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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

No meditation mind!


Ansiosíssima, mala pronta, não consigo deslotar nada. Tiro coisas e continua cheia. É o material de prática que é muito, é grande e extremamente necessário. E não estou levando nem um livro!
Amanhã, acordar cedo para encontrar o Lama Chimed e os irmãos vajra. Vamos enrolar mantras para colocar na stupa. Espero ficar o dia inteiro neste pré retiro. Quem sabe dou uma centrada porque estou me machucando muito.
Ontem feri o dorso da mão direita no retrovisor de um carro estacionado grudado num outro. Bati o cotovelo direito e deu um “ovo”.
Fui fazer a dancinha dos zumbis do Michael Jackson com minha filha e bati a coxa na quina da mesa. Zuação! E ainda fico com a música na cabeça.
Lama Tsering diria:
- No meditation mind!
Quando a gente não está prestando atenção no que faz, fica estabanada, aflita, ansiosa, dá é nisso. No meditation mind!
Pelo menos demos muitas risadas. Melhores que a do Vincent Price!

Porque o gambá cheira mal?

Ilustração de Marcos Jardim

O gambá tinha uma filha casada com o ariramba (martim-pescador), que ia sempre ao rio e ao lago para flechar peixes. Ele pousava sobre um pau inclinado, para espreitar os peixes e flechá-los e voltava muito depressa, quando menos a sogra esperava. Um dia, o gambá chamou a filha:
— Minha filha, como é que seu marido mata os peixes?
— Como há de ser, pai? Ele sobe no pau que está inclinado sobre o rio.
— Ah, é assim? Ora, assim até eu mato peixes!
E ele chamou a mulher para o pau e esperou. Logo lhe apareceu o avô do peixe tucunaré. O gambá saltou sobre ele, mas o peixe era esperto, abriu a boca e engoliu-o. A velha correu para casa gritando e contou à filha o que se passara. A filha foi contar ao marido o que tinha acontecido e pediu-lhe que salvasse o seu pai.
O ariramba foi para a margem do rio, subiu ao pau e esperou. Quando apareceu o avô do peixe tucunaré, flechou-o, puxou-o para terra e pediu à sua mulher que trouxesse uma faca.
Abriu a barriga do peixe e encontrou o seu sogro quase morto. Mas salvou-o.
É por isso que o gambá ficou com o rabo tão feio; é que o avô do peixe pelou-o; e ficou com mau cheiro por causa do calor da barriga do peixe.

(J. M. "Por que o gambá cheira mal". Folha de São Paulo, 16 de abril de 1962)

http://www.jangadabrasil.com.br/abril56/im56040c.htm

sábado, 27 de dezembro de 2008

Retiro

Chagdud Gönpa Khadro Ling - Três Coroas - Rio Grande do Sul

"Não pense que você tem que controlar algo... apenas siga o movimento natural de tudo... foque sua energia para que nada seja desperdiçado... pense que o que você descobrir e treinar é muito precioso para uso de outras pessoas... veja que não é pela sua força que você anda, mas pela energia dos budas e bodisatvas.
Abandone todo o conhecimento anterior e apenas se abra para o que ouvirá e praticará.
Carinho, do L.S."
Sábado, 27 de dezembro de 2008, 10:23h.

Meus artigos no jornal


Estrangeirismo - Botando a boca no trombone!
Artigo meu publicado no Jornal Pampulha de Belo Horizonte em 15 de outubro de 2005.

"Antes de tudo, devo dizer que sou decoradora. Pelo menos formada e de nível superior, quatro anos de curso. Mas, no momento, exerço pouquíssimo a profissão por ter me tornado tradutora. Que a classe me perdôe, mas beira o ridículo o (mau) uso do inglês para denominar ambientes intuindo que isso possa 'valorizar' o trabalho de um profissional.
É home-theater (que ninguém consegue pronunciar direito), é fumoir (francês) indicando um lugar onde é permitido fumar, home library que, para mim, não passa de um ambiente cheio de estantes recheadas de livros que, por sinal, os decoradores deveriam ler mais e por aí vai. Muito chique, não?
Porém, no número 802 do Jornal Pampulha, na página F1, deparei-me com o título "Costumize sua casa."
Irritei-me! Está tudo errado! Primeiro, não existe a palavra costumize nem como verbo, no caso, para você customizar a sua casa. Custom é substantivo que quer dizer costume, convenção, etiqueta, hábito, tradição. No sentido comercial, clientela, cliente e, como adjetivo, temos customized que seria o termo brasileiro 'feito sob encomenda' (tanto no Collins, quanto no Oxford).
Dizer que 'customizar a sua casa' é 'fazer diferente e o que mais gosta para deixar a marca da sua personalidade refletida' não tem nada a ver. Desculpem-me, minha turma, mas façam-me o favor! Francamente! Até quando seremos macacos dos estadunidenses? Ou será que só eles são americanos?"

Visão budista
Artigo meu publicado no Jornal Pampulha de Belo Horizonte em 7 de março de 2007.

"Sou budista. Portanto, deveria ser eqüânime, compassiva, amorosa, alegre, paciente. Mas como conseguir ser assim diante dos fatos que vejo na televisão? Que samsara esquisito! Mesmo querendo me alienar, o rádio do vizinho toca a CBN o dia todo. Corro o risco de ser morta se for lá para reclamar.
Compassiva fico quando vejo a mãe do menino arrastado chorando em rede nacional. Compassiva fico quando vejo meninos morrendo na linha do trem. Que idéia! Estavam drogados? Não é possível! Compassiva fico com índio que, há dez anos - alguém se lembra? - dormindo, morre queimado em plena Cidade do Poder e da Impunidade! Mas alguém fez alguma coisa? Alguém faz alguma coisa contra filho de autoridade de Brasília? Ao contrário. Um dos rapazes passou num concurso público forjado pelo próprio pai e está ganhando seis mil reais por mês! Se trabalha ou não, não sei. Mas recebe! Percebe o salário e não percebe o que fez!
Quem matou a atriz a tesouradas - alguém se lembra? - já se formou na PUC Minas.
Com filha que tira a vida de quem lha deu, não sei o que fico, se fico, como fico! Pior ainda quando dizem que os pais dela eram muito severos! Por essa conta, já teria matado os meus, alguns irmãos, tios e tios que se acham no direito de se meter na educação de filhos alheios. Mas nem por isso fiquei pior e nem saí por aí cometendo atrocidades. Hoje uma palmadinha já traumatiza...
É normal quando nenhum dirigente discute algo em benefício da população? É normal entrar na lógica da barganha: isso é seu, isso é meu e estamos combinados. É normal cometer crimes às claras? É normal transar na praia e ainda reclamar privacidade? John Lennon e Yoko ficaram na cama um tempão. A frase é famosa: cometem violência em plena luz do dia mas se escondem para fazer amor. Mas eles não reclamaram!
A lei brasileira é deliciosa. Ninguém precisa explicar nada. Até hoje tem gente que, num romantismo do tempo da ditadura, diz entre dentes: odeio norte-americano! Tudo bem. Mas lá, bateu, levou! E não são trinta anos ou saída por bom comportamento, não. É perpétua se não for - adiantada e taxativamente discordo - pena de morte.
Mas somos psicóticos, paranóicos. Precisamos de tratamento e enquanto ele não vem panis et circus! Novela, futebol e cesta básica.
Mas acontece que sou budista. Portanto, devo ser eqüânime, compassiva, amorosa, alegre e paciente. Ainda bem que ser budista também é estar plenamente consciente da impermanência, de que as ações virtuosas e prejudiciais causam seus resultados inevitáveis e que este reino é um oceano de sofrimento.

A Única Maneira em "O Caminho é a Meta! Um Livro de Bolso de Meditação Budista."

"De acordo com o Buda, ninguém pode alcançar a sanidade e a iluminação básicas sem a prática da meditação. Vocês podem estar extremamente confusos, atentos ou prontos para o caminho. vocês podem estar emocionalmente perturbados e passando por um sentimento de claustrofobia em relação a este mundo. Talvez estejam inspirados por obras de arte deste mundo em geral. vocês podem ser gordos, magros, grandes, pequenos, inteligentes, burros. Seja lá o que forem, só existe um caminho, incondicionalmente e ele é começar a praticar a meditação. A prática da meditação é a única maneira. Sem ela não há saída ou entrada."

Carta ao Papai Noel

Recebi um e-mail de uma amiga que me repassou. Repasso.

"Papai Noel, como é de costume, todo ano lhe escrevo para contar como foi o meu ano. Lembro-me deste ano de 2008 de uma forma muito peculiar No começo tudo era esperança e alegria, a Bolsa estava em alta, mas bem em alta 70.000 pontos, dinheiro não faltava para nada, todos estavam especulando como louco desvairados, compra e vende, vende e compra, realiza lucro aos montes, nesta louca ciranda financeira sem controle. Todos sabiam que era uma "Bolha", mas afinal de contas se até o meu vizinho estava investindo na bolsa, e ganhando, porque eu também não poderia fazer isso. Apareceram até uns adolescentes na televisão com cara de intelectual, se intitulando de novos milionários, teve até revista sobre isso, lembra? Nas empresas estavam recontratando até os "mais experientes", ou seja, quem tinha mais 50 anos para suprir as vagas em aberto no mercado de trabalho por todo o Brasil, pois tava faltando até gente no mercado de trabalho. O petróleo andava na casa dos US$ 142,00/barril, e a gasolina tava cara pra dedeu, mas e daí, eu podia pagar no cartão em 10 vezes mesmo, e daí? A soja era riqueza pura no campo, nunca se vendeu tanto carro, geladeira, fogão e televisão, a propósito 29 polegadas que nada, eu queria uma LCD tela plana, bem fininha, enorme, para deixar lá em casa, mas tinha que ter alta definição, a tal da HD, afinal eu queria ver as Olimpíadas lá da China. No campo da música internacional apareceu até uma cantora que o nome é difícil de dizer até hoje, uma tal de Amy nãosei dequeHouse...., que faz apologia a autodestruição e bebedeira, sem falar em outras coisas, vende tanto quanto se chapa, todos riem. Teve até pai atirando criança pela janela e namorado matando namorada por amor ou desamor, eu vi isso na televisão, aquela grande e bem fininha. Que começo e meio de ano incrível foi esse de 2008, comprar era a palavra de ordem, comprar, comprar e comprar, pagar depois agente vê como faz para pagar. No campo do meio ambiente, os ambientalistas estavam bem loucos, teríamos que descobrir ou até construir um outro planeta Terra para suprir as nossas necessidades, o planeta estava agonizando, aquecimento global, furacões, deslizamentos de terra, enchentes e coisas do gênero, ou seja, agitação total. Bom, daí chegou o setembro negro, a Bolsa Quebrou, a Bolha Estourou, e aquele Brasil que esperamos décadas para deixar de ser o Brasil do Futuro e ser o Brasil do Presente, ficou em alerta total. Os Americanos começaram a gritar, pedir dinheiro emprestado ao governo (isso era inacreditável), as casas deles foram sendo tomadas, os estrangeiros sendo expulsos aos pouco e silenciosamente, o pavor se abateu sobre todos e iniciou a tão chamada CRISE FINANCEIRA, reuniões para todos os lados, os Europeus botaram a mão no bolso para segurar o tranco e incrivelmente até os japoneses saíram da Fórmula 1 devido a Crise. Quebrou de tudo, banco, seguradora, fábrica de carro, fábrica, minas, siderúrgicas e as máquinas dos colonos foram tiradas deles, até o meu vizinho, aquele besta que acreditou nessa ilusão, "SI FU". Aqui no Brasil nem sentimos muito no começo, foi só pânico mesmo, pois só queríamos chegar no Natal bem, poder tomar a nossa "espumante" no ano novo, que tava tudo bem. O preço do Barril do Petróleo anda no final do ano, em US$ 37,00/barril, mas o preço da gasolina não caiu, continua o mesmo do começo do ano, e sabe porquê? Para dar lucro na Petrobrás, quase 12 bilhões em apenas um trimestre, tudo bem ela é nossa mesmo... Os Bancos até ganharam dinheiro do Governo para emprestar, coisa incrível, mas tinham a obrigação de emprestar e não é que não queriam emprestar para ninguém, queriam só para eles, o governo teve que mudar as regras e apontar uns dedos por aí, mas papai Noel, o que é CND? Sei que é coisa das empresas com dívidas, o que é? O Lula foi na TV mandar a gente gastar e continuar comprando. CRISE que crise. Devemos acreditar nele, afinal é o nosso gestor maior, sua popularidade é a maior de todos os outros que passaram por aqui nos últimos tempos, ele devia estar certo. Papai Noel do Céu... Daí começaram as demissões por todos as lados, demissão na Vale, no vale e se criou um vale, um buraco, um abismo, no meio do caminho que agente fechou os olhos para não ver o estouro, os grandes estão balançado e se caírem, o barulho é feio, os meus amigos, aqueles de mais de 50 anos, já tomaram um pé na bunda faz tempo, mão de obra qualificada que nada, salve-se quem puder, os mais novinhos só dizem que não sabem o que fazer para conseguir emprego, aliás 34.000, 80.000 e assim por diante são os números de desempregados em São Paulo, agora no final do ano. Tem carro empilhado nas montadoras e até em pista de pouso de avião, aguardando comprador, eu vi isso na minha televisão de LCD, aquela desgraçada e bem fininha, que eu tenho que pagar mais 18 prestações caríssimas? Os juros não caíram e ao mesmo tempo o IPI dos carros foi suspenso, isso não parece meio contraditório? O Lula foi TV e disse diferente agora,... Continuem comprando, mas não esqueçam de pagar as contas... Que coisa mais estranha, porque haveríamos de fazer isso, não é? Cinco minutos depois a Fátima disse que a população brasileira está endividada até não poder mais, tem gente querendo devolver os carros, porque compraram no impulso e agora estão com medo de não poder pagar, inacreditável, como sabe esse nosso Gestor. Papai Noel, agora a pouco o Lula disse que não era para os empresários demitirem seus funcionários, mas se eles não tem trabalho como poderão manter os empregos? Papai Noel, acharam o culpado dessa CRISE e ele está lá nos Estados Unidos, nem sei o nome dele. Papai Noel, esse cara não merece presente de forma nenhuma. Disseram que ele fez uma tal de Corrente Financeira e bagunçou 50 bilhões de dólares pelo mundo afora, era um tal que trabalhava na NASDAQ. O que é isso? Agora aparece na TV de boné na cabeça para esconder a cara e anda até tomando uns tapas e empurrões, eu vi, sabe aonde? Claro lá na TV LCD HD de 32 pol. que eu comprei em 24 prestações lá na loja, que tá fazendo propaganda de monte na TV. Papai Noel, é por isso que eu lhe escrevo... Me ajuda a manter o meu emprego, pois eu tenho que continuar a botar gasolina no meu corcel velho, a prestação mesmo, no cartão, já que não deu tempo de eu comprar um popular zerinho em 72 meses, como fez o besta do meu vizinho. Tenho ainda que pagar as prestações da minha televisão de LCD HD de 32 pol., ainda faltam 18 prestações e se eu perder o meu emprego, como vou pagar os meus cartões de crédito, aqueles com juros absurdos, que eu aceitei em usar e eu não quero ir para o SPC SERASA, imaginem o que vão dizer de mim, imagina o que o meu vizinho vai falar. Mas se mesmo assim, eu não conseguir segurar o meu emprego, pelo menos diz para o Lula aumentar o tempo do seguro desemprego, até esta crise terminar, por uns 18 meses já tá bom. Vou ter que terminar por aqui porque a LanHouse está fechando, até o ano que vem. Feliz 2009. Do seu querido menino, Zé Povo Brasileiro."

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Citando Bob Thurman




"A liberdade do dualismo é entender que a realidade última é relativamente real, ultimamente real e relativamente última."

Robert Thurman

Com Sua Santidade o 14º Dalai Lama
Com sua filha, a atriz Uma Thurman (uma que dizer canal central)
Com a esposa Nena e a filha Uma.

Robert Alexander Farrar Thurman nasceu em 4 de agosto de 1941. É um escritor americano budista e acadêmico influente e prolífero que autorizou, editou ou traduziu vários livros sobre o budismo tibetano. É professor de estudos budistas indo-tibetano da Universidade de Columbia, detentor da primeira cátedra no campo deste estudo nos Estados Unidos. É também co-fundador e presidente da Tibet House (Casa do Tibet) em Nova York e ativista contra o controle do Tibet pela República Popular Chinesa.
Thurman nasceu em Nova York, filho de Elizabeth Dean (nascida Farrar), uma atriz dos bastidores e de Beverly Reid Thurman Júnior, um editor da Associated Press e tradutor das Nações Unidas. Cursou a Philips Exeter Academy de 1954 a 1958 e, em seguida, a Universidade de Harvard obtendo o título de Bacharel em Artes (AB) em 1962.
Casou-se dom Christophe de Menil, herdeira da Schumberger Ltd., uma fortuna em equipamento de petróleo, em 1959. Tiveram uma filha, Taya e seu neto é o artista Dash Snow.
Em 1961, Thurman perdeu seu olho esquerdo num acidente de carro quando tentava levantar o carro com um macaco e o olho foi recolocado através de uma prótese ocular.
Após o acidente, ele resolveu redirecionar sua vida, divorciou-se da esposa e viajou de 1961 a 1966 para a Turquia, Iran e Índia. Converteu-se para o budismo e foi ordenado sacerdote budista em 1964, o primeiro monge americano da tradição budista tibetana.
Estudou com Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama de quem se tornou amigo íntimo.
Em 1967, de volta para os Estados Unidos, Thurman abandonou seu voto de celibato e casou-se pela segunda vez com uma modelo teuto-suiça, Nena von Schlebrügge, que passou por um breve casamento com Timothy Leary. Thurman e Schlebrügge, agora uma psicoterapeuta, tiveram quatro filhos sendo a mais velha, a atriz Uma Thurman.
Thurman obteve o Mestrado em Artes em 1969 e um Ph.D. em Estudos de Sânscrito Indiano em 1672 em Harvard. Foi professor de religião no Amherst College de 1973 a 1988 quando aceitou um trabalho na Universidade de Columbia como professor de religião e sânscrito. A revista Time o escolheu como um dos 25 americanos mais influentes em 1997.
Dr. Thurman é altamente reconhecido por suas traduções e explanações dinâmicas e lúcidas da religião e filosofia budista, particularmente à tradição Gelugpa (dge-lugs-pa), e seu fundador, Je Tsongkhapa.

Traduzido por Ana Carmen Castelo Branco - Belo Horizonte, 26 de dezembro de 2008.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Retirantes contemplam a vida. - Tradução

Suan Mokkh, Thailândia
Quando Sarah Medway, uma artista inglesa de 50 anos de idade, leu a programação para os próximos 10 dias, ela ficou nervosa. "Eu queria sair imediatamente. Quase não consegui passar pelo balcão de registro", ela confessou. "Eu acabara de passar por uma transição difícil na minha vida e meu filho recomendou-me que eu fizesse isso. Ele me disse que simplesmente não era mais eu mesma". No terceiro dia, Sarah estava pronta para desistir. Ela mergulhou fundo dentro de si mesma e, na manhã seguinte, sentiu uma onda de calma e se adaptou à rotina estrita. No sétimo dia, ela chorou de desespero, mas nos últimos poucos dias, ela sentiu seu espírito nascendo de novo. "É uma montanha-russa emocional", concordou Matthew Carter, um instrutor de ginástica da África do Sul que tinha acabado de completar seu quarto retiro no monastério Suan Mokkh. "Mas isto limpa a sua alma". Wat Suan Mokkh está bucolicamente situado dentro de uma floresta em Chaiya, no sul da Thailândia. O monastério de floresta foi fundado em 1932 por um dos mais reverenciados monges da Thailândia, o Venerável Buddhadasa Bhikku (literalmente "Servo do Buddha"). Ele fundou o centro como um santuário para aqueles que quisessem praticar Vipassana (meditação do insight - visão clara). "Minha verdadeira natureza era aquela de um monge da floresta", escreveu Buddhadasa em 1943 e, pelos 50 anos seguintes, ele devotou sua vida a espalhar a palavra sobre o dharma (natureza) e encorajar Anapanasati (vigilância por meio da respiração) entre seus seguidores. Tal foi sua busca pela paz no mundo que Buddhadasa começou a convidar visitantes de diferentes religiões para seu retiro silvestre, esperando que eles levassem a mensagem de volta para suas casas.

Wat Suan Mokkh e a Sala de Meditação
Buddhadasa faleceu em 1993, mas seu legado vive em Wat Suan Mokkh. Gerenciado por devotos buddhistas e voluntários laicos, o monastério organiza mensalmente retiros para estrangeiros que desejam aprender Anapanasati e explorar a si mesmos.
As inscrições são feitas no último dia de cada mês (Wat Suan Mokkh não cancelou ou adiou nenhum retiro nos seus últimos 15 anos). Os dormitórios podem abrigar até 60 homens e 60 mulheres. As acomodações são espartanas: uma cela de concreto de 3 por 4 metros tem uma cama de alvenaria e uma esteira de palha. Espera-se que os retirantes imitem a rotina do próprio Siddhartha Gautama incluindo o mínimo de sono, andar descalços, comer somente pela manhã e dormir num travesseiro de madeira.

A Resposta Está Debaixo do Seu Nariz
Qualquer um que respire pode praticar a meditação Anapanasati. Ela não requer despesa, equipamento e nenhum planejamento. É boa para sua saúde e não tem efeitos colaterais.
As instruções para um iniciante são simples: sinta sua respiração entrando em suas narinas; siga-a até seu umbigo; sinta-a voltando para fora através de seu nariz; não pense em mais nada.
Ainda assim, é uma busca que poucos e preciosos mortais podem arrogar ter conseguido em uma só vida.
Aconselha-se que você comece sentando confortavelmente com a coluna ereta (o "lótus completo" e outras posições de yoga são puramente para aparecer). Tenha os olhos semicerrados e olhe para baixo em direção à ponta de seu nariz. Então, faça algumas respirações profundas. Siga sua respiração enquanto ela entra e sai. Na medida em que os pensamentos entram na sua mente, deixe-os passar. Retorne à respiração. Depois de um tempo, suas pernas, suas costas, seu pescoço ou todos os três começarão a doer. Ignore a dor. Volte à respiração. Continue focalizando na respiração até alcançar um estado de calma. Dissipe os pensamentos. Observe somente sua própria respiração. Ouça os sons à sua volta, mas não os analise. Inspire. Expire. Continue pelo tempo que você conseguir.

Sábio, porém humilde e secamente divertido, Tan Ajahn Dhammavidu oferece a palestra diária sobre os princípios buddhistas e a prática de Anapanasati.
O monge pode perspicazmente simpatizar com as frustrações dos meditantes noviços. Ele nasceu há 50 anos na Inglaterra e, como músico e artista, passou os anos 60 e 70 vivendo um estilo de vida hippie na Índia antes de se tornar um monge buddhista Theravada nos meados de 1980. Tan Ajahn Dhammavidu diz que não se arrepende e nem sente falta do "mundo real".
"A vida é sofrimento", diz, apesar de que um sorriso irônico no rosto sugere que ele está bem feliz com sua porção. Recontando casos de seu passado travesso, o monge inglês mantém sua audiência compenetrada, um alívio bem-vindo para os que estão lidando com suas próprias almas problemáticas.
Com uma virada de ironia, Tan Ajahn Dhammavidu amarra sua narração relacionando-a aos ensinamentos do Buddha.

Os Cinco Obstáculos para a efetiva meditação - desejo, agitação, preguiça, má-vontade e dúvida - são justapostos à analogia de se comer uma pizza enquanto dopado por haxixe numa hospedaria em Bengala. Cabeças balançam em apreciação. Ele deixa muita coisa sem dizer, mas sua mensagem é sempre clara: escolha o Caminho do Meio; não se engane; fique atento a tudo.
Os sinos tocam novamente para mais uma hora de meditação caminhando. Silenciosa e atentamente, os sábios andam devagar como zumbis em volta das terras do monastério. No nono dia, pede-se que os alunos devotem o dia inteiro à prática de meditação. Não há almoço neste dia, só o desjejum. Não haverá cânticos, nem yoga. As poucas distrações que poderiam existir são removidas e os meditantes lutam para atingir o nível mais alto que puderem.

Como o retiro caminha para um final, os membros sobreviventes refletem sobre o que provavelmente foi o mais longo dos 10 ou 12 dias de suas vidas:
"Eu tenho muito respeito pelo Buddhismo, mais ainda depois do retiro", reflete Sarah. "Acredito que Buddha descobriu a física quântica a 2.500 anos atrás".
"Definitivamente vale a pena fazê-lo ao menos uma vez na vida" divagou Márcio Assis, 27 anos, do Brasil. "O travesseiro de madeira foi duro; sopa de arroz para o desjejum todos os dias foi duro; acordar às 4 da manhã foi duro. Mas, no final, senti uma atitude mental muito mais positiva. É uma oportunidade de deixar para trás o mundo capitalista e olhar para dentro".
"Considerando que eu estava aqui para pensar sobre nada, eu nunca pensei tanto em minha vida", confessa Andréa, uma aluna alemã.
Como muitos outros, Andréa foi recomendada a ir ao Wat Suan Mokkh por um amigo e veio para "purgar os demônios" depois de término traumático com seu namorado. No final do curso ela sentiu que tinha finalmente fechado um capítulo em sua vida, mas não sem angústia e o derramamento de muitas lágrimas.
Um para subir, Scotty!
Se você já visitou um dos grandes lugares sagrados do Buddhismo, tais como Lumbini no Nepal, o lugar de nascimento do Buddha, você já deve ter notado a maneira descuidada com que muitos habitantes abordam os locais turísticos. Famílias indianas correm espalhando amendoins, tirando fotos, rindo. O Buddhista ocidental convertido, por outro lado, tende a querer dar esse passo além com austeridade. Ele se sentará debaixo de uma árvore, diante de centenas de tolos e risonhos turistas, e meditará desesperadamente, sem dúvida desejando alcançar um plano mais alto e, de preferência, antes do templo fechar para o dia.
Outros preferem tomar alucinógenos ou fumar maconha antes de descer para um dia duro de meditação. Você os encontrarão nas praias da Thailândia ou de Goa. Eles param a cada cinco minutos para mais uma dose.
Depois de incontáveis retiros e milhares de turistas e desejosos de ser buddhistas, Reinhard Holscher, um dos coordenadores do programa, é cético quanto ao que chama de "Coelhinhos da Felicidade".
"A meditação é um trabalho para toda a vida", ele diz. "Iniciantes não podem alcançar nenhum estado avançado em apenas 10 ou 12 dias".
É aí que jaz o conflito na mente ocidental. Enquanto muitos orientais parecem nascer com um senso natural de habilidade para a meditação, o impaciente e caprichoso ocidental tende a achar que todo o processo é apenas uma tarefa impossível de ser realizada.
"Queremos a Iluminação agora, ou estouraremos nossos miolos tentando!" ele diz.
O fato verdadeiro é que somente uma vida ascética é condutiva a uma meditação bem sucedida. Álcool e drogas simplesmente não adiantam. É uma busca pessoal, não há competições ou Campeonatos Mundiais de Meditação. É um assunto pessoal entre você e sua alma.
Apesar dos sinais de aviso, mais de 120 ocidentais fazem suas malas e entram no monastério em busca da Iluminação todos os meses - os jovens e os incansáveis, os militantes buddhistas e os renascidos curiosos, uns escravos da rotina, outros em encruzilhadas, outros em becos sem saída, alguns procurando por respostas, alguns olhando para algum lugar dentro, outros para algum lugar fora, os atormentados, os confusos, românticos, viciados, rebanhos e um sortimento de almas perdidas.
Dos 96 que apareceram para o programa de 11 dias em abril de 1996, apenas 67 completaram o curso - tal é o tormento psicológico que muitos têm que agüentar.
"A maioria dos que saem fora são jovens e não têm a menor idéia do que esperar", Reinhard diz.
Outros não conseguem ter o suficiente. Andy é um jardineiro da Alemanha e já veio a 20 retiros em Wat Suan Mokkh. Depois do 11º dia de cada curso, ele se muda para o outro lado da estrada para o monastério principal por duas semanas "para colher os resultados".
Completando o retiro, os alunos são bem-vindos a ficar no monastério principal se quiserem mais tempo para praticar meditação num ambiente silvestre ou se eles não se sentirem prontos para voltar para o mundo exterior.
Fundamentalmente você volta para o espaço selvagem, para o tráfego barulhento, luzes brilhantes e a comoção da vida do dia a dia. Mas enquanto pega uma carona de volta para Surat Thani na traseira de um caminhão, você sente um novo começo, uma estranha sensação de que sua vida está de alguma forma mais aberta do que você poderia imaginar antes. Seus sentidos estão mais claros: você pode sentir o cheiro da grama e das árvores, você pode sentir a brisa solta nos seus cabelos como nunca sentiu antes. Você encara milhares de pessoas na rua e simpatiza com cada uma delas. Você "nasceu de novo". O mundo é agora a sua ostra.
Com uma súbita explosão de alegria você grita para o ar: "Carpe Diem!" E, talvez, pela primeira vez na sua vida, você verdadeiramente diz isso pra valer.

Os retiros de meditação do Wat Suan Mokkh (em inglês) são realizados do 1º ao 11º dia de cada mês.
Inscrição: Um dia antes que o retiro comece.
Custo: 1500 baht para alimentação e acomodação.
Retiros em língua thai são realizados do 19o ao 27o todo mês.
Contato: The Dhammadana Foundation, c/o Suan Mokkhabalarama, Chaiya, Surat Thani, Thailand, 84110.
Telephone/fax: 07-743-1597.
Web site: www.suanmokkh.org/
Suan Mokkh está situado na Highway 41, perto de Chaya, 50 km. Ao norte de Surat Thani. Trens e ônibus: use a principal linha de trem ou rodovia entre Surat Thani e Bangkok.
Aeroporto mais perto: Surat Thani
Retiro de meditação:
4h.: acordar, banhar-se, meditar, yoga.
7:30h.: desjejum, tarefas, palestra do dharma, meditação, meditação caminhando, meditação.
12:30h.: almoço (última refeição do dia), tarefas, meditação, meditação caminhando, meditação, cânticos.
18h:. xícara de chá, banho quente nas termas, meditação.
21h:. Cama
Não ler, não escrever, não fumar, não beber, nenhum pensamento ou atividade sexual, não conversar.
© 2006 tradução de Ana Carmen Castelo Branco, para a Comunidade Nalanda,
http://buddhadasa.nalanda.org.br/destinofelicidade.html

A Árvore de Jóia do Tibet: o Motor da Iluminação do Budismo Tibetano

Autor : Robert Thurman - Tradução Ana Carmen Castelo Branco Publicado em: novembro 18, 2007

Poucos professores do ocidente possuem tanto treinamento espiritual quanto o erudito para nos guiar pelo caminho da iluminação. Robert Thurman é um destes professores. Agora, em seu primeiro curso experimental sobre as essências do budismo tibetano, adaptado e divulgado de um retiro popular que ele dirigiu, Thurman - o primeiro ocidental ordenado pelo próprio S. S., o Dalai Lama - compartilha a sabedoria centenária de um método altamente valioso usado pelos grandes mestres tibetanos. Valendo-se de um texto reverenciado e já tido como secreto de um mestre tibetano do século dezessete, junto com uma total explicação para ocidentais contemporâneos, A Árvore da Jóia do Tibet mergulha-nos completamente nos mistérios da sabedoria espiritual tibetana. Um retiro em forma de livro assim como um ensinamento espiritual e filosófico, oferece um sistema prático de compreensão de nós mesmos no mundo, de como desenvolver nosso processo de aprendizado e pensamento e de como ganhar um discernimento e percepção profundos e transformadores. Os tibetanos pensam em sua querida tradição budista como uma "árvore que preenche desejos" por seu poder de gerar felicidade e iluminação dentro de todos que absorvem seus ensinamentos. A felicidade, de fato, é a real meta da espiritualidade budista e a árvore de jóia que preenche desejos os colocará no caminho para o alcance desta meta. Esta linda imagem da árvore de jóia que atua como uma mandala ou uma postura de yoga para focar sua atenção em verdades maiores que você mesmo, o ajudará a sobrepujar idéias e hábitos antigos, fortalecer habilidades positivas, desenvolver mais energia e criatividade e mudar sua vida - no futuro - para melhor. Como Thurman escreve, "Os leitores aprendem a cultivar a sensibilidade e apreço para amar mais integralmente, sentir compaixão mais intensamente e se tornar uma fonte de alegria para todos que encontram e conhecem." Porque o caminho para a iluminação requer mais do que se sentar em meditação, A Árvore de Jóia do Tibet oferece uma trilha rica, intelectualmente cravejada de práticas espirituais específicas incluindo: os onze passos para criar o espírito da iluminação aqui e agora; as verdades e estórias dos sábios hindus e tibetanos; e meditações guiadas para vivenciar as bênçãos da árvore de jóia que preenche desejos. Vocês podem fazer estas práticas com os outros ou sozinhos durante a sua vida diária. E, enquanto viajam por esta estrada para aprofundar a auto-realização, auto-entendimento e contagiante alegria, também aprenderão como os princípios do tantra tibetano pode abrir as portas para a "compaixão e continuidade infinitas" e como descobrir estados de consiciência que transcendem ate a morte.Um dos mais explícitos ensinamentos dos passos para o caminho da iluminação disponíveis, explicados por um hábil professor ocidental, A Árvore de Jóia do Tibet os tornará aptos a honrar a completa sutileza e as profundezas escondidas do caminho do budismo tibetano e realizar, enfim, seus mais profundos mistérios e procuras - para vocês e para os outros.

Curiosidade: O Professor Robert Thurman é pai da atriz Uma Thurman
http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Thurman

Dukkha - Tradução

Sei que não é de interesse geral esse tipo de literatura, mas achei o texto que segue tão claro e esclarecedor que julguei interessante compartilhar. Alguns destaques em negrito são meus.
DukkhaVenerável Dhammika
“No seu primeiro sermão feito em Benares, a ‘Roda da Lei’, o Buddha exprimiu aquilo que representa o coração de seu ensinamento. Ele disse:
‘Esta é a primeira nobre verdade: tudo é dukkha. O nascimento é dukkha, a vida é dukkha, a velhice, a doença, a morte são dukkha. Estar unido àquilo que não se ama é dukkha. Não realizar seus desejos, não realizar suas necessidades são dukkha. Já que isto é um fato, então trabalhem sem descanso. Vocês devem ter três metas na vida, já que a vida é assim: a primeira meta é a de trabalhar para suprimir dukkha. Se esta nobre meta não pode ser alcançada, há uma segunda nobre meta, tão nobre quanto a primeira: contribuir para diminuir dukkha. Se não puderem nunca alcançar esta segunda nobre meta, resta-lhes a terceira, tão nobre quanto as duas primeiras: não acumular dukkha‘.
O termo ‘dukkha’, quase intraduzível, significa ’sofrimento’, incluindo aí as noções mais profundas da impermanência e da imperfeição. Nada sendo permanente, durável, toda mudança intervirá cedo ou tarde e, quando ela chegar, com certeza haverá sofrimento se for ignorada a lei da impermanência. Logo, é preciso ser consciente de que tudo está constantemente em mudança. Se alguém pensa que pode congelar a coisas para sempre, enfrentará sofrimentos importantes. Por exemplo, um sentimento alegre, uma felicidade, uma paixão, não são permanentes nem eternos. Quando a mudança intervier haverá dor, aflição. Isto parece fácil de compreender; é o mesmo quando nomeamos uma pessoa, indivíduo, um eu. É somente uma combinação de forças, de energias físicas e mentais elas mesmas em perpétua mudança. Logo isso também será dukkha. Ocorre o mesmo com nossas sensações e percepções que sentimos como agradáveis, desagradáveis ou neutras: elas são impermanentes. Dukkha não é nem uma filosofia, nem uma religião, menos ainda uma crença. É uma REALIDADE científica, quer dizer que, a todo o momento, ela é demonstrável e reproduzível. A tal ponto que o Buddha disse: ‘Vou lhes ensinar a Verdade e o caminho que leva à Verdade’. Ele nos disse que a vida é sofrimento. Então, comecem por observar que vocês não são felizes, que efetivamente vocês vão mal, mal dentro de seus corpos, porque ele envelhece, porque ele degrada, porque ele é mortal.
Observem bem que, dentro de sua psique, isto também não vai bem. Um dia, vocês pensam em qualquer coisa e, no dia seguinte, pensam o contrário. Um dia, vocês dizem a alguém que vocês o amam, no dia seguinte, vocês não podem mais o sentir. Observem bem que o que é verdade num momento, é o erro do outro momento. O caminho para a felicidade é ver que vocês não são felizes ou completamente felizes e que a razão é tudo isso. (E isto não é triste), é que o que é composto será decomposto. Quer vocês gostem ou não, tudo é impermanente; tudo que começou terminará. Observem que isto os deixa tristes, angustiados. Somos tristes porque queremos que isto dure.
O Buddha não disse que as coisas são más, ele disse: ‘elas são transitórias’. Segundo o Buddhismo, a verdade absoluta é que não há nada de absoluto neste mundo, que tudo é relativo, condicionado e impermanente, tudo é dukkha.
A compreensão desta verdade, quer dizer, as coisas tais como são, sem ilusão ou ignorância, é a extinção de dukkha que os guiará ao nirvana.
Então, qual é a origem de dukkha? Encontramos três causas principais responsáveis pelo sofrimento:
1. O Apego : É a sede, o desejo ardente de possuir. É porque sofremos frustrações, sofremos pela falta de amor, que nós desejamos avidamente. Nós nos tornamos escravos de nossos desejos e caímos na paranóia.
- O apego aos seres humanos, aos seres viventes (sou apegado a minha esposa, a meu marido, aos meus filhos, ao meu cachorro, etc., no que está implícito o prazer dos sentidos: ‘Se eu sou apegado a você, é para o meu próprio prazer’.)
- O apego aos bens: a riqueza, a posse, o ter, o saber, etc…
- O apego às idéias, aos ideais, às opiniões, às crenças, às concepções, à ideologia, etc… É este apego que mais mata no mundo (‘Se você não crê no meu Deus, eu te mato’.)
2. A Aversão
3. A Ignorância : Não é uma falta de saber, mas de conhecimento, em particular de ignorar quem somos nós, do ser que somos, de qual é o sentido da vida.
Trabalhando com as três causas de dukkha, o homem vai reencontrar o ser que existe dentro dele, reencontrar o mais parecido à sua imagem quando ele está dentro do ser, dentro daquele que não há diferença entre ele e o outro. Ele alcançará, assim, esta união do céu e da terra e o despertar do homem-Deus interior. ‘O desapego puro está acima de todas as coisas’, nos disse o Mestre Eckhart.
O desapego não é desprezo nem indiferença, mas liberdade a respeito do que se possui, daquilo que nos possui e daquilo que nós não possuímos. Pelo não-apego podemos sair de nossas memórias, dos traços que nos constituem no instante presente, para descobrir em nós o ser essencial, não apegados à matriz espaço-temporal, quer dizer, à dualidade. Jesus disse que seria preciso não ser apegado a seu pai e à sua mãe… ‘Não chamar ninguém de pai, mãe’ a fim de preservar em nós o sinal do ‘um’, daquele que gera e dá a vida’“.
© Venerável Dhammika
© tradução do francês de Ana Carmen Castelo Branco para a Comunidade Buddhista Nalanda, 2006

A Família Humana - Tradução

11 Janeiro 2006

A Família Humana
"Viver a vida religiosa é um doar de si mesmo – ao Dhamma, a Deus ou a qualquer coisa que seja a verdade suprema em uma religião particular. O propósito do monasticismo é o de vocês se doarem completamente. Vocês se libertam do desejo por recompensa pessoal ou reconhecimento de qualquer tipo, apenas para serem capazes de se tornar um bom monge ou monja e se doar totalmente aos refúgios do Buddha, do Dhamma e da Sangha.
O ideal da vida familiar é para o homem e a mulher se unirem para se entregarem um ao outro. Assim, o sentido de ser uma pessoa independente tem de ser sacrificado em prol do casal. Depois, com filhos a caminho, o casal se torna uma família e tem de desistir de tudo pelos filhos. Vejo como os pais se rendem totalmente às necessidades de seus filhos e acho isso admirável. Parece que são 24 horas por dia de contínua doação a um outro ser. Algumas vezes, isso pode ser irritante e aborrecido, mas em outras vezes vocês podem ver que é muito recompensador, que os pais realmente doam de forma sábia, não sem necessidade, mas como resultado de reflexão real e entendimento da situação. Eles sentem uma tremenda alegria ao desistir de seus interesses pessoais, privacidade, direitos e muito mais por causa de uma criança indefesa".
Este é um trecho do excelente artigo "A Família Humana" do Venerável Ajahn Sumedho, monge sênior da tradição theravada thailandesa, traduzido gentilmente por Ana Carmen Castelo Branco e revisado por Amandina Morbeck para a comunidade Nalanda. Em breve, ainda hoje, no site do Nalanda em:
http://www.nalanda.org.br/sala/sumedho.phpE aqueles que quiserem colaborar com traduções úteis para as pessoas, sintam-se à vontade para entrar em contato com o email da comunidade!
escrito por Dhanapala às 07:47 0 comentários Links para este post

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Cartão de Natal

Minha filha detesta, odeia, abomina, tem ojeriza, birra, antipatia, aversão pelo Natal. Então me mandou um cartão:

FELIZ NAPALM!!!

Meditação budista para cristãos.

Meditação ensinada por um Lama tibetano chamado Thubten Yeshe, aos seus alunos ocidentais, que cresceram em tradições cristãs.
“ ... sentem-se ou ajoelhem, se preferirem, numa posição confortável, relaxados, mas com as costas retas. Mentalmente, visualizem a figura de Jesus. Seu rosto tem uma expressão tranqüila, serena e terna. Uma representação do Cristo ressuscitado ou de Jesus pregando pode ser usada como modelo para essa visualização.
Depois, visualizem uma luz branca que emana da auréola muito radiante de Jesus em direção a auréola de vocês. Essa luz branca faz parte da natureza da energia espiritual, e assim que entra no corpo purifica a contaminação física, ou pecado, acumulado. Essa energia branca purifica todas as doenças do corpo, incluindo cânceres, e ativa e renova o funcionamento de todo o sistema nervoso.
Da mesma forma, visualizem uma luz vermelha emanando da garganta de Jesus e entrando na sua, penetrando completamente as cordas vocais com a sensação de felicidade. (...) essa gloriosa energia vermelha os purificará de todos esses negativismos. Em conseqüência, voces descobrirão as qualidades divinas da palavra.
Depois, do coração de Jesus, uma infinita e radiante luz azul vem penetrar o seu coração, purificando a mente de todos os seus conceitos errados. O ego egoista e mesquinho que é como o líder ou presidente das ilusões, e os três venenos – a ganância, o ódio e a ignorância – que são como os ministros do ego, são todos purificados nesse glorioso brilho azul. A mente indecisa, que é especificamente cheia de dúvidas e está sempre entre “talvez isto”e “talvez aquilo”, é esclarecida.
Essa purificação tripartida do corpo, fala e da mente pode ser de grande auxílio para todos os que tiverem grande devoção para com Jesus. Se vocês forem incapazes de visualizar o todo acima descrito, podem concentrar-se apenas no coração de Jesus. Desse centro muito glorioso, emana uma energia branca e brilhante para o coração, purificando todos os aviltamentos. Essa é uma prática simplificada, mas ainda assim pode ser extremamente benéfica.
Vocês podem concluir essa meditação visualizando uma flor de lótus branca se abrindo no coração. A figura compassiva visualizada à frente penetra, então, no coração e manifesta-se nessa flor de lótus. Depois, o que quer que voces comerem ou beberem torna-se uma oferta para este Jesus dentro do coração. ”

Fonte: Noite Feliz – Reflexões sobre o Natal
Autor: Lama Thubten Yeshe - Diretor da FPMT (Foundation for the Preservation of the Mahayanna Tradition
Editora: Pensamento

Obs.: O livro pode ser encontrado na Livraria Leitura (Belo Horizonte) ao preço de R$ 9,90.
De um e-mail enviando por Juliana Bonneau.

Mensagem de Sua Santidade.


Preciso ver ou rever, ler ou reler.


Dzongsar Khyentse Rinpoche - o lama cineasta


Filmes:
7 Anos no Tibet
A Copa
Enlightenment Guaranteed
Go Hime
Himalaya
Kundun
Milarepa
Pequeno Buda
Primavera, Verao, ...
Rikyu
Samsara
Siddharta
Travellers and Magicians
Un Buda
Windhorse

Documentários:

Budas en el Exilio
Cry of The Snow Lion
Doing Time, Doing Vipassana
El Labirinto del Tibet
In search of the lost Buddhas
Into The Thunder Dragon
La Vie de Buddha
Message of the Tibetans
Return to Tibet
Saltman of Tibet
The Life of Buddha
The Lions Roar
The Spirit of Tibet
Thus I have Heard
Tibet, a Buddhist Trilogy
Tibet: The survival of the Spirit
Tibetan Book of The Dead
Wheel of Time
Words of my perfect teacher
Yatra Trilogy
Yogis of Tibet

Indiretamente ligados com o dharma:

Black Rain (o de Shohei Imamura)
O grito das formigas
Recomendados por algum lama:

Ikiru (Dzongsar Khyentse Rinpoche)
Stalker (DKR)
Woman in the Dunes (Trungpa Rinpoche)

Cineastas recomendados:

99.9% deles podem ser encontrados via p2p (emule, torrent)
Herzog (conexão com Sua Santidade, o Dalai Lama)
Hiroshi Teshigahara (ligado à arte tradicional japonesa)
Kurosawa (Dzongsar Khyentse Rinpoche)
Satyajit Ray (Dzongsar Khyentse Rinpoche)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Medicina se rende à prática da meditação




Ministério da Saúde baixou portaria incentivando postos de saúde e hospitais a oferecer a técnica em todo o País. - Ricardo Westin.
Em fevereiro, a agência do governo dos EUA responsável pelas pesquisas médicas (NIH, na sigla em inglês) reconheceu formalmente a meditação como prática terapêutica que pode ser associada à medicina convencional. Em maio, o Ministério da Saúde brasileiro baixou uma portaria em que incentiva postos de saúde e hospitais públicos a oferecer a meditação em todo o País.
Essas ações governamentais são sinais da tendência de encarar a meditação não simplesmente como prática de bem-estar, que faz bem apenas à mente e ao espírito. Parar diariamente alguns minutos para se concentrar e se desligar do turbilhão de pensamentos que ocupam constantemente a cabeça também ajuda a manter a saúde física.
"A meditação é diferente da medicina convencional porque quem cuida de você não é o médico. É você mesmo", explica a médica anestesista Kátia Silva, que coordena as atividades de meditação no Hospital Municipal Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo. Na cidade, 70% dos postos de saúde oferecem atividades da chamada medicina tradicional, que inclui acupuntura, tai chi chuan e meditação.
Relativamente recentes, as pesquisas começaram nos anos 70. Uma pesquisa com a palavra meditação no acervo on-line da Biblioteca Nacional de Medicina, do governo americano, traz 1.400 estudos científicos.
Entre outros benefícios, meditar previne e combate a depressão, a hipertensão arterial, a dor crônica, a insônia, a ansiedade e os sintomas da síndrome pré-menstrual, além de ajudar a reduzir a dependência de drogas.
Esses estudos mostram que a meditação reduz o metabolismo - os batimentos cardíacos e a respiração ficam mais lentos e o consumo de oxigênio pelas células cai. É isso que dá a sensação de relaxamento e tranqüilidade.
As mesmas pesquisas sugerem que prática também interfere no funcionamento do sistema nervoso autônomo, que é responsável, por exemplo, pela liberação dos hormônios noradrenalina e cortisol durante os momentos de stress. Em quem medita, a duração dessas "reações de alarme" são mais curtas. Dessa forma, a pressão do sangue e a força de contração do coração ficam alteradas por pouco tempo, comprometendo menos a saúde.
Apesar de serem evidentes os benefícios, a ciência ainda não consegue entender completamente como a meditação age no sistema nervoso. "Uma das dificuldades é o fato de não serem possíveis testes com modelos animais", explica a bióloga Elisa Kozasa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo especialistas, mudanças podem ser sentidas logo nas primeiras semanas. A aposentada Maria Elza Lima dos Santos, de 60 anos, descobriu a meditação no Hospital Vila Nova Cachoeirinha. Ela vivia com crises de pressão alta, que passaram após quatro meses de práticas diárias. "Antes, eu era muito nervosa. A cabeça estava sempre cheia de problemas. Aí a pressão subia. Agora fico mais relaxada, sinto uma paz de espírito", conta ela, explicando que no princípio teve dificuldades com a técnica (leia sobre a técnica no texto ao lado). "Levei um mês para aprender a me concentrar.
"NA TRILHA DA ACUPUNTURA" - o obstetra Roberto Cardoso, autor de "Medicina e Meditação - Um Médico Ensina a Meditar" (MG Editores, 136 págs, R$ 26), diz que muitos profissionais de saúde ainda têm preconceitos. "Mas isso deve mudar. A meditação começa a trilhar os passos da acupuntura, que já é um recurso reconhecido pela classe médica."
No Brasil, a instituição que mais estuda o tema é a escola médica da Unifesp, o que, segundo especialistas, ajuda a apagar a imagem religiosa e mística que normalmente se tem dos meditadores. A meditação não precisa ser necessariamente ligada a uma crença oriental. (O grifo é meu)
Para que a meditação cumpra seu papel de medicina complementar e preventiva, o psicólogo José Roberto Leite, da Unifesp, explica que ela deve ser diária e constante. "É como comer ou fazer exercícios. Não basta uma semana para que você se mantenha saudável."
Retirado de:http://txt.estado.com.br/editorias/2006/07/07/ger-1.93.7.20060707.6.1.xml
Meditação profunda aperfeiçoa funcionamento do cérebro
_CONTRIBUTED BY anônimo em Thursday, July 2006 @ 15:38:07 BRT
Por Jorge A. Bañales Washington, 9 nov (EFE).
Pessoas que praticam meditação durante longos períodos induzem mudanças no funcionamento cerebral que melhoram o conhecimento e as emoções, segundo um estudo da Universidade de Wisconsin divulgado nesta segunda-feira.
Uma equipe do Laboratório W.M. Keck de Estudos Cerebrais, do Centro Waisman da Universidade de Wisconsin, que realizou os experimentos em cooperação com o Monastério Schechen, de Katmandu (Nepal), publicou suas conclusões na revista "Proceeding", da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
"Descobrimos que pessoas que praticam meditação budista durante longos períodos auto-induzem mudanças neurais, isto é, na função cerebral, que têm um impacto duradouro, aumentando a cognição e as emoções", indicou Antoine Lutz, que liderou o estudo.
O termo "meditação" compreende inúmeras tradições culturais e variados métodos de concentração mental, controle da respiração, disposição física centrada e, em alguns casos, visualizações - ou seu oposto, a não focalização da mente em objetos ou idéias.
Para este estudo, os pesquisadores tomaram oito praticantes de meditação budista com idade média de 49 anos, e para o grupo de controle utilizaram 10 estudantes voluntários, com idade média de 21 anos.
Os budistas receberam instrução mental nas tradições tibetanas Nyingma e Kagyu de 10.000 a 50.000 horas ao longo de períodos de 15 a 40 anos."A duração de sua instrução foi calculada sobre a base de sua prática diária e o tempo que passaram em retiros de meditação", indicou Lutz.
Por outro lado, os sujeitos do grupo de controle não tinham experiência prévia na meditação e receberam instrução por uma semana antes da coleta de dados através de eletroencefalogramas.
Como método de meditação, os pesquisadores escolheram "a prática sem um objeto determinado durante a qual os praticantes, tanto budistas como do grupo de controle, geraram um estado de 'amabilidade e compaixão incondicional'.
Esta prática, usada por inúmeras escolas budistas da Índia até China, Japão, Coréia e sudeste asiático, não requer concentração sobre objetos, memórias ou imagens particulares, mas uma disposição para ajudar a todos os seres vivos.
"Estudos anteriores já demonstraram o papel geral da sincronia neural, em particular nas freqüências da banda gama (de 25 a 70Hz), em processos mentais como a atenção, a memória ativa, a aprendizagem e a percepção consciente", explicou Lutz.
Acredita-se que tais sincronizações das descargas neurais oscilatórias desempenham um papel crucial na constituição de redes que integram os diferentes processos neurais em funções cognitivas e afetivas altamente ordenadas.
"Por isso, a sincronia neural parece um mecanismo promissor para o estudo dos processos cerebrais que estão por trás da instrução mental", acrescentou.
Os pesquisadores registraram eletroencefalogramas dos participantes budistas e dos sujeitos de controle antes, durante e depois da meditação, e compararam as pautas de ambos os grupos.
"Descobrimos que os praticantes budistas auto-induzem, de forma sustentada, oscilações de alta amplitude na banda gama e na sincronia de fase", disse Lutz."As diferenças notáveis em relação aos sujeitos de controle aumentam muito durante a meditação e se mantém no período posterior à meditação", explicou.
Um dos detalhes notados pelos pesquisadores foi a chamada "sincronia gama a longa distância".
Aparentemente, ela é vinculada a uma coordenação neural em grande escala e ocorre quando duas áreas neurais, controladas por dois eletrodos distantes, oscilam com uma relação de fase precisa que se mantém constante durante um certo número de ciclos de oscilação.
Além disso "a atividade gama de alta amplitude encontrada em alguns destes praticantes é, até onde sabemos, a mais alta da que se tem notícia na literatura científica, em um contexto não patológico", acrescenta o estudo.

Para o signo de Câncer.


Todo mundo diz que final de ano é hora de jogar fora o que não se usa mais, o que não se quer mais, o que se pode dar para alguém. Já comecei. Estou de viagem marcada para o Khadro Ling e isso me forçou a ver o que tenho que levar na mala. Achei inúmeras coisas que há muito tempo não uso. Aos poucos, estou pondo dentro da mala o que preciso para o retiro. O resto fica. Na volta, quando desfizer a mala, me desfaço das coisas inutilizáveis. O negócio é desfazer, é desapegar.
O horóscopo está bom. O ano de 2009 será regido pelo Sol o que sinaliza o começo de uma nova era cheia de revitalização, energia e motivação. Um dos eclipses do ano vai ser em pleno Dzogchen, dia 26 de janeiro. Deve haver uma cerimônia muito auspiciosa. O outro eclipse é em 21 de julho.
Não posso me esquecer de levar um presente para a Khadro que faz aniversário junto com meu filho caçula e de, pelo menos, telefonar para ele.
O horóscopo também diz que vou ganhar um dinheiro extra vindo da pessoa que eu menos esperar, mas não gosto de surpresas. Sou uma prevenida para o que possa me surpreender. Mas, no Samsara, não tem jeito porque a gente sempre é surpreendida. Isto é inevitável. Mesmo assim, estou levando uma bela e farta farmacinha e algumas coisas para costura.
Gostei muito disso: “Saturno, transitando neste período pelo setor da comunicação, dará aos cancerianos a oportunidade de aprender a se expressar de forma mais sucinta e também mais objetiva. Além disso, você se sentirá mais encorajada a dizer o que realmente se passa em sua cabeça sem medo de magoar outras pessoas.”
Falo demais, pareço me desculpar o tempo todo numa eterna explicação e gostaria mesmo de dizer algumas verdades para as pessoas, mas sem magoá-las. Esse último é bem difícil. Parece que hoje em dia as pessoas estão se magoando muito facilmente, estão estressadas, agitadas, com pressa, falando sem pensar se vale a pena. Eu também.
Parece que só penso em dinheiro, mas não. Eu não penso em dinheiro. Eu preciso dele! E meu marido tem uma herança para receber que está encalacrada há doze anos. Pois o horóscopo diz: “Bons ventos vão soprar na área dos processos legais – o recebimento de uma herança que estava emperrada, por exemplo, poderá finalmente ser liberado.”
O verbo que define meu signo é a casa – como se eu já não soubesse – e a cozinha... ah, não! Não é o meu lugar! Gosto mais de limpar decorar, enfeitar, fazer o ninho, enfim. Como os pássaros, prefiro buscar a comida pronta na rua.
Feliz 2009 para todos!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Mensagem de Natal para Ani Zamba de S

"Querida AZ

Há algum tempo atrás, ouvi um ensinamento muito precioso. Agora, lendo seu texto sobre o Natal, lembrei-me das simples e comoventes palavras e senti meu coração aquecido.

Temos o poder de reconhecer nossos corações, nossos sentimentos, nossas emoções, nossas percepções. Não devemos reprimi-los. Mas, precisamos de tempo e espaço para olhar para elas e reconhecê-las como elas são. Para sermos capazes de fazer isso temos que estar presentes aqui e agora interconectados com todos os seres.

Muitas vezes, nosso corpo está ali, mas nossa mente está em outro lugar. A prática que o Buda nos ofereceu é a prática da consciência, de viver consciente. “O Reino de Deus” ou “A Terra Pura dos Budas” não são uma idéia. São uma realidade. Toda vez que estamos conscientes, toda vez que estamos concentrados e relaxados neste estado, podemos nos conectar com esse reino para a nossa transformação e cura. É claro, inferno, o reino dos fantasmas famintos e tudo o mais também estão aí, no momento presente, mas o reino do despertar também está aí e nós só temos que escolher entre eles.

Quando estamos inteiramente presentes no aqui e agora, observando nossos pensamentos, sentimentos e emoções, eles não são a realidade e não precisamos ser sugados por eles. Podemos manter nossa liberdade e isso é muito importante. Mesmo quando pensamentos negativos ou positivos surgem, devemos nos lembrar que nossos pensamentos são só pensamentos e isso nos permitirá que a sabedoria, a compaixão, o amor e a equanimidade entrem em ação para nos ajudar e a todos os seres sencientes.

Ao nos reunir neste Natal e na véspera do Ano Novo, podemos tomar consciência de que a Terra Pura dos Budas ou o Reino de Deus está sempre lá para nós. Tudo que precisamos é tomar refúgio na liberdade, o que significa lembrar-se do Buda das Três Jóias (a Pura Natureza Última) do Dharma (o caminho para alcançar esta Natureza Última) e da Sangha. A sangha do Buda e dos bodisatvas e a sangha dos seres sencientes, os que estão no caminho, os que estão apenas tentando sobreviver. Podemos abraçá-los todos e sentir profundamente que estamos integrados como uma grande empresa além do tempo e do espaço.

Com amor e respeito.
S."

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mineirêz


Fala de mineirin é assim mêzz...

Ansdionti (antes de ontem)
Badacama (debaixo da cama)
Berzonte
Beraba
Berlândia
Conceção? (Quantos vocês são?)
Concechama? (Como você chama?)
Confó fô ô vô (Conforme for, eu vou)
Dendapia (dentro da pia)
Denduforno (dentro do forno)
Dentifrisso (dentifrício)
Dezdaí (Desce daí)
Doidimais (doido demais)
Doncovim? (De onde que eu vim?)
Ganhães
Guvernadô Valadars
Iscodidente (escova de dente)
Iscoiê (escolher)
Ispeciar
Istrudia (Outro dia)
Kidicarne (quilo de carne)
Lidileite (litro de leite)
Mastumate (massa de tomate)
Minino
Mons Clars
Munbunito (Muito bonito)
Nossinhora (Nossa Senhora)
Oiprocevê (Olha para você ver)
Óiuchêro (olha o cheiro)
Oncê tava cocêsumiu? (Onde você estava que você sumiu?)
Oncestão? (Onde vocês estão?)
Oncesvão? (Onde vocês vão)
Oncotô? (Onde que eu estou?)
Onquié (Onde que é?)
Onzz: ônibus
Parksmangabeira (Parque das Mangabeiras)
Patinga
Pelopoldo (Pedro Leopoldo)
Pincumé (pinga com mel)
Pondiôns (ponto de ônibus)
Pópará (Pode parar)
Pradaliberdade (Praça da Liberdade)
Pradupapa (Praça da Liberdade)
Prõ nós tão ino? (Para onde nós estamos indo?)
Proncovô (Para onde que eu vou?)
Quainahora (Quase na hora)
Rugoiás (Rua Goiás)
Sapassado (sábado passado)
Sélagoas (Sete Lagoas)
Sessetembro (sete de setembro)
Tabira
Tajubá
Ticido (tecido)
Tidiguerra (tiro de guerra)
Tissudaí (Tira isso daí)
Tiuria (teoria)
Tradaporta (atrás da porta)
Varrginha
Vidiperfume (vidro de perfume)
Vistido
Xô descê
Xô vê
Xô iscoiê

Uai é indispensável. O que significa uai? Uai! Uai é uai, uai.
Quando quiser uma confirmação, pergunte: É mêzz?
Se quiser chamar a atenção, diga: Oi qui, ó!
Quando quiser uma confirmação, pergunte: ... É mêzz?
Se estiver com fome coma pão dji quejj. Ex.: Dois pão dji quejj e duas cêirvejj...
Na falta de vocabulário específico, utilizar a palavra trem, que serve para tudo, exceto como meio de transporte ferroviário que, neste caso, é troço.
Onzz é o meio de transporte coletivo rodoviário. Ex: Ói, lá vem o onzz das seis!
Se quiser aprovar alguma coisa solte um sonoro: Mai qui belêzz!
Prá fazer café, primeiro pergunte: Pó pô pó?
Se acharem que ficou ralo, pergunte então: Pó pô má poquim di pó?
Se você não sabe onde está e nem para onde vai, pergunte simplesmente: On cotô? Pron covô? Pronóis vai ?
Se não estiver certo de comparecer, diga simplesmente: Con fó fô eu vô!
Se o motivo da dúvida for algo que você tem que fazer, explique, "Vou fazer um nigucim e vorto logo".
Ao procurar alguém que concorde com você, dispare um: ... Némêzz?
Use a expressão aumentativa: Dimái da conta. Ex.: Issé bão dimái da conta!
Usar sempre duas negativas prá deixar claro que você não sabe do que está falando:"Num sei não".
Use sempre o diminutivo: INN, tipo Piquinininn, lugarzinn, mineirinn
Use a expressão Rapáiz!! pra iniciar uma exclamação. Nem sempre é necessário complemento. Ex: Rapaaai!!!
Redá: Mesma coisa de Rastá. Ex.: Júda redá ess trem aqui ó.
Ao terminar uma frase, acrescente a palavra Sô.
Diz qui os carioca e os paulista fala qui minêro só fala vogar. Uai... É? Ó!

Bração prôcêis tudim...

O Desafio da Paciência


"A prática da paciência não sugere que devemos simplesmente nos submeter aos abusos e explorações dos outros. Também não está recomendando uma política de aceitação simples e passiva do sofrimento e da dor. O que ela propõe é uma posição firme contra as adversidades. Há uma distinção entre docilidade e tolerância. A tolerância genuína só pode surgir quando a pessoa conscientemente adotou uma posição de não retaliar contra um mal concreto ou percebido. O ponto central aqui é a “posição adotada conscientemente”. Como uma definição funcional, paciência*, segundo a noção budista do princípio, é uma reação determinada contra a adversidade derivando de um temperamento assentado que não é perturbado por distúrbio interno ou externo. Isso não pode ser descrito como submissão passiva; em vez disso, é um método ativo de enfrentar a adversidade."

da Introdução de Geshe Thupten Jinpa para o livro “A Arte de Lidar com Raiva – O Poder da Paciência” de Sua Santidade, o Dalai Lama – Editora Campus.

* soe-pa (tib) pronuncia-se dzô-pa

Mensagem antiga.


Esta é uma mensagem antiga e até muito manjada. Já vi em blogs cheios de musiquinhas, estrelinhas, bem piegas mesmo. Já vi, piegas também, em pps. Mas a mensagem, ah, essa ainda está valendo.


"Mary ficou feliz porque ganhou um joguinho de chá todo azulzinho com bolinhas amarelas.
No dia seguinte, Jane veio bem cedo convidá-la para brincar, mas ela não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã. Jane, então, pediu que lhe emprestasse o conjuntinho de chá para se distrair na garagem do prédio. Mary não queria entregar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo seu ciúme por aquele presente tão especial. Ao regressar do passeio, Mary ficou chocada ao ver o brinquedo jogado no chão. Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava quebrada. Chorando e muito nervosa, ela desabafou:

- Tá vendo o que a Jane fez comigo, mamãe? Estragou tudo e ainda deixou jogado no chão!Totalmente descontrolada Mary queria ir ao apartamento da amiguinha pedir explicações, mas a mãe, com muita sabedoria, ponderou:

- Filhinha, lembra daquele dia quando saiu com seu vestido branquinho e um carro jogou lama na sua roupa? Ao chegar em casa, você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou. Você se recorda do que ela falou? Disse para deixar o barro secar primeiro que depois ficava mais fácil limpar. Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa. Deixe-a secar que fica bem mais fácil resolver tudo.

Mary não entendeu muito bem, mas resolver seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão. Logo depois, Jane tocou a campainha, toda sem graça, com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta ela foi falando:

- Mary, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei. Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você me havia emprestado. Quando eu contei para a mamãe, ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro igualzinho pra você. Espero que não fique chateada porque não foi minha culpa!

- Não tem problema, minha raiva já secou, disse Mary.

Dando um forte abraço na amiga, levou-a ao quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.

Portanto, nunca tome uma atitude com raiva. O ódio nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são. Assim você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos outros pela posição ponderada diante de uma decisão difícil. Lembre-se sempre: Deixe primeiro a raiva passar".

Feliz Natal prá todos!


Norman Rockwell
Mas só ganha presente quem se comportou bem durante o ano...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Só os ignorantes vencem. Por Ricardo J. Botelho




Uma convenção de vendas registrou um fato inusitado. Um vendedor bateu o recorde de vendas em um trimestre considerado de baixa sazonalidade (época do ano quando os níveis de negócios são sabidamente mais baixos). Perguntado sobre como tinha conseguido tamanho feito, o vendedor respondeu:
- Foi simples, eu não sabia que existia essa tal de sazonalidade baixa, nunca ouvi falar disso, então visitei os clientes e procurei envolvê-los na compra.
Santa ignorância!
Li recentemente um artigo do Ricardo Jordão Magalhães (http://www.bizrevolution.com.br/ ) que dizia mais ou menos o seguinte:
- Você acha que grandes empreendedores como Bill Gates e Samuel Klein, fundador da Casas Bahia, ficaram ouvindo economistas para definir o rumo das empresas que eles acabavam de dar à luz? Claro que não. Foram corajosos, não tinham a menor idéia do que era um Plano de Negócios, e colocaram suas idéias em campo. Ponto final!
Como diz o Magalhães: o sucesso esta relacionado com a sua capacidade de ESCOLHER, FAZER, REFLETIR, FAZER, REFLETIR e FAZER mais do que qualquer outra coisa.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz











Sem dormir por causa de barulho ao lado.

"Mujer a dormir" - Pablo Picasso
Preciso de paciência. Preciso ler várias vezes sobre ela! Preciso dormir uma semana! A vizinhança inteira resolveu fazer reformas. Há um martelete com compressor no pátio do prédio ao lado. Há uma obra que já dura mais de seis meses no apartamento ao lado. O marido ronca ao lado. O sol bate na parede ao lado do meu quarto. Calor! Estou tão cansada que só vou postar um link do dharmanet. Vou imprimir e deixar na minha mesa de cabeceira. Ao lado. http://www.dharmanet.com.br/shantideva/6.htm

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Povo invisível...


Refúgio e Bodhicitta, os Quatro Pensamentos que Transformam a Mente, as Quatro Qualidades Incomensuráveis e as Seis Paramitas.

Folha da árvore boddhi
REFÚGIO E BODDHICITTA

SANG DJE TCHO DANG TSOG TCHI TCHOG NAM LA DJANG TCHUB BAR DU DAG NI TCHIAB SU TCHI
No Buddha, no Dharma e na excelente assembléia da Sangha, até que alcance a iluminação, neles eu tomo refúgio.
DAG GUI DJIN SOG DJI PE SOD NAM TCHI DRO LA PEN TCHIR SANG DJE DRUB PAR SHOG
Através da minha prática das Seis Perfeições, possam todos os seres sencientes alcançar o estado búdico.
(repetir 3 vezes)

OS QUATRO PENSAMENTOS QUE TRANSFORMAM A MENTE

Homenagem! Ó Lama, protetor infalível e constante, você que conhece.
1- As liberdades e dotes do nascimento humano são extremamente difíceis de serem conseguidos.
2- Todo aquele que nasce é impermanente e fadado a morrer.
3- As ações virtuosas e as prejudiciais causam seus resultados inevitáveis.
4- A natureza dos três reinos da existência cíclica é um oceano de sofrimento.
Lembrando-se disto, possa a minha mente voltar-se para o Dharma.


AS QUATRO QUALIDADES INCOMENSURÁVEIS – (sânscrito: Apranāma)


1- COMPAIXÃO. [do lat. compassione.] S. f. Pesar que em nós desperta a infelicidade, a dor, o mal de outrem; piedade, pena, dó, condolência. MAITRI / BYAM-PA
2- EQÜANIMIDADE. [do lat. aequanimitate.] S. f. 1. Consideração de que todos os seres são igualmente importantes 2. Igualdade de ânimo tanto na desgraça quanto na prosperidade. 3. Serenidade de espírito, moderação. 4. Eqüidade em julgar, imparcialidade, retidão. UPEKSA / TANG-NYOM
3- AMOR. (ô). [do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem ou de alguma coisa (...) 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção (...) afeição, amizade, carinho, simpatia, ternura, cuidado, zelo. METTA
4- REGOZIJO. [do espanhol regocijo.] S. m. Gozo intenso; vivo contentamento ou prazer; grande satisfação; alegria; contentamento; congratulação. MUDITA / GA-BA


AS SEIS PARAMITAS


1. GENEROSIDADE - “DJINPA” (tib.) "DANA" (sânscr.), [do lat. generositate.] doação, oferenda, presente, dom, prodigalidade, donativo, dádiva, mérito, merecimento, poder, virtude, privilégio. Doação de bens, riqueza pessoal e corporal. É consumada com a oferenda de intenção, esforço, do material oferecido e a dedicação do mérito. Inclui todas as formas de doar e compartilhar o Dharma.

2. DISCIPLINA MORAL OU ÉTICA – “TSULTRIM” (tib.), "SILA" (sânscr.). [do lat. disciplina.] regime de ordem, relações de subordinação do aluno ao mestre; observâncias de preceitos ou normas; submissão a um regulamento; ensino, instrução, educação; refrenagem de má-conduta; obediência. Compromisso de evitar a comissão do mais leve dano aos outros; exame escrupuloso da mente arrefecendo até o mais sutil impulso à não-virtude antes que este se traduza em ação de fala ou de corpo; manutenção de um discernimento afiado entre o que aceitar e o que rejeitar como ações apropriadas de corpo, fala e mente; conduzir-se de acordo. Abandono das ações não-virtuosas, juntamente com seus fundamentos. Praticamos ao pensar e agir puramente, ao abandonar pensamentos negativos e plantar sementes positivas, ao dedicar mérito e fazer preces de aspiração para beneficiar todos os seres, inclusive demônios e entes negativos. Elimina todas as paixões maléficas através da prática dos preceitos de não matar, não roubar, não ter conduta sexual inadequada, não mentir, não usar tóxicos, não usar palavras ásperas ou caluniosas, não cobiçar, não praticar o ódio nem ter visões incorretas.

3. PACIÊNCIA – “DZOPA” (tib.) "SHANTI" (sânscr.), [do lat. patientia.] virtude que consiste em suportar as dores, incômodos, infortúnios, sem queixas e com resignação. Tolerância em face ao tratamento abusivo dos outros, tolerância ao sofrimento em favor do dharma e firmeza ao ouvir os ensinamentos. Reconhecer que as condições negativas surgem exatamente de acordo com o karma de cada um – e que, no seu próprio surgimento, essas causas kármicas estão sendo purificadas. Esperar que a dificuldade se vá. Trabalhar cada dificuldade à medida que surge. Capacidade de suportar dificuldades. Exercitamos quando encontramos dificuldade em nossa prática, ao visualizar, ao manter a concentração, ao agir cuidadosamente e corretamente. Quaisquer que sejam as circunstâncias permanecemos pacientes. Pratica a abstenção para prevenir o surgimento de raiva por causa de atos cometidos por pessoas ignorantes.

4. PERSEVERANÇA JUBILOSA OU DILIGÊNCIA – “TSONDRÜ” (tib.), “VIRYA” (sânscr.) [do lat. perseverantia.] pertinácia, constância, firmeza, persistência, prosseguimento, continuação, permanência, continuidade. Diligência, valentia, entusiasmo. Continuar até o completamento não importando quantas dificuldades surjam em sucessão. Empenho. Ímpeto. Transcendência da inércia, da preguiça e do sentimento de opressão. Disposição para praticar ações virtuosas. Lembramo-nos da preciosidade desse corpo humano e dedicamos nossas vidas para criar benefícios incessantes. A vida é muito curta e não podemos desperdiçar um único dia. Tendo feito uma conexão com esse centro ou qualquer lugar de virtude, não deveríamos perder a oportunidade para usar corpo, fala e mente para beneficiar seres porque esse é um lugar sagrado e os efeitos de qualquer ação por nós aqui realizada, virtuosa ou não virtuosa, são multiplicados. Desenvolve esforço vigoroso e persistente na prática do Dharma.

5. CONCENTRAÇÃO OU ESTABILIDADE MEDITATIVA – “SAMTEN” (tib.) "SAMADHI" ou “DIANA” (sânscr.). Centralização, limitação, absorção, aplicação. Direcionamento da mente para a meditação até que esteja totalmente imersa e absorvida nela. Qualidade estável da mente de forma unidirecionada sobre um objeto virtuoso. Significam todas as vezes que nos focamos em nossa direção e meditação no ato da oferenda e nos concentramos para não sermos levados por pensamentos comuns, praticamos a estabilidade meditativa. Reduz a confusão da mente e leva à paz e à felicidade.

6. CONHECIMENTO TRANSCENDENTAL – “SHERAB” (tib.) "PRAJNA" (sânscr.). Reconhecimento da natureza vazia de todos os fenômenos, o sabor único da vacuidade que permeia o samsara e o nirvana. Todos os fenômenos transcendem qualquer extremo imposto por palavras ou conceitos: sonho, aparição, bolha, mágica, ilusão, miragem, reflexo, eco. Sabedoria que não conceitualiza as Três Esferas. Mente "boddhi". Significa manter a visão do sabor único e puro do objeto para quem oferecemos, de nós mesmos e da substância ou esforço oferecido. Todos possuem a mesma natureza.

As Quatro Nobres Verdades são o fundamento do Budismo e entender o seu significado é essencial para o autodesenvolvimento e alcance das Seis Perfeições, que nos farão atravessar o mar da imortalidade até o nirvana. A prática dessas virtudes ajuda a eliminar ganância, raiva, imoralidade, confusão mental, estupidez e visões incorretas. As Seis Perfeições e o Nobre Caminho Óctuplo nos ensinam a alcançar o estado no qual todas as ilusões são destruídas, para que a paz e a felicidade possam ser definitivamente conquistadas. A prática das seis perfeições que trazemos para qualquer oferenda pode tornar possível um oceano de atividades iluminadas. Desenvolve o poder de discernir realidade e verdade.

No budismo mahayana, os sutras da Perfeição da Sabedoria (prajna-paramita) e o Sutra do Lótus (Saddharmapundarika) listam as "Seis Perfeições" (termos originais em sânscrito):
1. dana paramita : generosidade, doação
2. sila paramita : virtude, moralidade, conduta apropriada
3. shanti paramita : paciência, tolerância, aceitação, resistência
4. virya paramita : energia, diligência, vigor, esforço
5. dhyana paramita : meditação, concentração, contemplação
6. prajna paramita : sabedoria transcendental, insight

Vale de lágrimas?


Ao digitar estas três palavras, me veio uma oração:
"Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida e doçura, esperança nossa, salve!
A vós bradamos degredados filhos de Eva.
A vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei e, depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria."

Não posso negar que estudei em colégio de freiras, primeiro no Sion e depois no Santa Dorotéia. Isso era oração de todo dia, gente! Um jamais esquecer! O hino de Paula Frassinetti, hoje santa e fundadora da ordem das Dorotéias, sabemos de cor eu e minhas colegas e eternas amigas desde pequeninas! Um jamais esquecer das bagunças, de colar nas provas, fumar escondido no banheiro, paquerar na saída que o colégio era só de meninas.
E vem meu velho pai que, de forma alguma me aceita budista, dizer que budismo só fala em sofrimento e morte.
Que tal "agora e na hora de nossa morte. Amém", hein!?
É que ele foi coroinha - meu avô obrigava, né? - e sabe a missa toda em latim. De cor! Agora, quando ele começa com assuntos pouco agradáveis, geralmente lembrando meus dois irmãos que morreram jovens, eu começo a primeira linha da missa que é só o que sei:
- In nómine Patris, et Fillis, et Spíritus Sancti. Amén.
Aí, bem alto que ele tá ficando surdo!
- Introíbo ad altáre Dei!
E ele responde imediatamente!
- Ad Deum qui laetíficat juventútem meam!*
E vam'embora rezar a missa com o doutor Castello, gente!
*Tradução: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Vou me aproximar do altar de Deus. Do Deus que é a alegria da minha juventude.

Voar

Vajrasatva e Dordje Niema, sua consorte.

Ah, voar pelo mundo! Voar simplesmente! Fazer a gravidade perder a sua força! Sonho muito com isso. Eu voando, entrando através da porta de uma casa, saindo pela janela, passando pelos prédios.
"Aí, um analista amigo meu" e budista como eu, disse que isso é saudades do nirvana. Ele me colocou a pensar e depois de alguns segundos perguntei-lhe: - Será?
Passa o tempo e chega um ensinamento com um lama, o chamado lama gatinho, um que se diz ser "estadunidense, pois americanos somos todos" e nos fez a gentileza maior de aprender o português com perfeição. Ah, se todos fossem iguais a você!
Comento com ele esses sonhos e ele me pergunta se faço práticas de Vajrasatva. Respondo que sim, é claro, pois faço mesmo! E ele sorri antecipando que vai me inflar o ego e diz:
- Sua prática é muito boa. Isso é sinal de realização!
Pronto! Ganhei o dia, a semana, o mês! Como se fosse uma criança, pulo de alegria na privacidade do banheiro!
Mas... "Todo aquele que nasce é impermanente e fadado a morrer." Ainda bem que a empolgação não permaneceu e atesto isso agora, nesse exato momento em que escrevo. Não me empolgo mais. Não me apeguei e isso é ótimo! Agora é desapegar do apego de me sentir feliz por ter visto que me desapeguei. Desculpem-me, estou tentando não usar gírias e/ou palavras de baixo calão, mas é foda, viu?
É, Rinpoche! Você tinha razão. No Samsara não há saída. Quero pular fora dele o mais rápido possível. Só louco prá querer continuar aqui... neste vale de lágrimas.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Outros blogs

" Woman with a dog - Mary Cassatt"
Impressionante a diversidade dos seres humanos e eu aqui, sentada na frente do computador, sem mover um milímetro de casa. Abre-se um mundo inteiro e, de blog em blog, conheço uma crocheteira, um homem verborrágico e que sofre de diarréia verbal (acha bonito falar difícil, mas ninguém entende nada), um rapaz que mora numa comunidade e escreve super bem apesar de não reconhecer, uma portuguesa cuja vida é costurar juntando retalhos e criar coisas incríveis!

O mundo é muito diverso e eu aqui sentada não vejo a diversidade que existe dentro de minha própria casa. Uma filha de quase 31 anos, irritadiça, reclamadeira e, daqui a pouco, fazendo piada, sendo extremamente espirituosa, criativa e uma super companhia com sua risada divertida. Um filho de 28 anos, taciturno, fechado, caladão, sarado, mas que fala ao telefone como se não nos víssemos há séculos, voa de bike nos BMX da vida e o telefone toca só prá ele o dia inteiro. O outro, quase 26, magro, puro músculo, sai prá acampar, fazer rapel em cachoeira, chega alegre contando tudo ou chega puto, sem dar um pio, bate a porta e se tranca no quarto!

Até a cachorra que já vai pra 14 anos (14 x 7 = 98!), um dia está saltitante, latindo sem parar, no outro dorme e come, come e dorme. E engorda, envelhece, me faz companhia, não sai de perto, vai onde vou, vemos televisão juntas, comemos juntas. Acho que somos as duas senhoras da casa. Caladas e nos entendendo muito bem.