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terça-feira, 2 de junho de 2009

Praticando o Nobre Silêncio

Lama Samten, a árvore e o lap-top



"Conseguir manter a meditação estável é muito raro e precioso. E, apesar de frágeis e transitórias, a felicidade e a estabilidade condicionadas surgidas da meditação têm efeitos positivos, curativos!" - Lama Padma Samten, o lama gaúcho, Alfredo Aveline

http://www.nossacasa.net/SHUNYA/default.asp?menu=135

A intervalos de 15 minutos, ajustamos o corpo e alongamos, e assim seguimos nessa prática mais longa, que nos permite avançar no caminho da meditação silenciosa.
É uma oportunidade preciosa de praticarmos as diversas etapas de equilíbrio e pacificação: Shamata impura (com foco), Shamata pura (abertura sem preferências) e Metta Bhavana (cultivo da bondade amorosa). Trata-se, segundo o Lama, de um método de realização simples e eficiente, dirigido à prática do equilíbrio e da pacificação, no contexto das nossas relações cotidianas.

Meditação Meta Bavana
Que eu seja feliz
Que eu me livre do sofrimento
Que eu encontre as causas da felicidade
Que eu supere as causas do sofrimento
Que eu me livre totalmente das estruturas cármicas
Que eu desenvolva uma lucidez que acompanha o olhar, quando eu olhar para as coisas a lucidez está presente.
Que eu me torne verdadeiramente capaz de ajudar os outros seres.
Olhamos para esposa, marido, namorado, filhos, patrão, ex-esposa, ex-marido, vizinhos, colegas, etc.
Que ele seja feliz
Que supere o sofrimento
Que encontre as causas da felicidade
Que supere as causas do sofrimento
Que supere as estruturas cármicas
Que desenvolva um olhar de mestre, ao olhar as coisas a lucidez vem junto.
Que se torne verdadeiramente capaz de gerar benefícios em qualquer idade.

Uma sobrevivente de um campo de concentração


‘‘Sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhuma pessoa devia presenciar. Câmaras de gás construídas por engenheiros ilustrados. Crianças envenenadas por médicos instruídos. Bebês assassinados por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebes mortos a tiros por ginasianos e universitários. Assim, desconfio da educação. Meu pedido é o seguinte: Ajudem os seus discípulos a serem humanos. Os seus esforços nunca deverão produzir monstros cultos, psicopatas hábeis ou Heichmans instruídos. Ler, escrever, saber história e aritmética só são importantes se servem para tornar nossos estudantes mais humanos''

Recebido por e-mail da diretora de uma escola israelita

Texto extraído do site: http://culturabrasil.pro.br/direitoshumanos1.html

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O Ensinamento Mais Porcaria Nenhuma!

Konchog Paldron era a filha e sucessora espiritual de um grande mestre tibetano, Chogyur Lingpa. Reconhecida por suas realizações extraordinárias como uma praticante, ela foi
uma memorável professora budista.

Konchog Paldron recebeu extensivos ensinamentos de muitos mestres iluminados. Porém foram as instruções orais compassivas de Patrul Rinpoche que despertaram sua mente para estados mais elevados.

Mais tarde, ela transmitiu vários ensinamentos de Patrul Rinpoche para muitos praticantes.
Um dia, falando em verso, Patrul lhe disse:

“Não prolongue o passado,
Não convide o futuro,
Não altere a sua atenção natural do momento presente,
Não tema as aparências,
Não há nada além disso!”

Ao ouvir estas palavras, Konchog Paldron inesperadamente vivenciou um estado mental de sublime bem-aventurança. Patrul havia falado em um dialeto nômade grosseiro, e a frase final soava como “Fora isso, não há mais porcaria nenhuma!”

Isto ficou conhecido como “O Ensinamento Mais Porcaria Nenhuma”. Tem sido passado de mestre a discípulo até os dias de hoje.

Luto

Em luto pelas pessoas mortas no acidente aéreo do vôo 447 da Airbus da Air France a 31 de maio de 2009.

ORAÇÃO DE TARA VERMELHA PARA OS MORTOS
"Do coração de Tara emana uma luz de arco-íris para os seis reinos e para o bardo, envolvendo as pessoas falecidas onde quer que estejam, purificando seu carma e as infundindo com as bênçãos radiantes de Tara. Suas formas se transformam em brilhantes esferas de luz que se dissolvem na mente-coração de Tara, um reino além dos ciclos de sofrimento, um reino de absoluta pureza e felicidade."

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Viver despenteada

Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida lhe despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade.
O mundo é louco, definitivamente louco.
O que é gostoso engorda.
O que é lindo custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto enruga.
E o que é realmente bom dessa vida, despenteia.
Fazer amor despenteia.
Rir às gargalhadas despenteia.
Viajar, voar, correr, entrar no mar despenteia.
Tirar a roupa despenteia.
Beijar a pessoa amada despenteia.
Brincar despenteia.
Cantar até ficar sem ar despenteia.
Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível.

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado, mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.

É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.

Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora.

O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria e talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz? Por acaso não se dão conta de que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita? A pessoa mais bonita que posso ser!

O único que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser. Por isso, minha recomendação a todas as mulheres: entreguem-se, comam coisas gostosas, beijem, abracem, dancem, apaixonem-se, relaxem, viajem, pulem, durmam tarde, acordem cedo, corram, voem, cantem, arrumem-se para ficar linda, arrumem-se para ficar confortável. Admire a paisagem, aproveite, e acima de tudo, deixa a vida lhe despentear!

O pior que pode passar é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo!
Via e-mail por Ana Campello

Loucura de amor

Amor e loucura será redundância! Será que as loucuras de amor só são feitas nas relações entre um homem e uma mulher? Pode ser! Mas e as loucuras que as mulheres fazem ao se apaixonar pelos homens e depois ter filhos? Essa é a suprema loucura de amor! Além de amar apaixonadamente o seu homem, marido ou companheiro, se apaixona pelos filhos. Algum dia, o amor por seu companheiro pode se acabar. Isso é comum. Mas pelos filhos, sejam eles crianças ou adultos, o amor-loucura nunca se extinguirá e perdê-los será como que ficar faltando um pedaço. Minha maior loucura de amor? Marido e filhos!

Barack Hussein Obama II

Now it's official!

Conexão Obama: o presidente americano já não depende da imprensa (nem do governo) para falar com as pessoas.

http://www.youtube.com/watch?v=pTKTCgznoAQ

I am proud to announce my nominee for the next Justice of the United States Supreme Court: Judge Sonia Sotomayor.
This decision affects us all — and so it must involve us all. I’ve recorded a special message to personally introduce Judge Sotomayor and explain why I’m so confident she will make an excellent Justice.
Please watch the video, and then pass this note on to friends and family to include them in this historic moment.
Judge Sotomayor has lived the America Dream. Born and raised in a South Bronx housing project, she distinguished herself in academia and then as a hard-charging New York District Attorney.
Judge Sotomayor has gone on to earn bipartisan acclaim as one of America’s finest legal minds. As a Supreme Court Justice, she would bring more federal judicial experience to the Supreme Court than any Justice in 100 years. Judge Sotomayor would show fidelity to our Constitution and draw on a common-sense understanding of how the law affects our day-to-day lives.
A nomination for a lifetime appointment to the highest court in the land is one of the most important decisions a President can make. And the discussions that follow will be among the most important we have as a nation. You can begin the conversation today by watching this special message and then passing it on:

http://my.barackobama.com/SupremeCourt

Thank you,
President Barack Obama

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Sutra do Coração.

Prajnaparamita T'hagka
Livro Dalai Lama

Sadhana do Sutra do Coração - Editora Makara


Em sânscrito: Baghavat Prajnaparamita Hridaya
Em tibetano: Tchom Den De Ma She Rab Tchi Pa Rol Tu Tchi Pe Nying Po
Em português: A Quintessência da Perfeição do Conhecimento Transcendente – A Deusa Transcendente, Realizada e Vitoriosa

Indescritível, inconcebível e inexprimível, a perfeição do conhecimento transcendente é não nascida e incessante – a própria natureza do espaço. É o campo do estado desperto primordial autoconhecedor de cada um. Presto homenagem à mãe dos budas dos três tempos.

Homenagem à Quintessência da Perfeição do Conhecimento Transcendente!

Assim ouvi:

Certa vez o Conquistador Transcendente e Realizado encontrava-se no Pico dos Abutres, em Rajagriha, acompanhado de uma numerosa sanga de monges e bodisatvas.
Naquele momento, O Conquistador Transcendente e Realizado descansava em equilíbrio na absorção meditativa de examinar os fenômenos, conhecida como “o estado de profunda percepção”.
Naquele mesmo momento também, o grande e corajoso bodisatva, o nobre Avalokiteshvara, examinava atentamente o caminho profundo pelo qual o conhecimento transcendente é consumado e viu com precisão que os cinco agregados da mente e do corpo são vazios de natureza própria.
Então, pelo poder de Buda, o valoroso Shariputra dirigiu as seguintes palavras para o grande e corajoso bodisatva, o nobre Avalokiteshvara:

- “Como deve proceder um filho de ascendência espiritual que deseje se engajar no caminho profundo pelo qual o conhecimento transcendente é consumado?”

Uma vez ditas essas palavras, o grande e corajoso bodisatva, o nobre Avalokiteshvara, dirigiu as seguintes palavras para o valoroso Shariputra:

- “Ó Shariputra, os filhos ou filhas de ascendência espiritual que desejem se engajar no profundo caminho pelo qual o conhecimento transcendente é consumado deveriam ver com precisão desta maneira: deveriam ver, precisa, correta e intimamente, que seus cinco agregados da mente e do corpo são vazios de natureza própria.

A forma é vacuidade.
A vacuidade é forma.
A forma não é outra que não a vacuidade.
A vacuidade não é outra que a não forma.

Da mesma maneira, sensações, percepções, fatores condicionantes e modalidades de consciência são vazios. Ó Shariputra, assim todos os fenômenos são vacuidade – eles são características, não nascidos e incessantes, estão além da imperfeição e da perfeição. Eles não decrescem e não aumentam.

Ó Shariputra, portanto, com vacuidade não há forma, não há sensação, não há percepção, não há estados mentais e não há consciência. Não há os sentidos da visão, da audição, do olfato, do paladar, do tato ou da mente discursiva. Não há formas, não há sons, não há cheiros, não há sabores, não há sensações táteis e não há conceitos. Não há ignorância nem ausência de ignorância e assim por diante inclusive não há envelhecimento e morte, nem ausência de envelhecimento e morte. Do mesmo modo, não há sofrimento, não há origem do sofrimento, não há cessação do sofrimento e não há caminho. Não há estado desperto primordial, não há realização e não há falta de realização.

Ó Shariputra, portanto, por não haver realização para bodisatvas, em vez disso, eles subsistem por confiarem na perfeição do conhecimento transcendente. Já que as suas mentes são desobscurecidas, eles são destemidos. Eles estão muito além de quais quer concepções errôneas e, portanto, alcançam o estado consumado do nirvana. Além disso, todos os budas existentes nos três tempos tornam-se budas, despertam perfeita e completamente para a insuperável, verdadeira e perfeita iluminação, por confiarem na perfeição do conhecimento transcendente. Portanto, já que o mantra da perfeição do conhecimento transcendente, o mantra do supremo estado desperto intrínseco, o mantra insuperável, o mantra que traz igualdade ao que é desigual, o mantra que pacifica totalmente todo o sofrimento, não é falso, ele deveria ser conhecido como verdadeiro.
Recito o mantra da perfeição do conhecimento transcendente.”

OM GATÊ GATÊ PARAGATÊ PARASAMGATÊ BODHÍ SOHÁ

“- Ó, Shariputra, assim deveria treinar-se um grande e corajoso bodisatva na perfeição do conhecimento transcendente.”

Então, o Conquistador Transcendente e Realizado ergueu-se daquele estado de absorção meditativa e expressou sua aprovação ao grande e corajoso bodisatva, o nobre Avalokiteshvara, dizendo:

“- Excelente, excelente! Ó filho de ascendência espiritual, assim é. Assim é. Dessa mesma maneira que você acabou de mostrar, assim se deveria praticar a profunda perfeição do conhecimento transcendente. Os tatágatas se regozijam com isso.”

Uma vez que o conquistador Transcendente e Realizado conferiu esse mandamento, o valoroso Shariputra, o bodisatva Avalokiteshvara, o mundo inteiro de deuses, humanos, semi-deuses e gandarvas, todos se regozijaram. Eles exaltaram as palavras proferidas pelo Conquistador Transcendente e Realizado.

Assim termina a Quintessência da Perfeição do Conhecimento Transcendente

Sob o patrocínio real do Rei Trisong Deutsen, em meados do século VIII, o tradutor tibetano (lotsaua) Bhiksu Rintchen De traduziu este texto para o tibetano juntamente com o mestre indiano (pandita) Vimalamitra. Foi editado pelos grandes tradutores tibetanos (lotsauas) Guelo, Namka e outros. Este texto tibetano foi copiado de afresco em Guedje Tchemaling, um dos templos do glorioso Samye Vihara

Cosmos

O Cosmos

“A um rio que tudo arrasta, todos chamam de violento; mas ninguém chama violentas as margens que o aprisionam há séculos.” Bertolt Brecht

No Colégio Santa Dorotéia, sempre fui o primeiro lugar de todos os torneios de redações do colégio inteiro, mesmo dos graus superiores ao meu. É que sempre consegui me expressar melhor por meio da palavra escrita e não da falada. A fala, assim como todos os atos, dominada pela mente, por alguma motivação e pelas emoções aflitivas arrisca uma compreensão errônea, um julgamento posterior confuso e ardiloso por meio do ouvinte que depois a destorce e usa para jogar contra nós! A escrita está registrada e documentada!

Nas minhas lembranças mais remotas que remontam ao berço, fui uma criança cerceada, visada, vigiada, controlada e recriminada. As palavras ásperas e rudes ressoam no meu ouvido até hoje. Quando as escuto, causam-me um mal-estar interior e só depois de adulta, ou direi, velha, consegui compreender a causa desta repulsa apesar de ainda me estremecer.

Meus pais como todos os pais do mundo, queriam que a sua filha brilhasse. Não brilhei!

Minha avó materna é a única pessoa de quem tenho lembrança tranqüila. Falava baixo, manso e conseguia desta maneira que eu comesse todo alimento sem pressionar-me. Não contava estórias. Levava-me a colher flores, o cosmos que grassava nos matos ao redor da casa dela. Morreu antes que eu completasse oito anos.

Às vezes, ponho-me a pensar: se ela tivesse sobrevivido até a minha idade mais adulta, teria eu julgamentos discriminativos sobre ela? Então, passo a perceber essa morte prematura como uma bênção para a minha lembrança, diria eu, macia e suave. Minha filha, que já conta trinta e um anos e ainda tem minha mãe viva analisa-a e a seus atos.

Nunca tive um irmão ou irmã com quem pudesse contar como amigo. Pelos caprichos da vida, fui a primeira filha mulher tendo um irmão mais velho que, agora julgo eu, talvez tenha se sentido enciumado pela minha presença de menina cheia dos vestidos rendados e bordados. Ah, se ele pudesse imaginar como estas vestimentas me apertavam, arranhavam e incomodavam! Quatro anos e meio depois, nasce outro homenzinho. Só depois dos meus oito anos é que veio outra menina, depois outra e depois um menino.

Nada sei dos meus irmãos. Não conheço seus pensamentos. Não me lembro de ter um momento tranqüilo do tipo “jogar conversa fora” com nenhum deles. Fiquei isolada deles, como num limbo.

Na adolescência, fui tornando-me retraída, ensimesmada, trancada. Esse comportamento complicou minha situação e fui novamente taxada de esquisita, nervosa, estranha, de espírito difícil. As pessoas falam. Essa fama correu a família inteira, chegando até aos tios, primos, sobrinhos, cunhadas e outros agregados. Talvez eu seja mesmo uma mulher alterada, a ovelha negra da família.

Quando eu contava dezoito anos perco meu irmão caçula num acidente de carro. Não tendo passado no vestibular e ficando sem o tempo do colégio, comecei a trabalhar muito cedo e encontrei o homem que seria meu marido e pai dos meus filhos vida afora.

Aí, já é outra estória. Mas a relação com minha família de berço e infância já estava estragada. Jamais consegui resgatá-la porque meus pais e irmãos não gostam de ler e eu sempre consegui me expressar melhor por meio da palavra escrita e não da falada.

Por isso tornei-me budista, tomei refúgio no Buda, no Dharma e na Sangha, as Três Jóias e leio os livros dos lamas e monges cujas palavras me acalmam a mente.

http://www.loja.jardicentro.pt/product_info.php?products_id=145

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Lições do mestre Mingyur Rinpoche - Como lidar com o sofrimento?

Mingyur Rinpoche

O monge Mingyur Rinpoche estará no Brasil em agosto para difundir os ensinamentos do budismo tibetano. Sua agenda inclui ainda palestras sobre o seu livro Joyful Wisdom.
Mingyur Rinpoche estará no Brasil de 24 a 31 de agosto.

No Rio de Janeiro, dará o primeiro nível Dzogchen- Mahamudra, um alto ensinamento do budismo tibetano, duas iniciações (Karma Pakshi e Guru Rinpoche) e duas palestras públicas. Em São Paulo, ensinará a continuação do segundo e do terceiro nível de Dzogchen-Mahamudra a seus alunos, dará uma iniciação pública dos Mil Budas, duas palestras sobre seu livro Joyful Wisdom e outra denominada A Ciência da Meditação. Mais informações no site http://yongeybr.tripod.com/
Qual o meio mais habilidoso de não se cortar nas lâminas afiadas apresentadas pela vida? Mingyur Rinpoche, monge tibetano de 33 anos que hoje reúne milhares de alunos em todo o mundo, ensina no seu mais novo livro, Joyful Wisdom (Alegre Sabedoria), como enfrentar situações difíceis sem sofrer mais do que o necessário.
Nos monastérios onde viveu, ele era sempre o menorzinho da turma. Passava por debaixo das mesas quase sem abaixar a cabeça, corria de lá para cá como um ratinho e zanzava entre os monges mais velhos sem ser percebido. “Quando a sala de meditação estava cheia, vinha sempre alguém na minha direção para se sentar onde eu estava, pois era tão miudinho que o lugar parecia estar vazio”, conta ele.
Talvez por aparentar tamanha fragilidade e sentir-se tão desprotegido, o pequeno Yongey Mingyur sofreu muito. Tinha frequentes ataques de pânico, sentia-se amedrontado com as enormes (para ele) dimensões do monastério e atravessou noites seguidas com pesadelos horrorosos porque achava que alguém fosse acusá-lo de ter quebrado o vidro da sua janela que, um dia, apareceu rachado.
Justamente por isso, ninguém melhor do que ele para saber o que uma pessoa sente diante de uma situação que lhe parece avassaladora.
Seguindo os ensinamentos que lhe foram passados por seus mestres budistas, pouco a pouco Rinpoche começou a entender o processo de como caía nas armadilhas dos seus pensamentos e começava a sofrer. Algo que todos nós fazemos sem darmos conta.
No seu primeiro livro, Alegria de Viver, Descobrindo o Segredo da Felicidade (Campus Elsevier), Mingyur Rinpoche conta como superou seus traumas por meio da meditação. No segundo, o recém-lançado Joyful Wisdom (ainda sem tradução em português), ele explica quais atitudes e recursos temos para nos poupar do sofrimento inútil ou minimizar as dores que não se pode evitar. Acompanhe aqui algumas das preciosas lições de sabedoria do monge tibetano, ensinadas em seus livros, cursos e palestras. Com certeza elas têm a possibilidade de nos conduzir a uma vida mais plena, alegre e cheia de sabedoria.
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1 - Dê um passo para trás

Dizem os ensinamentos budistas: não importa qual a situação, sempre é possível observá-la de outra perspectiva. Uma coisa é olhar para um rio mergulhado dentro dele, outra é vê-lo da margem e vislumbrar melhor o que ele é, o seu curso e onde vai parar. “Quando estamos totalmente imersos dentro da água, ou, de maneira correlata, dos nossos sofrimentos, podemos nos afogar sem perceber”, diz Mingyur Rinpoche. Nessa situação, a água entra pelo nariz, turva os olhos, não conseguimos respirar. “Não há nenhuma vantagem em permanecer assim. Então, nem que for por um instante, precisamos tentar sair da situação para encará-la de outra maneira”, ensina. Pelo menos para inspirar um pouco de oxigênio, se afastar da turbulência, nos fortalecer. Por momentos, podemos ver que não somos o próprio rio, só estamos envolvidos nele. Dar um passo para trás e observar o que acontece de outro ângulo é essencial para desenvolver outra perspectiva."Esse afastamento da situação pode ser muito positivo. A partir desse momento, ela não tem mais o poder de nos arrastar para o fundo do poço”, afirma o mestre. Esse distanciamento nos oferece uma nova visão da realidade, mais verdadeira e abrangente.
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2 - Acolha a dor

“Os ensinamentos de Buda feitos há 2 500 anos não dizem como superar a solidão, o desconforto e o medo que preenchem nossa vida. Muito pelo contrário. Suas lições mostram que só seremos capazes de encontrar a liberdade ao aceitar os sentimentos provocados pelos percalços em que esbarramos no caminho”, relata Mingyur. Dessa maneira, podemos acolher o incômodo que as instabilidades nos trazem, sem deixar que elas possam nos imobilizar completamente. “Percebemos que estamos sofrendo, aceitamos essa condição. No entanto, não somos mais engolidos pela dor.”Uma das formas de facilitar esse processo é a meditação. Durante a prática, também podemos perceber o rio dos nossos pensamentos, e a turbulência emocional que se origina deles. “Mesmo hoje, 20 anos depois de aprender a meditar, ainda estou sujeito à maioria das emoções humanas”, conta Rinpoche. “Dificilmente seria alguém que poderia ser chamado de ‘iluminado’. Me canso, como todo mundo. Algumas vezes estou zangado, frustrado ou aborrecido. Mas agora, tendo aprendido a trabalhar com minha mente, percebi que essas experiências mudaram de nível.” Em vez de ser soterrado por elas, Mingyur aprendeu a acolhê-las e a aproveitar as lições que elas oferecem.
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3 - Não compre o pacote todo

O cérebro humano está constantemente processando diversas faixas de informação por meio dos cinco sentidos. Ele as compara com experiências passadas, presentes e por vir, prepara o corpo para reagir de certa maneira e, ao mesmo tempo, áreas relacionadas com a memória e com a projeção do futuro são ativadas. Para facilitar esse processo de cognição, descarta algumas informações e sintetiza aquelas que selecionou num único pacote. É um sistema complexo que funciona razoavelmente bem para o que precisamos no dia-a-dia. “Mas a maneira de ele funcionar traz uma desvantagem ao ver as coisas como um todo”, diz o monge. “Dessa forma, podemos perder muitos dados importantes que teriam a capacidade de influir e modificar a nossa avaliação de determinada situação.” Ou seja, baseados em informações gerais fornecidas pelo cérebro, pensamos que a situação é de um determinado jeito, mas, na realidade, ela pode ser de outro. Trocando em miúdos, existe uma grande chance de estarmos completamente enganados.
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4 - Desconfie dos seus julgamentos

Uma história contada no livro Joyful Wisdom ilustra bem essa possível interpretação equivocada da realidade. Certa vez, Mingyur Rinpoche estava no museu de cera de Paris, quando viu uma estátua do Dalai-Lama. Era uma reprodução perfeita e vívida do líder espiritual tibetano, embora estivesse ligeiramente na penumbra. Ele então chegou mais perto para olhar todos os detalhes, pois conhece Sua Santidade bastante bem. Estava assim entretido, quando um casal se aproximou. Ele não percebeu sua presença e continuou a atenta observação. Por sua vez, os dois turistas também o observavam detidamente, pensando que Rinpoche fazia parte da cena moldada com cera: o Dalai-Lama com um monge pequenininho ao lado. “Quando finalmente eu me mexi, os dois deram um grito de pavor”, lembra. “Eu, por minha vez, levei um susto com a presença deles. Depois de nos recuperarmos do choque, e darmos boas risadas juntos, me ocorreu que esse episódio fugaz era capaz de revelar um dramático aspecto da nossa condição humana”, conta Rinpoche. “Vemos o que esperamos ver, limitados por nossa própria capacidade de observação. E o que percebemos pode não ser a realidade como ela é.” Nos agarramos em nossas percepções e conclusões, e a defendemos com unhas e dentes, sem perceber que elas têm grande chance de não serem reais. “A realidade pode bem ser diferente daquilo em que acreditamos. Para compreender o que uma situação realmente é, teríamos de estar num estado que Buda chamou de ‘iluminado’”, explica o monge no seu livro. Ou seja, num estado não limitado por nossas percepções errôneas. A iluminação é como se, de repente, se acendesse a luz de um quarto escuro e a gente fosse capaz de ver como ele realmente se apresenta. E assim poder dizer: “Nossa, aquela coisa em que eu tropeçava sempre é uma mesa! Aquela outra coisa que achava que era um criado-mudo é uma cadeira!” Traduzindo: olhamos para a vida dominados por nossas percepções, concepções e emoções. E elas são filtros que distorcem a realidade. Portanto, aceitar que nossa visão tende a ser limitada, e que podemos não ter razão em nossos julgamentos, é sempre um bom começo para diminuir e relativizar as emoções dolorosas provocadas por eles.
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5 - Aceite que sofrer faz parte da vida
Sofremos por diferentes razões. Mas uma das distinções mais cruciais, no entanto, é saber distinguir o sofrimento “natural” do sofrimento “autocriado”. O primeiro inclui tudo aquilo que não podemos evitar na vida. Classificados nos textos budistas como as dores ligadas ao nascimento, envelhecimento, doença e morte, são experiências que fazem parte das transições mais importantes da existência. Eles se apresentam como condições naturais que envolvem o desconforto físico. Mas há outro tipo de sofrimento que se desenvolve com base em avaliações psicológicas autocriadas, experiências que surgem de nossa interpretação de fatos e eventos, como ressentimento ou raiva contra as pessoas que não vivem do jeito que a gente gosta, inveja de quem tem mais do que nós ou uma ansiedade paralisante quando não há a mínima razão para isso. “Esses sentimentos dolorosos gerados por nossas concepções são baseados em histórias que contamos a nós mesmos, fortemente enraizadas em nosso inconsciente, sobre não ser suficientemente bom, rico o bastante, bonito ou seguro na medida certa, ou outras formas parecidas”, diz Rinpoche. O sofrimento autocriado é essencialmente uma invenção mental. “É como eu mesmo pude constatar com relação à minha própria ansiedade e medo, não é menos doloroso do que o natural.”“Mas, em vez de ficar julgando com pensamentos como ‘Por que eu estou sozinho?’, ‘Será que tem um jeito de sair disso?’, ‘Não quero mais sentir tal coisa de jeito nenhum!’, poderíamos olhar para esses sentimentos dolorosos e dizer que há solidão, há ansiedade, há medo, como se essa dor fosse uma condição não pessoal, mas algo que simplesmente faz parte da vida”, aconselha o monge. É uma maneira de compreender a Primeira Nobre Verdade ensinada por Buda: a de que o sofrimento (dukkha) existe e de que é uma condição natural da humanidade.“A palavra dukkha é traduzida no Ocidente, de uma maneira um tanto pesada, por sofrimento. Mas o termo se refere mais a um desconforto, algo que incomoda, aquela coisa que raspa no peito mesmo quando a gente está feliz”, explica o monge tibetano. “Aceitar que essa dor existe e que pertence ao nosso mundo, e não ficar o tempo todo lutando contra ela como algo a ser subjugado, é o primeiro grande passo para cessar aquilo que nos faz sofrer.”

Da Revista Bons Fluidos - Junho de 2009 -Direção de arte • Camilla Sola Texto • Liane Alves

Viva assim!

Fique tranquilo.
Aprenda a observar caramujos.
Plante jardins impossíveis.
Convide alguém perigoso para um chá.
Faça pequenos sinais que digam SIM, e cole todos pela casa.
Faça amigos com liberdade, sem desconfiança.
Olhe com esperança para seus sonhos.
Chore durante os filmes.
Num balanço à luz da lua, balance o mais alto que você puder.
Cultive o amor.
Recuse-se a ser “o responsável”.
Faça por amor.
Tire várias sonecas.
Desprenda-se do dinheiro.
Faça isso agora.
O dinheiro virá naturalmente.
Acredite em magia.
Dê muita risada.
Celebre todo momento glorioso.
Tome banhos de lua.
Tenha criações selvagens, sonhos transformadores e perfeita calma.
Desenhe nos muros, nas paredes.
Leia todo dia.
Imagine-se uma pessoa mágica.
Brinque com crianças.
Escute as pessoas mais velhas.
Esteja aberto.
Mergulhe fundo.
Seja livre.
Abençoe-se.
Deixe os medos de lado.
Divirta-se com tudo.
Entretenha sua criança interior.
Você é inocente.
Construa um forte com lençóis.
Molhe-se.
Abrace árvores.
Escreva cartas de amor.

(Autor desconhecido)

Sutra do Coração (Tibetano - Vajrayanna)

Sutra do Coração em sânscrito

Na língua da Índia: Bhagavati Prajnaparamita Hridaya.
Na língua do Tibet: Chomdendema Sherabkyi P'haröltuchinpe Nyingpo.

O primeiro verso diz:

Assim eu ouvi. Certa vez, o Bhagavan [Buddha] estava em Rajagriha, sobre a montanha Gridhrakuta, com uma grande assembléia de monges e uma grande assembléia de bodhisattvas.

Naquele momento, o Bhagavan entrou na concentração que expressa o ensinamento chamado "Iluminação Profunda". No mesmo momento, o nobre Avalokiteshvara Bodhisattva Mahasattva [ser da iluminação, grande ser], enquanto praticava a profunda Perfeição da Sabedoria, viu os cinco agregados [forma, sensações, percepções, vontade, consciência] como sendo vazios em sua própria natureza.

Então, pelo poder do Buddha, o venerável Shariputra disse ao nobre Avalokiteshvara Bodhisattva Mahasattva: Como deve treinar o filho ou filha de nobre linhagem que deseje praticar a profunda Perfeição da Sabedoria?

Assim ele disse e o nobre Avalokiteshvara Bodhisattva Mahasattva respondeu o seguinte ao venerável Shariputra: Ó Shariputra, um filho ou filha de nobre linhagem que deseje praticar a profunda Perfeição da Sabedoria deve ver deste modo: os cinco agregados são completamente vazios em sua própria natureza. A forma é vacuidade; a vacuidade é a forma. A vacuidade não é outra senão a forma; a forma não é outra senão a vacuidade. Assim também são a sensação, a percepção, a vontade e a consciência. Deste modo, Shariputra, todos os fenômenos são vacuidade, sem características. Não são produzidos nem interrompidos. Não são impuros nem puros. Não têm diminuição nem aumento.

Portanto, Shariputra, na vacuidade não há forma, sensação, percepção, vontade, consciência; não há olho, ouvido, nariz, língua, corpo, mente; não há cor, som, odor, sabor, tato, fenômeno; não há [reinos dos sentidos, desde] o reino da visão até o reino da mente; não há o reino dos fenômenos, não há o reino da consciência; não há [elos de surgimento dependente, desde] a ignorância e o fim da ignorância até a velhice-e-morte e o fim da velhice-e-morte; não há [as verdades nobres sobre] o sofrimento, a origem, a cessação, o caminho; não há sabedoria, nem atingimento ou não-atingimento. Portanto, Shariputra, como os Bodhisattvas não têm atingimento, eles permanecem na Perfeição da Sabedoria.


Como não há obscurecimento na mente, não há medo. Transcendendo as visões falsas, eles atingem o nirvana completo. Todos os Buddhas dos três tempos, através da Perfeição da Sabedoria, despertaram totalmente para a iluminação insuperável, completa e perfeita. Portanto, o mantra da Perfeição da Sabedoria, o mantra do grande conhecimento, o mantra insuperável, o mantra inigualável, o mantra que alivia todo sofrimento, deve ser conhecido como a verdade, pois não é falso. O mantra da Perfeição da Sabedoria é proclamado deste modo:

GATE GATE PARAGATE PARASAMGATE BODHI SOHA

Deste modo, Shariputra, um Bodhisattva Mahasattva deve treinar na profunda Perfeição da Sabedoria.

Então, o Bhagavan levantou de sua concentração e elogiou o nobre Avalokiteshvara Bodhisattva Mahasattva, dizendo: Bem dito, bem dito, ó filho de nobre linhagem! Assim é, ó filho de nobre linhagem, assim é! Deve-se praticar a profunda Perfeição da Sabedoria assim como você disse e todos os Tathagatas irão se regozijar.

Quando o Bhagavan disse isto, o venerável Shariputra, o nobre Avalokiteshvara Bodhisattva Mahasattva, toda a assembléia e o mundo de devas, humanos, asuras e gandharvas se regozijaram e louvaram as palavras do Bhagavan.

Isto completa o Coração da Venerável Perfeição da Sabedoria.

De http://www.dharmanet.com.br/

domingo, 24 de maio de 2009

Feed

Pronto! Agora meu Feedburner está funcionando direitinho!

Fotos da mobília-urgente!

Oi, gente! Tem que ler a estorinha antes das fotos senão ninguém vai entender, tá? Foi avaliada em quinze mil reais, mas minha filha disse que vende por dez mil porque é ur-gen-te! Geralmente, os tampos dos móveis são só folheados. Não é o caso: tanto o tampo da penteadeira quanto o do criado têm duas tábuas maciças! Quem se interessar é só postar no comentário que eu retorno.













sábado, 23 de maio de 2009

Vendo mobília urgente!

A impermanência faz coisas mesmo. O apego também.
Estorinha.
Quando eu tinha treze anos, meus pais me deram de presente de aniversário uma mobília de jacarandá novinha em folha. Só que, como era surpresa, - detesto surpresa - foram eles que escolheram. Uma cama larga, um criado mudo, uma penteadeira com espelho de cristal bizotado e moldura de jacarandá e uma cadeira que o encosto era igual a cabeceira e a peseira da cama.
Até aí tudo bem. Antigamente, né, as pessoas ainda moravam em casas, meu quarto era grande, uns quatro por quatro mais ou menos e tudo cabia direitinho e ainda sobrava espaço para uma prateleirinha também de jacarandá, uma prancheta e uma mesa de trabalho.
Depois de quatro anos de curso superior, me formei em decoração de interiores aos vinte e cinco, me casei aos vinte e seis e carreguei a mobília toda do quarto comigo para o nosso apartamento novinho e feito sob medida porque ainda era uma decoradora exercendo a profissão na maior empolgação!
Coloquei a mobília no quarto de hóspedes. Mas aí, só coube a cama, o criado, a penteadeira com a cadeira e o espelho e a mesa de trabalho um pouquinho atravancados. Sai a prancheta com o banquinho pro quarto que era minha oficina de trabalho. Dava prá levar.
Nasce filha, tira a mesa de trabalho, põe o berço. Nascem mais dois filhos, fica berço, compra um beliche e uma cômoda e tira a tal da mobília, põe no quarto que era a minha oficina de artesanato, decoração e costura. Já era!
Os filhos cresceram. Cresceram mesmo, viraram adultos e cada um quer seu quarto. Até o da empregada foi tomado!
E a mobília? Minha filha odeia! Já deu até briga! Quer porque quer vender e comprar uma da Tok Stok ou similar. Mas quem vai dar o que a mobília vale?
Então taca a correr atrás prá vender uma mobília antiga de jacarandá maciço feita por um artista que até já morreu prá comprar móveis retinhos e branquinhos da Tok Stok ou similar. Até o taco do chão ela quer pintar de branco.
E aí? Alguém se interessa? Tô vendendo porque a impermanência se interpôs e o apego? Quero não!

Moça da Gol

A estória é manjada, mas tem sempre gente que não sabe. E é engraçada mesmo. Vamo lá!

COMO TRATAR AS PESSOAS GROSSAS

Para todos os que têm de tratar com clientes irritantes, ou com pessoas que se acham superiores aos outros, aprendam com a funcionária da GOL. Destrua um ignorante sendo original, como ela foi.

Uma funcionária da GOL, no aeroporto de Congonhas, São Paulo, deveria ganhar um prêmio por ter sido esperta, divertida e ter atingido seu objetivo, quando teve que lidar com um passageiro que, provavelmente, merecia voar junto com a bagagem...

Um vôo lotado da GOL foi cancelado. Uma única funcionária atendia e tentava resolver o problema de uma longa fila de passageiros.
De repente, um passageiro irritado cortou toda a fila até o balcão, atirou o bilhete e disse:
- Eu tenho que estar neste vôo, e tem que ser na primeira classe!
A funcionária respondeu:
- O senhor me desculpe, terei todo o prazer em ajudar, mas tenho que atender estas pessoas primeiro, já que elas também estão aguardando pacientemente na fila. Quando chegar a sua vez, farei tudo para poder satisfazê-lo.
O passageiro ficou irredutível e disse, bastante alto para que todos na fila ouvissem:
- Você faz alguma idéia de quem eu sou?
Sem hesitar, a funcionária sorriu, pediu um instante e pegou no microfone anunciando:
- Posso ter um minuto da atenção dos senhores, por favor? (a voz ecoou por todo o terminal). E continuou:- Nós temos aqui no balcão um passageiro que não sabe quem é, deve estar perdido... Se alguém é responsável por ele, ou é parente, ou então puder ajudá-lo a descobrir a sua identidade, favor comparecer aqui no balcão da GOL. Obrigada.
Com as pessoas atrás dele gargalhando histericamente, o homem olhou furiosamente para a funcionária, rangeu os dentes e disse, gritando:
- Eu vou te foder!
Sem recuar, ela sorriu e disse:
- Desculpe, meu senhor, mas mesmo para isso, o senhor vai ter que esperar na fila; tem muita gente querendo o mesmo...

İManos arriba! İEsto és um assalto!

Pois é. Tentaram me assaltar. Eu estava indo para uma palestra da Lama Tsering lá na sala do budismo. Eu vou a pé, que tenho carro, não, e é muito mais perto.

Então. Foi dia 30 de abril, véspera do 1º de maio e o trânsito estava tão engarrafado que eu chegava antes dos carros! Quando cheguei quase na esquina da Major Lopes, pula na minha frente um galalau de um metro e oitenta, meio claro, tipo o que chamam de nego-aço e diz:

-Aí, tia! me dá o celular! E num grita, não, senão te dou um tiro! Anda, tia! O celular!

Eu olhei bem nos olhos dele e, com um sorriso idiota de quem não se dá conta do que está acontecendo, disse:

-Ô, meu filho, tenho celular não...

E não tinha mesmo, estava só com a chave de casa e uma caneta e caderneta pra anotar. Aí, continuando com o sorriso idiota e sem perder o contato visual, falei toda animadinha:

- Aqui! Eu tô indo pro BUDISMO!

Falei bem articulado que eles acham que é coisa do demo enquanto, pela minha visão periférica, já via um cara no congestionamento abrindo a porta do carro prá me acudir. Não precisou. Continuei.

- Não quer ir comigo, não? Vou rezar! Vamo rezar comigo? Qué não?

O malaco deu um pulo no olhar, sabe, aqueles de recuo e disse:

- Não! Beleza, tia! Tá liberado!

E cascou fora fazendo o tal do liberado prá mim com o polegar prá cima!

Quem não deve ter entendido nada foi o cara do congestionamento, enquanto eu tinha um ataque de risos até chegar no budismo!

Várias versões:
Do pessoal viajandão do budismo: - Ah, deve ser a sua energia búdica!

Tá, viu? Energia eu tava era de dar um chute no saco do cara!

Do pessoal não-viajandão do budismo: - O assalto demorou muito e o cara desistiu.

Versão minha e dos porteiros do prédio:

1) Eu conheço o cara do morro de tanto ficar na porta do prédio e ele me reconheceu.
2) Contato visual é perigoso, mas, às vezes, com o olhar de "tia" idiota e chamando o cara de "ô, meu filho", ele desistiu.
3) Sem dúvida, a palavra BUDISMO funciona.
4) E ele tava armado coisa nenhuma!

Uma coisa eu tenho certeza. Assim como a moça da Gol, tem que ter calma e presença de espírito! Conhece a moça da Gol, não? Já-já eu conto.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Re-encarnação


"Uma consideração a se fazer é pensar que na outra vida eu fui um rei, nessa eu também sou e na outra também serei! Se tudo fosse permanente eu serei o que sou agora e sou o que fui ontem!
Mas há um instinto dentro de nós que diz que podemos ser melhores. Há uma citação de Atisha que diz que, se você quer saber o que você foi no passado, você deve olhar para você agora; se você quer saber o que será no futuro; olhe para você agora!
A impermanência mais grosseira é ver que somos seres humanos de uma vida para outra acontecendo. A impermanência sutil acontece a cada instante."
Jigmed Tromge Rinpoche

Novela e novelo



Deparei-me com as palavras desenredar, desenovelar e fiquei pensando.

Será que a palavra novela vem de novelo? Enredo? Rede? Tem muita gente que tece enquanto vê novela. Não é o meu caso agora, mas já fiz isso. Hoje não vejo novela nem estou tecendo. Mas a novela vai se desenredando enquanto as pessoas vão desnovelando seu novelo e tecendo uma teia, uma rede, uma trama, um tecido.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Aperfeiçoando a Paciência.

Patrul Rinpoche era conhecido pelo seu estilo de vida simples e totalmente desapegado, seu comportamento irreverente e sua aparência despretensiosa. Sua erudição e realização espiritual eram extraordinárias. Profundamente preocupado em manter os praticantes focados na essência da espiritualidade, ele nunca hesitou em denunciar a pretensão e a hipocrisia.

Há um século atrás, o Iluminado Vagabundo, Patrul Rinpoche, divagava como um mendicante anônimo, quando ficou sabendo de um famoso eremita que vivia há muito tempo em reclusão. Patrul foi visitá-lo. Entrou na escura caverna do monge, sem ser convidado, espiando por todos os lados com um sorriso irônico em seu rosto castigado.
- Quem és? De onde viestes, para onde vais? - quis saber o eremita
- Venho da direção atrás das minhas costas e vou para a direção que está a minha frente. - respondeu Patrul
O eremita ficou perplexo.
- Onde nascestes?
- Na terra. - foi a resposta de Patrul.
O eremita ficou um pouco agitado.
- Como é teu nome? - exigiu o eremita
-“Iogue Além da Ação” - respondeu o convidado inesperado.
Então Patrul Rinpoche inocentemente perguntou porque o eremita vivia em um lugar tão remoto. Era uma questão que o eremita, com algum orgulho, estava preparado para responder.
- Estou aqui há vinte anos. Tenho meditado na Perfeição da Paciência Transcendental. - disse ele.
- Essa é boa! - disse o visitante anônimo.
Então, chegando mais perto, como se para dizer um segredo, Patrul sussurrou:
- Uma proeza que nem nós dois juntos conseguiríamos realizar!
O irado eremita levantou rápido de seu assento:
- Quem tu pensas que és, perturbando assim meu retiro? O que te fez vir até aqui? Por que não podes deixar um humilde praticante como eu meditar em paz? - explodiu ele.
- E agora amigo? Onde está a sua perfeita paciência? - perguntou calmamente Patrul Rinpoche.