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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Redução de Danos

"Temos usado e abusado da expressão "qualidade de vida". O que me incomoda é perceber que tal conceito tem sido difundido, amplamente explorado e absorvido por muitos de modo egoísta e míope.

Ao darmos uma rápida olhada em reportagens nos diferentes veículos de comunicação e nas idéias que concebemos a esse respeito, percebemos logo que qualidade de vida parece ter relação exclusiva com o objetivo de buscar o bem para si. E, como se não bastasse essa limitação, ainda há mais: buscar o bem para si parece incluir apenas a saúde física devidamente enquadrada na ideologia das ciências biológicas em voga e em preceitos higienistas considerados politicamente corretos na atualidade.

Isso só contribui para que o conceito original seja desvirtuado. A saúde mental, por exemplo, seria mera resultante da correta administração da saúde física. E a vida das relações interpessoais? Quase não é considerada. Resultado? Para ter qualidade de vida, é preciso perseguir uma meta inatingível para a maioria de nós, humanos mortais, e ignorar que somos seres interdependentes que vivem em grupo.

Para começar, a idéia de corpo nessa concepção tem sido cada vez mais desumanizada e submetida aos padrões de beleza atuais, mesmo que sutilmente. Como conseqüência, as de nutrição, de autocuidado, de beleza etc. giram em torno desse centro. Como disse Nina Horta recentemente em sua coluna, fala-se muito de comer isso ou aquilo para garantir a saúde nutricional, mas nada do prazer de comer e do sentido de comunhão que as refeições têm. Ora, ao fazer uma refeição, eu não quero somente ingerir vitaminas e sais minerais e deixar de ingerir gorduras. Quero ter prazer socialmente compartilhado, isso sim.

O sofrimento e a dor -e não apenas os físicos- não têm lugar em tal ponto de vista, assim como as imperfeições. A não ser, é claro, que eles sejam condições da busca da saúde e do corpo idealizados que se deve almejar. Assim, qualquer um pode reclamar de dores após realizar exercícios físicos porque essa condição será prezada por significar busca de superação do corpo, por exemplo, mas não pode manifestar falta de vontade ou de motivação para realizar tais exercícios porque essa atitude será condenada.

Li recentemente uma reportagem em que um especialista em bem-estar e qualidade de vida afirmou que caminhar não deve ser considerado prática física, e sim obrigação. Pois, se levarmos a sério o conceito de qualidade de vida, obrigação seria buscar uma vida digna e isso só se encontra ao procurar o bem não apenas para si, mas para o outro também. Afinal, somos porque pertencemos, não é verdade?

De que adianta viver mais se não podemos exibir as marcas da velhice? De que adianta investir pesadamente na saúde física pessoal se, ao ignorarmos o bem-estar coletivo, ficamos impedidos de desfrutar da vida em comum? De que adianta fazer de tudo para manter a saúde física se as relações afetivas -notadamente com os filhos- não são carinhosamente priorizadas? De que adianta ter uma carreira profissional exitosa se não sobra tempo para a vida pessoal? De que adianta lazer sem ócio?

Talvez pudéssemos nos beneficiar muito mais do conceito de qualidade de vida se o entendêssemos como um objetivo virtuoso e não como um investimento que se mostra idealizado, individualista e consumista. Talvez até pudéssemos trocar a expressão "qualidade de vida" por "dignidade de vida". Faz muito mais sentido nos tempos atuais, não? Aliás, como parece fazer muito mais sentido no presente a expressão "prática de redução de danos" do que "busca de qualidade de vida".

Categoria: Folha Equilíbrio
Escrito por Rosely Sayão às 11h37

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Terra. Este pálido pontinho azul.

O homem não é o centro do universo. Só estamos aqui por cerca de dois milhões de anos e este universo já tem 14 bilhões e 3 milhões de anos. Não sejamos pretensiosos. Temos que cuidar muito bem do nosso planeta, o único lugar em que podemos existir. Tudo é conectado interdependentemente. Reduzir a nossa espécie é de extrema importância porque a terra é muito pequena para nós. Devemos crescer espiritualmente com rapidez antes que sejamos extintos! Não há outro lugar para nós! Nosso querido planeta é apenas um pálido pontinho azul no universo infinito!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Coração e mente abertos.


"Um dos padrões mais profundos que nós temos é o sentimento de que o momento presente não é bom o suficiente. Frequentemente pensamos no passado, que talvez tenha sido melhor do que agora, ou talvez pior. Nós também pensamos no futuro, sempre com  a esperança de que será um pouco melhor do que agora. (...) Ao invés de ficar sempre esperando por resultados, nós poderíamos ficar com nossos corações e mentes abertos. (...) Ao entrarmos neste tipo de relacionamento incondicional com nós mesmos, podemos começar a nos conectar com a qualidade desperta que já possuimos."
Pema Chodron

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Vasto Céu Azul - The Vast Blue Sky



Recentemente, eu estava entrevistando Dzigar Kongtrul Rinpoche e lhe fiz uma pergunta: “Rinpoche, agora você vive há muito tempo no ocidente e conhece bem os ocidentais. Qual conselho que você acha mais importante para um praticante ocidental do dharma?”
E ele disse: “Acho que a coisa mais importante que os praticantes ocidentais tem que compreender é a não-culpa.”
Eu disse: “Não-culpa?”
Ele disse: “Sim. Vocês têm que entender que mesmo que cometam um monte de erros e confusões de todo tipo e de todo jeito, tudo é impermanente, temporário. Mas, no fundo, suas mentes e corações não são culpados. Eles são inocentes.”
Então, a não-culpa é muito importante no caso de se dissolver ou queimar as sementes da agressão dentro de nossos próprios corações e mentes.
A maioria dos ataques a outras pessoas nesta cultura, vem do fato de nos sentirmos mal conosco mesmos. Isto nos deixa tão infelizes e desconfortáveis que detona uma reação em cadeia na tentativa de fugir deste sentimento. As coisas que acontecem são muito habituais, comuns.
Se vocês forem pegos nestas situações e então alguém lhes der quatro segundos ou um minuto e depois der um tapinha no seu ombro e perguntar como aquilo faz vocês se sentirem, vocês se sentirão como “eu sou mal” e a agressão se volta contra vocês.
Talvez se vocês esperaram quatro minutos, deram um tapinha no ombro e se perguntarem como se sentem – eles estão muito errados, fizeram isso comigo e é culpa deles que eu estou nesta situação.
Mas, se neste momento vocês pararem, começarem a respirar, deixarem a coisa toda relaxar e desemaranhar, e se deixarem ficar na impermanência como espaço inefável – se vocês fizerem isso, vão entender que toda essa coisa de culpar os outros, quando vocês se aprofundarem, verão que a semente disso era realmente algum tipo de agressão e desconforto profundos dentro de vocês mesmos.
E se vocês se aprofundarem ainda mais, provavelmente encontrarão tristeza.
Eu cito este poema de Rick Fields onde ele diz:
Atrás da brutalidade há medo
E se você tocar a brutalidade do medo
Você encontrará tristeza (ela meio que fica mais e mais suave)
E se você tocar a tristeza
Você encontrará o vasto céu azul.


É isto que eu os aconselho a fazer na próxima vez em que se sentirem pegos, se vocês pararem e respirarem junto com o sentimento, não ajam, não reprimam, mas pensem nesta citação e pensem nos que vão criar uma nova cultura necessária serão os que não tem medo de se sentirem inseguros.
Seja lá que vocês pensarem neste momento, talvez seja o que se sente ao se queimar as sementes que causaram toda a dor da terra – é assim que nos sentimos.
Sempre sinto que de alguma forma temos que reformular esse sentimento ruim - para que vocês o vejam como uma porta para a libertação, como uma abertura para o vasto céu azul.


Um ensinamento de Pema Chödrön extraído de uma palestra entitulada "Praticando a Paz em Tempos de Guerra" publicada por Shambhala Publications.


I was doing an interview with Dzigar Kongtrul Rinpoche recently, and I asked him the question: "Rinpoche, you have been living in the west for some time now, and you know western people well. What do you think is the most important advise you could give to a western dharma practitioner?"
And he said "I think the most important thing that western dharma practitioners need to understand is guiltlessness."
I said "guiltlessness?"
He said "Yes. You have to understand that even though you make a lot of mistakes and you mess up in all kinds of ways, all of that is impermanent and shifting and changing and temporary. But fundamentally, your mind and heart are not guilty. They are innocent."
So guiltlessness is very important in the subject of dissolving or burning up the seeds of aggression in our own hearts and our own minds.
Most of the striking out at other people, for us in this culture, comes from feeling bad about ourselves. It makes us so wretched and so uncomfortable that it sets off the chain reaction of trying to get away from that feeling. It's some very very habitual thing that happens.
If you got hooked, and then someone was to give you four seconds, or a minute, and then tap you on the shoulder and ask you what that feels like, it feels really bad, it feels like "bad me" and the aggression is turned against yourself.
Maybe if you waited four minutes and tapped them on the shoulder, what it feels like is - they are really wrong, and they did this to me, and its their fault that I'm in this situation.
But somehow, if at that moment, you were to pause, and start breathing and let the whole thing unwind and unravel, and hang out in the impermanent yet ineffable space - if you were to do that you might realize that all of this blaming of other people, when you went into it deeper, you would see that the seed of it was really some deep discomfort and aggression about yourself.
And if you went more deeply into that, you would probably find sadness.
And I quote this so much, this Poem of Rick Fields, where he said:
Behind the hardness there is fear
And if you touch the heart of the fear
You find sadness (it sort of gets more and more tender)
And if you touch the sadness
You find the vast blue sky

This is really what I am encouraging is the next time you feel yourself hooked, if you pause and you breath with it, and you don't act out and you don't repress, but you think of this quote, and you think the ones that will create the new culture that is needed are those that are not afraid to be insecure.
Whatever it is that you think at that moment, maybe this is what it feels like to be burning up the seeds that have caused all the pain on this earth - this is what that feels like.
I always feel that somehow you have to reframe that bad feeling - so that you see it as a doorway to liberation, as an opening to the vast blue sky.

A teaching by Pema Chödrön excerpted from a talk entitled "Practicing Peace in Times of War"
published by Shambhala Publications

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O cão e o budismo

"DISCÍPULO: - Como posso encontrar a minha natureza de Buda?
MESTRE: - Tu não tens natureza de Buda.
DISCÍPULO: - E os cães?
MESTRE: - Eles, sim, eles têm natureza de Buda.
DISCÍPULO: - Então, por que não tenho natureza de Buda?
MESTRE: - Porque precisas perguntar.
Os cães não têm simplesmente a natureza de Buda: a sua própria natureza canina é a natureza de Buda. E o que os torna pequenos Mestres Zen peludos, salivantes, latidores, pedintes, brincalhões? Bem, há um koan, ou ditado budista, do mestre Zen Shunryu Suzuki, do século 20, que o resume sabiamente:
“Há algo de blasfêmia em dizer-se como o Budismo é perfeito como filosofia ou ensinamento se não se sabe o que realmente é.”
A nosso ver, Suzuki não poderia ter dito melhor. Nunca deveríamos presumir que presumimos saber. E menos ainda um cachorro. E é exatamente esta a pista do Cão Zen. Mesmo nos piores dias de cão, os cães sentam-se, param e abanam o rabo para expressar devoção, honestidade, lealdade, amor, compaixão e alegria – as mais puras qualidades Zen. Isso é tão visível quanto o focinho frio e úmido nas suas caras. Os cães vivem o momento presente. A cada minuto que começa ou acaba com o próximo osso, bola, migalha de pão ou até com o cheiro realmente desagradável que venham a farejar, os cães vivem a verdadeira alegria da vida. Certamente não foi obra do acaso terem sido os cães os primeiros animais a serem domesticados pelo ser humano e terem-lhes permanecido fiéis desde então. Talvez seja por isso que não duvidam que têm um espaço garantido na cama – milhares de anos de serviço os tornam merecedores de pelo menos uma boa noite de sono. E, depois de um cansativo dia de trabalho, aqueles olhos puros, meigos, de cachorrinho olhando para você com devoção canina, atiram longe o stress mais tenaz e o ânimo mais deprimido. E, quando o humor já está recobrado, fazem todo o possível para partilhar dessa felicidade – sobretudo se for a sua felicidade – com demonstrações de energia positiva, balançando o corpo e saltando de pura alegria. Talvez um único ano de vida de um cão valha por sete anos humanos porque eles não têm coisas inúteis a fervilhar nas suas mentes, assim como podem armazenar sete vezes mais amor num ano do que qualquer um de nós. Na categoria gosto-não-se-discute os cães ganham de longe. Quantas vezes já viu cães amando incondicionalmente os seus donos – mesmo quando são pessoas muito difíceis – de um modo que talvez o próprio Buda visse como um desafio a ser vencido? Talvez eles amem essas pessoas simplesmente porque são capazes disso e aceitem voluntariamente o dever do combate emocional, uma vez que sabem, assim como Buda sabia, que o ódio não se vence com o ódio, o ódio é conquistado pelo amor. Os cães fiéis ensinam os seus donos, mesmo aqueles que não são dignos de ser chamados de pessoas, a amar de novas e diferentes maneiras.Outro presente que trazem para nossas vidas é uma lição da arte de identificar o que é verdadeiramente importante – uma cesta à tarde num lugarzinho cheio de sol, uma relva num cálido dia de primavera ou um belo e longo passeio sem destino certo. Aprendemos a ter paciência quando tentamos ensiná-los a dominar a arte de sentar-se, ficar de pé ou ir buscar algo. Qualquer pessoa que tenha sido acordada ao amanhecer, com latidos pedindo um passeio, recebeu uma lição de dedicação altruísta, do tipo da que faz a si perguntar-se já tinha mesmo noção de quem é o Mestre nas relações homem-cão, invertida o tempo todo. Como bem disse Buda, de forma muito simples e profunda:
Controle seus sentidos,
O que você prova e cheira,
O que vê, o que ouve.
Em tudo, seja o Mestre do que faz, diz e pensa.
Seja livre.
Os cães não sabem falar e, convenhamos, certamente não têm as papilas gustativas mais refinadas do reino animal (eles deixam isto para a dengosa turma felina), mas estão sempre demonstrando um domínio dos próprios sentidos. Certamente seus aguçados focinhos conseguem não só desenterrar o osso velho, ora pronto para uso, que haviam enterrado sob a sua roseira predileta um ano e meio atrás, como também conseguem farejar a sinceridade e a ternura nos seres humanos. E, a partir do momento em que conseguimos ver claramente por onde seus focinhos passaram, os cães mostram-nos como descobrir o melhor de nós mesmos. Usam seu refinadíssimo olfato de forma miraculosa, seja para avisar famílias sobre incêndios no meio da noite, seja para localizar nódulos cancerosos nas pessoas, utilizando seus focinhos extraordinariamente apurados para prevenir tragédias que os alarmes contra fogo e médicos experientes não conseguiram detectar. E é essa mesma sensibilidade que fareja carências numa pessoa quando uma gentil esfregadela do focinho ou uma lambidela tola no rosto oferece um bem-vindo e carinhoso toque de cómico alívio. Mesmo que as papilas do seu paladar possam não parecer refinadas, eles certamente têm seus petiscos favoritos – um biscoito crocante, deliciosos sapatos novos italianos ou, melhor ainda, a gostosa maciez de sua bola de tênis favorita. Quanto a gostar de pessoas, têm suas predileções, lembrando-se de algumas delas depois de anos sem vê-las ou mesmo viajando centenas de quilômetros para reunir-se aos seus amados humanos. Os cães vêem-nos como somos ou até mais profundamente; vêem-nos como podemos ser. A fidelidade de um cão ajuda-o a fechar os olhos para a fealdade das pessoas que o maltratam, vendo nelas apenas a beleza enquanto espera pacientemente que o seu lado melhor venha à tona. Se fôssemos suficientemente sábios para dar uma olhada nos espelhos da alma de um cão, veríamos que o amor ali reflectido está directamente voltado para nós. Todos já ouvimos falar da aguçada audição canina, já vimos suas orelhas ficarem em posição de alerta e perguntamo-nos o que estaria ele ouvindo. Seria alguma secreta estação de rádio canina que só eles conseguem sintonizar? Ouvimos constantemente histórias de cães heróicos que salvaram pessoas que gritavam por socorro; eles têm uma capacidade auditiva tão sutilmente sintonizada que só pode estar alocada nos seus corações. Contudo, sofrem de um problema de audição seletiva – palavras como saia e deite não são registradas do mesmo modo que vamos passear ou comida – ,
mas, venhamos e convenhamos, um cachorrinho não fica mesmo faminto mostrando-se tão dedicado o dia inteiro? E que lugar melhor para ficar roendo vigorosamente um osso do que um confortável sofá? Quando os seus humanos chegam a casa, sentam-se e ouvem tintim por tintim tudo que aconteceu no trabalho, os suspiros abafados, jamais fazendo o outro sentir que ele preferiria estar ocupado com alguma outra coisa. Se
estão a pensar agora: “Mas quem é que fala com seus cachorros?”, pelo que sei, a resposta é bem simples: um bocado de gente. E por que não? Quem mais escuta dessa maneira? Os cães sempre se mostrarão bons
ouvintes, presumindo que você é realmente inocente. Mesmo que se prove o contrário, o seu cachorro nunca o deixará perceber que ele está entediado ou tem alguma queixa de você. De maneira absolutamente Zen, os cães incorporam um grau de fidelidade, constância e firmeza em relação a seus donos que, em geral, os discípulos Zen só aspiram conseguir em relação a seus Mestres. Os cães mostram-nos como é uma natureza
altruística; ajudam-nos a deixar de lado nossas tendências ao egoísmo e a preocupar-nos exclusivamente conosco para subir às alturas do compromisso e da dedicação, onde finalmente poderemos aprender a instalar-nos, e lá ficarmos firmemente comprometidos com nossas ideias espirituais. Podemos todos aprender a abster-nos de julgamentos com os nossos companheiros de quatro patas que nunca nos julgam pelas roupas que vestimos, pelo emprego que temos ou pela companhia que compartilhamos. Eles tratam a todos com a mesma generosidade de espírito, voltando sempre a merecer o título de Melhor Amigo do Homem. Cão Zen nasceu de um desejo de mostrar o puro e inalterável amor canino. Não só o dos mais doces, que são — tãããããão — engraçadinhos, mas o dos verdadeiros cães da raça McCoy, que são Zen de uma maneira que só eles sabem ser. Esperamos que, mesmo por alguns momentos, este livro, mais do que um tributo aos peludos pequenos Mestres Zen, nos ajude a dar uma boa olhada sobre nós mesmos pelo espelho da honestidade, lealdade, dedicação e espírito surpreendentemente puro dos cães. Quando encontro um cão claramente em sintonia com a sua própria natureza, olho-o bem nos olhos e faço a seguinte pergunta: “E então, o que fazes para ganhar a vida?” Inevitavelmente, qualquer um digno de sua raça tem a mesma resposta: “Eu sou apenas um cão.” E simplesmente entrega todo o seu coração ao que veio fazer aqui – servir a seus donos, ensinar-nos o que é o amor incondicional, dar-nos o presente de aprender a estar presente – ele cumpre sua missão de cão como um verdadeiro Mestre. Pois, no final das contas, a presteza da mente é que é a sabedoria. Observe uns olhinhos fixos no sanduíche que está a comer e logo ficará a saber que eles estão atentos e conscientes do fato de que, se fizerem aquele olhar de eu-um-pobre-coitado-faminto, naquele momento você poderá sucumbir. E, se acontecer que um biscoito caia no chão da sala de estar, você descobrirá que a sua desenvolvida mente Zen captou o fato, pois, antes que a chuva pare de cair, ele já terá conseguido ouvir um pássaro e perceber que o sol está a caminho. Mesmo deitado sob o sofá, conseguirá encontrar aquele biscoito que escapou da mão do seu dono."

Via e-mail da minha amiga Mariza Schmidt.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ser budista é...

"Certa vez, eu estava num avião, na poltrona do meio da fileira de um vôo transatlântico, quando um homem simpático sentado ao meu lado fez uma tentativa de ser cordial. Vendo minha cabeça raspada e saia cor de vinho ele concluiu que eu era budista. Quando foi servida a refeição, o homem, atenciosamente, se ofereceu para pedir uma refeição vegetariana para mim. Tendo presumido corretamente que eu era budista, ele também presumiu que eu não comia carne. Esse foi o início da nossa conversa. O vôo era longo e, para afastar o tédio, passamos a falar de budismo.
Com o passar do tempo, tenho me dado conta de que as pessoas frequentemente associam o budismo e os budistas à paz, à meditação e à não-violência. De fato, parece que muitos pensam que vestes cor de vinho ou de açafrão e um sorriso sereno é tudo o que se precisa para ser budista. Sendo eu um budista fanático, devo me orgulhar dessa reputação, especialmente por seu aspecto de não-violência, tão raro nesta época de guerras e violência, sobretudo a violência religiosa. Ao longo da história da humanidade, a religião parece ter gerado brutalidade. Ainda hoje, atos de violência praticados por extremistas religiosos dominam os noticiários. No entanto, posso dizer com confiança que, até o presente, nós budistas não nos desonramos. A violência nunca teve um papel na propagação do budismo. No entanto, em razão da formação budista que recebi, também me sinto um pouco descontente quando vejo o budismo ser associado a nada além de vegetarianismo, paz e meditação. O príncipe Sidarta que sacrificou todo o luxo e conforto nos palácios, deveria estar em busca de algo mais do que mansidão e vida campestre quando se pôs a caminho para descobrir a iluminação.
Embora em essência seja bastantes simples, o budismo não se presta a uma explicação fácil. Ele é complexo, vasto e profundo, quase além da imaginação. Embora seja não-religioso e não-teísta, é difícil alguém apresentar o budismo sem um tom teórico e religioso. À medida que o budismo chegou a diferentes partes do mundo, as características culturais que foi acumulando o tornaram mais complicado de decifrar. Roupagens teístas, como incenso, sinos e chapéus multicoloridos conseguem atrair a atenção das pessoas, mas, ao mesmo tempo, podem ser obstáculos. Elas acabam pensando que isso é tudo o que constitui o budismo, afastando-se assim, da sua essência."

Dzongsar Norbu Khyentse Rinpoche - "O Que Faz Você Ser Budista?" - Editora Pensamento

domingo, 15 de agosto de 2010

Friedrich Wilhelm Weber - 25 de dezembro de 1815


"Não esqueças que todas as nuvens, mesmo as mais negras, tem sempre uma face cheia de sol virada para o céu."

Quando a boca cala... o corpo fala!

Este alerta está colocado na porta de um espaço terapêutico.
(via e-mail por Beatriz Amaral - Editora B)

O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza

O coração infarta quando chega a ingratidão.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.

Preste atenção!
O plantio é livre, a colheita, obrigatória ...preste atenção no que voce esta plantando,pois será  a mesma coisa que irá colher!!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os 5 S do Direito da Vizinhança: Saúde, Segurança, Silêncio, Solidariedade, Sossego.

Quem não reclama seus direitos por não querer se indispor com o vizinho é conivente com seu próprio desconforto ou não sabe conversar cuidadosamente sem ferir. A lei do silêncio já não existe há muito tempo. Caducou. Ela ainda pode valer como um acordo entre cavalheiros, mas, para tanto, há que existir cavalheirismo. Vigora, atualmente, a propalada Poluição Sonora que, sendo violada, dá o direito ao incomodado de reclamar judicialmente, afora o que estiver escrito no Novo Código Civil que promete reviravoltas na educação da sociedade. Aliás, uma educação que deve começar do berço. Literalmente. Hoje em dia, parece que os pais não sabem onde está o limite de um choro sentido e sofrido da birra irritante, nociva e manipulativa de uma criança. Crescendo adolescentes mal educados pegam o carro dos pais para infernizar o trânsito já tão caótico da cidade. Usam o apartamento desalugado, também dos pais, para fazer festinhas e sexo barulhento e constrangedor em prédios estritamente familiares. Tanto estes adolescentes quanto estas crianças vão, um dia, ser adultos e podem chegar a exercer cargos de governo. Já pensou? Pessoalmente, acho que o que vale é o bom senso e a inteligência. Vejamos:

1) O padeiro tem que dormir bem, senão, de manhã cedinho, ele não vai fazer um pãozinho legal para você.

2) O guarda noturno mal dormido de dia vai dormir à noite, no serviço, e não nos garantirá nenhuma segurança.

3) Os bebês precisam dormir de dia. Um sono interrompido, inexistente ou de má qualidade interferirá na saúde deles e crescerão irritadiços.

4) O estudante precisa de silêncio para se concentrar nos estudos.

5) O idoso já não é, pela própria idade, uma pessoa cem por cento sadia; precisa descansar.
6) O doente crônico também precisa de repouso. O que se dirá de uma pessoa gripada, com febre, mal estar e dores e que está de cama? Aí, pessoal – tenham dó – já é um caso de compaixão. E se esse doente fosse um parente seu, um filho, um pai, uma mãe ou até você mesmo?
Reflita um pouco antes de achar que você mora sozinho, numa ilha deserta e que pode fazer qualquer barulho que não vai incomodar ninguém!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre a cólera, a raiva, o ódio.

"Quando estamos sob o domínio do ódio ou da cólera, não nos sentimos bem nem física nem mentalmente. Toda a gente repara nisso e ninguém tem vontade de estar connosco. Até os animais fogem de nós, excepto as pulgas e os mosquitos, que só querem o nosso sangue! Perdemos o apetite, deixamos de dormir, às vezes ficamos com úlceras, e, se estivermos continuamente nesse estado, iremos certamente reduzir o número de anos que nos resta para viver.

A cólera e o ódio, em particular, são a causa de uma grande parte das desgraças deste mundo, desde as disputas familiares aos piores conflitos. A cólera e o ódio tornam insuportável qualquer situação agradável. Nenhuma religião as louva como virtudes. Todas elas dão ênfase ao amor e à bondade. Basta ler as diferentes descrições do paraíso para darmos conta de que elas falam de paz, de beleza, de jardins magníficos, de flores, mas nunca, tanto quanto eu saiba, de conflitos e de guerras. Por conseguinte, não atribuímos à cólera qualquer qualidade.

Os nossos verdadeiros inimigos são os venenos mentais: a ignorância, o ódio, o desejo, a inveja, o orgulho. Estes são os únicos capazes de destruir a nossa felicidade.

Como havemos de lidar com a cólera? Para algumas pessoas a cólera não é um defeito. Os que não têm o hábito de observar o espírito pensam que ela faz parte da nossa natureza, que não a devemos reprimir mas, pelo contrário, exprimi-la. Se isso fosse verdade, teríamos igualmente que dizer que a ignorância ou o analfabetismo fazem parte do nosso espírito, uma vez que quando nascemos não sabemos nada. No entanto, fazemos tudo o que podemos para os eliminar, e ninguém protesta dizendo que são coisas naturais que não devemos mudar. Então, por quê não fazer o mesmo ao ódio ou à cólera, que são bem mais devastadores? Vale certamente a pena tentar."

Tenzin Gyatso, Sua Santidade, o 14° Dalai Lama

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Bons hábitos.

Razões para dormir e despertar cedo
Das 21- 23:00: É o horário em que o corpo realiza atividades de eliminação, químicos desnecessários e tóxicos (desintoxicaçã o)  mediante o sistema linfático do nosso corpo. Neste horário do dia devemos estar num estado de relaxamento, escutando música, por exemplo.
Das 23 - 01:00: o corpo realiza o processo de desintoxicação da vesícula biliar, e idealmente deve ser processado num estado de sono profundo. 
Durante as primeiras horas da manhã 01:00- 03:00: processo de desintoxicação do fígado, idealmente deve suceder também num estado de sono profundo.
De madrugada 03:00- 05:00: desintoxicação dos pulmões.  É por isso que por vezes neste horário se produzem fortes acessos de tosse. Quando o processo de desintoxicação atinge o trato respiratório é melhor não tomar medicamentos para a tosse já que interferem no processo de eliminação de toxinas. 
Manhã 05:00- 07:00: desintoxicação do cólon.  É o horário de ir à casa-de-banho para esvaziar o intestino. 
Durante a Manhã de 07:00- 09:00: absorção de nutrientes no intestino delgado.  É o horário perfeito para tomar o desjejum. Se estiver doente o desjejum deve ser tomado mais cedo: antes das 6:30 . 

O  desjejum antes das 7:30 é benéfico para aqueles que querem manter-se em forma. Os que não têm por hábito tomar o desjejum devem tentar mudar o hábito, sendo menos prejudicial realizá-lo entre as 9:00 e as  10:00 em vez de ficar a manhã completa sem comer. 
Dormir tarde e despertar tarde interromperá o processo de desintoxicação de químicos desnecessários ao teu organismo. Além disso deves ter em conta que das 00:00 às 4:00  é o horário em que a medula óssea está produzindo sangue. Então, procura dormir bem e não te deites tarde.

Os alimentos "Top-five" causadores de câncer:
1.     Cachorros quentes
Porque têm alto teor em nitratos.  A "Cancer Prevention Coalition" adverte que as crianças não devem comer mais de 2 salsichas por mês.

2. Carnes processadas e toucinho
Também contêm altos níveis de nitrato de sódio  como as salsichas, assim como  também no toucinho e outras carnes processadas aumentam o risco de doenças do coração.  A gordura saturada do toucinho também é um grande colaborador na geração de câncer.

3. Donés (Donutts)
Os donés são duplamente causadores de câncer . Primeiro porque são elaboradas com flúor, açúcar refinado e óleo hidrogenado, depois são FRITOS a altas temperaturas. Os donés são o primeiro "alimento" de todos os que podes comer que elevará altamente o teu risco de gerar câncer.  

4. Batatas fritas Assim como os donutts, as batatas fritas são elaboradas com óleos hidrogenados e cozinhadas depois a altas temperaturas. Também contêm acrylamidas que se geram durante o processo de cozedura a altas temperaturas. Deveriam chamar-se batatas de câncer em vez de batatas fritas.
5. Biscoitos e bolachas
São geralmente elaboradas com flúor e açúcar. Até as que em suas etiquetas são orgulhosamente apresentadas como livres de gorduras transgénicas geralmente contêm ainda, só que em quantidades menores.

HÁBITOS QUE PREJUDICAM O CÉREBRO
(matam neurônios)
1. Não tomar o desjejum.
A pessoa que não toma o desjejum tem baixo nível de açúcar no sangue. Isto gera uma quantidade insuficiente de nutrientes ao cérebro causando a sua degeneração paulatinamente.
2. Comer demais. Isto causa o endurecimento das artérias do cérebro, causando também baixa capacidade mental.
3. Fumar. Causa a diminuição do tamanho cerebral e promove também a doença de Alzheimer.
4. Consumir altas quantidades de açúcar. O alto consumo de açúcar interrompe a absorção de proteínas e outros nutrientes causando má nutrição e pode interferir no desenvolvimento do cérebro.
5. Contaminação do ar. O cérebro é o maior consumidor de oxigénio do corpo. Inalar ar contaminado diminui a sua oxigenação provocando uma diminuição da eficiência cerebral.
6. Dormir pouco. O dormir permite ao cérebro descansar.  A falta de sono por períodos prolongados acelera a perda de células do cérebro.
7. Dormir com a cabeça coberta. Dormir com a cabeça coberta aumenta a concentração de dióxido de carbono e diminui o oxigénio causando efeitos adversos ao nosso cérebro.
8. Fazer o cérebro trabalhar quando estamos doentes. Trabalhar e estudar quando se está doente, além da dificuldade do cérebro para responder nesse estado, prejudica-o.
9. Falta de estimulação. Pensar é a melhor maneira de estimular o nosso cérebro e não fazê-lo provoca que o cérebro diminua o seu tamanho e portanto a sua capacidade.
10. Pratica a conversação inteligente. Conversas profundas ou intelectuais promovem a eficiência cerebral.

Causas principais que prejudicam o fígado
1. Dormir tarde e despertar tarde.
2. Não urinar pela manhã.
3. Comer demasiado.
4. Pular o desjejum.
5. Consumir muitos medicamentos.
6. Consumir conservantes, colorantes,  adoçantes artificiais.
7. Consumir óleos de cozinha não saudáveis. Reduz o mais possível o consumo de alimentos fritos mesmo quando utilizes azeites benéficos. Não consumas alimentos fritos quando estiveres cansado ou doente a menos que sejas muito magro,  mas se puderes, evita-o.
8. Consumir alimentos demasiado cozidos sobrecarregam o fígado.Os vegetais devem ser comidos crus ou pouco cozidos. Se consomes vegetais fritos deves fazê-lo de uma só vez,  ou seja,  não deves guardá-los para consumo posterior.
Devemos seguir estes conselhos sem que signifique maior gasto.
Só temos que adotar um estilo de vida mais saudável e melhorar os nossos hábitos alimentares. Manter bons hábitos de alimentação e exercício é muito positivo  para que o nosso organismo absorva o que necessita e elimine os químicos no seu "horário". 
LEVA MAIS À SÉRIO A TUA SAÚDE E PARTILHA ESTA INFORMAÇÃO COM TODOS OS TEUS AMIGOS!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Arte da Gentileza

"Quantas vezes já nos pegamos reclamando da violência, da falta de educação, intolerância ou mau humor dos outros, da rispidez nas relações cotidianas? Muitas, provavelmente, principalmente quem vive no ritmo acelerado das grandes cidades. Mas, às vezes, é importante questionarmos se estamos sendo tão diferentes assim. Porque a reação mais comum, ao se receber uma grosseria, é atacar de volta e, desta forma, vamos alimentando uma cadeia de aborrecimentos, que só tende a crescer. Depois, inevitavelmente, a sensação que fica é muito ruim, porque recebemos e devolvemos emoções densas e negativas.

O antídoto contra isso está ao alcance de todos nós que nos dispusermos a praticar a gentileza em nosso dia a dia, de forma a fortalecer essa corrente do bem, comprometer-nos, não apenas com o próprio bem estar, mas com o de quem cruza nosso caminho, ajudar a estabelecer relações mais saudáveis e melhorar um pouquinho o mundo em que vivemos. Simples assim, com cada um fazendo a sua parte, independente de ações grandiosas, ou que tenham um resultado palpável a curto prazo. Existem coisas que não podemos medir concretamente, mas que tocam o coração e são capazes de provocar profundas transformações à medida em que vão sendo disseminadas.

Pequenos gestos de educação, como dizer ‘por favor’, ‘bom dia’, ‘me desculpe’, ‘obrigado’ são sempre muito bem vindos e capazes de fazer uma grande diferença. Mas ser gentil pode ser ainda mais que isso, quando procuramos nos conectar realmente com um estado de espírito afetuoso e viver de acordo com ele. Ou seja, gentileza é, antes de tudo, uma postura interna que, conseqüentemente, se reflete em nossas atitudes, gestos e palavras e que pode, assim, quebrar todo um ciclo de agressividade, impaciência e egoísmo que se propaga entre as pessoas em meio ao estresse e à correria diários.

Sorrir, ser amável, uma palavra de conforto, cumprimentar aqueles que nos prestam serviços diariamente, segurar a porta do elevador para que a outra pessoa entre, retribuir um favor, oferecer ajuda sem esperar receber nada em troca, são exemplos simples e fáceis de ser aplicados e contribuem para que o ambiente em que vivemos se torne mais harmonioso.

Resultados de pesquisas científicas corroboram isso afirmando que atitudes gentis elevam nossos níveis de satisfação emocional, provocando sensações de alegria, felicidade, entusiasmo, bem estar e tranqüilidade. Como mente e corpo são indissociáveis, uma vez que adotamos uma postura mais compassiva, amorosa e generosa perante nós mesmos e às relações que estabelecemos, acabamos por respeitar mais nosso ritmo interno, liberando tensões, lidando melhor com o tempo e com os desafios, melhorando a qualidade de vida e, conseqüentemente, a saúde, diminuindo consideravelmente os sintomas de estresse, mau humor e fadiga.

Além disso, como vibrações positivas geram mais vibrações positivas, graças à lei de ação e reação, quanto mais oferecemos o nosso melhor, mais recebemos de volta. Gentileza gera gentileza, sempre. Experimente entrar nesta nova sintonia, perceba uma nova qualidade de energia vibrando ao seu redor e as mudanças que ela pode proporcionar!"

Flávia Penedo
Massoterapeuta há 10 anos, com especialização em Terapia Floral, Aromaterapia e Terapia com cristais.
http://dobrandocores.blogspot.com
ninja.estrelaguia.com.br

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pote

Quando eu for um pote cheio até a borda não farei nenhum barulho. Por enquanto tenho só um pouco de água e falo demais!

sábado, 31 de julho de 2010

Buscando o Ponto Último

O Lama Padma Samten - Foto de Carlos Ebert no Flickriver

Avisei à Raquel que, descaradamente, ia "roubar" estes poemas inefáveis do Lama Samten para o meu blog! Com os devidos créditos, claro!

Lama Padma Samten
25 de junho de 2009 | CEBB Darmata

1. A Mandala Última
Abra os olhos devagar e veja
A realidade Vajra inteira diante de você
Respire devagar, sem esforço
Nada a ser sustentado,
Nada a ser criado ou visto,
Naturalmente presente
Apenas veja, suavemente.
Quando se perder,
É na realidade Vajra que estará
Não há dois lugares,
Apenas esse.
Sem esforço,
Mandala natural. Veja!
Corpo, energia, mente
Paisagem, Mandala, céu
Natureza Vajra tudo abarca
Sem esforço
Sem tempo
Não é necessário obter algo,
Nem fixar-se. Veja!
O deslocar-se causal
Por dentro da presença Vajra
Torna existente
O que é apenas Vajra
Contemple isso.
O deslocar-se causal
É o deslocar-se Vajra
Não há como perder-se
Ainda assim surge um mundo
Com significado causal;
Fixado a isso
Operamos a realidade Vajra
E não vemos seus atributos completos,
E perdemos a capacidade de ver Vajra.
Nem um, nem outro
Nem entre ou meio
Natureza Primordial – Guru Absoluto
Mãe do Samsara Vajra
Mãe do Nirvana Vajra
Nada a fazer…
Não perca o espetáculo!

2. Mandala do Lótus

Hum!
Intenção iluminada de Guru Rinpoche
Emanação da Intenção Iluminada de Kuntuzampo
Mãe da Terra Pura da Mandala do Lótus
Emaho!
Nem puro, nem impuro,
Mandala da compaixão
Pela intenção iluminada de Guru Rinpoche
Cada elemento da Roda da Vida
Visto como gerado dos 12 elos
Transforma-se, dá origem
A um elemento puro da Mandala da compaixão
Obstrutores se tornam
Protetores do Darma
Demônios em servos obedientes
Emaho!
Manter a visão
É reconhecer a Mandala Natural
Emanando Samsara e a Mandala do Lótus
Ver em cada manifestação 12 elos
Manifestação da Mandala
Cada ser do Samsara
Elemento indispensável
Componente integrante da Mandala
Constituinte concreto da Terra Pura
O natural encontro
Da Mandala Natural de Kuntuzampo,
Da Mandala do Lótus de Guru Rinpoche
Das infinitas paisagens e mundos dos 12 elos,
Todas vivas, dialogando entre si,
Indispensáveis simultaneamente,
Isso é a visão.
Meditação é manter isso
Em todas as aparências 12 elos
Recolectando e purificando Alayavijnana

3. Ação

Ação é o milagre
Do movimento condicionado
Dentro da Mandala do Lótus.
Seu segredo é sustentar a visão
Sempre ver 12 elos e a Mandala Natural
Sorrir
Converter cada elemento 12 elos,
Dar nascimento,
E acioná-lo causal e não-causalmente
Ambos,
Para benefício dos seres
É penetração de visão em todos os âmbitos de 12 elos
Essa penetração é a verdadeira compaixão
Ação Iluminada de Guru Rinpoche.
Veja os 12 elos com olhos de Mandala do Lótus,
Emaho!
O mundo faz sentido e se move perfeito!
As qualidades e a felicidade são possíveis.
Construa-se com seus papéis aí
Veja cada ser aí
Veja os 12 elos e a Mandala do Lótus com olhos da Mandala Absoluta Natural
Emaho!
O céu acima não tem marcas!
Nem Mandalas e nem 12 elos
Agora una esses três mundos:
Mandala Absoluta Natural, Mandala do Lótus, Roda dos 12 elos
Inseparáveis,
Intenção Iluminada de Kuntuzampo!
Sorria!
Mova-se sem pressa
Céu acima
Intenção Iluminada de Guru Rinpoche viva, pulsando
Roda dos 12 elos – jardim.
Emaho!
Ação vitoriosa, impossível detê-la!

4. Moralidade

Perfeição de ética e moralidade
É mover-se apenas na Mandala!
Não descuidem disso!
Veja!
Proteja isso como seus olhos
Proteja como a sua pele
Medite, construa, dê nascimento,
Sustente, viva dentro
Da Mandala!
Emaho!

5. O Observador Vajra

Abra os olhos devagar
Tudo ao redor manifesta significado
Produz impulsos
Cerre os olhos, lentamente.
Abra os olhos devagar
Natureza vajra viva, atuando
Cerre os olhos lentamente
A operação dos olhos
Produz a sensação de alguém atrás dos olhos
Produz a sensação do objeto diante dos olhos
Veja a natureza vajra do surgimento dos objetos
Os objetos são vajra, não estão nos próprios objetos.
Não têm localização e nem tempo.
Agora veja a natureza vajra do surgimento do observador.
Natureza primordial ganha forma
Surge magicamente e fica presa aos objetos construídos.

Three Tipes of Phenomena. Três tipos de fenômenos.


In Buddhism we speak of three types of phenomena: First, there are evident phenomena that are perceived directly.

Second, there are slightly hidden phenomena, which are not accessible to immediate perception. There are differences of opinion on this even within Buddhist philosophy. Generally speaking, we think this second type of phenomena can be known indirectly by inference. 

One example of something known by inference is that anything arising in dependence upon causes and conditions is itself subject to disintegration and momentary change. This momentary change is not immediately evident to your senses. You can look at something with your eyes, and it does not appear to be changing right now, but by inference you can know that it is momentarily changing. This is an example of the second category of phenomena.

Third, there are very concealed phenomena, which cannot be known by either of the two preceding methods. They can be known only by relying upon testimony of someone such as the Buddha.

from Consciousness at the Crossroads: Conversations with the Dalai Lama on Brain Science and Buddhism edited by Zara Houshmand, Robert B. Livingston, and B. Alan Wallace, published by Snow Lion Publications

No budismo, falamos de três tipos de fenômenos: primeiro, existem fenômenos evidentes que são percebidos diretamente.

Segundo, os fenômenos ligeiramente escondidos, que não são acessíveis à percepção imediata. Existem opiniões diferentes sobre isso, mesmo na filosofia budista. Geralmente, pensamos que este segundo tipo de fenômeno pode ser conhecido indiretamente por inferência, por conclusão.

Um exemplo de algo conhecido por conclusão é que nada que surja dependente de causas e condições é sujeito à desintegração e mudança momentânea. Vocês podem olhar para alguma coisa com seus próprios olhos e ela não parece que está mudando agora, mas, por inferência, conclusão, vocês sabem que ela esta mudando momentaneamente. Este é um exemplo da segunda categoria de fenômenos

Terceiro, existem fenômenos muito ocultos que não podem ser conhecidos por nenhum dos dois métodos anteriores. Eles só podem ser conhecidos ao depositar a confiança no testemunho de alguém tal qual o Buda.


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Blogs inativos.

Sinto, pessoal, mas blogs que ficam mais de três meses sem postar é porque o(a) blogueiro(a) não tá nem aí. Tem gente que fica até dois anos sem postar enquanto outras pessoas postam quase de hora em hora! Então, os inativos, estou tirando da minha lista do "Navegar", quei? Ou seja, não sigo mais.

Dalai Lama

"Sometimes harsh words or physical intervention may be called for. Patience safeguards our inner composure: we are in a stronger position to judge an appropriately non-violent response than if we are overwhelmed by negative thoughts and emotions. It is the opposite of cowardice, which arises when confidence is lost as a... result of fear. Being patient means we remain firm even if we are afraid."

In Brasilian Portuguese!
"Às vezes, palavras duras ou intervenção física podem ser usadas. A paciência é o salvaguarda da nossa compostura interna: estamos em uma posição mais forte para julgar uma resposta adequada e não-violenta do que se quando somos invadidos por pensamentos e emoções negativas. É o oposto da covardia, que surge quando a confiança se perde como resultado do medo. Ser paciente significa permanecermos firmes mesmo se temos medo."

sábado, 24 de julho de 2010

Desesperança e Medo - Teísmo e não teísmo.

 Clique para ampliar.
Perdão, mas são tantas coisas que leio ou que recebo pela internet, que não me lembro de onde veio este texto.  Estava impresso numa folha de papel. Definitivamente não é meu, claro, mas resolvi postá-lo por achá-lo de extrema importância e com um ponto de vista completamente diferente daquele a que estamos habituados, daquele em que fomos educados e criados. O ponto de vista de que a segurança duradoura nunca poderá ser alcançada! Se alguém descobrir quem é o autor, por favor, me diga.
Que seja de grande benefício para todos!

A Marilda (obrigada, minha querida!) já descobriu prá mim! Pema Chodrön (livro "Quando Tudo se Desfaz")
"Se desejarmos desistir de esperar que a insegurança e a dor sejam exterminadas, precisamos ter coragem de relaxar na falta de base de nossa situação. Esse é o primeiro passo do caminho. Voltar a mente para o dharma não nos traz segurança ou comprovação nem qualquer base onde possamos nos apoiar. Na verdade, quando nossa mente se volta para o dharma, reconhecemos corajosamente a impermanência e a mudança e começamos a lidar com a desesperança. Existe uma interessante palavra tibetana: ye tang tche. Ye quer dizer 'totalmente, completamente' e o restante, significa 'exausto'. No conjunto, ye tang tche significa totalmente extenuado. Poderíamos, talvez, dizer totalmente farto. Estas palavras descrevem a experiência da total desesperança, do completo abandono de qualquer esperança. Esse é um ponto importante, pois representa o início do início. Sem desistir da esperança, de que há um lugar melhor para estar, de que há alguém melhor para ser, nunca relaxaremos onde estamos ou naquilo que somos. Poderíamos dizer que a expressão atenção plena nos aponta para sermos unos com nossa experiência, sem nos dissociarmos, estando exatamente ali quando nossa mão toca a maçaneta da porta, o telefone toca ou qualquer tipo de sentimento que surge. A expressão atenção plena descreve o estar exatamente no lugar em que estamos. Ye tang tche, entretanto, não é tão facilmente digerível, pois expressa a renúncia que é essencial ao caminho espiritual. É utópico pensar que podemos resolver todos os nossos problemas para sempre. É inútil buscar algum tipo de segurança duradoura. Desfazer nossos padrões mentais habituais muito antigos e arraigados exige começar a reverter algumas de nossas premissas mais básicas. É preciso ficar totalmente farto desse modo de pensar, de acreditar em um eu sólido e distinto, de continuar a buscar o prazer e a evitar a dor de achar que alguém lá fora é culpado pelo nosso sofrimento. É preciso abandonar a esperança de que esse modo de pensar nos traga satisfação. O sofrimento começa a se dissolver quando passamos a questionar a crença ou esperança de que existe um lugar onde é possível esconder-nos. Desesperança significa não ter mais ânimo para controlar nosso caminho. Podemos ainda querer fazer isso. Queremos ter alguma base segura e confortável sob nosso pés, mas já tentamos mil esconderijos e mil maneiras de chegar a uma solução definitiva e o chão continua movendo-se sob nós. Tentar conseguir uma segurança duradoura nos ensina muito, pois,  se nunca tentarmos, não saberemos que ela não pode ser alcançada. Voltar a mente para o dharma apressa o processo da descoberta. Sempre que fazemos isso, percebemos mais uma vez que não há nenhuma esperança, não conseguimos ter nenhum ponto de apoio. A diferença entre teísmo e não teísmo não está em acreditar ou não em Deus. Essa é uma questão que se aplica a todos, incluindo budistas e não budistas. O teísmo é uma arraigada convicção de que existe uma mão na qual segurar. Se fizermos a coisa certa, alguém vai nos dar valor e cuidar de nós. Isso é o mesmo que achar que haverá sempre uma babá disponível quando precisamos de uma. Todos nós temos a tendência a fugir das responsabilidades e delegar nossa autoridade a algo exterior a nós. Não teísmo é relaxar na ambigüidade e incerteza do momento presente sem buscar algo que nos proteja. Às vezes, achamos que o dharma é externo, é algo em que acreditar, algo que devemos atingir. Entretanto, o dharma não é uma crença ou dogma. É a total apreciação da impermanência e da mudança. Os ensinamentos desintegram-se quando tentamos agarrá-los! É preciso experimentá-los sem expectativas. Muitas pessoas corajosas e compassivas já os experimentaram e transmitiram. A mensagem é destemida, o dharma nunca representou uma crença que seguimos cegamente. em absoluto, ele não nos dá nada a que possamos nos apegar. Não teísmo é perceber, finalmente, que não existe babá com quem contar! Conseguimos uma babá ótima e, então, ela se vai!  Não teísmo é compreender que não são apenas as babás que vem e vão. A vida toda é assim! Essa é a verdade e a verdade incomoda! Para aqueles que querem agarra-se a algo, a vida é ainda mais difícil. Sob este ponto de vista, o teísmo é um vício. Somos viciados em esperança, na esperança de que a dúvida e o mistério se dissipem. Esta dependência tem um doloroso efeito sobre a sociedade, uma sociedade baseada em muitas pessoas viciadas em conseguir um apoio para si mesmas não é um lugar muito compassivo. A Primeira Nobre Verdade que o Buda ensinou diz que, quando sofremos, isto não significa que algo está errado! Que alívio! Finalmente alguém falou a verdade! o sofrimento faz parte da vida e não devemos achar que o estamos sentindo por termos feito algo errado. Entretando, o fato é que quando sofremos, achamos que fizemos algo errado! Enquanto estivermos viciados em esperança pensaremos que podemos abrnadar nossa experiência, torná-la mais intensa ou, de algum modo, modificá-la e continuaremos a sofrer muito. A palavra tibetana para esperança é rewa e, para medo, dokpa. Mais comumente usa-se re-dok que é uma combinação das duas. Enquanto houver uma, haverá a outra. Re-dok é a raiz do nosso sofrimento. No mundo da esperança e do medo, sempre teremos que mudar de canal, ajustar a temperatura ou procurar outra música porque algo está se tornando desconfortável, inquieto, começando a doer e nós continuamos a procurar alternativas. No estado mental não teísta, abandonar a esperança é uma afirmação, é o início do início. Poderíamos até mesmo colocar um lembrete Desistir da Esperança na geladeira em vez de aspirações mais convencionais do tipo Todos os Dias, Em Todos os Sentidos, Estou me Tornando Cada Vez Melhor. A esperança e o medo advêm de sentirmos que nos falta algo, advêm de um sentimento de carência. Não conseguimos simplesmente relaxar em nós mesmos. Agarramos a esperança e ela nos rouba o momento presente. Achamos que talvez outra pessoa saiba o que está acontecendo, mas, se há algo faltando em nós, há algo faltando em nosso mundo! Em vez de permitir que nossa negatividade acabe conosco, poderíamos reconhecer que, exatamente agora, estamos nos sentindo um lixo sem sermos melindrosos quanto a olhar isto bem de perto. Esta é uma atitude compassiva! Esta é a atitude corajosa que deve ser tomada! Podemos cheirar o lixo, sentí-lo, explorar a sua natureza, conhecer a essência da aversão, da vergonha e da confusão deixando de acreditar que algo está errado! É possível abandonar a esperança fundamental de que existe um eu melhor que um dia surgirá. Não podemos passar por cima de nós mesmos como se não estivéssemos ali. É melhor olhar diretamente para nossas esperanças e medos. Então, surge uma espécie de confiança em nossa sanidade básica. É aqui que entra a renúncia à esperança de que nossa experiência possa ser diferente, de que possamos ser melhores. As regras monásticas budistas que recomendam abandonar o álcool, o sexo e daí por diante, não querem dizer que estes hábitos sejam intrinsecamente maus ou imorais, mas, sim que nós os utilizamos como babás! Nós os usamos para escapar, para conseguir alívio e distração. Quando renunciamos, estamos, na verdade, desistindo da obstinada esperança de sermos salvos de nós mesmos. A renúncia é um ensinamento que nos estimula a investigar o que está acontecendo sempre que nos agarramos a algo por não sermos capazes de enfrentar o que está surgindo.
Certa vez, em uma viagem de avião, estava ao lado de um homem que a tod hora interrompia a nossa conversa para tomar diversos comprimidos. Perguntei:
- O que você está tomando?
Ele respondeu que eram tranquilizantes. Eu disse:
- Ah, você está nervoso?
E ele:
- Não. Ainda não, mas acho que vou ficar quando chegar lá em casa.
Vocês podem rir desta estória, mas o que acontece quando se começa a se sentir desconfortável, inquieto, constrangido? Percebam o pânico, percebam como imediatamente nos agarramos a algo. Esta é uma atitude baseada na esperança. Não agarrar chama-se desesperança. Se esperança e medo são duas faces da mesma moeda, o mesmo ocorre com desesperança e confiança. Se desejamos desistir de esperar que a insegurança e a dor sejam exterminadas, precisamos ter coragem de relaxar na falta de base de nossa situação. Esse é o primeiro passo do caminho. Se não há interesse em ir além da esperança e do medo, não há sentido em tomar refúgio no buda, ho Dharma e na Sangha. Tomar refúgio no Buda, no Dharma e na Sangha refere-se a desistir de conseguir um chão sob nossos pés. Estamos prontos para a tomada de refúgio quando este tipo de ensinamento, quer estejamos capazes ou não, soa como algo insistentemente familiar, semelhante à experiência de uma criança que reencontra a mãe após uma longa separação. A desesperança é o solo básico. De outra forma, trilharíamos o caminho com a expectativa de conseguir segurança e isso significa que não compreendemos seu propósito. Podemos praticar meditação ou estudar os ensinamentos de conseguir segurança. Podemos seguir as orientações e instruções com o mesmo objetivo. Isso só nos conduzirá à decepção e ao sofrimento. É possível economizar bastante tempo levando muito a sério esta mensagem desde já. Iniciem o trajeto sem esperança de conseguir terra firme. Iniciem com desesperança. Toda ansiedade, insatisfação e as razões para desejar que nossa experiência fosse diferente têm sua raíz no medo da morte. O medo da morte está sempre alí como plano  de fundo. Como dizia Shunryu Suzuki Roshi, mestre zen, viver é como entrar em um barco prestes a sair para o mar e afundar. Entretanto, é muito difícil acreditar na própria morte, não importa quanto se fale sobre isso. Muitas práticas espirituais tentam nos encorajar a levar nossa própria morte a sério, mas é incrível como essa ficha é difícil de cair. A única coisa da vida com que realmente podemos contar é incrivelmente remota para todos nós. Não chegamos a dizer:
- De jeito nenhum, eu não vou morrer!
Porque obviamente sabemos que não é assim. Mas, com certeza, será mais tarde. Essa é a grande esperança. Certa vez, Trumgpa Rinpoche deu uma palestra pública intitulada "A Morte na Vida Cotidiana". Somos criados em uma cultura que tem medo da morte e a esconde de nós. No entanto, nós a experimentamos o tempo todo. Experimentamos sob a forma de decepção, daquilo que não dá certo, de um permanente processo de mudança. Quando o dia acaba, quando termina um segundo, quando expiramos, essa é a morte na vida cotidiana. A morte na vida cotidiana poderia também ser definida como experimentar tudo aquilo que não desejamos. Nosso casamento não vai bem ou nosso trabalho não está dando certo. Ter um relacionamento com a morte na vida diária significa começar a ser capaz de esperar e de relaxar na insegurança, no pânico, no constrangimento, naquilo que não vai bem. À medida em que os anos passam, não chamamaos mais a babá tão rapidamente. A morte e a desesperança fornecem a motivação correta para viver a vida com mais discernimento e compaixão. Entretanto, na maior parte do tempo, afastar-se da morte é nossa maior motivação. Evitamos normalmente qualquer tipo de problema. Tentamos sempre negar que as mudanças, a areia que está sempre escapando entre nossos dedos, são ocorrências naturais. O tempo está passando! Isto é tão natural quanto a mudança das estações ou a transformação do dia em noite. Entretanto, envelhecer, ficar doente, perder aquilo que amamos, não encaramos estas situações como ocorrências naturais. queremos evitar a sensação de morte de qualquer modo. Quando algo nos lembra a morte, entramos em pânico. Não se trata apenas de cortar o dedo, começar a sangrar e colocar um band-aid. Acrescentamos algo mais: o nosso próprio estilo. Alguns de nós sentam-se ali estoicamente e deixam que as roupas se empapem de sangue. Outros ficam histéricos. Não colocamos simplesmente um band-aid. Chamamos a ambulância e vamos para o hospital. Alguns de nós colocam band-aid de grife. Não importa nosso estilo. o processo não é fácil. Não ficamos apenas no básico. Não podemos apenas voltar ao essencial? Simplesmente voltar? Esse é o início. O essencial, o bom e velho eu. O essencial, o bom e velho dedo sangrando. Volte para casa uno, para o básico mínimo. Relaxar no momento presente, na desesperança, na morte. Não resistir ao fato de que as coisas terminam, passam e não têm uma substância duradoura, de que tudo está em mudança o tempo todo. Essa é a mensagem fundamental! Quando falamos em desesperança e morte, estamos falando em encarar os fatos sem escapismo. Podemos ainda ter todo tipo de vício, mas deixamos de acreditar neles como uma saída para a felicidade. Quantas vezes nos permitimos o prazer a curto prazo da dependência. Porque agimos assim tantas vezes, aprendemos que agarrar essa esperança é uma fonte de infelicidade que transforma o prazer a curto prazo em inferno a longo prazo. Desistir da esperança é um estímulo a ficar do seu próprio lado, a fazer amizade consigo mesmo, a não fugir e a voltar ao essencial, não importa o que aconteça. O medo da morte constitui o pano de fundo de toda essa situação. É a razão pela qual ficamos inquietos, entramos em pânico e sentimos ansiedade. mas, se experimentamos completamente a desesperança, desistindo de qualquer expectativa de alternativa para o momento presente, poderemos ter uma relação prazeroza com nossa vida, uma relação honesta e direta que não mais ignora a realidade da impermanência."

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Admitindo a impermanência



Temos de admitir impermanência nas nossas vidas. É importante conviver com a impermanência como um quadro de referência de modo que possamos nos aproximar a cada momento ou a cada dia, com um senso de humildade a respeito do que somos capazes de fazer e o que não somos capazes de fazer e abandonar o controle sobre as coisas que não podemos ter controle mais. É importante viver como se as coisas fossem tão permanentes como pedra.

Você tem de investir-se em amor e preocupação para as pessoas, aceitar o amor das pessoas, como se essa é a única coisa que existe. O compromisso com a vida como se tudo está sempre lá para sempre com a aceitação de que nada vai sobreviver.

Dharma Quote of The Week from Snow Lion http://www.snowlionpub.com/

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Eneagrama 9

Agradáveis e afáveis, os 9 amam a paz, nunca confrontos. São normalmente pessoas calorosas, tolerantes, acomodadas e não competitivas. Controlam os relacionamentos pela força do silêncio. Recusam-se a discutir, preferem afastar-se. Preferem uma vida calma, estruturada, previsível e confortável. Chegam a "adotar" os desejos de outras pessoas porque, em assuntos pessoais, acham difícil saber o que pensam ou sentem. Explodem tão tardiamente que esquecem a razão que os levou a ter raiva. Seu lema - para si e para os outros - poderia ser: "não perturbe a ordem e a harmonia".

O 9 não quer nem o brilho do 3 nem a perfeição do 1, sua sensação de valor e de existência é um viver através dos outros, da família, da nação, do time, do partido etc.
Pelo seu equilíbrio tendem a ser conservadores, tradicionais. Consideram-se pessoas distraídas, confusas e com memória fraca, mas, sua busca de distração da atenção é deliberada: televisão, jornais, costura..., além do sono, podem servir como "narcóticos". Podem se tornar inativos devido à excessiva resignação e acabar ficando "dependentes" dos outros (emocional e economicamente) muito cedo na vida. São muito solidários.
Distraem-se facilmente, mesmo estando sozinhos, e costumam deixar até as mais altas prioridades por último. Ou cumprem os prazos no último minuto, quando lembrados, ou simplesmente, esquecem coisas essenciais. Pode parecer displicência, mas raramente é intencional, atividades secundárias, novos interesses, qualquer coisa pode distraí-los. Os 9 podem também tornarem-se obsessivos com relação a detalhes, absorvidos em aspectos que parecem secundários, chegando a envolver-se em planos que nunca se concretizam.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Tomar banho!

Imagine que você passou a vida inteira sem tomar banho e um dia resolve tomar uma ducha. Você começa a se esfregar mas fica horrorizado quando toda aquela sujeira sai dos poros da sua pele e escorre pelo seu corpo. Tem alguma coisa errada! Era para você ficar limpo, mas tudo que você vê é sujeira! Então, você se assusta, pula prá fora do chuveiro e se convence que nunca deveria nem ter começado! Mas você só fica mais sujo do que antes. Não tem jeito de você saber que a única coisa sábia a fazer é ser paciente e terminar o banho. Pode até parecer que você está ficando mais sujo, mas, se você continuar a se lavar, você sairá limpo e fresco. Isso faz parte de todo um processo, o processo de purificação.

Sempre que surgirem dúvidas, veja-as simplesmente como obstáculos e reconheça-as como um entendimento de que elas estão alí para serem esclarecidas e desbloqueadas. Sabemos que não é um problema fundamental, mas apenas uma etapa do processo de purificação e aprendizagem. Permita que o processo continue e se complete e nunca perca a sua confiança em resolver. Este é o caminho seguido por todos os grandes praticantes do passado que costumavam dizer: "Não há armadura como a da perseverança".

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Suicídio


"É difícil falar do suicídio. Há muitas razões para uma pessoa se suicidar. Há os que são invadidos pela inquietude ou pela angústia; os que estão desesperados; os que se matam por orgulho, por causa do que os outros lhes fizeram ou não fizeram; os que estão convencidos que jamais chegarão a algum lado; os que, sujeitos a um desejo violento, se matam por cólera quando esse desejo não é satisfeito; os que se deixam levar pela tristeza, e tantos outros casos. De um modo geral, a pessoa que se mata suprime toda e qualquer solução futura para o seu problema. Mesmo que até ao momento só tenha encontrado dificuldades, nada prova que um dia não encontre maneira de as resolver.
Outra coisa: a maior parte dos suicídios são cometidos num momento extremo de emoção. Um ser humano não deve tomar decisões tão radicais sob um impulso de cólera, de desejo ou de angústia.
Se agirmos de maneira impulsiva corremos um grande risco de nos enganarmos. Uma vez que temos a capacidade de reflectir, mais vale esperar até estarmos calmos e sossegados antes de cometermos algo irreparável.
O meu tutor Thrijang Rinpoché contou-me a história de um homem da província do Kham extremamente infeliz que tinha decidido atirar-se ao rio Tsangpo, em Lhasa. De garrafa de álcool em punho, a sua ideia era bebê-la antes de saltar. Ao princípio, estava completamente dominado pelas emoções. Uma vez à beira-rio, sentou-se ma margem por um momento. Como não se decidisse a saltar, começou a beber. E como isso não lhe desse suficiente coragem, bebeu um pouco mais. Finalmente voltou para casa, com a garrafa vazia debaixo do braço.
Como vêem, debaixo de uma forte emoção, o nosso homem estava completamente decidido a suicidar-se. Mas, uma vez acalmado - uma garrafa depois -, voltou para casa!"

Tensin Gyatso, Sua Santidade, o 14º Dalai Lama.