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sábado, 9 de abril de 2011

O Uso de Um Mala Tibetano por Gyatrul Rinpoche.

"Gyatrul Rinpoche nasceu no Tibet oriental em 1925. Ele passou muitos anos em retiro com alguns dos  maiores lamas e foi totalmente qualificado como um professor do budismo vajraiana na tradição Nyingma. Treinado por adeptos renomados, passou muito tempo de sua vida no Tibet em retiro meditativo antes de fugir em 1959. Em 1976, foi apontado como o representante espiritual de Sua Santidade Dudjom Rinpoche nos Estados Unidos. Em 1978, fundou o Centro de Budismo Orgyen Dorje Den.
No livro The Generation Stage in Buddhist Tantra (A Geração do Estágio no Budismo Tântrico da Snow Lion) ele explica sobre o uso do mala na prática yoga da deidade. Este excerto pode ser encontrado no Snow Lion website. Aqui está um excerto do “A Geração do Estágio no Budismo Tântrico”.
Padmasambhava disse: “O melhor tipo de mala para se usar para intensificar o número de recitações é um mala feito de alguns tipos de jóias preciosas (tib. tin o tche). Um tipo de mala comum é feito de semente de uma árvore ou fruta e um tipo inferior de mala é feito de madeira, terra, pedra ou remédio.”
Um mala feito de conchas do mar, terra, madeira ou sementes ou frutas de árvores é para ser usado para realizar sadanas e ações pacíficas. Um mala feito de ouro queimará amplos e extensivos carmas. Um mala de coral vermelho é melhor para realizar sadanas poderosas. Um mala de aço ou de turquesa é bom para atividades iradas. Um mala feito de dzi ou outras pedras preciosas pode ser usado para queimar quaisquer atividades cármicas que se estiver fazendo. Um mala feito de pedras de damasco realizará atividades amplas e extensas. Um mala feito de “lot ton” (uma pequena semente redonda e negra dentro de uma fruta) realiza atividades poderosas. Um mala feito de contas de raksha cumpre práticas iradas. Um mala feito de semente de bodhi realiza todos os dharmas. Malas feitos de madeiras de árvores queimam carmas pacíficos. Um mala de sementes de amora queima carmas poderosos. Malas de mogno realizam práticas iradas. Malas feitos de marfim, especialmente de uma presa de elefante, irá realizar todas as atividades em questão. Contas de pedra são boas para a prática ampla e expansiva. Contas feitas de remédio (dutzi) são boas para a prática irada. Malas com diferentes tipos de jóias são boas para qualquer prática. No entanto, eu sugiro não tentar fazer um mala com um tanto de contas diferentes porque, a não ser que se saiba quais combinações são efetivas, pode-se causar um resultado não positivo.
A seguir, o texto menciona os diferentes tipos de benefícios que derivam do uso de diferentes tipos de malas. Um mala de ferro ou aço multiplica a virtude que é acumulada com cada recitação de uma maneira geral. Um mala de cobre multiplica cada recitação por quatro vezes. Um mala de raksha multiplica cada recitação por vinte milhões e um de pérola, por cem milhões. Um mala de prata multiplica por cem mil e um de rubi, por cem milhões. Um mala de sementes de bodhi manifesta benefícios ilimitados para qualquer forma de prática, seja ela pacífica, vasta, poderosa ou irada. Todos devem saber o significado do mala e a melhor maneira de amarrá-lo. Amarre seu mala com três, cinco ou nove fios, e nenhum outro número. Três fios simbolizam os três kayas, cinco fios simbolizam os cinco budas, e os nove fios simbolizam os nove veículos. A conta principal, a conta do guru, pode ser composta de três contas simbolizando os três estados vajra do ser, os três kayas. A conta menor do lado de fora deve ser azul, talvez de lápis lazuli. A cor azul simboliza a mente imutável da verdade última. A conta do meio deve ser vermelha para simbolizar a fala vajra e a conta interior deve ser branca para simbolizar o corpo vajra. Seu mala deve ser abençoado por um lama e você mesmo deve abençoar constantemente o seu mala imbuindo-o com a sua energia. Você deve energizar seu mala antes de contar as recitações nele a fim de produzir real benefício. Você deve limpar sua boca, sua mão e então o seu mala antes de usá-lo. Também pode perfumá-lo com óleo de sândalo. Em seguida, imagine você mesmo como a deidade, coloque o mala em sua mão esquerda e arrume as contas com a conta do guru colocada verticalmente no centro. Recite o mantra que transforma todos os dharmas na consciência pura da sua verdadeira natureza:

OM SWABAVA SHUDDO SARVA DHARMA SWABAVA SHUDDO HAM.

Este mantra limpa e transforma percepções impuras em consciência pura e vacuidade. Da vacuidade, a conta do guru aparece como a deidade central da mandala, e as outras contas aparecem como os membros do séquito. Esta parte da prática é a meditação sobre o samayasattva. Em seguida, chamar o jnanasattva. andalaConvide os seres de sabedoria primordial para se aproximarem, conectando-os de forma que eles se dissolvem no samayasattva, exatamente como se faria em uma sadana. Convide os seres de sabedoria para virem de suas terras puras no espaço à sua frente. Eles se dissolvem em sua mala e permanecem firmes lá. Assim, cada parte de sua mala é a mandala inteira. Isso inclui a divindade central, o séquito, os assentos de lótus, os ornamentos, implementos de mão, cores, etc. Abençoar seu mala desta forma multiplica cada sílaba do que quer que você recitar o mantra 100.000 vezes, além de causar bons resultados cármicos. Portanto, é extremamente importante para fazer isso. Seu mala representa não apenas a forma da deidade, mas a fala da deidade também. Por exemplo, se você recitar o mantra de cem sílabas, a conta do guru representa a sílaba OM e as outras esferas representam as sílabas restantes. Guru Padmasambhava disse, “Sempre que você recitar mantras pacíficos, use a ponta do seu polegar para contar a mala. Ao recitar mantras amplos, use o terceiro dedo. Use o dedo indicador e o polegar ao recitar mantras poderosos, e o dedo mindinho ao recitar mantras irados. Usar apenas a mão esquerda para contar mantras. A mão direita é usada, mas raramente, por exemplo, em algumas práticas irada. Alguns livros ensinam o uso das duas mãos, mas não use a mão direita somente.” Qualquer tipo de prática que se está fazendo, seja pacífica, irada, poderoso ou expansivo (amplo), esteja sempre consciente de que o polegar é um gancho vajra que atrela poderes espirituais, deidades e outras bênçãos. Também é fácil mover as contas com o polegar. O texto não fala, mas há alguns extensos ensinamentos explicando como mover as contas sobre os malas ao realizar certas práticas. Em algumas práticas iradas, usa-se as contas com as duas mãos e assim por diante. Os ensinamentos a seguir, que explicam como cuidar de seu mala quando você não estiver usando, veio direto da boca do Guru Padmasambhava. (Visitar o site). Se o seu mala tem sido repetidamente abençoado por grandes lamas, por seu próprio professor e por si mesmo como parte de sua prática de deidade, ele deve acompanhá-lo como sua sombra. Você mantém o samaya raiz vajra do mala por nunca deixá-lo sair do seu corpo."


* O grifo é meu.

Uma expressão da natureza luminosa e vazia de nossa mente.


"Já que não existe nada sobre o que meditar, não meditar em nada mesmo,
Já que não existe nada para ser perturbado, fique estável em obsequiosidade,
Olhe de maneira desapegada para o estado de não-meditação e não-perturbação.
Auto-consciência, auto-conhecer, auto-iluminar, brilha claramente:

Essa própria alvorada é chamada mente desperta. Se alguém olhou fundo o suficiente para a natureza da mente e é capaz de tornar-se como a base daquele estado, então se torna possível usar todas as percepções dos sentidos e toda a experiência da vida, para aumentar sua própria realização. Sem jamais perder de vista o vazio básico da mente, o que quer que aconteça é reconhecido como a exibição de seu aspecto luminoso. Esse é o caso durante nosso estado de vigília diário, durante sonhos e também após a morte durante o bardo. Torna-se especificamente importante reconhecer quando as visões do bardo aparecem. Se nos tornarmos acostumados a reconhecer o que quer que surja como uma expressão da natureza luminosa e vazia de nossa mente, então não seremos levados por nenhuma aparência, por mais impressionante ou aterrorizante que ela possa ser.
 
Consciência de todas as aparências como mente, sem apego,
Está desperta, embora ver e visto surjam.
Aparências não são equivocadas, o erro vem através do apego;
Conhecendo o pensamento de apego como mente, ele é auto-liberado.
 
O texto continua:
Não existe nenhuma aparência que não seja conhecida como originada da mente.
Qualquer aparência que surja é a própria mente, desobstruída.
Embora ela surja, como a água e as ondas do oceano,
Já que elas não são duas, isso é liberado na natureza da mente.
 
Nossa essência intrínseca é um estado da maior simplicidade, embora durante o processo de se revelar tenhamos de trabalhar com a complexidade e a confusão de nossas mentes, como elas são [estão] no presente. Pode parecer que ensinamentos como esse na verdade encorajem a não meditar ou fazer qualquer tipo de prática. Entretanto, as vidas dos grandes mestres dzogchen mostram que eles passaram muitos anos em retiro e fizeram esforços tremendos, antes que atingissem o estado espontâneo da consciência natural. Em adição, suas biografias revelam que tiveram uma fé e uma devoção extraordinárias a seus gurus e grande respeito por todos os estágios do caminho. Podem existir algumas poucas pessoas que, como resultado de práticas de vidas anteriores, possam penetrar direto na essência em um curto período de tempo, mas a grande maioria de nós precisa passar por um período mais longo de preparação. Para se basear no estado de não-meditação e não-perturbação [não-distração], precisamos praticar a meditação convencional primeiro, senão apenas permanecemos sob a influencia da perturbação/distração, quer estejamos conscientes disso ou não. Como diz o texto: Todos os seres são na realidade a essência desperta, Mas sem praticarem de fato eles não irão despertar. Mesmo que não possamos perceber aquela essência no presente, simplesmente sabendo a respeito dela e tendo fé nela fazem uma enorme diferença. Esses maravilhosos ensinamentos são como o sol num dia nublado: podemos ter completa confiança que o sol está sempre por trás das nuvens. A visão dzogchen pode impregnar subitamente todo caminho, qualquer que seja a prática na qual estejamos engajados e em qualquer estágio que tenhamos atingido. O texto conclui com este último conselho: Ver sua própria consciência de forma nua e direta, Essa Auto-liberação através da visão nua é muito profunda, Então comece a conhecer isso por si mesmo, sua própria auto-consciência!"

Do livro: Vazio Luminoso de Francesca Fremantle.

O Troll

Um troll, na gíria da internet, designa uma pessoa cujo comportamento tende sistematicamente a desestabilizar uma discussão, provocar e enfurecer as pessoas envolvidas nelas. O termo surgiu na Usenet, derivado da expressão trolling for suckers (lançando a isca para os trouxas), identificado e atribuído ao(s) causador(es) das sistemáticas flamewars e não os trolls, criaturas tidas como monstruosas no folclore escandinavo. O comportamento do troll pode ser encarado como um teste de ruptura da etiqueta, uma mais-valia das sociedades civilizadas. Perante as provocações insistentes, as vítimas podem (ou não) perder a conduta civilizada e envolver-se em agressões pessoais. Porém, independentemente da reação das vítimas da trollagem, o comportamento do troll continua sendo prejudicial ao fórum, pois o debate ou degenera em bate-boca ou prossegue sendo vandalizado pelo troll enquanto este tiver paciência ou interesse de atuar.
Há várias sistemáticas desenvolvidas por trolls para atuar num fórum de Internet, entre elas:Jogar a isca e sair correndo: consiste em postar uma mensagem de polêmica grande já esperando uma grande reação de cadeia e flame war. Porém o troll não se envolve mais na discussão, some após a mensagem original e se diverte com a repercussão. Uma forma mais branda é postar noticias polêmicas (às vezes mensagens não-verídicas) só para observar a reação da comunidade.
Induzir a baixar o nível: alguns trolls testam a paciência dos interlocutores, induzem e persuadem a pessoa a perder o bom senso na discussão e apelar para baixaria e xingamentos. Com isso, o troll "queima o filme", consegue que a pessoa se auto-difame na comunidade por ter descido a um nível tão baixo.
Repetição de falácias: outro método usado que induz ao cansaço, aqui o troll repete seu conjunto de falácias até que leve seu interlocutor à exaustão, alegando depois ter vencido a discussão após o abandono do oponente.
Desfile intelectual: um troll pode ter um bom nível intelectual, vocabulário sofisticado diante de outros discursantes, desfilar referências e contradizer os argumentos dos rivais por conhecimento e pesquisa, muitas vezes expondo-os ao ridículo e questionando sua formação educacional.

Insetos amam a vida. Insects love life.


Insetos gostam tanto de viver quanto nós. Um vidro de boca larga, um pedaço de papel cartão é só o que precisamos para colocá-los de volta na natureza. Seja pela vida!

Insects love life as we do. A wide-lipped jar and a piece of cardboard is all it takes to relocate them into nature. Stand for life!

A vida não dura muito. Life does not last much.


 
A vida não dura muito, a morte é duradoura.
Esforço é o dever de hoje, mesmo amanhã, a morte pode vir.
Pois está além de nossas forças, atrasar a morte e seu grande exército.

Life does not last much, death is lasting
Effort is today's duties, even tomorrow, death may come
Because it's beyond our forces to delay death and its grand army.
 
Adhuvam jivitam, dhuvam maranam
Ajjeva kiccamatappam, ko janna maranam suve
Na hi no samgarantena mahasenena maccuna

Nós somos o que pensamos. We are what we think.

Auguste Rodin - "Le Penseur"
Nós somos o que pensamos. Tudo o que somos surge dos nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o mundo. Fale ou aja com uma mente impura e problemas o seguirão como a roda segue o boi que guia o carro. Nós somos o que pensamos. Tudo o que somos surge dos nossos pensamentos. Com nossos pensamentos fazemos o mundo. Fale ou aja com uma mente pura e a Felicidade o seguirá como sua sombra, inabalável. Como pode uma mente perturbada compreender o caminho? Seu pior inimigo não pode feri-lo tanto quanto seus próprios pensamentos desarmados. Mas, uma vez planejado, ninguém pode ajudá-lo muito, nem mesmo seu pai ou sua mãe.

We are what we think. All that we are arises with our thoughts. With our thoughts we make the world. Speak or act with an impure mind and trouble will follow you as the wheel follows the ox that draws the cart. We are what we think. All that we are arises with our thoughts. With our thoughts we make the world. Speak or act with a pure mind and Happiness will follow you as your shadow, unshakable. How can a troubled mind understand the way? Your worst enemy cannot harm you as much as your own thoughts, unguarded. But once mastered, no one can help you as much, not even your father or your mother.

domingo, 27 de março de 2011

Se - Atavismo

Se minha avó não tivesse castigado covardemente o meu pai, ele seria uma pessoa mais calma, um homem menos explosivo, por vezes até mesmo violento. Se meu avô não fosse tão omisso, não permitiria que ela agisse dessa forma. Pobre coitado; morreu de câncer no estômago. Talvez não tenha tido mesmo “estômago” pra isso.

Se meu avô não pensasse só em dinheiro e, quando minha mãe chegava com uma nota dez ele não dissesse que “não fez mais que a obrigação” ela não seria uma mulher tão focada no dinheiro, incapaz de tecer um único elogio a qualquer um dos filhos. Minha avó, não dizia nada, era uma “boa mulher”, passiva, incapaz de contrariar o marido. Pobre coitada; morreu de câncer no osso malar que evoluiu para o pulmão. Talvez não conseguisse respirar mais aquele ar.

Se eu não tivesse sido educada por um pai rude, bruto e severo, fruto da educação que recebeu da própria mãe, eu não seria a pessoa que sou. Se minha mãe não fingisse que nada via quando meu irmão e meu pai me agrediam física e verbalmente, se seu único valor não fosse o dinheiro e o conforto, fruto da educação que recebeu dos próprios pais, eu não seria a pessoa que sou.

Se eu não fosse a pessoa que sou, talvez meus filhos, já adultos, não fossem focados na doença, na mudez, na privacidade extrema, exatamente como eu era quando nova!

Como se pára este atavismo?

sábado, 26 de março de 2011

A Quebra do Samaya

"Na tradição budista, as pessoas não falam muito sobre suas próprias experiências e realizações, principalmente porque o ato de se gabar tende a aumentar o senso de orgulho de uma pessoa e levá-la a utilizar mal as experiências para ganhar poderes mundanos ou obter influência sobre as outras pessoas, o que prejudica a si mesmo e aos outros. Por esse motivo, o treinamento da meditação envolve um voto ou um compromisso - conhecido em sânscrito como samaya - para não fazer uso impróprio das habilidades obtidas pela prática da meditação (...). A consequência de quebrar esse compromisso é a perda de todas as realizações e habilidades obtidas por meio da prática."

A Alegria de Viver - Yongey Mingyur Rinpoche - pág. 218
Obs: Pronuncia-se samayá.
 
"Todas as iniciações tântricas vinculam aqueles que as recebem a sérios votos conhecidos como votos de samaya. Na escola Nyingma, há 28 votos de samaya divididos em três votos raízes e 25 ramos. Os três votos raízes são:

1. o voto do corpo: venerar o guru
2. o voto da fala: praticar continuamente os mantras e mudras da deidade
3. o voto da mente: manter restritos os ensinamentos do segredo tântricos

Os outros 20 votos são colocados em quatro grupos:
1. os cinco a serem aceitos
2. os cinco a serem rejeitados
3. os cinco a serem praticados
4. os cinco a serem conhecidos
5. os cinco a serem realizados

Quais são os samayas mais relevantes? De acordo com as instruções esotéricas (man ngag) eles estão agrupados em três.
1.     o samaya da visão
2.     o samaya da prática
3.     o samaya da realização
     
Para distingui-los, o samaya da mente é não disseminar as instruções secretas para outros e os cinco aspectos a serem conhecidos são o samaya da visão. O samaya do corpo é não criar animosidade ou desprezo pelo mestre vajra e pelos irmãos vajra. Os cinco samayas a serem praticados e os cinco a não serem renunciados são o samaya da realização. O resultado destes três é a natureza da realização.

Observe como esta passagem divide os votos samaya em outro conjunto de divisões:
1. o samaya do ponto de visão.
2. o samaya de prática.
3. o samaya de realização."

quinta-feira, 24 de março de 2011

Insônia e aversões

De vez em quando o bicho pega! Anteontem passei a noite literalmente em claro. Quando comecei a cochilar já era hora de acordar e acordei com uma dor de cabeças daquelas! O humor estava do jeito que o diabo gosta! Como toda quarta-feira, desço para almoçar na casa de uma amiga e passo parte da tarde com ela. O almoço tinha um ingrediente que me caiu como uma luva: suco de maracujá! Mas não desses de garrafinha que se compra no supermercado, não, suco mesmo, do maracujá fruta! Subi pra casa a pé como sempre faço, mas desta vez num passo mais marchado pra suar, pra cansar mesmo e ver se dormia o sono atrasado. Parei no mercadinho pra comprar maracujás, três, bem graúdos! Em casa, uma só fruta deu um jarro grande de inox, uns dois litros. Encharquei-me dele! Devo dizer que costumo dormir depois da meia noite, mas ontem, pouco depois das dez, estava na cama e com sono! Dormi o sono dos justos! Mas, naquele breve período entre o acordar e o abrir os olhos, notei que tenho muitas aversões. Detesto barulho, detesto insônia, detesto um monte de coisas. Mas não consegui fazer do barulho uma cachoeira e nem da insônia um momento excelente para uma boa meditação. Eu não tomo jeito!

domingo, 6 de março de 2011

Para Christopher e anônimo. Respondendo aos comentários.

A cura está dentro de nós, pessoal! Afinal somos nós que vivemos vinte e quatro horas com todo nosso organismo, corpo, fala e mente! Hoje não estou bem, mas amanhã posso melhorar. Esta é a minha simples e vívida constatação da impermanência. Um ingênuo mas sábio ditado popular diz que "de hora em hora, Deus melhora". Não tenho a ilusão de que a simples leitura de um livro possa me "curar", mas ele pode me trazer algum vislumbre, um insight que eu possa aproveitar. Nunca acreditei que alguém curasse alguém, que a dor de alguém se comparasse com a nossa ou vice-versa. Nem por isso deixamos de ler, de ir ao médico, ao psicólogo ou ao psiquiatra. Eu mesma já dispensei muitos profissionais como se fechasse um livro que não me interessasse mais. No entanto, continuo lendo, continuo buscando e rezo, peço ao universo que todos os seres possam se ver livres do sofrimento e de suas causas. Mas também que todos estejam a salvo de gerar pensamentos negativos, o obstáculo mais destrutivo. Que esses pensamentos nunca surjam em nossa mente e que todos os seres estejam livres de pensamentos negativos. Seguimos em frente, eu já numa idade meio assustadora, algumas funções corporais não funcionando tão bem quanto antes, certas fraquezas tomando-me de assalto, prossigo e sei que um instante virá em que tudo terá o seu fim determinante, seja ele como for. Espero ter forças e as desejo a todos! 
Losar Tashi Delek!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Abraçando a Raiva - Thich Nhat Hahn


Plena consciência é a capacidade de saber o que está acontecendo em cada momento, e plena consciência da raiva é ser capaz de reconhecer quando a raiva se manifestou. Se deixarmos nossa raiva sozinha, causará estrago para nosso corpo, para nossa mente e talvez para o nosso entorno. Podemos praticar a plena consciência da raiva dizendo para nós mesmos: “Inspirando, sei que a raiva está em mim. Expirando, eu sorrio para minha raiva, eu abraço minha raiva.”

A plena consciência reconhece que a raiva é raiva. Reconhecer e abraçar a raiva é uma arte, é a prática. Usualmente, lutamos contra a raiva que surge em nós. Mas na prática budista, não lutamos contra nossa raiva, nós a abraçamos ternamente.

Imagine uma mãe que está trabalhando na cozinha e ouve seu bebê chorar. Ela o ama, portanto solta o que quer que esteja na sua mão e vai ao quarto dele. Antes mesmo de saber o que está errado, ela pega o bebê e o segura ternamente em seus braços. Apenas segurá-lo carinhosamente pode ser suficiente para trazer alivio à criança e diminuir seu choro. Se a mãe continuar a segurá-lo com plena consciência, ela descobrirá o que está errado. Ele pode estar com fome, pode estar com febre, ou sua fralda pode estar apertada demais. Através da prática da plena consciência podemos abraçar nossa raiva e pacientemente descobrir porque ela surgiu.

Se a mãe descobre que seu filho está com fome, ela lhe dá leite; se a fralda está muito apertada, ela afrouxa. Portanto ao abraçar nossa raiva com carinho, podemos aliviá-la através da respiração consciente e da caminhada consciente.

Quando a energia da raiva começa a emergir, precisamos da prática da plena consciência. Podemos pensar que para liberar nossa raiva temos que fazer algo imediatamente para confrontar a pessoa que pensamos que está nos fazendo sofrer. Ao invés disso, podemos respirar e dizer: “Inspirando, sei que a raiva se manifestou em mim. Expirando, tomarei muito cuidado com a energia da raiva em mim.”

Podemos pensar que dizer ou fazer algo muito forte para punir a outra pessoa é o caminho para encontrar alívio. Mas isto apenas irá escalar o sofrimento. A outra pessoa sofrerá mais, e ela irá buscar alívio nos punindo de volta.

Se alguém nos faz sofrer, é porque esta pessoa também está sofrendo. Alguém que não sabe lidar com seu sofrimento permitirá que ele vaze, e nos tornaremos vítimas do seu sofrimento. Sabemos que alguém que sofre tanto assim precisa de ajuda e não punição. Quando começamos a ver isso, a compaixão nasce, e não sofremos mais. Compaixão é o antídoto para a raiva. Uma vez que estamos motivados pelo desejo de ajudar a outra pessoa a sofrer menos, estamos livres de nossa raiva.

Às vezes é importante comunicar nosso sofrimento para a outra pessoa. Podemos fazer isso usando a prática do “Começar de Novo”. Sentamos juntos em um momento onde possamos estar plenamente presentes. Há três estágios: no primeiro nós “regamos as flores” da outra pessoa, sinceramente expressando nossa apreciação pelas suas boas qualidades. No segundo expressamos lamento por qualquer coisa que vemos que possamos ter feito para contribuir para o conflito. No terceiro, expressamos nosso sofrimento sem culpa ou julgamento.

Quando expressamos nosso ferimento, há três frases importantes que os ensinamentos budistas sugerem. Estas frases são o antídoto para o sofrimento. A primeira é, “Querido, eu estou com raiva. Eu estou sofrendo e quero que você saiba.” A segunda é “Querido, eu estou fazendo o melhor que posso”. A terceira é “Por favor, ajude-me”.

Quando dizemos a primeira frase - “Querido, eu estou com raiva. Eu estou sofrendo e quero que você saiba disso.” - estamos sendo abertos e dividindo o que está acontecendo conosco. É importante que não neguemos nossa própria raiva e sofrimento. Às vezes sofremos por causa da outra pessoa, e quando ela vem e pergunta, “Querido, você está bem, está com raiva de mim?” dizemos “Eu estou bem, porque estaria com raiva?”. Ou quando a outra pessoa põe a mão no nosso ombro, tentamos evitar seu toque e dizemos, ”Deixe-me só, não me toque!”. Estas são formas de punir alguém, queremos dizer a esta pessoa que podemos sobreviver muito bem sozinhos.

Portanto, ao invés disso, é muito importante ser direto. Podemos também querer adicionar, “Eu não sei por que você disse tal coisa para mim, por que fez tal coisa para mim. Por favor, explique.” A coisa importante é dizer para a outra pessoa que estamos com raiva e que estamos sofrendo. Se pudermos escrever esta sentença, já sofreremos menos. É um milagre.

A segunda frase é ainda menor, “Eu estou fazendo o melhor que posso”. Isto significa que estamos praticando a respiração consciente e a caminhada consciente e tomando conta de nossa raiva. Portanto a segunda sentença é um convite indireto para a outra pessoa fazer o mesmo, voltar para reexaminar a situação, e ver o que ela possa ter feito que tenha contribuído para o conflito.

Às vezes não queremos fazer o outro sofrer. Apenas somos inábeis. Temos que aprender a falar em termos de mais ou menos hábeis ao invés de termos como bom ou mau, certo ou errado. Na tradição budista falamos de estados inábeis da mente, como a raiva ou medo.

A última sentença é “Por favor, ajude-me”. Quando somos capazes de escrever a terceira frase, nosso sofrimento se dissipa. Mesmo se a outra pessoa ainda não leu a mensagem, já nos sentimos muito melhor. Reconhecemos nossa interdependência, não somos capturados pelo orgulho. No verdadeiro amor não há lugar para orgulho. Sabemos que precisamos da outra pessoa para nos ajudar a sair da nossa situação.

Tenho muitos amigos que pegam um pedaço de papel do tamanho de um cartão de crédito, escrevem essas três frases e guardam na carteira. Cada vez que a raiva vem, eles pegam o “cartão”, lêem enquanto inspiram e expiram, e então eles sabem exatamente o que fazer.

Quando o nosso amado nos fere, ficamos com raiva e sofremos. Estamos na margem do sofrimento. Como somos bodisatvas, queremos atravessar para a margem da paz. Não dizemos, “Outra margem, por favor, venha de forma que eu possa pisar em você.” Não, temos que atravessar! E entendimento, prajñaparamita, é uma das maneiras de atravessar. Quando entendemos a outra pessoa, vemos seu sofrimento e também que ela não sabe lidar com este sofrimento. Ela sofre, portanto faz a si mesmo e aos que estão a sua volta sofrerem. Quando somos capazes de olhar com olhos de entendimento como estes, de repente estamos na outra margem. Este entendimento traz a outra margem imediatamente.

O Buda disse que há muitas maneiras de lidar com sua raiva, e uma maneira é praticar a paramita chamada dana, que significa doação. Você dá um presente para a pessoa que você está sentindo raiva. Usualmente quando estamos com raiva de alguém, queremos puni-la. Mas o Buda nos aconselha a fazer o oposto. Faça algo que a faça feliz. Ofereça algo para ela, e de repente sua raiva desaparecerá e você se encontrará na outra margem. Você pode querer tentar isto. Você sabe do que seu amado gosta, portanto compre um lindo presente e esconda em algum lugar. E um dia quando ficar com raiva dele, lembre-se do conselho do Buda e ofereça o presente para ele. Então ambos estarão na outra margem imediatamente.

A outra pessoa precisa de amor, e se pudermos prover isso para ela, através do entendimento, nossa raiva se dissolverá. O tempo que leva para atravessar para a outra margem pode ser muito curto. É um milagre! Como um bodisatva, queremos apenas dar. E estamos dispostos a dar qualquer coisa que pudermos.

As coisas mais valiosas para dar são entendimento e compaixão. Todos no mundo anseiam por entendimento, compaixão e amor. Como um bodisatva, como um praticante, podemos produzir entendimento e compaixão. Quando olharmos profundamente para a situação, não culparemos mais, sentiremos compaixão.

(Do livro “Together we are one”– Thich Nhat Hanh)
(Traduzido por Leonardo Dobbin)
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quinta-feira, 3 de março de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quando o mestre morre.

O problema da devoção é idêntico. Caso não seja solidamente estabelecida, a devoção corre o risco de ser efémera. Certos budistas, tibetanos ou outros, têm uma grande devoção por um mestre espiritual. Mas assim que esse mestre morre perdem-na de um momento para o outro. Como consideram que acabou tudo, os seus centros budistas locais fecham. No entanto, em termos absolutos, não faz qualquer diferença o mestre estar ou não presente em carne e osso. O mestre representa a natureza última do espírito e a sua compaixão não é limitada pela distância. Aquele que reconhece esta dimensão do mestre corre poucos riscos de se apegar à sua forma humana. Mesmo que o mestre tenha deixado o seu invólucro corporal, ele sabe que a partir da esfera do Corpo Absoluto as suas bênçãos e a sua actividade estão sempre presentes. Quer o mestre esteja ou não entre nós não muda nada. É sempre possível meditar sobre ele *.

* - No Budismo Vajrayana, o mestre autêntico, a quem o discípulo se liga intimamente, tem por única finalidade revelar a este último a sua verdadeira natureza. Num primeiro tempo, a fé no mestre permite ao discípulo abrir-se a uma realidade mais profunda e ao mestre fazer com que o espírito do discípulo amadureça. No final do caminho, mestre e discípulo são um só: aquele que decobriu a verdadeira natureza do seu espírito, inseparável do «Corpo Absoluto» de Buda, o conhecimento e a compaixão desde sempre presente. Por esta razão, quem se apegar à forma exterior do seu mestre é incapaz de compreender esta realidade e tudo o que retira da sua ligação com o mestre não é mais do que retiraria da relação com um ser comum.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Vislumbre do dia - Glimpse of the day - Sogyal Rinpoche

"De todas as práticas que eu sei, a prática de Tonglen, em tibetano, "dar e receber", é uma das mais úteis e poderosas. Quando você se sentir bloqueado em si mesmo, Tonglen abre-lhe a verdade do sofrimento dos outros; quando seu coração está bloqueado, ele destrói as forças que estão obstruindo-o e, quando você se sente distante da pessoa à sua frente que está com dor, está amarga ou desesperada, ele ajuda você a encontrar dentro de si e, em seguida, revelar o brilho de sua verdadeira natureza amorosa e expansiva. Nenhuma outra prática que conheço é tão eficaz em destruir o auto-apego, a auto-indulgência, a auto-absorção do ego, que são as raizes de todo o nosso sofrimento e toda dureza do coração. Simplificando, a prática de Tonglen de dar e receber é assumir o sofrimento e a dor dos outros e dar a eles a sua felicidade, bem-estar e paz de espírito."

"Of all the practices I know, the practice of Tonglen, Tibetan for “giving and receiving,” is one of the most useful and powerful. When you feel yourself locked in upon yourself, Tonglen opens you to the truth of the suffering of others; when your heart is blocked, it destroys those forces that are obstructing it; and when you feel estranged from the person who is in pain before you, or bitter or despairing, it helps you to find within yourself and then to reveal the loving, expansive radiance of your own true nature. No other practice I know is as effective in destroying the self-grasping, self-cherishing, self-absorption of the ego, which is the root of all our suffering and all hard-heartedness. Put very simply, the Tonglen practice of giving and receiving is to take on the suffering and pain of others and give to them your happiness, well-being, and peace of mind."

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um sonho dentro do sonho.

Belo Horizonte, 21 horas, Galo 4, Zêro 3. Prá mim não faz nenhuma diferença porque quem me conhece sabe que não estou nem aí prá futebol, nem na Copa. Não perco, nem ganho nada com isso. Enquanto atleticanos soltam foguetes, vejo um filme: "Unstopable" com Denzel Washington. Muita adrenalina e eu, ficando aflita, me lembrei que estou dentro de um sonho dentro de um sonho e que só preciso apertar um botão prá parar tudo. Pausa. Subi para o terraço, sentei na minha cadeira favorita pra ver o céu e o tempo mudando, a lua a mais de um quarto embaçando-se nas nuvens. Venta e parece que vai chover enfim! Tá calor demais! Meu filho músico* no quarto com uma bluezeira alta me fez cantar e dançar. http://www.youtube.com/watch?v=NU0MF8pwktg música que ofereço ao meu baixista Leonardo "Mussum", amigo que "roubei" do Guto. É assim que chamo meu filho.

É incrível como se pode viajar de uma coisa prá outra, de um sonho pro outro, de uma situação prá outra. Até Dzongzar Khyentse Rinpoche disse que é bom escutar de tudo, até Marylin Manson, mas não chego a tanto! Um dia ainda escuto de acordo com o conselho dele. Desço e ouço no YouTube o mesmo blues Pride and Joy do Stevie Ray Vaughan e volto pro filme adrenalínico do Denzel Washington com a certeza de que tudo é um reflexo na água, uma bolha, uma alucinação, uma ilusão, uma miragem, um sonho, uma imagem no espelho, um eco. EMAHO!
*

sábado, 5 de fevereiro de 2011

TER e SER / HAVING and BEING

"O filósofo Erich Fromm previu uma sociedade baseada na obsessão por bens. Ele acreditava que os seres humanos tinham duas orientações: TER e SER. Uma pessoa com uma orientação para TER busca adquirir e possuir coisas, propriedade, até pessoas. Mas, uma pessoa com uma orientação de SER, foca-se na experiência da qual derivam significados de doar, comprometer e dividir com outras pessoas. Infelizmente, Fromm previu uma cultura guiada pelo materialismo e comércio como a que vivemos hoje. Ela é condenada à orientação de TER, o que leva à insatisfação e ao vazio. Quando levamos em consideração que nos anos 60 não existia essa coisa de 'self storage' nos Estados Unidos e hoje há mais de 600 milhões de metros quadrados dedicados a isso, nos faz pensar que Fromm tinha razão."

"The philosopher Erich Fromm forecasted a society based on the obsession with possessions. He believed that humans had two guidelines: HAVING and BEING. A person with a guide to HAVING seeks to acquire and possess things, property, even people. But a person with an orientation BEING focuses on the experience from which they derive meaning to donate, engage and share with others. Unfortunately, Fromm provided a culture driven by materialism and commerce as we live in today. It is ordered to the orientation of HAVING, which leads to disatisfaction and emptiness. When we consider that in 60's there was no such thing as "self storage" in the United States and today there are over 600 million square meters dedicated to it, makes us think that Fromm was right."

CSI (Crime Scene Investigation) Las Vegas - 11ª Temporada, 5 episódioº.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Postura, corpo e mente.

"Se você está sentado e sua mente não está em total sintonia com o seu corpo, se você estiver, por exemplo, ansioso ou preocupado com alguma coisa, seu corpo vai experimentar um desconforto físico, e as dificuldades vão surgir com mais facilidade. Considerando que, se sua mente está em um estado de calma e inspiração, isto irá influenciar toda a sua postura e você pode sentar-se muito mais naturalmente e sem esforço. Por isso, é muito importante unir a postura de seu corpo com a confiança que decorre da sua percepção da natureza da sua mente."

"If you are sitting, and your mind is not wholly in tune with your body—if you are, for instance, anxious or preoccupied with something—your body will experience physical discomfort, and difficulties will arise more easily. Whereas if your mind is in a calm, inspired state, it will influence your whole posture, and you can sit much more naturally and effortlessly. So it is very important to unite the posture of your body and the confidence that arises from your realization of the nature of your mind."

Rigpa - Glimpse of The Day- Sogyal Rinpoche.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Dalai Lama Quote of the Week

Reflita sobre o padrão básico de nossa existência. A fim de fazer mais do que apenas sobreviver, precisamos de abrigo, comida, companheiros, amigos, a estima dos outros, recursos e assim por diante, essas coisas não surgem de nós mesmos, mas são todas dependentes dos outros. Suponha que uma única pessoa estava vivendo sozinha em um lugar remoto e desabitado. Não importa o quão forte, saudável, educada ou esta pessoa fosse, não haveria possibilidade de ela levar uma existência feliz e gratificante .... Tal pessoa pode ter amigos? Ser conhecida? Essa pessoa pode se tornar um herói, se ele ou ela deseja se tornar um? Acho que a resposta a todas estas perguntas é um não definitivo, porque todos esses fatores acontecem apenas em relação a outros seres humanos.

Quando você é jovem, saudável e forte, às vezes você pode obter a sensação de que é totalmente independente e não precisa de ninguém. Mas isso é uma ilusão. Mesmo naquela idade principal de sua vida, simplesmente porque você é um ser humano, você precisa de amigos, não é? Isto é especialmente verdade quando nos tornamos velhos e precisamos confiar mais e mais na ajuda dos outros: esta é a natureza de nossas vidas como seres humanos.

Pelo menos em um sentido, podemos dizer que as outras pessoas são realmente a principal fonte de todas as nossas experiências de alegria, felicidade e prosperidade, e não apenas em termos de nossas relações do dia-a-dia com as pessoas. Podemos ver que todas as experiências desejáveis que apreciamos ou aspiramos alcançar são dependentes da cooperação e interação com os outros. É um fato óbvio.

Da mesma forma, do ponto de vista de um praticante budista, muitos dos altos níveis de realização que você ganha e o progresso que você faz no seu caminho espiritual são dependentes da cooperação e da interação com os outros. Além disso, na fase da iluminação completa, as atividades de um buda de compaixão podem surgir espontaneamente, apenas em relação a outros seres, pois esses seres são os destinatários e beneficiários dessas atividades iluminadas.

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Reflect on the basic pattern of our existence. In order to do more than just barely survive, we need shelter, food, companions, friends, the esteem of others, resources, and so on; these things do not come about from ourselves alone but are all dependent on others. Suppose one single person were to live alone in a remote and uninhabited place. No matter how strong, healthy, or educated this person were, there would be no possibility of his or her leading a happy and fulfilling existence.... Can such a person have friends? Acquire renown? Can this person become a hero if he or she wishes to become one? I think the answer to all these questions is a definite no, for all these factors come about only in relation to other fellow humans.

When you are young, healthy, and strong, you sometimes can get the feeling that you are totally independent and do not need anyone else. But this is an illusion. Even at that prime age of your life, simply because your are a human being, you need friends, don't you? This is especially true when we become old and need to rely more and more on the help of others: this is the nature of our lives as human beings.

In at least one sense, we can say that other people are really the principal source of all our experiences of joy, happiness, and prosperity, and not only in terms of our day-to-day dealings with people. We can see that all the desirable experiences that we cherish or aspire to attain are dependent upon cooperation and interaction with others. It is an obvious fact.

Similarly, from the point of view of a Buddhist practitioner, many of the high levels of realization that you gain and the progress that you make on your spiritual journey are dependent upon cooperation and interaction with others. Furthermore, at the stage of complete enlightenment, the compassionate activities of a buddha can come about spontaneously only in relation to other beings, for those beings are the recipients and beneficiaries of those enlightened activities.
(p.5)  from The Compassionate Life by Tenzin Gyatso, the 14th Dalai Lama

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Citação - Quote

Os budas e bodisatvas veem claramente que a nossa negligência com os outros, a nossa auto condenscendência e o nosso desprezo para com a ligação entre as ações e os seus efeitos são responsáveis por todas os nossos sofrimentos. A sensação de que, não importa o que façamos contanto que possamos ir além, mata as nossas possibilidades de libertação e de iluminação. Nosso egoísmo nos rouba as boas qualidades mundanas e supramundanas, deixando-nos nus e de mãos vazias. Ele nos separa da felicidade, agora e no futuro e nos prende aos grilhões do sofrimento.
Tomem a resolução de nunca mais se deixar dominar por esta maneira mesquinha e egoísta de pensar e de fazer tudo ao seu alcance para combatê-lo. Sua felicidade começa no momento em que você reconhece sua auto-condencendência como seu inimigo principal. Há muitas boas razões de porque o fato de acalentar os outros faz sentido. Shantideva diz:
O estado de Buda é realizado
Igualmente por meio de seres vivos e vitoriosos.
Que tipo de comportamento, então, é para reverenciar
Os Vitoriosos , mas não os seres vivos?
... Se realmente quisermos agradar os budas e bodisatvas e todos os seres nobres do mundo a quem admiramos e de quem os únicos princípios orientadores são o afeto, o amor e a compaixão pelos outros, não podemos fazer nada melhor do que valorizar os seres vivos.
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Buddhas and Bodhisattvas see clearly that our neglect of others, our self-preoccupation and our disregard for the connection between actions and their effects are responsible for all our miseries. The feeling that it doesn't matter what we do as long as we can get away with it kills our chances of liberation and enlightenment. Our selfishness robs us of worldly and supramundane good qualities, leaving us naked and empty-handed. It separates us from happiness now and in the future and fetters us to suffering.
Resolve never again to let yourself be dominated by this mean and selfish way of thinking and do everything in your power to combat it. Your happiness begins the moment you recognize self-cherishing as your chief foe. There are many good reasons why cherishing others makes sense. Shantideva says:
The state of Buddhahood is accomplished
Equally through living beings and Victorious Ones.
What kind of behavior then is it to revere
Victorious Ones but not living beings?
...If we truly want to please Buddhas and Bodhisattvas and all those noble beings in the world whom we admire and whose sole guiding principles are their affection, love and compassion for others, we can do nothing better than to cherish living beings.

(p. 100) from The Three Principal Aspects of the Path an oral teaching by Geshe Sonam Rinchen, translated and edited by Ruth Sonam, published by Snow Lion Publications

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O nosso maior inimigo.

O primeiro inimigo não seria nosso próprio corpo? É isto mesmo. Vamos pensar juntos.

Basta prestar atenção ao que dizem os jornais, as revistas, o radio e a tv. Temos um corpo absolutamente errado. Após 140 mil anos de adaptações, algumas muito provavelmente bastante difíceis, o homem moderno, ocidental, que tem o pensamento da ciência fundamentada no consumo nos dá a clara lição: nosso corpo é um erro.

Por faltar anti depressivos em nosso organismo ficamos tristes. Se faltar remédios para o colesterol ele sobe e quer trancar as artérias do coração e nos matar. Se faltar antibióticos pegamos infecções. Se faltar medicamentos para a febre, podemos nos descobrir com temperaturas elevadas. Se faltar anti-concepcionais engravidamos. Se faltar anoréticos comemos demais e engordamos. Se faltar viagra falta boas ereções. Se faltar ritalina as crianças são hiperativas. Se faltar valium ficamos ansiosos. Se faltar isoflavonas e hormônios artificiais as mulheres da menopausa ficam cheias de problemas. Se faltar flúor ficamos com cáries. Se faltar antiinflamatórios ficamos com reumatismo, dores nas costas, bursites, tenditines e dor em todo o lugar do corpo.

A lista é riquíssima. O canal de parto é um equívoco na raça humana, e graças Deus temos a cesariana. A mamas estranhamente dão leite para os filhos de todos os mamíferos, mas entre os humanos isto só ocorre se as mulheres da espécie são lembradas para tal. Assim se a cirurgia plástica feita muito cedo pode impedir a amamentação, isto não é problema, pois em nosso espécie a mama é ornamento erótico, para um sexo que não foi feito para gerar filhos. Aliás quem sabe num futuro bem próximo os filhos sejam gerados apenas em laboratório, assim todo o equipamento reprodutor seria algo desnecessário e até comprometedor pois expõe os humanos à injustos cânceres. Se a pessoa é muito obesa que se corte o estômago. Se o útero, os ovários, as amígdalas, as adenóides, a tireoide, as mamas, a vesícula, o baço, o apêndice está mal... que se tire do corpo. Se o coração ficou muito fraco que se troque por outro. Se o fígado está fraco que se troque de fígado.

Não há dúvida o ser humano, iluminado, boníssimo, generoso, amoroso, integrado com a natureza de maneira tão bela não merece este corpo humano tão fajuto, não é mesmo?

Há um conto interessante. Havia em algum lugar uma aldeia em que todos os seus habitantes usavam bengalas para facilitar o caminhar. Quando começavam a se erguer recebiam pequenas instrumentos de madeira que se transformariam mais tarde em fundamentais bengalas. Assim todos os primeiros passos eram amparados e garantidos em seu sucesso com este maravilhosos instrumento. E assim era para ser... Uma vez, um jovem da tribo se afastou demais de um grupo de homens que estava na floresta próxima e se viu sozinho. Desafortunadamente, uma fera, um felino predador o percebeu solitário e foi para cima do jovem, que imediatamente começou a correr. Entretanto para seu desespero, ele cai e quebra sua bengala. Por instinto se levanta e tenta andar e correr. E como correu. Foi suficientemente hábil para escapar do fim que parecia inevitável. Feliz, retorna à aldeia, e festivamente brada: "Vocês não podem acreditar. Perdi minha bengala, mas descobri que fiquei mais rápido sem ela. Consegui escapar de uma fera. E tenho certeza que todos aqui podem, facilmente aprender a fazer isto!" Os líderes supremos ficaram furiosos. "Você está é louco! Onde já se viu uma pessoa normal sem bengalas!!!" "Ou você retorna a usar uma linda e necessária bengala ou ficará preso juntos dos loucos, ou quem sabe dos criminosos desta terra" "Aqui só podemos tolerar os que usam bengalas, pois são estas pessoas que geram a riqueza e a estabilidade de nossa comunidade!" "Volte à normalidade e deixe tudo como está!"

A nossa nova normalidade pressupõe que nós devemos utilizar, que nós devemos acreditar piamente em tudo que o sistema nos oferece. E com certeza ele nos oferece toda a parafernália de instrumentos, medicamentos, alimentos e intervenções corporais que melhoram nossa saúde! Apesar de cada haver mais gente doente na terra, apesar de cada vez mais gente morrer dos medicamentos e técnicas terapêuticas, por algum motivo somos levados a crer que o que existe agora é o melhor! E o corpo inimigo é o maior gerador de consumo nestes tempos modernos...

Ironias a parte, o que parece mesmo é que nossa cultura, nossa formação social, nos colocou numa situação peculiar de confronto permanente com o nosso corpo físico. E o mais impressionante é ver como as pessoas não têm idéia de porque adoecem. Elas acreditam que isto independe de suas histórias pessoais, seus decisões, seus modos de vida, seus empregos e suas maneiras de entenderem a existência.

Estamos no século XXI, e após todo o sofrimento que a falta de amor, as guerras, a fome, a injustiça, a violência, o autoritarismo, a insensibilidade já impôs ao ser humano, apesar de toda a história conhecida ainda festejamos a descoberta da rosa azul transgenica, o computador cada vez mais rápido e o celular que toca musica e vê vídeos, mesmo sem conseguir evitar que uma criança na esquina de nossas ruas passe fome. Muito menos que outras morram de fome. E menos ainda que morram em guerras que não são delas.

A evolução tecnológica não qualificou um milímetro a nossa integração com a natureza, nossa compaixão e a nossa capacidade de amar.

Ela, absolutamente, não gera mais humanidade. Em algum lugar do passado nos esquecemos do principal...

(José Carlos Brasil Peixoto, 29-09-2004)

O Garuda


Os Tantras do Dzogchen, os antigos ensinamentos a partir dos quais as instruções bardo do vir a ser, fala de uma ave mítica, o Garuda, que nasce totalmente crescido. Esta imagem simboliza a nossa natureza primordial, que já está completamente perfeita. O filhote garuda tem todas as suas penas das asas plenamente desenvolvidas no interior do ovo, mas não podem voar antes que ele abra. Só no momento em que as fissuras do ovo se abrirem, o garuda pode sair e sobir para o céu. Da mesma forma, os mestres nos dizem, as qualidades do estado de Buda são veladas pelo corpo, e logo que o corpo for descartado, elas serão radiantemente exibidas.

The Dzogchen Tantras, the ancient teachings from which the bardo instructions come, speak of a mythical bird, the garuda, which is born fully grown. This image symbolizes our primordial nature, which is already completely perfect. The garuda chick has all its wing feathers fully developed inside the egg, but it cannot fly before it hatches. Only at the moment when the shell cracks open can it burst out and soar up into the sky. Similarly, the masters tell us, the qualities of buddhahood are veiled by the body, and as soon as the body is discarded, they will be radiantly displayed.
 
Glimse of the Day - Sogyal Rinpoche

domingo, 16 de janeiro de 2011

Síndrome do Pânico - Por favor, respeitem quem tem!

 Um aviso de enorme perigo iminente ao cérebro onde não há perigo algum!
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_do_P%C3%A2nico

sábado, 15 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O que se trás de uma viagem!

Saí do Khadro Ling às sete e dez da manhã já na correria com medo de perder o vôo. E, quem me conhece, sabe que eu detesto correria, stress. Não foi prá isso que eu fui pro sul. Só que lá a gente fica só por conta dos ensinamentos e iniciações, sorvendo cada palavra de Jigme Rinpoche, muito calados. Não tive nenhum contato com televisão, rádio ou qualquer meio de comunicação externa. Afinal, estava re-ti-ra-da! Resultado: na hora de voltar, corri à toa! A van do Airton correu à toa! Paguei, desci, despedi rapidinho e entrei prá dentro do aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre prá dar de cara com uma fila enorme. Acho que alguém notou minha cara aflita e me colocou numa fila menor e fui atendida em poucos instantes. Subi e fiquei na boca do portão de embarque esperando, esperando, esperando. O vôo é adiado. E eu achando aquilo muito estranho. Um rapaz do meu lado parecia conversar sozinho reclamando, xingando. Realmente é desagradável. Eu estava super cansada, afinal acordar às seis da manhã e dormir depois de meia noite por cinco dias seguidos não é fácil. Mâs... paciência. Não temos controle sobre tudo como gostaríamos de ter. Não temos controle de nada. Todos os vôos que eu peguei, Porto Alegre prá São Paulo, São Paulo prá Belo Horizonte atrasaram. Trouxe essa lição que já sabia teoricamente, mas desta vez, tive que fazer o para-casa na marra e manter a calma e a paciência. Trouxe de lá muito cansaço, calor, muitos amigos no coração, uma paisagem maravilhosa dividida com quase quinhentas pessoas e muita coisa prá aprender! Só quando cheguei é que fiquei sabendo o motivo dos atrasos dos vôos: uma tragédia colossal no estado do Rio, muita chuva, muitas mortes e muitos desabrigados. E a gente reclamando de atraso. Com certeza! Muita coisa prá aprender é o que se trás de uma viagem!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vislumbre do dia - Glimpse of the day

"The Buddhist meditation masters know how flexible and workable the mind is. If we train it, anything is possible. In fact, we are already perfectly trained by and for samsara, trained to get jealous, trained to grasp, trained to be anxious and sad and desperate and greedy, trained to react angrily to whatever provokes us. In fact, we are trained to such an extent that these negative emotions rise spontaneously, without our even trying to generate them.

So everything is a question of training and the power of habit. Devote the mind to confusion and we know only too well, if we’re honest, that it will become a dark master of confusion, adept in its addictions, subtle and perversely supple in its slaveries. Devote it in meditation to the task of freeing itself from illusion, and we will find that with time, patience, discipline, and the right training, the mind will begin to unknot itself and know its essential bliss and clarity."
Glimpse of The Day

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A respiração certa acalma a ansiedade e até alivia depressão. Inspirar e expirar coretamente é um antídoto contra o estresse

Sua cabeça está latejando. Sobram preocupações em casa, seu chefe e resolveu ter crises diárias no trabalho e aquele amor de conto-de-fadas acabou em drama mexicano. "Fiz uma massagem ótima", palpita um, tentando ajudar. "Só com terapia consigo ficar de pé", pitaca o outro. "Ginástica é a solução, deixo todos os meus problemas na esteira", intomete-se mais alguém. E, no meio de tanto zunzunzum, fica você ainda mais atordoada e sem saber como reagir. Pois não faça nada. Sim, você entendeu certo. Pare quieta e apenas respire: aí está o remédio contra a maioria dos desconfortos emocionais. "Aprendendo a controlar a respiração, damos fim em todas perturbações da mente e dos sentidos", afirma o médico David Frowley, autor de Uma visão Ayurvédica da Mente, a cura da consciência (Editora Pensamento, R$ 29).

Considerado o maior especialista ocidental em terapia ayurvédica, ele acaba de vir à América do Sul pela primeira vez e escolheu o Brasil, onde deu uma palestra, para dividir os ensinamentos sobre o sistema de cura tradicional da Índia. "Nossa energia vem, basicamente, da respiração (...) Se o cérebro não recebe a quantidade certa de oxigênio, não temos a energia vital suficiente para nos desenvolver e mudar". A seguir, Dr. David Frawley ensina como mudanças sutis na inalação e na respiração podem contribuir no alcance e na manutenção de um estado psicológico marcado pelo bem-estar. Sopre a ansiedade para longe
A receita é imbatível contra tremores pelo que ainda nem aconteceu, além de bastante eficaz no combate à insônia. Separe uns dez minutos do seu dia, não importa o horário - pode ser, inclusive, no pico de uma situação superestressante. Comece só prestando atenção no ritmo em que o ar entra e sai dos pulmões. Aos poucos, vá controlando este intervalo, até que ele se torne bem espaçado: tente contar até dez enquanto puxa e, depois, quando solta a respiração. Fazendo inalações mais prolongadas, você fortalece todo o seu corpo e acalma a mente. Com isso, as preocupações, por mais terríveis que sejam, acabam amenizadas, já que a energia passa a circular melhor por todo o organismo. Respirações fortes e intensas
Contornar os sintomas depressivos com a respiração é muito simples. A falta de disposição desaparece, caso você consiga manter um ritmo mais intenso enquanto realiza as inalações e as exalações. A idéia é não apenas respirar com grande velocidade, mas com bastante vigor, puxando e soltando a máxima quantidade de ar possível a cada tentativa. Mantenha o pique por dois minutos e descanse. Repita mais duas vezes. Não se assute caso venha a sentir tonturas, a sensação é normal - e devida ao excesso de oxigênio que, de repente, passa a percorrer o organismo. Não é lógico viver assim. Até para quem não consegue dar um passo à frente sem medir todos os prós e contras dessa atitude existe uma respiração ideal. As pessoas que têm o lado racional extremamente desenvolvido (e sofrem maquinando sobre tudo o que acontece ao redor) devem estimular a respiração com a narina esquerda, conectada com o a região do cérebro ligada às emoções. Funciona assim: com um dos dedos, tape a narina direita e faça 30 respirações (inalação, seguida de exalação) somente com a narina esquerda. O exercício será seguido de uma sensação de refrescância e calma. Emoção demais, não há quem agüente. Aqui, vale o contrário do treino acima. Se você derrama lágrimas até pela grama cortada e se descabela por qualquer bobagem, a dica é estimular um pouco mais o seu lado racional, favorecendo um estado de equilíbrio entre ele e suas desenvolvidíssimas emoções. Com um dos dedos, tape a narina esquerda e faça 30 respirações (inalação seguida de exalação) apenas com a narina direita.o efeito aquecedor desta prática irá ajudar na busca por análises mais racionais das situações impostas pelo dia-a-dia.
Minha Vida

O que antecipa uma viagem.


Sempre viajei acompanhada ou dos pais e irmãos quando jovem ou do marido e filhos quando casada. Agora, só eu budista, viajo sozinha para o Khadro Ling, Rio Grande do Sul. Estou descendo dia sete de janeiro e voltando dia onze se tudo correr bem. Posso morrer no caminho, o vôo pode atrasar, qualquer coisa pode acontecer. Não é pessimismo. É fato. É bom estar preparada para qualquer coisa e não ter expectativa de nada. Ninguém vai fazer festinha prá mim nem tem comitê de recepção. É tudo por minha conta. Isso me traz uma ansiedade, um aperto no peito, um medo mesmo. Já fui uma vez, correu tudo bem e não era para estar me sentindo assim. Mas estou. Mala pronta, pouca coisa, o necessário e muita praticidade. Farmacinha não pode faltar. Já estou levando. Da outra vez, fiquei um mês lá e passei mal. Desta vez são só cinco dias. Isso me tranquiliza. No entanto, penso, eu estou indo porque quero. Ninguém me obrigou. E se eu pensar que posso desistir, me faz ficar frustrada. Adoro aquele lugar. Tão sossegado, tranquilo, silencioso. Até a comida é gostosa e dessa vez vou ficar na Casa de Amitabha, num quarto e não no dormitório. Enfim, um pouquinho mais de conforto que já não sou mais uma adolescente prá acampar nem uma mulher jovem que não se importa com multidão. Acho que multidão vai ter de qualquer jeito porque o ensinamento é novo e importante para os budistas e, pelo que vejo, tá indo todo mundo! Finalmente, quem está na chuva é prá se molhar. Literalmente! Não pára de chover em todo o país. Então vamos em frente que atrás vem gente. E relaxar, deixar tudo acontecer que não tenho poder sobre nada.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Arrependo-me de coisas que disse, mas jamais do meu silêncio.

"Pense em alguém poderoso.
Essa pessoa briga e grita como uma galinha ou olha em calmo silêncio como um lobo? Lobos não gritam. Eles têm uma aura de força e poder. Observam em silêncio. Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio.
Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas.
O erro não dito é um silencioso correto.
Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos. Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis. Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia e continua a trabalhar mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota. Olhe. Sorria. Silencie. Vá em frente.
Lembre-se de que há momentos de falar e há momentos de silenciar. Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso.
Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a falsa idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques. Não é verdade. Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir. Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal. Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.
Você pode escolher o silêncio.
Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenócrates, mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar: "Arrependo-me de coisas que disse, mas jamais de meu silêncio”.
Durante os próximos sete dias, responda com o silêncio, quando for necessário. Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais. Use principalmente o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não ter que responder em alguns momentos. Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas. E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas."
Aldo Novak.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ser chique sempre. Glória Kalil


"Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano.
O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é quem fala baixo.
Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa de pedestre.
É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.
É lembrar do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais!
Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.
É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção a sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona
e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!
Mas para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos retornar ao mesmo lugar, na mesma forma de energia.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não te faça bem.
Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz!
Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... mas amor e fé nos tornam humanos!"

O grifo é meu que sou pedestre e sofro. Ai, como sofro!

When death comes. - Quando a morte vem.

Men come and they go and they trot and they dance, and never a word about death. All well and good. Yet when death does come—to them, their wives, their children, their friends—catching them unawares and unprepared, then what storms of passion overwhelm them, what cries, what fury, what despair! To begin depriving death of its greatest advantage over us, let us adopt a way clean contrary to that common one; let us deprive death of its strangeness, let us frequent it, let us get used to it; let us have nothing more often in mind than death. . . . We do not know where death awaits us: so let us wait for it everywhere.

To practice death is to practice freedom. A man who has learned how to die has unlearned how to be a slave. - Montaigne

Homens vêm e vão, brincam e dançam, e nem uma palavra sobre a morte. Tudo bem. No entanto, quando a morte vem para eles, para suas mulheres, para seus filhos, para seus amigos, ela os pega desprevenidos e despreparados. Depois que tempestades de paixão os oprimem, que choro, que fúria, que desespero! Para começar a roubar da morte a sua maior vantagem sobre nós, adotemos uma maneira contrária à comum, vamos retirar da morte a sua estranheza, vamos frequentá-la, vamos nos acostumar com isso, vamos ter em mente nada mais frequente que a morte. Nós não sabemos onde a morte nos espera: por isso vamos esperar por ela em toda parte.

Praticar a morte é praticar a liberdade. O homem que aprendeu como morrer, desaprendeu como ser um escravo. - Montaigne

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

De A a Z para 2011

ABNEGAÇÃO – ACEITAÇÃO – ACERTO – ACOLHIMENTO – ADMIRAÇÃO – ADORAÇÃO – AFEIÇÃO – AFEIÇOAMENTO – AFETO – AGRADO – AJUSTE – ALEGRIA – ALTRUÍSMO – AMENIDADE – AMIZADE – AMOR – ANUÊNCIA – APLAUSO – APROVAÇÃO – ATENÇÃO – AUTOCONFIANÇA – AUTOCONTROLE – BEM - AVENTURANÇA – BEM -ESTAR – BENEFÍCIO - BENEVOLÊNCIA – BONDADE – CALMA – CAMARADAGEM – CARINHO – CONCILIAÇÃO – CONCORDÂNCIA – CONEXÃO – CONFIANÇA – CONFORTO - CONGRAÇAMENTO – CONSIDERAÇÃO – CONTENÇÃO – CONTENTAMENTO – CUIDADO – CULTIVO – DEDICAÇÃO – DELEITE – DELICADEZA – DESAPEGO – DESPOJAMENTO – DESPRENDIMENTO – DEVOÇÃO – DIGNIDADE - DISCIPLINA – DIVERTIMENTO – ECONOMIA – ENTENDIMENTO – ENTUSIASMO – EQUILÍBRIO – ESTIMA – EXULTAÇÃO – FELICIDADE – FLEXIBILIDADE – FRATERNIDADE – GRAÇA – HARMONIA – HUMILDADE – INCLINAÇÃO – JÚBILO – LENITIVO – LEVEZA – LIBERTAÇÃO – LIGAÇÃO – MODERAÇÃO – MODÉSTIA – OTIMISMO – PAIXÃO – PARCIMÔNIA – PAZ – PENDOR – PERSEVERANÇA – POLIDEZ – PONDERAÇÃO – PRAZER – PROSPERIDADE - PRUDÊNCIA - PUREZA – RECEPÇÃO – RECEPTIVIDADE – RELAÇÃO – RENASCIMENTO – RESPEITO – REVERÊNCIA – RIQUEZA - SABEDORIA – SATISFAÇÃO – SENSATEZ – SERENIDADE – SIMPATIA – SIMPLICIDADE – SINGELEZA – SOBRIEDADE – SUAVIDADE – SUBMISSÃO – TEMPERANÇA – TENDÊNCIA – TERNURA – TINO – TOLERÂNCIA – URBANIDADE – VITÓRIA - ZELO.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pense bem.

Uma vez vi um documentário sobre os suicídios na ponte Golden Gate. Eles entrevistaram um sobrevivente e ele disse que, no momento em que ele se soltou do parapeito, se deu conta de que todos os seus problemas tinham uma solução, menos o fato de ele já ter pulado.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Vislumbre do dia - Glimpse of the day

"Perceber a Visão sutilmente, mas completamente transforma a sua visão de tudo. Mais e mais, tenho percebido como os pensamentos e conceitos são tudo o que nos impede de estar sempre, muito simplesmente, no absoluto. Agora eu vejo claramente porque os mestres dizem com tanta freqüência: "Esforcem-se para não criar nem muita esperança nem medo", pois eles apenas geram mais conversas mentais. Quando a Visão está lá, os pensamentos são vistos como eles realmente são: passageiros e transparentes, apenas relativos. Você vê através de tudo diretamente, como se você tivesse olhos de raios-X. Você não se apega aos pensamentos e emoções nem os rejeita, você recebe todos dentro do vasto abraço de Rigpa. As coisas que você levou tão a sério antes, ambições, planos, expectativas, dúvidas e paixões, não tem mais qualquer esperança ansiosa e profunda em você, porque a Visão ajuda você a ver a futilidade e a inutilidade de tudo, e nasceu em você um espírito de verdadeira renúncia."

‎"Realizing the View subtly but completely transforms your vision of everything. More and more, I have come to realize how thoughts and concepts are all that block us from always being, quite simply, in the absolute. Now I see clearly why the masters so often say: “Try hard not to create too much hope and fear,” for the...y only engender more mental gossip. When the View is there, thoughts are seen for what they truly are: fleeting and transparent, and only relative. You see through everything directly, as if you had X-ray eyes. You do not cling to thoughts and emotions or reject them; you welcome them all within the vast embrace of Rigpa. The things you took so seriously before—ambitions, plans, expectations, doubts, and passions—no longer have any deep and anxious hold on you, for the View has helped you to see the futility and pointlessness of them all, and born in you a spirit of true renunciation."

Rigpa - Glimpse of the Day - Vislumbre do Dia - Sogyal Rinpoche

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Repetição

Shunryu Susuki
O Buda (...) estava interessado em saber como ele próprio existia naquele exato momento. Essa era a questão. (...) Seu maior interesse era saber como podemos nos tornar iluminados. (...) Para descobrir como a massa se transforma em pão perfeito, ele fez o pão perfeito, ele fez o pão repetidas vezes até que obteve êxito. Talvez se possa achar pouco interessante cozinhar repetidas vezes a mesma coisa, dia após dia. Pode parecer tedioso. De fato, se você perde o espírito de repetição, sua prática se torna bastante difícil, mas não será difícil se você estiver cheio de força e vitalidade. De qualquer modo, não há como ficar inativo; é necessário fazer alguma coisa. Portanto, quando fizer alguma coisa, seja atento, cuidadoso e alerta. Nosso caminho é colocar a massa no forno e observá-la com cuidado. Uma vez que você souber como a massa se transforma em pão, você entenderá a iluminação. Nosso maior interesse, portanto, é saber como  este corpo físico se transforma num sábio. Um sábio é um sábio. Explicações metafísicas sobre a natureza humana não são a questão. Assim, o tipo de prática pode se tornar demasiado idealista. Se um artista se torna muito idealista, acaba se suicidando, porque há um imenso vão entre seu ideal e sua real habilidade. E ele entra em desespero porque não existe ponte suficientemente extensa para cobrir esse vão. Esse é o caminho espiritual comum. O nosso caminho espiritual não é tão idealista. Todavia, em certo sentido, devemos ser idealistas - devemos pelo menos estar interessados em fazer pães bonitos e saborosos. A verdadeira prática consiste em repetir sem cessar até descobrir como se tornar pão. Não há segredo em nosso caminho. Apenas praticar zazen e colocar-nos no forno é nosso caminho."

do livro "Mente Zen, Mente de Principiante" de Shunryu Suzuki

Yoga dos Sonhos - Dream Yoga

Sogyal Rinpoche e Nankay Norbu Rinpoche

"Muitos dos métodos de praticar o Darma que são aprendidas durante a vigília podem, mediante o desenvolvimento da consciência de sonho, ser aplicados na condição de sonho. De fato, pode-se desenvolver estas práticas com mais facilidade e rapidez no estado de sonho quando se tem a capacidade de sonhar lucidamente. Há mesmo alguns livros que dizem que se uma pessoa aplica-se uma prática dentro de um sonho, a prática é nove vezes mais eficaz do que quando é aplicado durante as horas de vigília. A condição do sonho é irreal. Quando descobrirmos isso por nós mesmos dentro do sonho, o imenso poder desta realização pode eliminar os obstáculos relacionados com a visão condicionada. Por este motivo, a prática do sonho é muito importante para libertar-nos dos hábitos. Precisamos desta ajuda poderosa, em especial porque o apego emocional, condicionamento e reforço do ego que compõem a nossa vida normal tem sido reforçados por muitos e muitos anos. Em um sentido real, todas as visões que vemos em nossa vida são como as imagens de um sonho. Se analisarmos bem, o grande sonho da vida e os sonhos menores de uma noite não são muito diferentes. Se realmente ver a natureza essencial dos dois, veremos que não há realmente nenhuma diferença entre eles. Se nós podemos, finalmente, libertar-nos das cadeias de emoções, apegos e ego por essa realização, temos a possibilidade de finalmente nos tornar iluminados."

"Many of the methods of practicing Dharma that are learned during waking can, upon development of dream awareness, be applied in the dream condition. In fact, one may develop these practices more easily and speedily within the Dream State if one has the capacity to dream lucidly. There are even some books that say that if a person applies a practice within a dream, the practice is nine times more effective than when it is applied during the waking hours. The dream condition is unreal. When we discover this for ourselves within the dream, the immense power of this realization can eliminate obstacles related to conditioned vision. For this reason, dream practice is very important for liberating us from habits. We need this powerful assistance in particular because the emotional attachments, conditioning, and ego enhancement which compose our normal life have been strengthened over our many, many years. In a real sense, all the visions that we see in our lifetime are like the images of a dream. If we examine them well, the big dream of life and the smaller dreams of one night are not very different. If we truly see the essential nature of both, we will find that there really is no difference between them. If we can finally liberate ourselves from the chains of emotions, attachments, and ego by this realization, we have the possibility of ultimately becoming enlightened."

--from Dream Yoga and the Practice of Natural Light by Chogyal Namkhai Norbu, ed. & intro. by Michael Katz, published by Snow Lion Publications

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Uma prática que cura.

Gradualmente, à medida que vocês permanecem abertos e atentos e usam uma técnica para concentrar sua mente mais e mais, a sua negatividade será lentamente neutralizada, vocês começam a se sentir bem em sua própria pele, ou, como dizem os franceses, être bien dans sa peau ("bem em sua própria pele"). Vem daí a facilidade de libertação e um profundo conforto. Eu considero esta prática como a mais eficaz forma de terapia e auto-cura.

Gradually, as you remain open and mindful, and use a technique to focus your mind more and more, your negativity will slowly be defused; you begin to feel well in your own skin, or, as the French say, être bien dans sa peau (“well in your own skin”). From this comes release and a profound ease. I think of this practice as the most effective form of therapy and self-healing.

Sogyal Rinpoche