada mágico que possa nos transformar de um momento para o outro. No entanto, como temos uma mente mecanizada, sempre procuramos por algo que funcione a um leve aperto de um botão. Existe uma grande atração pelo atalho e, se existir algum método de profundidade que ofereça um caminho rápido, preferiremos segui-lo a suportar jornadas árduas e práticas difíceis. Seja na prática da meditação ou na vida do dia-a-dia, existe a tendência de sermos impacientes.

Buda nunca alegou ser uma encarnação de Deus ou qualquer tipo de divindade. Era apenas um simples ser humano que tinha passado por certas coisas e que tinha alcançado o estado de vigília da mente. É possível, pelo menos parcialmente, para qualquer um de nós fazer esta experiência.