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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Do bom e do melhor - Leila Ferreira

Leila Ferreira - repórter, escritora e mineira de Belo Horizonte - Simpatia!

E-mails trocados entre nós duas!

Oi, Leila!Fazendo sucesso como sempre! Nem vou pedir licença porque já postei no meu blog, mas com foto, elogio e tudo! Passa lá...Beijos mineiros.

Olá, Ana Carmen, tudo bom? Super obrigada por acolher minhas palavras na sua casa virtual. Que, aliás, é uma delícia. Que blog simpático, charmoso, acolhedor... Tem muito de Minas e muito do mundo - o que, na minha opinião, é a mistura ideal. Cada vez gosto mais de Minas. E cada vez me interesso mais pelas coisas do mundo... Ótima Páscoa pra você. E que sua vida vá tecendo sonhos e alegrias com a delicadeza com que você tece seu blog. Muitas coisas boas e muita paz no seu caminho. Beijos gratos da Leila.

Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros!...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis. Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"'? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos".
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo. O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?...

Mulher de topo.

O que é ser uma mulher de topo? Alguém que “subiu” na vida, construiu um império, ganha muito dinheiro, viaja a toda hora, seja a negócios ou a lazer?
O que é uma mulher de topo? Alguém que está sempre com um carro importado, zero quilômetro, apartamento um-por-andar na zona sul, com direito a um elevador só seu, jardins maravilhosos, área de lazer, piscina, academia, salão de festas, quadras de tênis?
O que é uma mulher de topo? Aquela madame que, com insufilm no carro, dirige só para ela falando no celular? Esquece dos outros automóveis, motos, bicicletas e principalmente do pedestre? Ah, pobre pedestre invisível!
O que é uma mulher de topo? É aquela que estaciona onde bem entende inclusive na calçada do pedestre e o obriga a passar pela rua? Invertem-se os papéis.
Por falar em papéis, ela descarta os seus na rua. Nem sonha que isso dá multa! Pede sempre ao porteiro para chamar a pessoa com quem combinou seus programas carérrimos e chiquérrimos? Afinal, ela é uma mulher de topo. Não pode descer do carro. Os outros estão ali única e simplesmente para servi-la. Dá muito trabalho descer do carro, trancá-lo. Só um apitinho no controle dá muito trabalho! Tocar o interfone então? Nem pensar!
Não! A verdadeira mulher de topo é aquela que deseja a paz, promove a união, divide suas alegrias e esperanças. Confraterniza com sinceridade e não com inveja. Ela lê - coisa que preste e não revistas "zera-QI"- , se informa, respeita, é solidária, amiga. A mulher de topo vê os outros na mesma altura, pois, em seu equilíbrio todos estão no mesmo nível. Ela, sim, tem sucesso na vida! Essa verdadeira mulher de topo irradia sua luz interior!

Ilustrando, vejam o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=b-HaI7p6jnA

Animais, adoráveis companheiros.

Animais proporcionam segurança, diversão e afeição. Quando eu era criança, nós tínhamos uma cachorra chamada Mecha Preta. A Mecha - também chamada de Biscoito - era uma amigável vira-lata que se parecia com uma versão pequena de um perdigueiro do Labrador. Sempre que a deixávamos sozinha, mesmo que fosse por poucas horas, ela ficava tão excitada com a nossa volta, que podíamos ouví-la correndo lá dentro antes mesmo que a chave tocasse a fechadura.
Quando abríamos a porta, ela disparava prá fora como se fosse um borrão de pelo preto em alta velocidade. Depois, dava voltas e cheirava-nos como se fôssemos amigos que ela não via há muitos anos. Mesmo que voltássemos de um passeio rotineiro ou de um picnic que achávamos que tivesse durado pouco tempo, ela nos fazia sentir felizes por estarmos em casa.

Um animal de estimação oferece tanto para uma criança... Atualmente, com as mudanças dos padrões familiares, um cachorro ou um gato desempenham cada vez mais um papel importante na vida de uma criança, oferecendo tanto segurança quanto diversão e afeição.

Crescendo com animais
Estudos começam a mostrar o que a maioria dos amantes dos animais já sabem a muito tempo: as crianças se beneficiam tremendamente quando crescem com animais. Em recente estudo o psicólogo Michael Levine descobriu que “as pessoas que crescem com um animal mostram uma maior responsabilidade social, melhor ajustamento e desenvoltura social.” Até a criança que está começando a andar pode se relacionar com cães e gatos. Ela gosta de interagir com alguém do seu tamanho e pode aprender lições importantes sobre gentileza e respeito. Crianças de 3 a 10 anos de idade podem ser grandes amigas dos animais. Na verdade, alguns amigos verdadeiros e cães - ou gatos - são inseparáveis. Mas, de acordo com um estudo recente, o adolescente provavelmente terá o vínculo mais estreito com o animal da casa. Um gato ou um cachorro são uma importante “âncora” para os instáveis anos de adolescência.

Duas chaves para construir boas relações entre animais e pessoas da família são o momento da escolha e a cooperação. Você deve direcionar uma criança gradualmente para seus deveres e tarefas de dono de um animal. Muitos pais adquirem um cão ou gato “para as crianças” e esperam elas assumam responsabilidades para as quais elas ainda não estão prontas. Isto só transforma o animal numa tarefa chata e não deixa que as crianças criem o tipo de vínculo que as faria ansiosas pelas necessidades de seus bichinhos, pela hora de alimentá-los, etc.

Crianças em idade escolar são capazes de criar uma variedade de alimentação e adestramento, mas poucas estão prontas para a disciplina da manutenção diária essencial. A escovada diária é uma boa tarefa para crianças em idade escolar. É um trabalho gostoso e que proporciona um retorno inestimável. Elas podem ajudar na alimentação e na limpeza, mas serão mais cooperativas se puderem participar voluntariamente.

Do princípio da adolescência em diante, no entanto, as crianças se beneficiam profundamente sendo responsáveis pelas necessidades e desejos de um animal. Um cão persistente geralmente tem mais paciência que um adulto para suportar um adolescente irritado e mal humorado. As rotinas de um animal terão um efeito calmante e estabilizador na maioria dos adolescentes. E não há nada melhor para um adolescente alienado do que se sentir necessário por um amável animal.Uma presença garantida.

Um animal de estimação faz uma diferença especial para crianças que ficam sós em casa após a escola até que seus pais cheguem. Lynette Long, uma psicóloga infantil e autora do best-seller “Hand book for latchkey children and their parents” (Livro de mão para crianças “com a chave” e seus pais) declara que cerca de dez milhões de crianças com menos de 14 anos tomam conta de si mesmas por aproximadamente tres horas numa tarde. Para estas crianças, um gato ou um cachorro fazem a diferença entre voltar para uma casa vazia e voltar para uma casa que tem uma companhia agradável e protetora. Um amigo peludo pode proteger uma criança de todo tipo de ameaças, sejam reais ou imaginárias. Um ronronar ou um abanar de rabo garantem à criança que nenhum estranho estará por perto. E mesmo um pequeno filhote pode dar um poderoso latido para desencorajar um ladrão. Mais que tudo, um animalzinho esperto pode manter a mente de uma criança longe das criaturas à espreita em sua imaginação.Melhores amigosTédio e solidão são outros grandes desafios para as crianças que ficam a sós em casa. -”Não abra a porta para ninguém!” - é a regra que os pais mais determinam quando as crianças ficam sozinhas em casa. Um animalzinho pode ajudar a preencher a falha deixada pela família ausente durante algumas horas. Animais de estimação estão sempre prontos para brincar ou para ouvir. Eles ficam felizes em ouvir uma criança relatar os acontecimentos do dia.

Talvez a coisa mais importante que um animal faz pelas crianças é fazê-las sentirem-se amadas de uma maneira serena e sem críticas que as faz confidenciar todas as suas preocupações e mágoas. Cães e gatos não julgam as pessoas, eles não competem com elas. Eles só oferecem amizade e lealdade incondicionais.

Isto é muito útil em situações de stress. Os psicólogos chamam a isto de “triangulação”, isto é, ter um partido neutro que ajuda a reduzir tensões e a dissolver conflitos. Por exemplo, um cão com uma bola pode proporcionar uma pausa para uma brincadeira, um “refresco” quando as tensões estão altas. Os animais de estimação fazem companhia quando uma criança é deixada de fora das brincadeiras de um irmão mais velho. Proporcionam conforto quando as famílias “mudam de forma” - e as famílias de hoje sempre mudam de forma. Num estudo recente, a psicóloga Aline Kidd descobriu que alguns animais de estimação proporcionam continuidade durante um divórcio. Uma criança lhe disse que “quando estou com meu pai, o cachorro não me deixa sentir falta da mamãe e quando estou com minha mãe, o gato não me deixa sentir falta do meu pai.”
Uma criança aprende a respeitar a vida quando aprende a cuidar de um animal, a importância de seu horário de comer, quando brincar e até quando parar de provocá-lo. Basicamente, os animais mostram à criança como amar e ser amada por alguém tão diferente dela. Estas são lições tão importantes que, ao se fazer uma comparação, fazem o custo para manter um animal parecer muito pequeno.

Por Cynthia Jabs - “You and your pet”- Country Living Magazine - dez. 1989 - pag.
154
Traduzido por Pema Lodrön em 06-01- 1997.

Alimentos para combater o mau-humor

A sua refeição pode ser melhor que muitas farmácias. Conheça a alimentação que diminui o nervosismo, a ansiedade e o cansaço e que tem o poder de estimular o funcionamento do sistema nervoso, diminuir a irritação e espantar a tristeza, entre outros benefícios.

Alface: Ótima para amenizar a irritação. O talo da alface possui uma substância chamada lactucina, que funciona como calmante. Além disso, é rica em fosfato, a falta deste mineral pode causar depressão, confusão mental e cansaço.

Banana: Esta fruta diminui a ansiedade e ajuda a garantir um sono bem mais tranqüilo. Tudo isso graças à boa quantidade de carboidratos, potássio, magnésio e biotina. A banana também dá o maior pique, pois possui vitamina B6, um dos responsáveis por produzir energia.Espinafre: Contém potássio e ácido fólico, que ajudam na prevenção da depressão. E ajuda a estabilizar a pressão arterial, além de garantir um bom funcionamento do sistema nervoso, graças as vitaminas A, C e do complexo B, fosfato e magnésio.

Frutos do mar: Os alimentos vindos do mar são ricos em zinco e selênio que agem no cérebro, diminuindo ansiedade e cansaço. Também são boas fontes de ômega-3 (gordura que auxilia na diminuição de colesterol ruim LDL na corrente sanguínea) e proteínas, ambos essenciais para o bom funcionamento do coração.

Mel: Estimula a produção da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e prazer.

Laranja: Ajuda o sistema nervoso a trabalhar adequadamente, isso devido as boas concentrações de vitamina C, cálcio e vitaminas do complexo B. Essa fruta ainda é energética, previne a fadiga e hidrata.

Uva: A vitamina C e os flavonóides (antioxidantes), retardando envelhecimento da pele e ajudam a combater o colesterol ruim. Tem boas doses de vitaminas do complexo B, que ajudam o bom funcionamento do sistema nervoso. É rica em glicose, por isso é um bom energético. Tem o mesmo efeito que o vinho para quem não tolera o álcool. (Como eu!)

Jabuticaba: É rica em carboidratos, que fornecem energia ao nosso organismo. Também é repleta de ferro não heme e vitamina C, que ajuda a aumentar as defesas do organismo e suas vitaminas do complexo B agem como antidepressivos.

Ovos: As substâncias que garantem o bom humor são a tiamina e a niacina (vitaminas do complexo B), ácido fólico e acetilcolina. A carência delas pode causar apatia, perda de memória e ansiedade.

Mujeres alteradas

Texto de Maitena

Una mujer alterada no es una loca.

Suponiendo que a las mujeres también nos consideren personas, una mujer alterada es una persona que está cambiando. Y creo que fue Borges quien dijo que los únicos que nunca cambian son los tontos y los muertos.

Si bien es cierto que una cosa es sufrir un cambio y otra muy distinta es hacérselo sufrir a otros, convengamos que uno cambia cuando no soporta más lo que le pasa, por mucho que les pese a los que no puedan soportarlo.

Así, la que hasta ayer te esperaba despierta, te cambia la cerradura; la que te esperaba dormida, se compra portaligas; la que veía siete telenovelas, se anota en siete cursos; la que manejaba una empresa, se quiere ir a vivir en carpa; la que cuidaba a la suegra como a una madre, la interna en un geriátrico; la flaca se pone hecha una vaca y la gorda baja veinte kilos. En el medio, te van tratando de "pirada", insatisfecha, ciclotímica, inmadura, egoísta y por supuesto, del peor de los insultos: feminista. Pero no todo es negro: muchos de nuestros cambios son recibidos con gran alegría por aquéllos que nos rodean, como nuestro nuevo marido o nuestro viejo analista. Y no fue fácil para nosotras las mujeres descubrir que teníamos derecho a cambiar. Por largo tiempo pensamos que lo mejor hubiera sido ser otra. Hoy, que sabemos que hasta la más superada se come las uñas, estamos más contentas con nosotras mismas. Cambiando lo que no nos gusta y no sólo los pañales o el rouge. Y lo logramos. En estos últimos años las mujeres cambiamos mucho. Antes, sólo estábamos obsesionadas por conseguir un marido. Ahora además, estamos estresadas por exigirnos logros profesionales, trastornadas por la culpa que nos provoca la maternidad y desesperadas por combatir la celulitis...!!!

ES BUUUENO SER MUJERRRRR porque...

Nos bajamos primero del Titanic... Podemos asustar a nuestros jefes hombres con excusas de misteriosos desordenes ginecológicos. Los taxis se detienen por nosotras.

Tenemos la habilidad de vestirnos nosotras mismas y comprar nuestra propia ropa...

Podemos hablarle a la gente del sexo opuesto sin tener que imaginarnoslos desnudos...

Hay veces en las que el chocolate realmente puede resolver nuestros problemas.

Nunca nos arrepentiremos de habernos perforado las orejas. Podemos deducir como es alguien con tan solo mirarle los zapatos. Podemos hacer comentarios sobre cuan tontos son los hombres en su presencia porque no están escuchando de todas maneras.

LO IMPORTANTE ES QUE........Mujeres: Ellas sonrien cuando quieren gritar. Cantan cuando quieren llorar. Lloran cuando están felices y rien cuando estan nerviosas. Luchan por lo que quieren. No toman un "no" por respuesta cuando creen que hay una mejor solución. Andan sin zapatos nuevos para que sus hijos puedan tener los suyos. Van al médico con una amiga asustada. Aman incondicionalmente. Lloran cuando sus niños sobresalen y animan a sus amigos a que lo hagan. Se les rompe el corazón cuando muere un amigo. Sufren con la pérdida de un miembro de la familia, aunque son fuertes cuando creen haber perdido la fuerza.

Saben que un beso y un abrazo pueden curar un corazón herido. Las mujeres vienen de todos los tamaños, colores y formas. Ellas manejan,vuelan, caminan, corren o escriben por correo electrónico para demostrarte cuánto les importas. El corazón de una mujer es lo que hace al mundo girar

Las mujeres hacen más que solo dar a luz : traen alegría y esperanza. Ellas dan compasión e ideales. Dan apoyo moral a sus familiares y amigos.

Reenvíalo a tus mujeres amigas para recordarles cuán increíbles son... Alterada? Si !! Y a mucha honra !!!

Elojio de la mujer brava - Héctor Abad

'Estas nuevas mujeres, si uno logra amarrar y poner bajo control al burro machista que llevamos dentro, son las mejores parejas'.
Por Héctor Abad
A los hombres machistas, que somos como el 96 por ciento de la población masculina, nos molestan las mujeres de carácter áspero, duro, decidido. Tenemos palabras denigrantes para designarlas: arpías, brujas, viragos, marimachos. En realidad, les tenemos miedo y no vemos la hora de hacerles pagar muy caro su desafío al poder masculino que hasta hace poco habíamos detentado sin cuestionamientos. A esos machistas incorregibles que somos, machistas ancestrales por cultura y por herencia, nos molestan instintivamente esas fieras que en vez de someterse a nuestra voluntad, atacan y se defienden.
La hembra con la que soñamos, un sueño moldeado por siglos de prepotencia y por genes de bestias (todavía infrahumanos), consiste en una pareja joven y mansa, dulce y sumisa, siempre con una sonrisa de condescendencia en la boca. Una mujer bonita que no discuta, que sea simpática y diga frases amables, que jamás reclame, que abra la boca solamente para ser correcta, elogiar nuestros actos y celebrarnos bobadas. Que use las manos para la caricia, para tener la casa impecable, hacer buenos platos, servir bien los tragos y acomodar las flores en floreros. Este ideal, que las revistas de moda nos confirman, puede identificar-se con una especie de modelito de las que salen por televisión, al final de los noticieros, siempre a un milímetro de quedar en bola, con curvas increíbles (te mandan besos y abrazos, aunque no te conozcan), siempre a tu entera disposición, en apariencia como si nos dijeran "no más usted me avisa y yo le abro las piernas", siempre como dispuestas a un vertiginoso desahogo de líquidos seminales, entre gritos ridículos del hombre (no de ellas, que requieren más tiempo, y se quedan a medias).
A los machistas jóvenes y viejos nos ponen en jaque estas nuevas mujeres, las mujeres de verdad, las que no se someten y protestan, y por eso seguimos soñando, más bien, con jovencitas perfectas que lo den fácil y no pongan problema. Porque estas mujeres nuevas exigen, piden, dan, se meten, regañan, contradicen, hablan, y sólo se desnudan si les da la gana. Estas mujeres nuevas no se dejan dar órdenes, ni podemos dejarlas plantadas, o tiradas, o arrinconadas, en silencio, y de ser posible en roles subordinados y en puestos subalternos. Las mujeres nuevas estudian más, saben más, tienen más disciplina, más iniciativa, y quizá por eso mismo les queda más difícil conseguir pareja, pues todos los machistas les tememos.
Pero estas nuevas mujeres, si uno logra amarrar y poner bajo control al burro machista que llevamos dentro, son las mejores parejas. Ni siquiera tenemos que mantenerlas, pues ellas no lo permitirían porque saben que ese fue siempre el origen de nuestro dominio. Ellas ya no se dejan mantener, que es otra manera de comprarlas, porque saben que ahí -y en la fuerza bruta- ha radicado el poder de nosotros los machos durante milenios. Si las llegamos a conocer, si logramos soportar que nos corrijan, que nos refuten las ideas, nos señalen los errores que no queremos ver y nos desinflen la vanidad a punta de alfileres, nos daremos cuenta de que esa nueva paridad es agradable, porque vuelve posible una relación entre iguales, en la que nadie manda ni es mandado. Como trabajan tanto como nosotros (o más) entonces ellas también se declaran jartas por la noche, y de mal humor, y lo más grave, sin ganas de cocinar. Al principio nos dará rabia, ya no las veremos tan buenas y abnegadas como nuestras santas madres, pero son mejores, precisamente porque son menos santas (las santas santifican) y tienen todo el derecho de no serlo.
Envejecen, como nosotros, y ya no tienen piel ni senos de veinteañeras (mirémonos el pecho también nosotros, y los pies, las mejillas, los poquísimos pelos), las hormonas les dan ciclos de euforia y mal genio, pero son sabias para vivir y para amar, y si alguna vez en la vida se necesita un consejo sensato (se necesita siempre, a diario), o una estrategia útil en el trabajo, o una maniobra acertada para ser más felices, ellas te lo darán, no las peladitas de piel y tetas perfectas, aunque estas sean la delicia con la que soñamos, un sueño que cuando se realiza ya ni sabemos qué hacer con todo eso.
Somos animalitos todavía, los varones machistas, y es inútil pedir que dejemos de mirar a las muchachitas perfectas. Los ojos se nos van tras ellas, tras las curvas, porque llevamos por dentro un programa tozudo que hacia allá nos impulsa, como autómatas. Pero si logramos usar también esa herencia reciente, el córtex cerebral, si somos más sensatos y racionales, si nos volvemos más humanos y menos primitivos, nos daremos cuenta de que esas mujeres nueva s, esas mujeres bravas que exigen, trabajan, producen, joden y protestan, son las más desafiantes, y por eso mismo las más estimulantes, las más entretenidas, las únicas con quienes se puede establecer una relación duradera, porque está basada en algo más que en abracitos y besos, o en coitos precipitados seguidos de tristeza: nos dan ideas, amistad, pasiones y curiosidad por lo que vale la pena, sed de vida larga y de conocimiento.

Yes! Nós temos banana!

Uma banana ao dia dispensa o médico. Se desejar uma solução rápida para baixos níveis de energia não há melhor lanche que a banana. Contendo três açúcares naturais – sacarose, frutose e glicose, combinados com fibra, a banana dá uma instantânea e substancial elevação da energia. Pesquisas provam que, apenas duas bananas fornecem energia suficiente para noventa minutos de exercício extenuante. Veja as dosagens e os efeitos no final. Não é à toa que a banana como energético é a fruta número um dos atletas bem sucedidos do mundo. A banana também ajuda a curar ou prevenir um grande número de doenças e condições físicas que a tornam obrigatória na sua dieta diária.

Deseja-se uma solução rápida para baixos níveis de energia, não há melhor lanche que a banana. Contendo 3 açúcares naturais: sacarose, frutose e glicose, combinados com fibra, a banana dá uma instantânea e substancial elevação da energia. Pesquisas provam que apenas 2 bananas fornecem energia suficiente para 90 minutos de exercícios extenuantes. Não é à toa que a banana é a fruta nº 1 dos maiores atletas do mundo. Mas energia não é a única forma de ajudá-lo(a) a ficar em forma. A banana também ajuda a curar ou prevenir um grande número de doenças e condições físicas, que a tornam obrigatória na sua dieta diária.

Anemia: contendo muito ferro, bananas estimulam a produção de hemoglobulina no sangue e ajudam nos casos de anemia.

Pressão arterial: contém elevadíssimo teor de potássio, mas reduzido em sódio, tornando-a perfeita para combater a pressão alta. Tanto que a FDA (agência responsável pelo controle de alimentos e remédios) dos EUA autorizaram a indústria de banana a oficialmente informar sua habilidade de reduzir o risco de pressão alta e infarto.

Capacidade mental: 200 estudantes de uma escola em Twickenham (Middlesex) tiveram ajuda da banana (no café da manhã, lanche e almoço), para elevar sua capacidade mental. Pesquisa mostra que frutas com elevado teor de potássio ajudam alunos a aprender e manter-se mais alerta.

Constipação intestinal: com elevado teor de fibra, incluir bananas na dieta pode ajudar a normalizar as funções intestinais, superando o problema, sem recorrer a laxantes.

Depressão: de acordo com recente pesquisa realizada pela MIND, entre pessoas que sofrem de depressão, muitas se sentiram melhor após uma dieta rica em bananas. Isto porque a banana contém "trypotophan" , um tipo de proteína que o organismo converte em seratonina, reconhecida por relaxar, melhorar o humor e, de modo geral, aumentar a sensação de bem estar.

Ressaca: uma das formas mais rápidas de curar uma ressaca é fazer uma vitamina de banana com leite e mel. A banana acalma o estômago e, com a ajuda do mel, eleva o baixo nível de açúcar, enquanto o leite suaviza e reidrata o sistema.

Azia: elas têm efeito antiácido natural. Se você sofre de azia, experimente comer uma banana para aliviar-se.

Enjôo matinal: comer uma banana entre as refeições ajuda a manter o nível de açúcar no sangue elevado e evita as náuseas.

Picada de mosquito: antes de usar remédios, experimente esfregar a parte interna na casaca da banana na região afetada. Muitas pessoas têm resultados excelentes em reduzir o inchaço e a irritação.

Nervos: elas contém elevado teor de vitamina B, que ajuda a acalmar o sistema nervoso.

Excesso de peso e Pressão no trabalho: estudos do Instituto de Psicologia, na Áustria, mostram que a pressão no trabalho leva à excessiva ingestão de comidas, como chocolate e biscoitos. Examinando 5 mil pacientes em hospitais, pesquisadores concluíram que os mais obesos eram os que tinham trabalhos com maior pressão. O relatório concluiu que, para evitar a ansiedade por comida, precisa-se controlar os níveis de açúcar no sangue. Comendo alimentos ricos em Carboidratos, como bananas, a cada 2 horas, mantém-se estável o nível de açúcar.

TPM: esqueça as pílulas e coma banana. Ela contém vitamina B6, que regula os níveis de glicose no sangue, que afetam o humor.

Úlcera: usada na dieta diária contra desordens intestinais, é a única fruta crua que pode ser comida sem desgaste em casos de úlcera crônica. Também neutraliza a acidez e reduz a irritação, protegendo as paredes do estômago.

Controle de temperatura: muitas culturas vêem a banana como fruta 'refrescante', que pode reduzir tanto a temperatura física quanto a emocional de mulheres grávidas. Na Tailândia, por exemplo, as grávidas comem bananas para os bebês nascerem em temperatura baixa.

Desordens Afetivas Ocasionais: a banana auxilia os que sofrem de DAO, porque contêm um incrementador natural do humor, o "trypotophan".

Fumo: elas podem ajudar pessoas que estão largando o cigarro, porque seus elevados níveis de vitaminas C, A1, B6 e B12, além de Potássio e Magnésio, ajudam o corpo a se recuperar dos efeitos da retirada da nicotina.

Estresse: Potássio é um mineral vital, que ajuda a normalizar os batimentos cardíacos, levando oxigênio ao cérebro e regula o equilíbrio de água no nosso corpo. Quando estressados, nossa taxa metabólica se eleva, reduzindo os níveis de Potássio, que podem ser re-equilibrados com a ajuda da banana.

Enfarto: de acordo com pesquisa publicado no Jornal de Medicina de New England, comer bananas regularmente pode reduzir o risco de morte por enfarto em até 40%!

Verrugas: os naturalistas juram que se quiser eliminar verrugas, basta colocar a parte interna da casca de banana sobre elas e prendê-la com esparadrapo ou fita cirúrgica.

Como vêem, a banana é um remédio natural contra muitos problemas. Comparada à maçã, tem 4 vezes mais proteína, 2 vezes mais Carboidratos, 3 vezes mais Fósforo, 5 vezes mais vitamina A e Ferro e 2 vezes outras vitaminas e minerais. Também é rica em Potássio e, como um todo, é um dos alimentos mais valiosos. Então talvez seja hora de mudar o ditado de "uma maçã por dia dispensa o médico" para "uma banana ao dia dispensa o médico".

O Casal Perfeito - Lia Luft

A solidão dos homens tem a medida da solidão de suas mulheres. Isso eu disse e escrevi e repito em dezenas de palestras por este país afora. Aí me pedem para escrever sobre o casal perfeito: bom pra quem gosta de desafios. O casal perfeito seria o que sabe aceitar a solidão inevitável do ser humano, sem se sentir isolado do parceiro - ou sem se isolar dele? O casal perfeito seria o que entende, aceita, mas, não se conforma, o desgaste de qualquer convívio e qualquer união? Talvez se possa começar por aí: não correr para o casamento, o namoro, o amante (não importa) imaginando que agora serão solucionados ou suavizados todos os problemas - a chatice da casa dos pais, as amigas ou amigos casando e tendo filhos, a mesmice do emprego, chegar sozinha às festas e sexo difícil e sem afeto.
Não cair nos braços do outro como quem cai na armadilha do "enfim nunca mais só!", porque aí é que a coisa começa a ferver. Conviver é enfrentar o pior dos inimigos, o insidioso, o silencioso, o sempre à espreita, o incansável: o tédio, o desencanto, esse inimigo de dois rostos.
Passada a primeira fase de paixão (desculpem, mas ela passa, o que não significa tédio nem fim de tesão), a gente começa a amar de outro jeito. Ou a amar melhor; ou, aí é que a gente começa a amar, a querer bem; a apreciar; a respeitar; a valorizar; a mimar; a sentir falta; a conceder espaço; a querer que o outro cresça não fique grudado na gente.
O cotidiano baixa sobre qualquer relação e qualquer vida, com a poeira do desencanto e do cansaço, do tédio. A conta a pagar, a empregada que não veio, o filho doente, a filha complicada, a mãe com Alzheimer, o pai deprimido ou simplesmente o emprego sem graça e o patrão de mau humor. E a gente explode e quer matar e morrer, quando cai aquela última gota - pode ser uma trivialíssima gota - e nos damos conta: nada mais é como era no começo.Nada foi como eu esperava. Não sei se quero continuar assim, mas também não sei o que fazer. Como a gente não desiste fácil, porque afinal somos guerreiros ou nem estaríamos mais aqui, e também porque há os filhos, os compromissos, a casa, a grana e até ainda o afeto, é preciso inventar um jeito de recomeçar, reconstruir.
Na verdade devia-se reconstruir todos os dias. Usar da criatividade numa relação. O problema é que, quando se fala em criatividade numa relação, a maioria pensa logo em inovações no sexo, mas transar é o resultado, não o meio. Um amigo disse no aniversário de sua mulher uma das coisas mais belas que ouvi: "Todos os dias de nosso casamento (de uns 40 anos), eu te escolhi de novo como minha mulher". Mas, primeiro teríamos de nos escolher a nós mesmos diariamente. Ao menos de vez em quando sentar na cama ao acordar e pensar: como anda a minha vida? Quero continuar vivendo assim? Se não quero, o que posso fazer para melhorar? Quase sempre há coisas a melhorar, e quase sempre podem ser melhoradas. Ainda que seja algo bem simples; ainda que seja mais complicado, como realizar o velho sonho de estudar, de abrir uma loja, de fazer uma viagem, de mudar de profissão. Nós nos permitimos muito pouco em matéria de felicidade, alegria, realização e, sobretudo abertura com o outro. Velhos casais solitários ou jovens casais solitários dentro de casa são terrivelmente tristes e terrivelmente comuns. É difícil? É difícil. É duro? É duro. Cada dia, levantar e escovar os dentes já é um ato heróico, dizia Hélio Pellegrino. Viver é um heroísmo, viver bem um amor mais ainda. O casal perfeito talvez seja aquele que não desiste de correr atrás do sonho de que, apesar dos pesares, a gente, a cada dia, se escolheria novamente, e amém.

Medo só feminino?

Do que as mulheres tem mais medo é das inimigas se darem melhor na vida do que elas! Os homens também!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Os Doze Elos da Originação Dependente

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Diz-se que no momento em que o Buda atingiu a liberação final, ele se perguntou como os seres sencientes, ainda que manifestem a natureza ilimitada, ficam presos ao processo da roda da vida.
Buda compreendeu então que isso acontece em doze etapas e passou a explicar o processo de construção da nossa experiência convencional, do dia-a-dia, através dos 12 elos da originação
dependente. Por outro lado, os 12 elos nos conectam com a natureza última, ou natureza de Buda, pois é dela que nasce este processo.

O primeiro dos 12 elos é avidya, ignorância. É a inteligência dual, separativa, que dá origem às experiências da roda da vida.
O segundo elo é samskara, as marcas mentais sutis que condicionam nossos pensamentos e emoções.
O terceiro é vijnana, o surgimento do primeiro embrião de identidade e das escolhas baseadas nos elos anteriores.
O quarto elo é nama-rupa, ele direciona nosso futuro renascimento em um corpo. O quinto é shadayatana, a mente operando em um corpo embrionário. É aqui que surge o corpo humano.

O sexto elo é spasha, o contato do nosso corpo com o mundo exterior. Na roda da vida ele é representado por um bebê no colo da mãe ou por um casal de namorados. Quando surge spasha, surge o corpo operando no seu universo deludido. Spasha é o contato. O contato do corpo humano com o mundo é feito através dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar, tato) e da mente, considerada pelos tibetanos como o sexto sentido.
Os cinco sentidos dão origem a um universo de objetos, conceitos, idéias e temas que são geridos pelo sexto sentido, a mente abstrata, que por sua vez fica limitada à linguagem. Passamos a ver o mundo a partir da limitação dos seis sentidos. Esta prisão ao sexto elo também é um exercício de luminosidade. É uma etapa construída. Podemos fazer assim ou não. Somos livres para fazer diferente.
Na próxima edição, falaremos sobre o sétimo elo.

da revista Bodisatva - http://www.caminhodomeio.org/dialogos/espiritualidade/200-revista-bodisatva-17

VII - Na dependência do contato, geramos o sétimo elo, a sensação interdependente [VEDANA]. Enquanto o contato conhece um objeto como agradável, desagradável ou neutro, a sensação é o fator mental que experiencia o objeto como agradável, desagradável ou neutro. Sempre que conhecemos um objeto geramos uma sensação agradável, desagradável ou neutra.

VIII - O anseio interdependente [TANHA], o oitavo elo, é uma forma específica de apego, cuja função é alimentar ou ativar o potencial de renascer, deixado em nossa consciência por uma ação de composição precedente. Esse tipo de apego acontece na hora da morte. Nessa ocasião, normalmente, desenvolvemos um forte apego-ao "eu", bem como ao nosso corpo, aos amigos, às posses etc. Esse anseio ativa o potencial para o próximo renascimento.

IX - O nono elo é o agarramento interdependente [UPADANA]. Também é um tipo de apego, porém mais intenso que o anseio. O anseio compara-se ao forte desejo de fumar de alguém que abandonou o vício há pouco; o agarramento seria uma intensificação desse desejo, capaz de levar a pessoa a sair de casa para comprar cigarro. O agarramento interdependente se desenvolve depois do anseio interdependente e ativa com força ainda maior o potencial para o próximo renascimento.

XX - O décimo elo, a existência interdependente [BHAVA], é uma ação mental, ou intenção, causada pelos dois elos anteriores, o anseio e o agarramento. Denomina-se "existência" por ser a causa imediata de um novo renascimento na existência cíclica; exemplifica uma causa que é chamada pelo nome de seu efeito. Intenção, em geral, é uma ação mental e sua natureza determina se a mente é virtuosa ou não. Se o fator mental intenção for virtuoso, a mente que o acompanha, com certeza, será virtuosa; o inverso ocorre no caso de um fator mental não-virtuoso.

Embora anseio e agarramento sejam delusões, na hora da morte eles podem causar uma mente virtuosa como, por exemplo, refugiar-se nos seres sagrados e orar. Nesse caso, o décimo elo - a existência dependente-relacionada - será uma ação virtuosa e, com certeza, ativará alguma marca deixada por ações de composição virtuosas; o indivíduo terá, então, um renascimento afortunado como humano ou deus. Por outro lado, se o anseio e o agarramento causarem mentes não-virtuosas, como a raiva, o décimo elo será uma ação não-virtuosa e ativará um potencial de renascer nos reinos inferiores.

XI - O décimo-primeiro elo é o nascimento interdependente [JATI]. Refere-se ao instante em que a consciência ingressa numa nova existência. No caso de um renascimento como ser humano, esse elo refere-se ao ingresso da consciência num óvulo fertilizado no útero materno.

XII - O processo de envelhecimento [JARAMARANA] inicia-se no segundo instante do novo renascimento e prossegue até a morte. O último elo, o envelhecimento e a morte interdependente, abarca esse processo de envelhecimento e a morte.

Os doze elos interdependentes revelam o processo pelo qual nos mantemos acorrentados a um ciclo descontrolado de renascimentos e mortes, com todos os seus sofrimentos associados. A causa fundamental desse descontrole é o primeiro elo, a ignorância – a mente que se agarra à existência inerente. Sob o jugo da ignorância, cometemos ações virtuosas e não-virtuosas, as causas de nossos renascimentos nos reinos superiores ou inferiores do samsara. Tais ações denominam-se de composição e constituem o segundo elo. Cada ação de composição imprime uma marca em nossa mente e a consciência que recebe essa marca é o terceiro elo [vijnana].

Os três primeiros elos costumam ser denominados causas projetantes, pois atuam como causas que nos arremessam para um futuro renascimento descontrolado. Também são chamados de causas distantes de renascimento, pois muitas vidas podem transcorrer antes que esse renascimento se efetive.

Os próximos quatro elos são efeitos projetados e explicam como iremos nos desenvolver depois que formos projetados em um novo renascimento. O quarto elo indica que os novos agregados, nome e forma, constituem a base de imputação para essa recente identidade. Na dependência dos agregados, forma-se o quinto elo, as seis fontes. Elas são as seis faculdades e dão origem ao sexto elo, o contato. Devido ao contato, geramos sensações agradáveis, desagradáveis ou neutras, que constituem o sétimo elo [vedana].

Os três elos seguintes mostram como o potencial para um próximo renascimento se estabelece e, por isso, denominam-se causas estabelecedoras. Também são chamados de causas próximas, pois antecedem imediatamente o renascimento. Quando a morte se aproxima surgem, na dependência das sensações anteriores, o oitavo e o nono elos - o anseio e o agarramento. Eles ativam o potencial para o próximo renascimento, causando o desenvolvimento do décimo elo, a existência - uma ação mental que nos transporta para o renascimento seguinte.

Os dois últimos elos são chamados de efeitos estabelecidos, pois são os efeitos correspondentes às causas estabelecedoras. Essas três causas ativam um potencial específico de renascer e dão origem ao décimo primeiro elo, o nascimento. O último elo, o envelhecimento e a morte, ocorre como resultado de termos nascido no samsara. Os dois últimos elos englobam todos os sofrimentos do samsara entre o nascimento e a morte.

Se contemplarmos os doze elos nessa seqüência, da ignorância ao envelhecimento e morte, compreenderemos o processo do renascimento cíclico e de seus sofrimentos. Se contemplarmos os doze elos interdependentes na ordem inversa, poderemos rastrear as causas do sofrimento. O último elo reúne dois sofrimentos densos - envelhecimento e morte -, mas traz implícito todos os outros sofrimentos. A causa desses sofrimentos é o renascimento descontrolado, o décimo primeiro elo. O nascimento resulta do décimo elo, a existência, que, por sua vez, é causado pelo agarramento e pelo anseio, o nono e o oitavo elos. Essas duas formas de apego resultam das sensações anteriores, o sétimo elo. As sensações dependem do contato, o sexto elo. Esse, por sua vez, depende das seis fontes, o quinto elo. Essas fontes se desenvolvem a partir do quarto elo, nome e forma, constituído pelos cinco agregados presentes na hora do nascimento. A causa que nos faz assumir tais agregados é uma marca transportada pela consciência. A consciência [vijnana] que recebe essa marca é o terceiro elo. Quem deixa essa marca na consciencia é uma ação de composição, o segundo elo [sanskara]. A força raiz motivadora das ações de composição é a ignorância, a mente que se agarra a existência inerente. Dessa maneira, torna-se possível rastrearmos a causa do sofrimento: a ignorância, o primeiro dos doze elos.

Assim, ao contemplar os doze elos em ordem inversa, compreendemos que o renascimento cíclico é o motivo de nossos repetidos sofrimentos e que a ignorância é a causa fundamental desse doloroso processo. Entender que a causa do sofrimento é o renascimento cíclico, nos permite gerar a mente que deseja escapar de uma vez por todas do samsara. Essa mente denomina-se "mente do definitivo emergir" ou renúncia. Entender que a causa raiz do renascimento cíclico é a ignorância, nos faz compreender que afastar nossa ignorância é o método para alcançar a libertação do samsara. O antídoto direto à ignorância é a sabedoria que realiza a vacuidade. Recorrendo a métodos corretos e investindo esforço persistente poderemos desenvolver essa sabedoria. Se continuarmos, então, a meditar sobre a vacuidade com a motivação de renúncia e bodhichitta, nossa ignorância interdependente, o primeiro dos doze elos, irá diminuir gradualmente e, por fim, cessar.

A cessação completa da ignorância interdependente é a extinção da ignorância. Ao atingi-la, nossas ações deixam de ser controladas por delusões e, portanto, obtemos a extinção interdependente das ações de composição. Isso conduz à extinção interdependente da consciência e assim por diante, até a extinção interdependente do elo envelhecimento e morte. Assim, ao atingir a extinção da ignorância, superamos o renascimento cíclico e interrompemos o continuum do sofrimento. A cessação desse continuum é a libertação, ou o nirvana, o estado além da dor. Existe, portanto, uma segunda série de doze elos, desde a extinção da ignorância até a extinção do envelhecimento e morte. A primeira seqüência denomina-se doze elos interdependentes do lado da delusão; a segunda denomina-se doze elos interdependentes do lado perfeitamente purificado. A primeira explica o desenvolvimento do renascimento cíclico e do sofrimento; a outra explica sua cessação e a conquista da libertação.

Os doze elos do lado perfeitamente purificado são a mera cessação dos doze, elos do lado da delusão. Por exemplo, a extinção interdependente da consciência não é a cessação da consciência em geral, mas a completa cessação da consciência que recebe as marcas das ações de composição. A extinção interdependente da sensação é a cessação das sensações contaminadas por delusões; depois de atingir a libertação, continuamos a ter sensações, entretanto elas não são contaminadas e não resultam em anseio e agarramento na hora da morte.

Quando atingirmos a libertação não seremos mais projetados em renascimentos controlados pelas delusões, contudo, experienciaremos renascimentos incontaminados. O renascimento incontaminado não tem a natureza do sofrimento e não causa sofrimentos futuros. A maioria dos Destruidores de Inimigos hinayana obtém esse tipo de renascimento numa Terra Pura e ali permanece, por longos períodos, em estado de tranqüila paz. Por outro lado, os elevados Bodhisattvas continuam a renascer entre os seres no samsara, a fim de poder beneficiá-los. Esse tipo de renascimento não é contaminado, pois é causado por compaixão, não por delusões. Se um elevado Bodhisattva renascer como ser humano, aos olhos dos outros, ele, ou ela, parecerá um ser humano comum. No entanto, esse Bodhisattva estará totalmente livre dos sofrimentos do samsara e trabalhará com alegria para beneficiar os outros.

Ao contemplar os doze elos interdependentes do lado perfeitamente purificado, nossa mente tornar-se-á mais elevada, pois nos sentiremos capazes de superar, por completo, o sofrimento e suas causas. Faremos isso ao abandonar totalmente a ignorância que se agarra à existência inerente dos fenômenos.

Embora o sutra refira-se extensamente às instruções sobre a natureza convencional dos doze elos interdependentes, seu ensinamento principal é que nenhuma das seqüências de doze elos aparece à excelsa percepção do equilíbrio meditativo de um Ser Superior. Isso ocorre porque elas são verdades convencionais. Ainda que a compreensão dos doze elos seja muito importante, devemos entender que são fenômenos meramente imputados, ou seja, carecem de existência inerente.

CORAÇÃO DA SABEDORIA – Geshe Kelsang Gyatso

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Citação de Tulku Thondup


“Quando tiramos o melhor de uma situação, seja ela boa ou ruim, nossas mentes se tornam mais fortes. Quando aprendemos a rir de nós mesmos e de nossos problemas, nos curamos.”


Tulku Thondup

domingo, 19 de abril de 2009

A Mente Natural - Chandrakirti

Chandrakirty

Falamos de “verdadeira natureza” porque ninguém a criou.

Chandrakirti, Entering the Middle Way, traduzido para o inglês por Ari Goldfield.

Uma das primeiras coisas que aprendi como budista foi que a natureza fundamental da mente é tão ampla que transcende completamente a compreensão intelectual. Ela não pode ser descrita em palavras ou reduzida a conceitos. Para alguém como eu, que gosta de palavras e sente-se muito confortável com explicações conceituais, isso era um problema.
Em sânscrito, a língua na qual os ensinamentos de Buda foram originalmente registrados, a natureza fundamental da mente é chamada de tathagatagarbha, uma descrição muito sutil e aberta a diferentes interpretações. Literalmente significa “a natureza daqueles que foram naquela direção” são as pessoas que realizaram a completa iluminação – em outras palavras, as pessoas cujas mentes suplantaram completamente as limitações comuns que podem ser descritas em palavras.
Acho que você concordaria comigo no sentido que essa definição não ajuda muito.
Outras traduções menos literais utilizam termos como “natureza búdica”, “verdadeira natureza”, “essência iluminada”, “mente comum” e até “mente natural” para descrever o tathagatagarbha, mas nenhum deles lança muita luz sobre o verdadeiro significado da palavra. Para efetivamente entender o tathagatagarbha, você precisa vivenciá-lo diretamente, o que, para a maioria de nós, ocorre, em primeiro lugar, na forma de vislumbres rápidos e espontâneos. Quando, finalmente, vivenciei meu primeiro vislumbre, percebi que tudo o que os textos budistas falam a respeito é verdade.
Para a maioria de nós, nossa mente ou natureza búdica é obscurecida pela auto-imagem limitada criada por padrões neuronais habituais – que, por si, são o reflexo da capacidade ilimitada da mente de criar qualquer condição que ela escolha, uma pepita de ouro coberta de lama e sujeira. A mente natural é capaz de produzir qualquer coisa, até mesmo a ignorância de sua própria natureza. Em outras palavras, não reconhecer a mente natural é um exemplo da capacidade ilimitada da mente de criar o que ela quiser. Sempre que sentimos medo, tristeza, inveja, desejo ou qualquer outra emoção que contribua para o nosso senso de vulnerabilidade ou fraqueza, deveríamos dar um bom tapinha em nossas costas. Acabamos de vivenciar a natureza ilimitada da mente.
Apesar da verdadeira natureza da mente não poder ser descrita diretamente, isso não significa que não deveríamos ao menos tentar desenvolver algum conhecimento teórico sobre ela. Mesmo um entendimento limitado é pelo menos uma placa apontando para o caminho na direção da experiência direta. O Buda entendia que as experiências impossíveis de serem descritas em palavras poderiam ser mais bem explicadas por meio de histórias e metáforas. Em um texto, ele comparava o tathagatagarbha, a uma pepita de ouro coberta por lama e sujeira.
Imagine que você esteja em uma caça ao tesouro. Um dia, você vê um pedaço de metal no chão. Você cava um grande buraco, retira o metal, leva-o para casa e começa a limpa-lo. No começo, uma parte da pepita se revela, brilhante e cintilante. Aos poucos, a medida que você limpa a sujeira e a lama acumulada, a pepita inteira se revela como ouro. Agora, pergunto: o que é mais valioso – a pepita de ouro enterrada na lama ou a que você limpou? Na verdade, o valor é o mesmo. Qualquer diferença entre a pepita suja e a limpa é superficial.
O mesmo pode ser dito da mente natural. Na verdade, a fofoca neuronal que o impede de ver sua mente na totalidade não altera a natureza fundamental de sua mente. Pensamentos como ”Eu sou feio”, “Eu sou um idiota” ou “Eu sou um chato” não são nada mais do que uma espécie de lama biológica, temporariamente obscurecendo as brilhantes qualidades da natureza búdica ou mente natural.
Algumas vezes o Buda comparava a mente natural ao espaço, não necessariamente como o espaço é entendido pela ciência moderna, mas sim no sentido poético da experiência profunda de abertura que se sente ao olhar para um céu sem nuvens ou entrar em uma ampla sala. Como o espaço, a mente natural não depende de causas ou condições previas. Ela simplesmente é: incomensurável e além da caracterização, o pano de fundo essencial por meio do qual nos movimentamos é relativo ao qual reconhecemos distinções entre os objetos que percebemos.

Extrato do livro: A ALEGRIA DE VIVER – de Yongey Mingyur Rinpoche

Leon Bonaventure


“Na busca de sua alma e do sentido de sua vida, o homem descobriu novos caminhos que o levam para a sua interioridade: o seu próprio espaço interior torna-se um lugar novo de experiência. Os viajantes desse caminho nos revelam que somente o amor é capaz de gerar a alma, mas também o amor precisa da alma. Assim, em lugar de buscar causas, explicações psicopatológicas às nossas feridas a aos nossos sofrimentos, precisamos, em primeiro lugar, amar a nossa alma assim como ela é. Deste modo é que poderemos reconhecer que estas feridas e estes sofrimentos nasceram de uma falta de amor. Por outro lado, revelam-nos que a alma se orienta para um centro pessoal e transpessoal, para a nossa unidade e para a realização de nossa totalidade. Assim, a nossa própria vida carrega em si um sentido, o de restaurar a nossa unidade primeira”.


(Léon Bonaventure)

sábado, 18 de abril de 2009

Benefícios Especiais Outorgados por Tara e pelas Deusas Mães - Por Sua Eminência Chogye Trichen Rinpoche

Esta figura pode se transformar em papel de parede quando clicada.
Tradução inglês/português Pema Lodrön (Ana Carmen Castelo Branco)


É dito que a prática de Tara tem muitos poderes de bênçãos e é particularmente efetiva numa ampla variedade de situações. Por exemplo, é dito que, no final de uma era ou ciclo do tempo, quando adversidades e calamidades se intensificarem, o mantra e os rituais de puja de Tara são muito substanciais. Qualquer um pode recitar as orações de Tara e elas trazem grandes benefícios.

Como já falamos antes, numa era anterior ao começo de nosso éon, o Buda Mahavairocchanna era o Guru, o guia espiritual de Tara. O Buda Vairocchana abençoou Tara e profetizou que ela, no fim de um éon, nas terras e mundos onde pujas, orações e rituais de Tara fossem recitados, como resultados dessas orações, muitas doenças, problemas e distúrbios causados por maus espíritos e por seres humanos seriam pacificados e resolvidos. Sinto que a prática de Tara é a mais importante e essencial de todas as práticas nesses tempos.

Outras deusas também são muito úteis nesse sentido, Marichi ou Ödzer Chenma e a conhecida deusa da cura espiritual Parna Shawari. Suas orações e mantras trazem o mesmo poder e benefício que Tara. Elas são basicamente as mesmas deusas Prajanparamita em diferentes manifestações.

Sobre Tara, é dito que não só doenças e perturbações causadas por maus espíritos, mas também brigas, guerras, conflitos e discussões podem também ser pacificadas e resolvidas pelo poder de sua prática. Todos estes obstáculos e dificuldades relacionadas podem ser removidos através da bênção das orações e mantras dessas deusas.

Ödzer Chenma e Parna Shawari assim como Yuldon Drolma são particularmente efetivas formas das deusas a se praticar a fim de nos curar e nos proteger contra todos os tipos de doenças. Elas são especialmente importantes na proteção contra ladrões e criminosos e para cura do sofrimento causado por hostilidades, discórdias e conflitos.

É dito que esses rituais de orações e puja e recitações de mantras são particularmente importantes quando chegamos ao final de uma era ou ciclo de tempo. Para tais tempos, a prática de Guru Rinpoche é largamente comentada. Mas Tara, Ödzer Chenma e Parna Shawari também são extremamente importantes.

Em tempos de ameaças de guerras, epidemias, conflitos e outras coisas, é muito importante que os mantras destas três deusas sejam expostos em bandeiras de orações e penduradas ao vento por tantas pessoas que tiverem a oportunidade de fazer isso. As pessoas de todas vocações deveriam fazer isso e dizer os mantras o máximo possível. Junto com as orações de Guru Rinpoche, estas práticas são mais efetivas em tais tempos e situações de que estamos falando. Isso foi declarado em muitas escrituras.

Aquele que faz oferendas a Tara é verdadeiramente inteligente. Seja de manhã cedo ou tarde da noite, se alguém oferece o Louvor às Vinte e Uma Taras duas, três e depois sete repetições totalizando doze recitações, todos os seus desejos podem ser preenchidos. É assim que é no Ritual das Quatro Mandalas da Sagrada Tara, “A Lâmpada que Ilumina”. Neste puja repete-se o Louvor duas, três e sete vezes.

Quando se diz que todos os desejos de uma pessoa serão preenchidos, significa que, se você quer um filho, você o terá. Se você não tem dinheiro, ele será encontrado. Seja qual for o seu desejo, todos eles podem ser preenchidos através do Louvor à Tara. Na verdade, não é preciso mais do que esta prática! Ela completa tudo!

Você só precisa tentar, testar a fim de afastar seus obstáculos. Todos os seus obstáculos e dificuldades, não importa quantos sejam, podem ser todos removidos e liberados através da oferenda de Louvor de Tara. Através da oração de Tara, todos os obstáculos em potencial não terão poder para lhe causar mal; eles são naturalmente pacificados. Nada pode de forma alguma se aproximar de você ou lhe fazer mal; você se torna impenetrável, inatacável.

Não há dúvida que Tara é muito rápida em afastar obstáculos. É um método especialmente rápido e completo para praticantes femininas. Tara e o Buda feminino Vajrayogini são a mesma essência. Vajrayogini também é um método rápido par conseguir a completude. Todas as atividades dos budas estão corporificadas em Tara, contidas nela, completas nela.

Você está agora autorizado para meditar em você mesmo na forma de Tara Verde. Sua fala se transforma em mantra, seus pensamentos, em sabedoria. Você não é mais um ser comum; seu corpo, fala e mente foram completamente elevados ao exaltado estado da própria Tara, na forma, mantra, e sabedoria de Tara.

As palavras o Louvor às Vinte e Uma Taras não são uma composição de eruditos. Elas foram ditas diretamente pelos próprios Buda Mahavairocchana e pelo Buda Shakyamuni. Por favor, recite o Louvor de Tara quantas vezes conseguir ao longo de sua vida diária. Se não for possível, tente recitar o mantra de Tara, OM TARE TUTTARE TURE SOHA

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Crônica sobre "após os 60" de Benvindo Sequeira - ator e diretor.


SOBRE A TERCEIRA IDADE... BEMVINDO SEQUEIRA 08/03/2009

Vida após a vida - Divulgação
Sempre pensei que ia morrer cedo. A luta armada, a clandestinidade, aventuras, promiscuidade, orgias, riscos... Tudo me levava a crer que não chegaria aos 30 anos. Para quem tem 20 anos, quem tem 30 já é coroa. Tomei um susto quando vi-me vivo e saudável aos 30.
Aos 40 percebi a possibilidade real da morte. No dia do meu aniversário quarentão, um jovem ator de 24 anos perguntou como eu me sentia: “Agora? De frente para a morte.” Para minha surpresa foi o jovem quem morreu logo depois.
Aos 50 apaixonei-me pela letra de Aldir Blanc na voz de Paulinho daViola: “Aos 50 anos, insisto na juventude...”, isso enquanto percebia meu ângulo peniano caminhando para os 90 graus. Mas, antes dos 60, a pílula azul alargou minhas possibilidades e possibilitou-me ver o sexo por ângulos mais estreitos.
Agora estou além dos 60. Aos 40 rezava pela alma dos mortos amigos e parentes. Nome por nome eu pedia ao Senhor. Hoje, são tantos os que caíram, que apenas peço “pelos mortos em geral”.
E mais uma vez espanto-me por estar ainda vivo, e consolo-me no Salmo 91.7, que diz: “Mil cairão ao teu lado e dez mil à sua direita, mas você não será atingido.” Mesmo confiando na Palavra, ainda assim caminho embaixo de marquises pra São Pedro não me ver. Ainda estou vivo, e pra quem pensou que morreria aos 30 descubro que existe vida após a vida.
Mas o preço do viver é muito alto para o jovem de hoje: tem que comprar apartamento, arranjar um trampo, ganhar dinheiro, ficar famoso, comer todas, bombar no youtube, malhar, casar, ter filhos, comprar carro, estar bronzeado, conhecer tudo de web e ainda ir ao show da Madonna, entre outras miudezas.
Após os 60 você já está quite com tudo isso e pensa que vai viver em paz. Qual o quê: tem que tomar insulina, antidepressivos, rivotris, controlar a pressão, não comer açúcar, não comer sal, não fumar, não beber, se conseguir comer uma e outra já é uma vitória, tem que caminhar ao menos meia hora por dia, cuidar do joanete, dormir cedo, vender o apartamento, fugir da bolsa, não discutir no trânsito, não se alterar no caixa do supermercado, tolerar os filhos, agradar os netos, ficar calado diante da mediocridade, aceitar o salário de aposentado, ter o testamento em dia e curtir todas as dores ósseas, nervosas e musculares porque se algum dia você acordar sem dor é porque está morto.
Claro que o idoso tem suas vantagens: uma delas é a transparência. Quanto mais velho, mais transparente você se torna. Chega a ficar invisível: ninguém mais lhe percebe, mais um pouco e nem lhe enxergam.
Mas pode passar à frente dos jovens nas filas todas, com aquele ar de superior: “Você é jovem e sarado, mas eu tenho prioridade.” E ante qualquer aborrecimento ou dificuldade você ameaça infartar ou ter um AVC.
Funciona sempre, todos logo se tornam gentis e cordatos, e é garantia de muitas meias e lenços como presentes no Natal.
Lidando com a minha “terceira idade” ouço de meu psicanalista, o bom Luiz Alfredo: “Só há dois caminhos: envelhecer... ou o outro, muito pior.” Prefiro envelhecer, aceitando cada minúsculo “sim” que a vida me dá com uma grande alegria e uma grande vitória.
Hoje, quando encontro vaga num elevador de shopping, quando o banco está vazio, ou quando encontro promoção na farmácia, já considero uma bênção gigantesca e agradeço a Deus pela graça alcançada.
Após os 60, como no filme de Brad Pitt, regrido na existência, deixo Paulinho e a viola de lado e reencontro Lupiscinio: “Esses moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei.” Mas se soubessem não ia adiantar nada: porque a sabedoria é filha do tempo. Como diz o amigo Percinotto, também idoso: “O diabo é sábio porque é velho.”
Pelo andar da carruagem, percebo que já morri muitas vezes nesta vida, e que viverei até fartar-me.
Bemvindo Sequeira é autor, ator e diretor de teatro e TV
Jornal: O GLOBO
Editoria: Revista O Globo
Tamanho: 693 palavras
Edição: 1
Página: 26
Revista O Globo

O benefício do choro.


Existem pessoas que tem o benefício do choro. Eu já tive, mas agora, não estou conseguindo chorar. E olha que sou canceriana e esse bicho é uma manteiga derretida. Pura emoção!

Tive uma terapeuta que dizia que lágrimas são como xixi: foram feitas para sair. Só que eu não estou conseguindo e estou somatizando numa febrinha que vem pela tarde. Sei que ela não tem existência intrínseca, mas ela vem.

Quanto à impermanência, ela está, como o Chico canta, marcada "feito tatuagem prá me dar coragem pra seguir viagem".

Sexta é tsog de Tara e com certeza estarei lá na sala de meditação!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Mulláh Nasrudin


Aprendizado
"Como foi que você aprendeu tanto, Mullá ?", perguntaram certa vez a Nasrudin.
"Falando muito", respondeu ele.
"Vou colocando em sequência todas as palavras que me ocorram. Quando eu fico interessante, posso ver o respeito no rosto das outras pessoas. Na hora em que isso acontece, começo a tomar nota mentalmente do que disse".
O tolo que era sábio
Todos os dias o Mullah Nasrudin ia esmolar na feira, e as pessoas adoravam vê-lo fazendo o papel de tolo, com o seguinte truque: mostravam duas moedas, uma valendo dez vezes mais que a outra. Nasrudin sempre escolhia a menor.
A história correu pelo condado. Dia após dia, grupos de homens e mulheres mostravam as duas moedas, e Nasrudin sempre ficava com a menor. Até que apareceu um senhor generoso, cansado de ver Nasrudin sendo ridicularizado daquela maneira. Chamando-o a um canto da praça, disse:
- Sempre que lhe oferecerem duas moedas, escolha a maior. Assim terá mais dinheiro e não será considerado idiota pelos outros. Nasrudin lhe respondeu:
- O senhor parece ter razão, mas se eu escolher a moeda maior, as pessoas vão deixar de me oferecer dinheiro, para provar que sou mais idiota que elas.
O senhor não sabe quanto dinheiro já ganhei, usando este truque. E acrescentou:
- "Não há nada de errado em se passar por tolo, se na verdade o que você está fazendo é inteligente".

Caiu alguma coisa...
Ao ouvir um forte estrondo, a mulher de Nasrudin saiu correndo até o quarto.
"Não precisa se preocupar", disse o Mulláh, "foi apenas meu manto que caiu no chão".
"O quê? E fez um barulho desses?"
"Sim, é que na hora eu estava dentro dele".

Mentira e Verdade
Em dada ocasião, um rei chamou Nasrudin para se consolar:
- Ah, Mulláh, estou triste. Meu povo anda mentindo demais, não sei mais o que fazer. O que posso fazer quando o povo me falta com a verdade.
- Acontece, rei - respondeu Nasrudin - que nem sempre é fácil diferenciar a verdade da mentira.
- Mas é claro que é, Mulláh - retrucou o rei - a verdade impele ao bem, enquanto a mentira só visa enganar...
- Essa é a teoria, mas é preciso que todos saibam na prática o que é mentira e o que é verdade...
Assim Nasrudin combinou com o rei e com o carrasco da corte que na manhã seguinte todos os cidadãos iriam ser levados para fora dos muros da cidade e antes de entrarem o carrasco deveria perguntar o que queriam fazer na cidade, os que mentissem, seriam enforcados em praça pública.
E assim foi. Na manhã seguinte estavam todos os cidadãos em frente ao portal da cidade e o capataz falou:
- Todos os que desejam entrar na cidade devem me dizer o motivo, aqueles que mentirem serão enforcados.
- Eu serei o primeiro - disse Nasrudin, e se encaminhou na direção do carrasco.- Por que quer entrar na cidade? - perguntou.
- Eu estou indo ser enforcado naquela forca - e apontou para a praça.- Isso é uma mentira, Mulláh!!! - disse o carrasco.
- Se estou mentindo, então me enforque, oras!

Casa de Banhos
Em dada ocasião, Nasrudin chegou em uma casa de banhos, mas como estava com uma roupa velha e a barba cheia de falhas, o atendente o tomou como um vagabundo qualquer. Por isso, tudo que forneceu ao Mulláh, foi uma tina de água fria e uma toalha velha.
Antes de ir embora, Nasrudin se dirigiu ao atendente afim de pagá-lo. O Mulláh pagou com uma grande e brilhante moeda de ouro, que fez com que o queixo do homem caísse.
Dali uma semana Nasrudin voltou a casa de banhos, e embora ainda usasse andrajos, o atendente o recepcionou incrivelmente bem e lhe ofereceu seus melhores serviços. Antes de ir embora, o Mulláh foi pagar o homem, mas desta vez lhe deu uma diminuta e opaca moeda de cobre:
-Mas o que é isso? - perguntou o atendente.
-Essa moeda de cobre é pelo atendimento da semana passada, e aquela moeda de ouro foi pelo atendimento de hoje.

Iogurte
Como se sabe, uma pequena porção de iogurte, quando misturada no leite, pode fermentar este último e torná-lo também iogurte. Acontece que em dada ocasião, Nasrudin estava a beira de um lago misturando iogurte no lago, quando um amigo passava:
-Nasrudin, o que está fazendo?
-Estou misturando iogurte no lago, assim teremos um lago de iogurte.
-Mas isso não funciona, Nasrudin.
-Sei que não funciona, mas já pensou se isso dá certo?

O Barco e o Homem Letrado
Em dada ocasião, Nasrudin estava em um barco com um homem letrado, quando o Mulláh disse algo que contrariava as regras gramaticais:
-Você nunca estudou gramática? - perguntou o estudioso.
-Não, nunca - respondeu Nasrudin.
-Nesse caso, metade de sua vida se perdeu - retrucou outro.
Nasrudin ficou em silêncio durante algum tempo, quando finalmente falou:
-Você nunca aprendeu a nadar? - disse o Mulláh ao homem letrado.
-Não, nunca - este respondeu.
-Então, nesse caso, toda a sua vida se perdeu. Estamos afundando.

Entre os Amigos e o Burro
Nasrudin ia montado em seu burro pelo povoado, pensando no que pensar, quando de repente uns amigos lhe chamaram.
O mestre, ao escutar o chamado, desce do burro e vai ter com eles.
Quando chega, estes começam a recriminá-lo pelo que havia feito, ou não havia feito.
Nasrudin, nesse momento, volta até seu burro e com um sorriso lhe diz:- Que sorte que não falas!

Não há estoque...
Um homem foi até a loja de comestíveis de Nasrudin e lhe perguntou qual era o preço das nozes.- Duas peças de ouro por quilo - respondeu Nasrudin.
- Esse é um preço escandaloso! - queixou-se o cliente.
-Você não tem nenhuma sombra de consciência?
- Sinto muito. - replicou o Mulláh - mas não tenho este artigo em estoque.

A Lua no Poço
Numa noite clara e enluarada, Nasrudim vai ao poço tirar água. Ao olhar para baixo, vê o reflexo da lua brilhando na água e na mesma hora diz:
- Nossa, coitada da lua, ela caiu dentro da água! Espere lua, que eu já vou tirá-la daí!
Nasrudim vai correndo até a sua casa e volta com uma corda com um gancho de ferro amarrado na ponta. Rápidamente atira a corda dentro do poço, gritando de forma encorajadora:
- Vamos lua, força, agarre firme que eu já puxá-la para fora daí!
Mas aconteceu que a corda ficou presa numa grande pedra no fundo do poço e Narudim precisou puxar com toda a sua força.
“Ufa!” – pensou Nasrudim com os seus botôes. “Mas como a lua é pesada!”
De repente, a corda se solta num tranco e Nasrudim cai de costas no chão.
Quando consegue recuperar o fôlego, ainda estendido no chão, ele se depara com a lua no céu, brilhando no meio das estrelas.
Então Nasrudim diz à lua:
- Não foi nada fácil, mas conseguimos, heim lua! Que sorte a sua eu ter chegado bem a tempo de poder ajudá-la! Foi um prazer estar a seu serviço. Adeus lua, e boa noite!

Quando a Sinceridade Fala Primeiro
Certo dia, um juiz perguntou ao mestre Nasrudin:
- Mestre, no caso de você ter de escolher entre a justiça e o dinheiro, o que você escolheria?
- O dinheiro, é claro - respondeu Nasrudin, sem pestanejar.
- O quê! - disse o juiz. Pois eu escolheria a justiça sem pensar duas vezes, porque a justiça não é fácil de ser encontrada, enquanto o dinheiro, este não é tão raro assim. Podemos encontrá-lo por aí sem grandes dificuldades. Estou sinceramente espantado com a sua opção, Nasrudin. Não o julgava capaz de uma ambição, sendo um mestre!
- Meritíssimo, cada um deseja aquilo que mais lhe falta! - respondeu tranqüilamente o mestre Nasrudin.

Mude-se Para Outro Lugar
Por algum motivo que agora já caiu no esquecimento, o povo de Aksehir zangou-se muito com Hodja, e quis expulsá-lo da cidade. Queixaram-se dele ao Juiz e este viu-se obrigado a intimar Nasrudin e dizer-lhe:
- Hodja, o povo da cidade não te quer. Todos desejam que te mudes para outro lugar.
- Eu é que não gosto do povo daqui - respondeu Nasrudin. - No que me diz respeito, podem todos ir embora da cidade!
- Mas eles são muitos, e tu és só um! - disse o Juiz.
- Então, já que são muitos, é ainda mais fácil para eles. Podem trabalhar juntos e construir uma cidade onde quer que desejem. Mas como é que eu posso, na minha idade, construir uma casa nova e cultivar um jardim no meio do campo?

As Chaves Perdidas
O Mulláh perdeu suas chaves e foi à praça buscá-las quando um vizinho lhe disse: - Mulláh , que estás fazendo? Respondeu: - Busco minhas chaves. - Onde as perdeste? - Em minha casa. - Por que buscas aqui? - É porque aqui tem mais luz!

A luta dos cegos
Certa manhã, quando dirigia-se ao mercado, Nasrudin viu alguns cegos e, fazendo tilintar as moedas em sua bolsa, disse em voz alta:
- Amigos, amigos, peguem estas moedas. Tu, toma esta, tu, esta, e vocês repartam o resto - e enquanto fazia isso, fazia tilintar as moedas em sua bolsa.
É evidente e seria até demais esclarecer, que não repartiu um só tostão.
Produzida a cena, afastou-se para observar a seguinte situação: Os cegos começaram a precipitar-se uns sobre os outros, exclamando e gritando: " deu tudo para ti". Ou então:" Vocês ficaram com tudo ao invés de repartir". Ou:" Eu nada recebi", " mentes", " dá-me a minha parte", etc. etc.
Isso transformou-se em empurrões, socos, chutes, insultos, xingamentos,terminando em uma grande batalha indescritível, dada a cegueira totalreinante.
Nasrudin, que seguia de perto as peripécias da batalha, murmurou:- Isto é o que poderia chamar-se de uma " uma luta de cegos por motivo inexistente".

Pertinência
Um dos espetáculos mais impressionantes que já vi, foi aquele de uma multidão que se aglomerava em volta de uma sepultura de um santo com tanta emoção que eu fui tomado como que por uma força material. Ora, vós dizeis que os sufis desaprovam esse gênero de manifestação. Como podeis negar a importância de um fenômeno desta ordem? Resposta: Talvez você não conheça esta história de Mulláh Nasrudin que pode ser considerada como uma analogia de vossa experiência e vossa pergunta.
Nasrudin levava um amigo no carro. Ele dirigia em alta velocidade. De repente, ao ver um indicador de estrada, o amigo gritou:— Nasrudin, nós estamos indo na direção errada!...
— Por que você não pensa nunca em coisas agradáveis? Ó..., por exemplo, olhe só a que velocidade estamos andando!

Os melhores conselhos
Nasrudin começou a construir uma casa : seus amigos, que tinham cada um sua própria casa, e eram carpinteiros, pedreiros, o rodearam de conselhos. Mulláh estava radiante. Um após outro, e às vezes todos juntos, disseram-lhe o que fazer. Nasrudin seguia docilmente as instruções que cada um lhe dava.
Quando a construção terminou, ela não se parecia em nada com uma casa.
- Que curioso! - disse Nasrudin - e, contudo eu fiz exatamente aquilo que cada um de vocês me tinha dito para fazer!

A lua é mais útil que o sol
Nasrudin entrou na casa de chá proclamando: - A lua é mais útil que o sol. - "Por que ,mullá"? - "Precisamos de mais luz durante a noite que durante o dia".
"Se sobrevivo a esta vida sem morrer, estarei surpreso!!!"
O equilíbrio do mundo
Um dia perguntaram a Nasrudin.
- Mestre, ao amanhecer o dia, cada um vai para o seu lado: uns por aqui, outros por ali, por que será?
- Se todos fossem para a mesma direção - responde Nasrudin - o mundo se desequilibraria e cairia!

Descida
- Nasrudin, como caíste do burro?
- Não estive mal. Eu ia descer, de qualquer maneira.

sábado, 11 de abril de 2009

Além da Mente, Além do Cérebro - Yongey Mingyur Rinpoche


Quando a mente é percebida, isso é o Buda?

The Wisdom of the Passing Moment Sutra (Sutra da Sabedoria do Momento Presente)
traduzido para o inglês por Elizabeth M. Callahan

Você não é a pessoa limitada e ansiosa que pensa ser. Qualquer professor budista treinado pode dizer com toda a convicção da experiência pessoal que, na verdade, você é o centro da compaixão, completamente consciente e plenamente capaz de atingir o bem maior, não apenas para si mesmo, mas para todos e tudo o que possa imaginar.

O problema é que você não reconhece essa capacidade em si mesmo. Em termos estritamente científicos passei a compreender pelas conversas com especialistas da Europa e da América do Norte, que a maioria das pessoas acredita que a imagem de si mesmas formada pelo hábito e neuronalmente construída representa quem e o que elas são. E essa imagem é quase sempre expressa em termos dualistas: o eu e o outro, dor e prazer, ter e não ter, atração e repulsa. Como me foi explicado, esses são os termos mais básicos da sobrevivência.

Infelizmente, quando a mente é submetida ao filtro dessa perspectiva dualista, cada experiência, mesmo em momentos de alegria e felicidade, é restrita por algum senso de limitação. Há sempre um mas espreitando ao fundo. Um tipo de mas é o mas da diferença. "Ah, minha festa de aniversário estava maravilhosa, mas eu preferiria um bolo de chocolate a um de coco." Há também o mas do "melhor": "Adoro a minha nova casa, mas a casa do meu amigo é maior e mais bem iluminada". E, finalmente há o mas do medo: "Não suporto mais o meu trabalho, mas na situação atual do mercado, como encontraria um novo emprego?"

A experiência pessoal me ensinou que é possível superar qualquer senso de limitação pessoal. Caso contrário, eu provavelmente ainda estaria sentado em meu quarto no retiro, sentindo-me amedrontado e inadequado demais para participar das atividades em grupo. Como um menino de 13 anos eu só sabia como superar meu medo e insegurança. Por meio da orientação paciente de especialistas na área da psicologia e neurociência, como Francisco Varela, Richard Davidson, Don Goleman e Tara Bennett-Goleman, comecei a reconhecer por que, de um ponto de vista objetivamente cientifico, as práticas de fato funcionam: que os sentimento de limitação, ansiedade, medo e assim por diante são somente parte de uma fofoca neuronal. Eles são, em essência, hábitos. E hábitos podem ser mudados.

Retirado do livro: "A Alegria de viver" de Yongey Mingyur Rinpoche

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Os Quatro Animais - Ativando nossas forças interiores.

Não é propaganda. Não ganho nada com isso. Só acho que alguém pode se interessar. Eu me interesso!
No budismo há os animais que representam algumas de nossas forças interiores:

O Cavalo do Vento - representa nosso poder pessoal, nossa capacidade de realização;

O Tigre - representa nossa determinação, nossa confiança e bondade;

O Dragão - representa nosso magnetismo pessoal, nossa boa reputação;

O Leão da Neve - representa nosso charme, beleza e clareza mental.

Quando estas forças interiores são fortalecidas e ativadas, nos tornamos mais capazes de lidar de forma benéfica com qualquer situação, seja ela boa ou ruim. Podemos ser mais capazes de transformar obstáculos em oportunidades de crescimento e aprendizado, assim como desfrutar mais dos momentos de paz e alegria. Estes adesivos são uma reprodução fiel de pinturas feitas à mão por um artista do Butão, para que possam ser carregados no dia-a-dia, como uma forma de nos remetermos a estas forças que possuímos, porém, que por vezes, encontram-se enfraquecidas. Pode ser afixado em carros, geladeiras, computadores, portas, paredes, etc.

Símbolos Auspiciosos da Boa Fortuna


Os Oito Símbolos Auspiciosos da Boa Fortuna foram oferecidos ao Buda Shakiamuni quando ele atingiu a iluminação. No Budismo acredita-se que, ao erguermos ou oferecermos os Oito Símbolos Auspiciosos, criaremos uma boa conexão com as pessoas, com o ambiente ao nosso redor e com o que quisermos realizar. Podemos erguer ou oferecer os símbolos separadamente, um por um, em pares de dois, em quatro ou, o ideal, o conjunto dos oito.

Pára-Sol - Proteção
O pára-sol é um símbolo tradicional de proteção e realeza. Protege dos raios e calor do sol. O frescor de sua sombra simboliza a proteção do calor do sofrimento, desejo com egoísmo, obstáculos, doenças e energias negativas.

Peixes - Felicidade
No budismo os peixes simbolizam felicidade, pois eles nadam livremente na água. Também representam fertilidade e abundância uma vez que eles se multiplicam rapidamente. O par de peixes simboliza união conjugal e fidelidade. É auspicioso oferecermos ou recebermos o casal de de peixes como presente de casamento.

Vaso Dourado - Riqueza e Harmonia
Como um vaso divino de tesouros infinitos, o vaso dourado possui a qualidade de manifestar espontâneamente riqueza e atrair harmonia para o ambiente.

A Flor de Lótus - Pureza e Divindade
O lótus floresce imaculado em meio aos pântanos e simboliza a pureza, renúncia e divindade.

Concha Branca - Poder
A concha branca com a espiral para a direita representa poder, autoridade e soberania. Acredita-se que o som produzido ao soprarmos esta concha espanta energias negativas, atrai proteção contra desastres naturais, amedronta seres e criaturas venenosas.

Nó Infinito - Interdependência
O nó infinito é entrelaçado sem um início ou fim e simboliza a sabedoria e compaixão infinitas dos Budas que não é diferente da nossa própria natureza.

A Bandeira da Vitória - Vitória sobre o Mal
A bandeira da vitória foi adotada no budismo como um emblema da iluminação de Buda Shakiamuni e sua vitória sobre todo o mal que nos impede de acessar nossa verdadeira natureza iluminada.

A Roda - Transformação
No budismo a roda simboliza os ensinamentos de Buda. Seu movimento giratório representa a rápida transformação espiritual revelada nestes ensinamentos. Como uma ferramenta de mudanças representa a vitória sobre os obstáculos e ilusões.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

"O Que Faz Você Ser Budista" - Exertos - Dzongsar Jamyang Khyentse


“(...) uma pessoa que não seja budista pode perguntar casualmente: ‘O que faz de alguém um budista?’ Essa é a pergunta mais difícil de responder. Se a pessoa tem um interesse genuíno, a resposta completa não serviria de assunto para uma conversa ligeira à mesa e generalizações podem levar a mal-entendidos. Suponhamos que você dê a resposta verdadeira, a resposta que aponta para a base fundamental dessa tradição de 2.500 anos.

A pessoa é budista se aceitar as quatro verdades a seguir;

Todas as coisas compostas são impermanentes.
Todas as emoções são dor.
Todas as coisas são desprovidas de existência intrínseca.
O nirvana está além dos conceitos.

Essas quatro afirmações, ditas pelo próprio Buda, são conhecidas como ‘os quatro selos’. De modo geral, selo significa uma marca que confirma a autenticidade. Por uma questão de simplicidade e fluência, vou aqui me referir a essas afirmações tanto como selos quanto como ‘verdades’ – sem as confundir com as quatro nobres verdades do budismo que tratam unicamente dos aspectos do sofrimento. Embora se acredite que os quatro selos abarquem a totalidade do budismo, a impressão que se tem é que as pessoas não querem ouvir falar sobre eles.

(...) a mensagem dos quatro selos deve ser entendida literalmente – não em sentido metafórico ou místico – e ser levada a sério. Os selos não são dogmas ou mandamentos. Com um pouco de contemplação, vemos que eles nada têm de moralismo ou ritualismo. Não se fala de boa ou má conduta. Eles são verdades leigas fundadas na sabedoria e a sabedoria é o que mais interessa a um budista. A moral e a ética ficam em segundo plano.

(...) a sabedoria provém de uma mente que possui o que os budistas chamam de ‘visão correta’. No entanto, a pessoa nem sequer precisa se considerar budista para ter a visão correta. (...) Então, o que faz de você um budista?

Se você não consegue aceitar que todas as coisas compostas ou fabricadas são impermanentes, se acredita que há alguma substância ou conceito essencial que seja permanente, então você não é um budista.

Se você não consegue aceitar que todas as emoções são dor, se acredita que, na verdade, algumas emoções são puramente prazerosas, então você não é um budista.

Se você não consegue aceitar que todos os fenômenos são ilusórios e vazios, se acredita que certas coisas, de fato, têm existência intrínseca, então você não um budista.

E, se você pensa que a iluminação existe dentro das dimensões do tempo, espaço e poder, então você não é um budista.

Os quatro selos são como o chá, ao passo que todos os demais meios utilizados para implementar essas verdades – práticas, rituais e roupagem cultural – são como a xícara. Instrumentos e métodos são observáveis e tangíveis, mas a verdade não. O desafio está em não se deixar levar pela xícara. As pessoas estão mais dispostas a sentarem eretas sobre uma almofada de meditação em um lugar quieto do que em contemplar o que chegará primeiro, o dia de amanhã ou a próxima vida.

Ao longo dos séculos, diversos tipos e estilos de xícaras foram produzidos; entretanto, por melhor que seja a intenção por trás delas e por melhor que funcionassem, as xícaras passam a ser um empecilho se esquecermos o chá. Embora sua finalidade seja conter a verdade, tendemos a nos focar no meio e não no resultado. Por isso, pessoas andam por aí com xícaras vazias ou esquecem de tomar o chá. Nós, seres humanos, podemos ficar encantados ou pelo menos distraídos com as cerimônias e cores das práticas criadas pelas culturas budistas. Incensos e velas são exóticos e atraentes; já a impermanência e a inexistência do eu, não. O próprio Sidarta afirmou que a melhor forma de culto é a simples lembrança do princípio da impermanência, do sofrimento ligado às emoções, da ausência de existência intrínseca dos fenômenos e do fato de que o nirvana transcende os conceitos.

(...) Em última análise, os guardiões do budismo não são os mestres graduados, mas sim, as quatro verdades.

(...) Como budista, você deveria se ater à seguinte regra: um budista nunca incita nem participa de derramamento de sangue em nome do budismo. A ele não é permitido matar sequer um inseto, quanto mais um ser humano. E, se por acaso, você tomar conhecimento que alguma pessoa ou grupo budista esteja fazendo isso, como budista você tem o dever de protestar e condenar esses atos. Se você se calar, não estará apenas deixando de desencorajar essas pessoas; você basicamente será uma delas. Você não é um budista.”

Páginas 11, 12, 13, 161, 162, 168.
Obs: *Intrínseco: que está dentro de uma coisa ou pessoa e lhe é próprio; interior; íntimo; que está inseparavelmente a uma pessoa ou coisa; inerente; peculiar.

*Extrínseco: que é exterior; não pertencente à essência de uma coisa.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Todo aquele que nasce é impermanente e fadado a morrer.

http://www.youtube.com/watch?v=ri-XCOf6ZlQ

Aceitação e entrega


"Sempre que puder, olhe para dentro de si mesmo e procure ver se você está inconscientemente criando um conflito entre as circunstâncias externas de um determinado momento - onde você está, com quem está ou o que está fazendo - e os seus pensamentos e sentimentos. Você consegue sentir como é doloroso ficar se opondo internamente ao que é?

Quando reconhece esse conflito, você percebe que agora está livre para abrir mão dessa guerra interna inútil."

"O Poder do Silêncio" - Eckhart Tolle

Sem celular na ilha do Lost

Quanto ao ficar sem celular, uma pessoa replicou:
- E se você estiver perdida numa ilha do Lost?
Respondi:- Pâhhh!
Refleti:- Acho que já estive lá quando era pequena. Nos anos 50 não tinha celular, televisão, computador, microondas e outras coisas. Mas também não tinha ladrão, drogas, assaltante na rua, barulho de obra e o vizinho não tinha som. Se tinha era vitrola e não dava prá tocar alto porque não tinha woofer, tweeter, surround nem nada. Era aquele sonzinho arranhado de vinil grosso e pesado. E as pessoas tinham uma coisa chamada respeito, coisa rara hoje em dia.
Em compensação, a gente brincava na rua na maior tranquilidade.
Se quisessem me achar, eu estava em casa ou na escola para onde ia sozinha, desde os quatro anos de idade, com meu irmão de seis e minha prima de cinco! Sem problema!

Sem celular

"Ficar sem celular é como flutuar num mar de nuvens azuis. Não importa onde você esteja, ninguém poderá te achar. Delícia."
Marina W.

domingo, 5 de abril de 2009

Se sentir raiva, recue!

Sua Eminência Chagdud Tulku Rinpoche e Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche

"Se sentir raiva, recue! Se for capaz de agir sem raiva, talvez você transponha a terrível delusão que perpetua a guerra e seu sofrimento infernal."
“É necessário uma paciência extraordinária para trabalhar pela paz mundial, e a fonte desta paciência é a paz interior. Tal paz nos permite ver claramente que a guerra e o sofrimento são reflexos externos dos venenos da mente.”

Chagdud Tulku Rinpoche

O Que Faz Você ser Budista - Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche

"Um Deus onipresente e permanente não poderia mudar; então, é melhor ter um Deus impermanente que possa responder a preces e modificar as condições meteorológicas. Contudo, desde que as ações de Deus constituam uma reunião de começos e fins, ele será impermanente; em outras palavras, sujeito a incertezas e não confiável." (pág. 31)
A partir de um ponto, mesmo se rezarmos para que o ovo não cozinhe, ele vai cozinhar." (pág. 39)