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domingo, 8 de novembro de 2009

A Arte da Imperfeição - por Adília Belloti

Não sou muito chegada a repassar mensagens que me chegam por e-mail, mas essa é tão a minha cara que acho que a pessoa que me mandou, manienta também que nem eu, costurou ela própria a carapuça só olhando prá mim, calculando a medida no olhômetro. Ou então, eu olhando para meu wabi sabi, não seria "uma boba que encanta a todos com seu jeito despretensioso"? Minha querida, Si. Estou repassando seu e-mail via blog!

A arte da Imperfeicão


Adília Belloti


Não sei quanto a você, mas eu ando definitivamente exausta de correr atrás da perfeição. No outro dia me peguei medindo as toalhas de banho dobradas para que elas formassem impecáveis pilhas no meu armário. Uma amiga me diz que arruma os vidros de tempero por ordem alfabética!? E o pediatra solta um comentário bem-humorado sobre mães que se sentem pessoalmente insultadas quando seus filhos ficam gripados. Como se gripe fosse uma espécie de tinta que manchasse a perfeição dos seus pimpolhos... Nosso índice de tolerância aos "defeitos de fabricação" do universo anda mesmo muito baixo. E isso nos torna a espécie mais reclamona do universo, provavelmente a única, mas é que tenho algumas dúvidas se bois e vacas interiormente não reclamam daquelas moscas sempre em volta dos seus rabos... Passamos um bocado de tempo tentando caber nas molduras que inventamos para nós. Isso quando escapamos de tentar vestir à força as expectativas que OUTROS criaram para NÓS. Senão, me digam por que seres humanos razoáveis investiriam tanto tempo, dinheiro e energia para tentar recuperar a imagem que tinham aos 18 anos? Por estas e por outras tantas foi que quando terminei de ler aquele livrinho senti que tinha recebido uma revelação divina! É só um livreto, mas, ao contrário, desses livros bonitinhos que a gente compra como se fosse um cartão para dizer "Feliz Aniversário" ou "Como eu gosto de você", não é tão fácil assim de ler. Muito menos de pôr em prática os conselhos da autora. Em português acabou chamando "A arte de viver bem com as imperfeições". Uma pena, eu penso. O título em inglês é "The Art of Imperfection" ou A Arte da Imperfeição. Assim, simplesmente. Teria sido melhor. Porque é disto que Véronique Vienne fala no seu pequeno livro: das formas de perceber a beleza que se esconde nas frestas do mundo perfeito que tentamos, sempre em vão, construir para nós. Você conhece aquela história de que os tapetes persas sempre tem um pequeno erro, um minúsculo defeito, apenas para lembrar a quem olha de que só Deus é perfeito? Pois é, a Arte da Imperfeição começa quando a gente reconhece e aceita nossa tola condição humana. Véronique Vienne dividiu seu manual em dez capítulos de títulos muito sugestivos: a arte de cometer erros, a arte de ser tímido, a arte de se parecer consigo mesmo, a arte de não ter nada para vestir, a arte de não ter razão, a arte de ser desorganizado, a arte de ter gosto, não bom-gosto, a arte de não saber o que fazer, a arte de ser tolo, a arte de não ser nem rico nem famoso. E encerra o livro com 10 boas razões para ser uma pessoa comum. "A história está cheia de criaturas incompetentes que foram muitíssimo amadas, desajeitados com personalidades cativantes e gente boba que encanta a todos com seu jeito despretensioso. O segredo? Aceitar nossas falhas com a mesma graça e humildade com que aceitamos nossas melhores qualidades", ela diz. E propõe: "Perdoe a si mesmo. (...) Você não precisa ser perfeito para ser um ser humano bem-sucedido. De fato, com mais freqüência do que imaginamos, o desejo de acertar impede as coisas de melhorarem e a necessidade de estar no controle aumenta a desordem e o caos". A Arte da Imperfeição, no entanto, não se limita ao reconhecimento das imperfeições humanas. Também tem a ver com nosso jeito de olhar para as coisas mais banais, mais corriqueiras e enxergá-las com outros e mais benevolentes olhos. Leonard Koren, um designer americano, publicou alguns livros tentando revelar para o nosso jeito ocidental as delicadezas do olhar wabi sabi. Wabi sabi é a expressão que os japoneses inventaram para definir a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas. O termo é quase que intraduzível. Na verdade, wabi sabi é um jeito de "ver" as coisas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade. Contam que o conceito surgiu por volta do século 15. Um jovem chamado Sen no Rikyu (1522-1591) queria aprender os complicados rituais da Cerimônia do Chá. E foi procurar o grande mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu lançou-se ao trabalho feliz. Limpou o jardim até que não restasse nem uma folhinha fora do lugar. Ao terminar, examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito, impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas caprichadamente ajeitadas. E então, antes de apresentar o resultado ao mestre Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão. Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu virou um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi-sabi: a arte da imperfeição. O que a historinha de Rikyu tem para nos ensinar é que estes mestres japoneses, com sua sofisticadíssima cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo, conseguiram perceber que a ação humana sobre o mundo deve ser tão delicada que não impeça a verdadeira natureza das coisas de se revelar. E a natureza das coisas é percorrer seu ciclo de nascimento, deslumbramento e morte; efêmeras e frágeis. Eles enxergaram a beleza e a elegância que existe em tudo que é tocado pelo carinho do tempo. Um velho bule de chá, musgo cobrindo as pedras do caminho, a toalha amarelada da avó, a cadeira de madeira branqueada de chuva que espreguiça no jardim, uma única rosa solta no vaso, a maçaneta da porta nublada das mãos que deixou entrar e sair. Wabi sabi é olhar para o mundo com uma certa melancolia de quem sabe que a vida é passageira e, por isso mesmo, bela. Para os olhos artistas de Leonard Koren wabi sabi é inseparável da sabedoria budista que ensina: Todas as coisas são impermanentes. Todas as coisas são imperfeitas. Todas as coisas são incompletas. Daí olhar para elas de um modo wabi sabi é ver: A beleza que existe naquilo que tem as marcas do tempo (a velha cadeira de balanço com sua pintura já gasta tomando o solzinho que entra pela janela é wabi sabi) A beleza do que é humilde e simples (em vez de sofisticado e cheio de ornamentos inúteis) A beleza de tudo que não é convencional (quer algo mais wabi sabi do que servir à luz de velas e em toalhas de renda um simples hamburguer?) A beleza dos materiais que ainda guardam em si a natureza (wabi sabi é definitivamente papel, algodão, velhos e nobres tecidos, nada de plástico) A beleza da mudança das estações (que tal experimentar descobrir os primeiros verdes fresquinhos e brilhantes que anunciam a primavera?) A Arte da Imperfeição é ver a vida com a tranquilidade de quem sabe que a busca da perfeição exaure nossas forças e corrói nossas pequenas alegrias. Porque, como disse Thomas Moore, "a perfeição pertence a um mundo imaginário".

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Enquanto não vai

Não dá! Se eu saio de casa tenho que passar no salão nem que seja prá jogar conversa fora. Fui cedinho, não tinha ninguém. Só a Terezinha, a Margarida e a Cida. Nenhuma cliente. Conversamos, contamos casos sérios e engraçados. Morremos de rir. Choramos de falar. E antes que alguma cliente chegasse, Terezinha cortou meu cabelo! Disse que até março, posso contar com ela! Oba!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pequenas perdas


A filosofia de vida que sigo, que penso, que introjeto o tempo todo parece que está ali para me proteger de um sofrimento a mais, já que os sofrimentos são inevitáveis e inúmeros. Então, crio uma espécie de defesa e olho para o que tenho como se fosse perder tudo no segundo seguinte. E fico ali contemplando, olhando meu sentimento, velando meu organismo e suas reações, a respiração, os apertos abdominais, a garganta.

Nem sempre adianta. Às vezes, pequenas perdas nos pegam desprevenidos e a respiração muda, sai do controle e os apertos todos aparecem de repente.

Parece tolice de tão pequena e fútil a perda, mas hoje, a Terezinha que sempre cortou os cabelos meus e os da minha filha vai se aposentar e fechar seu salão que frequentamos, eu e minha filha e tantos outros clientes, há mais de vinte anos. E agora? Quem vai cortar meu cabelo à la Naomi Watts anos 20? (foto)

Voltei para casa estranha, triste, quase deprimida. Sentem-me e respirei. E conclui que é preciso muita prática, muito treino para sair do círculo do sofrimento. E ainda falta muito!

sábado, 24 de outubro de 2009

A Colcha da Inez - Um "Quilt"



Assim que tomei a decisão de realmente fazer a colcha da Inez, falei que ia fazer da maneira mais correta e arrumadinha, um arremedo da maneira com que o Rinpoche fazia tudo que fazia, bem certinho.

Escolhi tecido, forro e recheio. Poderia ter sido um tecido melhor, mas não encontrei na época. Quando encontrei, já tinha comprado. Paciência. Tive uma idéia: colocar forro de cobertor em vez de fibra acrílica porque ela mora lá no sul do Brasil e deve fazer muito frio. Com o cobertor ficaria bem quentinha a manta-colcha e o efeito visual seria o mesmo.

Daí, levo prá casa, separo cada um dos tecidos e o cobertor. Molho um a um separadamente para tirar a goma e evitar que alguma coisa encolha na primeira lavada. Se encolher, tem que encolher antes, nas minhas mãos. Não esquecer de botar um amaciantezinho prá ficar macia e cheirosa de cara!

Assim que tudo está bem sequinho, passo a ferro, estico o tecido em cima de uma mesa grande e fico sentada olhando prá ele. Horas... O que será que eu vou fazer?

Brotam mil idéias na cabeça, mas algumas são, ou muito preguiçosas, ou elaboradas demais. Decido pelo caminho do meio e escolho linhas que se repetem na padronagem do tecido, mas sem deixar que despareçam no meio dele sendo um pouquinho mais claras ou escuras prá dar um pouco de contraste.

Pronto! É hora de agulha e linhas, alfinetes, alinhavos e muita atenção e carinho. É a hora da chamada “cachaça”, aquilo que você gosta tanto de fazer que é difícil largar. E, depois de algumas semanas – dá trabalho sim, mas trabalho gostoso – eis a colcha pronta!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Insônia com aprendizado - "Divorce Albanian Style"

Novamente com insônia, vou para a sala ver se tem algo que preste na televisão porque é a única atividade que me dá sono, exatamente porque não é uma atividade. É uma inatividade, só ficar olhando. No caso, melhor ainda, peguei um documentário onde as pessoas falam russo ou albanês e tenho que ler as legendas o que, provavelmente, vai me dar mais sono. Mas não antes de perceber que, minha atração pelas palavras e por suas origens, me fazem entender que tem algumas que não mudam em muitas línguas, até nas que não domino. São palavras marcantes, duras, fortes e cruas. Assim como o documentário. Anoto-as num pedaço de papel.

espionagem
propaganda
narcótico
esqueleto
fotografia
documento
telegrama
telefone
confisco
anistia

O documentário? Deixo um link e um trailler. Copiem e abram em outra janela.
http://www.cinemawithoutborders.com/news/127/ARTICLE/1945/2009-07-18.html
http://www.youtube.com/watch?v=f2oJL8mzlyk

domingo, 11 de outubro de 2009

De volta para o passado.

Sabem onde eu estou? No pecesão! O velho! Não tem nem um mês que eu estou com o notebook e vim aqui ver o velho PC, meu Personal Computer, Computador Pessoal, o meuzinho mesmo que, afinal de contas, me ajudou, foi meu companheiro de horas solitárias, meu parceiro nos trabalhos difíceis, meu acessor para as páginas de ensinamentos na net, meu destruidor de dúvidas junto com o sr. Google. Só ele conseguia marcar consulta com esse sabichão!

Tadinho. Estranhei pacas. Tô parecendo a Alice, aquela que foi dormir e teve um sonho doido e foi parar no país das maravilhas. Há controvérsias. Prefiro não comentar.

O teclado está enorme, o mouse não passa, arrasta. Dá até LER. O monitor está tão borrado que parece que eu preciso de óculos novos. O barulho do cooler da torre é insuportável e extremamente bandeiroso: a casa inteira sabe que eu estou escrevendo. Antes eu nunca notava. Agora, com o note, no silêncio do meu quarto, parece que eu estou num "aparelho" que a ditadura nunca vai descobrir nem com a ajuda do Fleury! Rimou? Rimou.

Olha, meu querido PC. Eu vou te vender. Prefiro avisar, do mesmo jeito que prefiro que o médico me diga que eu estou com câncer e vou ter xis tempo de vida. Odeio surpresas.

Mas enquanto isso, meu querido, venho te ver de vez em quando, tá? Câmbio e desligo!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tummo - O Fogo Interior

"Tummo é a sabedoria do fogo. Esta prática combina exercício físico, retenção da respiração, respiração de uma forma especial e visualizações. Através da combinação destes três elementos podemos gerar um fogo interno que queima todos os bloqueios e obstáculos passados, presentes e futuros. Quantos menos bloqueios tivermos, mais abertos somos. Continuamos a abrir cada vez mais até que a determinada altura somos infinitos. O nosso coração, a nossa energia, o nosso amor— tornam-se infinitos. E para atingirmos este estado de plenitude e abertura utilizamos a sabedoria do fogo interior."

sábado, 26 de setembro de 2009

A Herança do Buda

Quando não houver passado, quando não houver futuro, só então haverá paz. Futuro significa aspirações, realizações, metas, ambições, desejos. Você não pode estar aqui/agora, pois está sempre correndo atrás de alguma coisa, em algum lugar. A pessoa precisa estar integralmente presente no presente, assim há paz. E disso procede a renovação da vida, pois a vida só conhece um tempo, e esse é o presente.

O passado está morto; o futuro é apenas uma projeção do passado morto. O que você pode pensar sobre o futuro? Você pensa em termos do seu passado, isso é o que você conhece, e você o projeta – é claro que numa versão melhorada. Será mais bonito, mais bem decorado; todas as dores foram deixadas para trás e só os prazeres foram escolhidos, mas ainda assim é o passado. O passado não é, o futuro não é, só o presente é. Estar no presente é estar vivo, no que há de melhor – e isso é a renovação.


Apenas um dia antes de Gautama Buda deixar seu palácio para buscar a verdade, um filho havia nascido de sua esposa. Esta é uma história muito humana, tão bela...

Antes de deixar o palácio ele só queria ver ao menos uma vez o rosto de seu filho, símbolo de seu amor por sua esposa. Então entrou nos aposentos dela. Ela estava dormindo, e a criança encoberta, debaixo de um lençol. Ele queria remover a coberta para ver o rosto da criança, pois talvez ele jamais voltasse. Ele estava indo numa peregrinação desconhecida. Ele estava arriscando tudo, seu reino, sua esposa, sua vida, seu filho, ele mesmo, em busca da iluminação – algo que ele somente tinha escutado como uma possibilidade, a qual havia acontecido antes a umas poucas pessoas que tinham procurado por isso.

Ele estava tão cheio de dúvidas como qualquer um de vocês, mas o momento da decisão havia chegado. Ele estava determinado a partir. Mas a mente humana, a natureza humana... Ele só queria ver – ele não tinha nem mesmo visto o rosto de seu próprio filho. Mas ele temia que, se ele removesse a coberta, se Yashodhara, sua esposa, acordasse, ela perguntaria, “O que você está fazendo no meio da noite em meu quarto? – e você parece preparado para ir a algum lugar”.

Ele estava para partir, e ele havia dito ao seu cocheiro, “Espere um minuto. Deixe-me ver o rosto da criança. Pode ser que eu jamais retorne”. Mas ele não pôde ver devido ao medo de Yashodhara acordar, começar a chorar, a soluçar, “Onde você vai? Que você está fazendo? O que é renúncia? O que é iluminação?” Não é possível prever o que uma mulher faria – ela podia acordar todo o palácio! O pai dela viria, e a coisa toda estará estragada. Então ele simplesmente fugiu.

Após doze anos, quando ele realizou a iluminação, a primeira coisa que ele fez foi voltar ao seu palácio para desculpar-se com seu pai, sua esposa, seu filho que agora devia estar com doze anos de idade. Ele estava ciente que eles podiam estar zangados. O pai estava muito zangado – ele foi o primeiro a encontrá-lo, e por meia hora ele continuou insultando Buda. Mas depois, subitamente ele percebeu que estava dizendo muitas coisas e seu filho permanecia ali de pé, como uma estátua de mármore, como se nada o afetasse.

O pai olhou para ele, e Gautama Buda disse, “Foi o caminho que escolhi. Por favor, enxugue suas lágrimas. Olhe para mim: Eu não sou o mesmo garoto que deixou o palácio. Seu filho morreu muito tempo atrás.
Posso me parecer com ele, porém, minha consciência é outra. Basta me olhar”.

O pai disse, “Estou vendo isso. Por meia hora eu estive insultando você, e isso é prova suficiente de que você mudou. Do contrário, sei quão temperamental você era: você não conseguiria ficar tão silencioso. Que aconteceu a você?” Buda disse, “Eu lhe direi. Deixe-me primeiro ver minha esposa e meu filho. Eles devem estar esperando – eles devem ter ouvido que eu cheguei”. E a primeira coisa que sua esposa lhe disse foi, “Posso ver que você está transformado. Estes doze anos foram de grande sofrimento, mas não porque você se foi. Sofri porque você nada me disse. Se houvesse simplesmente me contado que você estava indo em busca da verdade, você acha que eu o teria impedido? Você me insultou profundamente. Essa é a mágoa que tenho carregado por doze anos. Também pertenço a casta dos guerreiros – você acha que sou assim tão frágil que teria chorado e gritado para tentar impedi-lo de partir?
“Durante esses doze anos meu sofrimento foi que você não confiou em mim. Eu teria lhe permitido, teria lhe dado uma despedida, teria vindo até a carruagem. Primeiro eu queria lhe fazer a única pergunta que tem estado em minha mente por todos esses doze anos, sobre o que quer que você tenha alcançado – e parece que certamente você alcançou algo. “Você não é mais a mesma pessoa que deixou esse palácio. Você irradia uma luz diferente, sua presença é totalmente nova e refrescante, seus olhos são tão puros e cristalinos como um céu sem nuvens. Você ficou tão bonito, você sempre foi belo, mas essa beleza não parece ser desse mundo. Alguma graça do além caiu sobre você. Minha pergunta é, seja lá o que você tenha alcançado, não era possível alcançar isso aqui nesse palácio? Pode o palácio impedir a verdade?”

A pergunta era extremamente inteligente, e Gautama Buda teve que concordar: “Poderia ter conseguido isso aqui, mas não tinha nenhuma idéia disso naquele momento. Agora posso dizer que eu poderia ter alcançado isso aqui nesse palácio, não havia nenhuma necessidade de ir a lugar algum. Tinha apenas que mergulhar dentro de mim, e isso podia ter ocorrido em qualquer lugar. Este palácio era tão bom quanto qualquer outro lugar, mas agora posso dizer isso. Naquele momento eu não tinha nenhuma idéia”.

“Então você deve me perdoar, pois não é que eu não confiasse em você ou na sua coragem. Na verdade, estava duvidoso quanto a mim mesmo: se você acordasse e eu tivesse visto o bebê, podia ter começado a imaginar, Que estou fazendo, deixando minha bela esposa, cujo amor total, cuja total devoção é para mim. E deixando meu filho de um dia de idade... se estou deixando-o então porque consenti no seu nascimento? Estou fugindo das minhas responsabilidades”.

“Se meu velho pai tivesse acordado, teria sido impossível para mim. Não é que eu não confiasse em você; realmente foi que eu não confiava em mim mesmo. Sabia que havia uma indecisão; eu não era total na renúncia. Uma parte de mim dizia, ‘O que você está fazendo?' – e outra parte de mim estava dizendo, ‘Essa é a hora de fazer isso. Se você não fizer agora isso se tornará cada vez mais difícil. Seu pai está se preparando para lhe coroar. Uma vez você seja coroado rei, será bem mais difícil’”.

Yashodhara disse a ele, “Essa era a única pergunta que eu queria fazer, e estou imensamente feliz por você ter sido absolutamente verdadeiro dizendo que isso, pode ser alcançado aqui, pode ser alcançado em qualquer parte. Agora seu filho, que está de pé ali, um garotinho de doze anos, tem estado continuamente perguntando sobre você, e tenho dito a ele, “Apenas espere. Ele irá voltar; ele não pode ser tão cruel, não pode ser tão indelicado, não pode ser tão desumano. Um dia ele virá. Talvez o que quer que ele tenha ido realizar esteja levando tempo. Logo que ele realizar, a primeira coisa que ele fará será voltar”. “Então seu filho está ali, e eu quero que você me diga qual herança você está deixando para seu filho? O que você tem para dar a ele? Você lhe deu vida – e agora, o que mais?”

Buda nada tinha a não ser sua tigela de esmolas, então chamou seu filho, cujo nome era Rahul. Ele chamou Rahul para perto dele e deu a ele a tigela de esmolas. Ele disse, “Eu nada tenho. Essa é minha única posse. Doravante terei que usar minhas mãos para pedir esmolas, para pedir minha comida. Dando a você essa tigela de esmolas estou lhe iniciando em sânias, na busca. Esse é o único tesouro que encontrei, e eu gostaria que você também o encontrasse”.

Ele disse a Yashodhara, “Você precisa estar preparada para tornar-se uma parte de minha comunidade de sanyasins”, e iniciou sua esposa. Seu pai tinha chegado e estava observando toda a cena. Ele disse a Gautama Buda, “Então porque você está me deixando de fora? Você não quer compartilhar o que você encontrou com seu velho pai? Minha morte está próxima... inicie-me também”.

Buda disse, “Na verdade, eu apenas vim para levar todos vocês comigo, pois encontrei um reino muito maior – um reino que irá durar para sempre, o qual não pode ser conquistado. Vim aqui para que vocês pudessem sentir aquilo que atingi, a fim de que vocês pudessem sentir minha realização, e eu pudesse convencê-los a serem meus companheiros de viagem”.

O copo e o lago

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse. - Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
- Ruim. - disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse:
- Beba um pouco dessa água.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! - disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? - perguntou o Mestre.
- Não. - disse o jovem.
O Mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Em outras palavras, é deixar de ser copo, para tornar-se um lago.

Guessar

A Guessar está de site novo. Lindo! A minha querida amiga Drika está de parabéns. Ela dá o sangue lá. E as coisas todas são de altíssima qualidade. E outra: são incensos tibetanos MESMO feito por butaneses, nepaleses e tibetanos. São abençoados por lamas realizados e não são encontrados na lojinha de material esotérico do shopping. Para quem curte, tem horóscopo tibetano e muito mais.
Parabéns Drika!
http://www.guessar.com.br/

Abandono de blog

Caros leitores.
Desculpem-me por ter abandonado o blog por tanto tempo sem postagens novas. É que, como diz a Menina do Didentro, "a minha vida não é um blog". A vida prega é peças na gente e muitas! Estevi às voltas com outros empreendimentos, problemas, alegrias, entusiasmos, tristezas e perdas que são coisas que fazem parte da vida mesmo. Quem falar que não passa por isso está mentindo e, pior, enganando a si próprio.
Enfim, estou de volta e, assim que achar um testo legal, que valha a pena postar, estarei aqui.
Abraço a todos e até logo, logo.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sobre o Medo - On Fear - Krishnamurti

Existe o medo. O medo nunca é uma realidade: vem sempre antes ou depois do presente ativo. Quando há medo no presente ativo, será isso medo? Está ali e não há como fugir dele, não há como escapar. Ali, no momento presente, há a atenção total ao momento de perigo, físico ou psicológico. Quando há atenção total, não há medo. Mas o próprio fato da desatenção gera o medo; o medo surge quando há uma evitação do fato, uma fuga; então a fuga é, ela própria, o medo.”
"Porventura uma das causas do medo é a comparação? O comparar-se com outra pessoa? Obviamente sim. A pergunta, portanto, é: será você capaz de viver uma vida sem se comparar com ninguém? Compreende o que digo? Ao se comparar com alguém, seja em termos ideológicos, psicológicos ou mesmo físicos, há o anseio de tornar-se aquilo; e há o medo de não conseguir. é o desejo de preencher e você teme não ser capaz de preencher. Onde há comparação haverá o medo."

Krishnamurti

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Não coloque a panela que ainda chia debaixo da água fria!


Achei esta lista no meio dos meus documentos do computador. Achei que já está um tanto antiga e batida e até pensei em jogá-la na lixeira, mas em tempos de reciclagem, resolvi fazer umas mudanças e postá-la. Mas também sei que tem muita gente que não se toca e continua fazendo as mesmas coisas simplesmente por hábito ou por preguiça de mudar. Temos uma postura engraçada de que, se o outro faz não precisamos fazer ou de achar que tudo é inesgotável, que tudo não passa de alarmismo. Mas a cada dia é possível ver nos noticiários e mesmo ao nosso lado que o clima está mudando. É preciso uma consciência ecológica imediata, ou melhor dizendo, para ontem, talvez anteontem! Economizar energia é proteger o PLANETA, vale a pena lembrar! Cada um tem que fazer sua parte e não esperar que o outro faça. O que estou colocando aqui são apenas algumas pequenas coisas do dia-a-dia, atitudes simples, mas que já ajudam bastante. Todo o Mundo agradece!

1.
Tampe suas panelas enquanto cozinha. Parece obvio, não é? E é mesmo! Ao tampar as panelas enquanto cozinha você aproveita o calor que simplesmente se perderia no ar.
2.
Use uma garrafa térmica com água gelada. Compre daquelas garrafas térmicas de acampamento, de 2 ou 5 litros. Abasteça-a de água bem gelada com uma bandeja de cubos de gelo pela manhã. Você terá água gelada até a noite e evitará o abre-fecha da geladeira toda vez que alguém quiser beber um copo de água
3.
Ah, Essa é ótima! Aprenda a cozinhar em panela de pressão. Acredite. Dá pra cozinhar tudo em panela de pressão: feijão, arroz, macarrão, carne, peixe etc. Muito mais rápido e economizando 70% de gás. Desligue um pouco antes do tempo e não coloque a panela que ainda chia debaixo da água fria. Desligue e deixe chiar até ela parar sozinha. Isso é um hábito muito comum, mas, no mínimo, burro! Se você faz isso, não aproveita o calor que ainda continua lá dentro mesmo com o fogo desligado e é aí que você economiza também o gás de cozinha.
4.
Cozinhe com fogo mínimo. Se você não faltou às aulas de física no 2º grau você sabe: Não adianta, por mais que você aumente o fogo, sua comida não vai cozinhar mais depressa, pois a água não ultrapassa 100ºC em uma panela comum. Com o fogo alto, você vai é queimar sua comida.
5.
Antes de cozinhar retire da geladeira todos os ingredientes de uma só vez. Evite o o abre-fecha da geladeira toda vez que seu cozido precisar de uma cebola, uma cenoura, etc.
6.
Coma menos carne vermelha. A criação de bovinos é um dos maiores responsáveis pelo efeito estufa. Não é piada. Você já sentiu aquele cheiro pavoroso quando você se aproximou de alguma fazenda de criação de gado? Pois é. É metano, um gás inflamável, poluente, e megafedorento. Além disso, a produção de carne vermelha demanda uma quantidade enorme de água. Para você ter uma idéia: Para produzir 1 kg de carne vermelha é necessário 200 litros de água potável. O mesmo quilo de frango só consome 10 litros.
7.
Não troque o seu celular. Já foi tempo que celular era sinal de status. Hoje em dia qualquer zé mané tem. Trocar por um mais moderno para tirar onda? Ninguém se importa. Fique com o antigo pelo menos enquanto estiver funcionando perfeitamente ou em bom estado. Se o problema é a bateria, considere o custo/benefício trocá-la e descartá-la adequadamente, encaminhando-a a postos de coleta. Celulares trouxeram muita comodidade à nossa vida, mas utilizam de derivados de petróleo em suas peças e metais pesados em suas baterias. Além disso, na maioria das vezes sua produção é feita utilizando mão de obra barata em países em desenvolvimento. Utilize seus gadgets até o final da vida útil deles, lembre-se de que eles certamente não foram nada baratos.
8.
Compre um ventilador de teto. Nem sempre faz calor suficiente pra ser preciso ligar o ar condicionado. Na maioria das vezes um ventilador de teto é o ideal para refrescar o ambiente gastando 90% menos energia. Combinar o uso dos dois também é uma boa idéia. Regule seu ar condicionado para o mínimo e ligue o ventilador de teto.
9.
Use somente pilhas e baterias recarregáveis. É certo que são caras, mas ao uso em médio e longo prazo elas se pagam com muito lucro. Duram anos e podem ser recarregadas em média 1000 vezes.
10.
Limpe ou troque os filtros o seu ar condicionado. Um ar condicionado sujo representa 158 quilos de gás carbônico a mais na atmosfera por ano, além de contribuir para doenças respiratórias seríssimas que podem, muitas vezes, levar à morte.
11.
Troque suas lâmpadas incandescentes por fluorescentes. Lâmpadas fluorescentes gastam 60% menos energia que uma incandescente. Assim, você economizará 136 quilos de gás carbônico anualmente.
12.
Escolha eletrodomésticos de baixo consumo energético. Procure por aparelhos com o selo do Procel (no caso de nacionais) ou Energy Star (no caso de importados).
13.
Não deixe seus aparelhos em stand-by. Simplesmente desligue ou tire da tomada quando não estiver usando um eletrodoméstico. A função de stand-by de um aparelho usa cerca de 15% a 40% da energia consumida quando ele está em uso.
14.
Mude sua geladeira ou freezer de lugar. Ao colocá-los próximos ao fogão, eles utilizam muito mais energia para compensar o ganho de temperatura. Mantenha-os afastados pelos menos 15cm das paredes para evitar o superaquecimento. Colocar roupas e tênis para secar atrás deles então, nem pensar!
15.
Descongele geladeiras e freezers antigos a cada 15 ou 20 dias. O excesso de gelo reduz a circulação de ar frio no aparelho, fazendo que gaste mais energia para compensar. Se for o caso, considere trocar de aparelho. Os novos modelos consomem até metade da energia dos modelos mais antigos, o que subsidia o valor do eletrodoméstico a médio e a longo prazo.
16.
Use a máquina de lavar roupas e louça só quando estiverem cheias. Caso você realmente precise usá-las com metade da capacidade, selecione os modos de menor consumo de água. Se você usa lava-louças, não é necessário usar água quente para pratos e talheres pouco sujos. Só o detergente já resolve.
17.
Retire imediatamente as roupas da máquina de lavar quando estiverem limpas. As roupas esquecidas na máquina de lavar ficam muito amassadas, exigindo muito mais trabalho e tempo para passar e consumindo assim muito mais energia elétrica. Na minha casa, aposentei o ferro de passar. Roupas de malha e calças jeans podem ser esticadas sobre uma cama e dobradas perfeitamente. Costumo dizer que hoje não passo o ferro. Passo a mão.
18.
Tome banho de chuveiro. E de preferência, rápido. Um banho de banheira consome até quatro vezes mais energia e água que um chuveiro.
19.
Use menos água quente. Aquecer água consome muita energia. Para lavar a louça ou as roupas, prefira usar água morna ou fria.
20.
Pendure ao invés de usar a secadora. Você pode economizar mais de 317 quilos de gás carbônico se pendurar as roupas durante metade do ano ao invés de usar a secadora.
21.
Nunca é demais lembrar: recicle! Recicle no trabalho e em casa. Se a sua cidade ou bairro não tem coleta seletiva, leve o lixo até um posto de coleta. Existem vários na rede Pão de Açúcar. Lembre-se de que o material reciclável deve ser lavado (no caso de plásticos, vidros e metais) e dobrado (papel).
22.
Faça compostagem. Cerca de 3% do metano que ajuda a causar o efeito estufa é gerado pelo lixo orgânico doméstico. Aprenda a fazer compostagem: além de reduzir o problema, você terá um jardim saudável e bonito.
23.
Reduza o uso de embalagens. Embalagem menor é sinônimo de desperdício de água, combustível e recursos naturais. Prefira embalagens maiores, de preferência com refil. Evite ao máximo comprar água em garrafinhas, leve sempre com você a sua própria.
24.
Compre papel reciclado. Produzir papel reciclado consome de 70 a 90% menos energia do que o papel comum, e poupa nossas florestas.
25.
Utilize uma sacola de tecido para as compras. Sacolinhas plásticas descartáveis são um dos grandes inimigos do meio-ambiente. Elas não apenas liberam gás carbônico e metano na atmosfera, como também poluem o solo e o mar. Quando for ao supermercado, leve uma sacola de feira.
26.
Plante uma árvore. Uma árvore absorve uma tonelada de gás carbônico durante sua vida. Plante árvores no seu jardim ou inscreva-se em programas como o SOS Mata Atlântica ou Iniciativa Verde.
27.
Compre alimentos produzidos na sua região. Fazendo isso, além de economizar combustível, você incentiva o crescimento da sua comunidade, bairro ou cidade.
28.
Compre alimentos frescos ao invés de congelados. Comida congelada além de mais cara, consome até 10 vezes mais energia para ser produzida. É uma praticidade que nem sempre vale a pena.
29.
Compre orgânicos. Por enquanto, alimentos orgânicos são um pouco mais caros pois a demanda ainda é pequena no Brasil. Mas você sabia que, além de não usar agrotóxicos, os orgânicos respeitam os ciclos de vida de animais, insetos e ainda por cima absorvem mais gás carbônico da atmosfera que a agricultura "tradicional"? Se toda a produção de soja e milho dos EUA fosse orgânica, cerca de 240 bilhões de quilos de gás carbônico seriam removidos da atmosfera. Portanto, incentive o comércio de orgânicos para que os preços possam cair com o tempo.
30.
Ande menos de carro. Use menos o carro e mais o transporte coletivo (ônibus, metrô) ou o limpo (bicicleta ou a pé). Se você deixar o carro em casa 2 vezes por semana, deixará de emitir 700 quilos de poluentes por ano.
31.
Deixe o bagageiro vazio em cima do carro. Qualquer peso extra no carro causa aumento no consumo de combustível. Um bagageiro vazio gasta 10% a mais de combustível, devido ao seu peso e aumento da resistência do ar.
32.
Mantenha seu carro regulado. Calibre os pneus a cada 15 dias e faça uma revisão completa a cada seis meses, ou de acordo com a recomendação do fabricante. Carros regulados poluem menos. A manutenção correta de apenas 1% da frota de veículos mundial representa meia tonelada de gás carbônico a menos na atmosfera.
33.
Lave o carro a seco. Existem diversas opções de lavagem sem água, algumas até mais baratas do que a lavagem tradicional, que desperdiça centenas de litros a cada lavagem. Procure no seu posto de gasolina ou no estacionamento do shopping.
34.
Quando for trocar de carro, escolha um modelo menos poluente. Apesar da dúvida sobre o álcool ser menos poluente que a gasolina ou não, existem indícios de que parte do gás carbônico emitido pela sua queima é reabsorvida pela própria cana de açúcar plantada. Carros menores e de motor 1.0 poluem menos. Em cidades como São Paulo, onde no horário de pico anda-se a 10km por hora, não faz muito sentido ter carros grandes e potentes para ficar parados nos congestionamentos.
35.
Use o telefone ou a Internet. A quantas reuniões de 15 minutos você já compareceu esse ano, para as quais teve que dirigir por quase uma hora para ir e outra para voltar? Usar o telefone ou skype pode poupar você de stress, além de economizar um bom dinheiro e poupar a atmosfera.
36.
Voe menos, reúna-se por videoconferência. Reuniões por videoconferência são tão efetivas quanto as presenciais. E deixar de pegar um avião faz uma diferença significativa para a atmosfera.
37.
Economize CDs e DVDs. CDs e DVDs sem dúvida são mídias eficientes e baratas, mas você sabia que um CD leva cerca de 450 anos para se decompor e que, ao ser incinerado, ele volta como chuva ácida (como a maioria dos plásticos)? Utilize mídias regraváveis, como CD-RWs, drives USB ou mesmo e-mail ou FTP para carregar ou partilhar seus arquivos. Hoje em dia, são poucos arquivos que não podem ser disponibilizados virtualmente ao invés de em mídias físicas.
38.
Proteja as florestas. Por anos os ambientalistas foram vistos como "eco-chatos". Mas em tempos de aquecimento global, as árvores precisam de mais defensores do que nunca. O papel delas no aquecimento global é crítico, pois mantém a quantidade de gás carbônico controlada na atmosfera.
39.
Considere o impacto de seus investimentos. O dinheiro que você investe não rende juros sozinho. Isso só acontece quando ele é investido em empresas ou países que dão lucro. Na onda da sustentabilidade, vários bancos estão considerando o impacto ambiental das empresas em que investem o dinheiro dos seus clientes. Informe-se com o seu gerente antes de escolher o melhor investimento para você e o meio ambiente.
40.
Informe-se sobre a política ambiental das empresas que você contrata. Seja o banco onde você investe ou o fabricante do shampoo que utiliza, todas as empresas deveriam ter políticas ambientais claras para seus consumidores. Ainda que a prática esteja se popularizando, muitas empresas ainda pensam mais nos lucros e na imagem institucional do que em ações concretas. Por isso, não olhe apenas para as ações que a empresa promove, mas também a sua margem de lucro alardeada todos os anos. Será mesmo que eles estão colaborando tanto assim?
41.
Desligue o computador. Muita gente tem o péssimo hábito de deixar o computador de casa ou da empresa ligado ininterruptamente, às vezes fazendo downloads, às vezes simplesmente por comodidade. Desligue o computador sempre que for ficar mais de 2 horas sem utilizá-lo e o monitor por até quinze minutos.
42.
Considere trocar seu monitor. O maior responsável pelo consumo de energia de um computador é o monitor. Monitores de LCD são mais econômicos, ocupam menos espaço na mesa e estão ficando cada vez mais baratos. O que fazer com o antigo? Doe a instituições como o Comitê para a Democratização da Informática.
43.
No escritório, desligue o ar condicionado uma hora antes do final do expediente Num período de 8 horas, isso equivale a 12,5% de economia diária, o que equivale a quase um mês de economia no final do ano. Além disso, no final do expediente a temperatura começa a ser mais amena.
44.
Não permita que as crianças brinquem com água. Banho de mangueira, guerrinha de balões de água e toda sorte de brincadeiras com água são sem dúvida divertidas, mas passam a equivocada idéia de que a água é um recurso infinito, justamente para aqueles que mais precisam de orientação, as crianças. Não deixe que seus filhos brinquem com água, ensine a eles o valor desse bem tão precioso.
45.
No hotel, economize toalhas e lençóis. Use o bom senso. Você realmente precisa de uma toalha nova todo dia? Você é tão imundo assim? Em hotéis, o hóspede tem a opção de não ter as toalhas trocadas diariamente, para economizar água e energia. Trocar uma vez a cada 3 dias já está de bom tamanho. O mesmo vale para os lençois, a não ser que você faça xixi na cama.
46.
Participe de ações virtuais. A Internet é uma arma poderosa na conscientização e mobilização das pessoas. Um exemplo é o site ClickÁrvore, que planta árvores com a ajuda dos internautas. Informe-se e aja!
47.
Instale uma válvula na sua descarga. Instale uma válvula para regular a quantidade de água liberada no seu vaso sanitário: mais quantidade para o número 2, menos para o número 1! Os vasos com caixa acoplada também são muito mais econômicos.
48.
Não peça comida para viagem. Se você já foi até o restaurante ou à lanchonete, que tal sentar um pouco e curtir sua comida ao invés de pedir para viagem? Assim você economiza as embalagens de plástico e isopor utilizadas.
49.
Regue as plantas à noite. Ao regar as plantas à noite ou de manhãzinha, você impede que a água se perca na evaporação, e também evita choques térmicos que podem agredir suas plantas.
50.
Frequente restaurantes naturais e ou orgânicos. Com o aumento da consciência para a preservação ambiental, uma gama enorme de restaurantes naturais, orgânicos e vegetarianos está se espalhando pelas cidades. Ainda que você não seja vegetariano, experimente os novos sabores que essa onda verde está trazendo e assim estará incentivando o mercado de produtos orgânicos, livres de agrotóxicos e menos agressivos ao meio-ambiente.
51.
Vá de escada. Para subir até dois andares ou descer três, que tal ir de escada? Além de fazer exercício, você economiza energia elétrica dos elevadores.
52.
Faça sua voz ser ouvida pelos seus representantes. Use a Internet, cartas ou telefone para falar com os seus representantes em sua cidade, estado e país. Mobilize-se e certifique-se de que os seus interesses - e de todo o planeta - sejam atendidos.
53.
Divulgue essa lista! Envie essa lista de dicas por e-mail para seus amigos, divulgue o link do post no seu blog ou orkut, reproduza-a livremente, e, quando possível, cite a fonte. O Mude o Mundo agradece, e o planeta também!

sábado, 5 de setembro de 2009

Conhecer a própria mente.

Chögyam Trumgpa Rinpoche
"Samsara é o estado de vagar em círculos. A roda da vida nos apresenta um quadro não apenas da vida humana, mas da vida como um todo - (...)
Tradicionalmente, essa interpretação dos seis reinos tem sido enfatizada como um incentivo à prática do dharma. Em uma cultura onde a crença na reencarnação é aceita, a contemplação sobre o ciclo infindável de vida após vida é muito poderosa e eficaz. Mas para aqueles de nós que não cresceram com essas idéias como parte do seu passado cultural, seria artificial simplesmente aceitá-las como uma questão de fé. Precisamos chegar a uma compreensão mais profunda de seu significado interior, antes que possamos integrá-las à nossa visão de vida. Muitos budistas ocidentais têm dificuldades com o conceito de renascimento nos seis reinos ou mesmo com o renascimento por si só. Ninguém pode nos provar o que existe além da morte. Entretanto, podemos investigar nossas mentes aqui e agora e descobrir todos os mundos contidos nelas. Podemos descobrir o que a vida como um ser humano realmente significa neste exato momento e isso pode nos levar a uma crença razoável, baseada na experiência presente, sobre o que acontece após a morte.
Quando observamos a mente em meditação, podemos ver com clareza como cada pensamento surge e cessa, como causa e efeito operam, como estados mentais sucedem uns aos outros exatamente como uma vida depois da outra e como nossa impermanência imaginada é, na verdade, um processo de mudança contínua. Se aprendermos a observar todas essas coisas acontecendo nesta vida, não é tão difícil aceitar a idéia de todas elas continuarem após a morte. Nossa própria mente é a única coisa que podemos realmente conhecer. Podemos aprender a ver além de qualquer dúvida como criamos continuamente nosso próprio mundo através do poder da mente e como os seis reinos tem uma significação muito real na psicologia da existência diária. (...)
Trungpa Rinpoche sempre falou sobre os seis reinos como estados mentais e enfatizou a importância de compreendê-los dessa foram enquanto temos oportunidade nessa vida. Ele se referia a eles como estilos de aprisionamentos, estilos de confusão, estilos de insanidade e mundos de fantasia. São tdos estratégias para manter o que ele chamava de jogos do ego em face à possibilidade do despertar. Surgem a partir dos venenos e, quando permitimos que uma dessas emoções poderosas se desenvolva e tome conta de nossas vidas, encontramo-nos no reino em particular associado a ela. O veneno corroendo o centro do ser que habita cada reino se origina do medo básico* de perder o ego, expresso nessas seis formas características. Todos os reinos são baseados em apego e avidez não nos permitindo que nos liberemos em direção ao espaço.
Quando estamos completamente imersos em um estado emocional insuperável, todo o nosso mundo se torna colorido por ele; tendemos a ver o ambiente e as outras pessoas sob a mesma luz de tal forma que se torna impossível distinguir a realidade interior da exterior. Quando estamos felizes descobrimos que nossa felicidade afeta todos ao nosso redor, as pessoas reagem a nós e se sentem mais felizes também; somos capazes de desfrutar do tempo mesmo se estiver feio ou desagradável e vemos beleza até na mais feia paisagem. Da mesma forma, quando estamos consumidos por raiva ou por ódio, tudo se torna odioso; não sentimos prazer no ambiente que nos cerca e achamos que todos estão direcionando sua agressividade para nós. Atraímos o pior das outras pessoas e, mesmo objetos inanimados parecem refletir nosso mau humor quebrando-se, ficando no caminho e causando acidentes. Esses são exemplos diários de morada nos reinos do céu e do inferno. As descrições dos seis reinos fque se seguem podem parecer extremas; mostram cada reino em sua forma mais intensa, não diluída por quaisquer outras características. Para nós que somos humanos, as experiências dos outros reinos sempre acontecem dentro da natureza humana básica; é como se víssemos apenas sombras ou seus reflexos."
Do livro "Vazio Luminoso" de Francesca Fremantle - páginas 189, 190, 191.
*O grifo é meu.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Dzambhala

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Dzambhala é mais conhecido por ser o Buda da abundância e bem... todos querem dinheiro! A rica cor de ouro de sua pele representa o aumento e o crescimento: resumindo, ele pode nos trazer riqueza material e nos ajudar a sair da pobreza, mas, o mais importante, sua prática pode nos trazer também a riqueza espiritual e o crescimento pessoal a fim de nos transformar numa pessoa melhor. Assim com todos os budas, sua prática pode nos levar até o alcance da iluminação última. Sua forma é a de um homem baixo, gordo e corpulento o que vem de um tempo em que amplamente se acreditava que a obesidade era sinônimo de riqueza e luxo. Ele também tem uma expressão arrogante em seu rosto e está sentado na postura do conforto real: esta postura é um aviso que serve para nos dizer que se continuarmos a olhar e agir dessa maneira arrogante em nossas tentativas de conseguir riqueza material, na verdade, em vez disso, teremos pobreza. Pensem! Nossa ganância está ferindo os outros? O conforto real de sua forma indica que Dzambhala está livre do samsara – através de sua prática e feitos, ele também adquiriu todo dinheiro, fama e riqueza do universo e não mais experimenta sofrimentos. Ele pode se dar ao luxo de se recostar tranquilo – ele conseguiu tudo o que queria! Ele nos mostra como nossa prática para ele pode nos guiar até a iluminação última onde também podemos ter literalmente tudo que queremos Ao mesmo tempo, ele pisa numa concha com seu pé direito para mostrar que, mesmo que ele tenha alcançado toda essa riqueza, ele está acima dela e não mais permite que os laços do samsara o subjuguem de novo. Dzambhala segura uma fruta na sua mão direita que significa que, se seguirmos sua prática, ele pode “arcar com os frutos” de nossos esforços para ganhar alcances espirituais e iluminação. Em sua mão esquerda, ele segura um mangusto que é um mudra da antiga Índia como um presságio de que coisas boas estão chegando. O mangusto cospe lindas jóias que realizam desejos. Ambos trabalham para nos atrair para a prática de Dzambala com uma promessa imediata de riqueza. As bênçãos de Dzambhala e o valor de sua prática são universais. Manter uma imagem ou estátua dele, ou dar uma estátua de Dzmbhala de presente a alguém é auspicioso para qualquer um em qualquer lugar. Sua energia espiritual em forma de som que ajuda a transformar a mente é o mantra:

OM DZAMBHALA ZALENDRAYÊ SOHÁ
Mas, importantíssimo! Só se pode fazer a prática e repetição do mantra após receber a iniciação de um mestre realizado! Acho que joguei muita água fria em quem achou que era fácil!

domingo, 30 de agosto de 2009

Paciência - Sua Santidade, o 14º Dalai lama

A paciência pode ser cultivada por diferentes métodos. O conhecimento da lei do carma é um deles. Assim, quando vivemos, por exemplo, condições de trabalho difíceis ou nos confrontamos com um problema particular, devemos pensar que somos responsáveis pelo nosso sofrimento e que ele resulta, com certeza, de causas que nós próprios geramos. Embora seja verdade que não é por isso que o problema se resolve, permite-nos relativizar, distanciarmo-nos e motivarmo-nos para fazer o possível para não contribuirmos, por "maus" pensamentos ou atos, para criar de novo este tipo de carma.

sábado, 29 de agosto de 2009

Diz Sua Santidade, o Dalai Lama.

O ódio, a afeição ou a inveja desestabilizam o nosso espírito e impedem-no de se comportar com equanimidade em relação aos seres. Comportarmo-nos com equanimidade não significa sermos indiferentes ou não nos sentimos implicados no sofrimento dos outros. Adotar tal atitude conduz-nos, muito pelo contrário, a agir para com os outros de maneira igualitária, sem mostrarmos preferências ou rejeições, com compaixão e amor, e fazendo tudo o que está ao nosso alcance para ajudar todos os seres, sem distinção, a atingir o despertar.

A verdadeira prática não se manifesta nos locais de culto, mas no exterior, em sociedade, onde nos confrontamos com situações reais e com as pessoas que podem suscitar ódio, amor, compaixão, desejo. Praticar uma religião não consiste simplesmente em orar, mas em desenvolver as emoções positivas que são o amor altruísta, a compaixão, a bondade, a generosidade, o sentido das responsabilidades e em dar sem contar e sem esperar nada em troca a todos os que nos rodeiam, amigos e inimigos.

Habitualmente, esperamos de uma pessoa que auxiliamos que se mostre reconhecida, de uma qualquer maneira. Se não o fizer, podemos sentir crescer dentro de nós raiva, ressentimento, ou ainda vontade de a prejudicar. Se tivermos aprendido a trabalhar o espírito e a observar o que se passa dentro de nós, poderemos então interromper o processo em curso e pôr termo à emoção perturbadora que nos impele a reagir com violência. Torna-se ainda mais fácil de realizar se considerarmos a pessoa que nos enfrenta um mestre cujo papel consiste em nos ensinar a desenvolver a paciência e a compaixão. Pensemos nisto quanto formos levados a viver este tipo de situação e veremos que, uma vez transposto este passo, é cada vez mais fácil comportarmo-nos assim, desenvolver a paz de espírito.

Termos confiança em nós e nas nossas qualidades não significa que sejamos orgulhosos. É importantes termos confiança naquilo que somos, nos nossos talentos e capacidades particulares, de modo a desenvolver a fé na existência, na qual se apoiará a capacidade de gerar a bondade, a benevolência, a compaixão e o amor altruísta. A fé e a confiança são indispensáveis ao desenvolvimento das qualidades humanas. Constituem um terreno fértil onde crescem todas as sementes que dão origem às emoções positivas.

Via e-mail, de Portugal, por Helena Mello.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O que acontece quando todos blogam.

Qua, 26 Ago - 14h48

Por Rodrigo Martins, colaborou Ana Freitas

São Paulo, (Agência Estado) - Hoje todo mundo "bloga" - e assim, entre aspas mesmo. O formato surgiu há mais de uma década como versão digital de diários de viagem (blog é contração de weblog - e "log" é o termo em inglês para essas narrativas), chamou a atenção ao dar voz a uma geração especializada em falar sobre si mesma e mudou a internet ao permitir que qualquer um, mesmo sem conhecimento técnico, pudesse se autopublicar.
Tudo isso aconteceu e, no entanto, o blog não evoluiu como formato. E a grande novidade da internet no século 21 - a autopublicação - foi incorporada por quase todos os endereços da atual paisagem digital. YouTube, Flickr, Twitter, redes sociais, podcasts e agregadores de RSS são a base daquilo a que chamamos de web 2.0 (do conteúdo gerado pelo usuário).
Ao mesmo tempo, a chamada blogosfera cultivou seus autores, gente que viu ali chances de fazer sucesso - artístico, financeiro, profissional. Esses blogueiros regeram momentos-chave da cultura digital no Brasil.
Unidos em torno de um formato - eles se linkavam, discutiam e faziam do blog uma ponte para encontros presenciais -, os blogueiros causaram um ruído grande e organizado na rede, formando a entidade blogosfera.
Mas quando todos publicam online, seja onde for, esse movimento se quebra, certo? E o blog segue firme como ferramenta - hoje é possível blogar sem que seu site sequer pareça um blog.
"O blog não evoluiu rápido o suficiente e por isso agora ele parece lento demais", diz o ex-blogueiro Steve Rubel, que matou seu blog para adotar outro estilo de publicação. A aposentadoria de Rubel fez que muitos decretassem a morte do formato.
Exagero. Como sistema de publicação, ele persiste, mas agora orbita em um espaço em que há mais vozes e ruídos - desorganizados - em ambientes diferentes.
Uma foto no Flickr é tanto autopublicação como um link no Twitter ou mesmo um post num blog. A diferença é que os dois primeiros são mais rápidos. E que o blog, agora, não é mais o único nem o principal - é só a plataforma mais voltada para textos e para reunir tudo o que se publica de forma descentralizada pela web.
Foi assim que nasceu o www.alessandrolandia.com, do jornalista Alessandro Martins, que prova a sobrevida do blog nos novos tempos. Ele publica só links que posta em seus outros blogs. Para ele, é uma volta às origens. "Ainda é a ferramenta mais versátil".