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sábado, 26 de março de 2011

A Quebra do Samaya

"Na tradição budista, as pessoas não falam muito sobre suas próprias experiências e realizações, principalmente porque o ato de se gabar tende a aumentar o senso de orgulho de uma pessoa e levá-la a utilizar mal as experiências para ganhar poderes mundanos ou obter influência sobre as outras pessoas, o que prejudica a si mesmo e aos outros. Por esse motivo, o treinamento da meditação envolve um voto ou um compromisso - conhecido em sânscrito como samaya - para não fazer uso impróprio das habilidades obtidas pela prática da meditação (...). A consequência de quebrar esse compromisso é a perda de todas as realizações e habilidades obtidas por meio da prática."

A Alegria de Viver - Yongey Mingyur Rinpoche - pág. 218
Obs: Pronuncia-se samayá.
 
"Todas as iniciações tântricas vinculam aqueles que as recebem a sérios votos conhecidos como votos de samaya. Na escola Nyingma, há 28 votos de samaya divididos em três votos raízes e 25 ramos. Os três votos raízes são:

1. o voto do corpo: venerar o guru
2. o voto da fala: praticar continuamente os mantras e mudras da deidade
3. o voto da mente: manter restritos os ensinamentos do segredo tântricos

Os outros 20 votos são colocados em quatro grupos:
1. os cinco a serem aceitos
2. os cinco a serem rejeitados
3. os cinco a serem praticados
4. os cinco a serem conhecidos
5. os cinco a serem realizados

Quais são os samayas mais relevantes? De acordo com as instruções esotéricas (man ngag) eles estão agrupados em três.
1.     o samaya da visão
2.     o samaya da prática
3.     o samaya da realização
     
Para distingui-los, o samaya da mente é não disseminar as instruções secretas para outros e os cinco aspectos a serem conhecidos são o samaya da visão. O samaya do corpo é não criar animosidade ou desprezo pelo mestre vajra e pelos irmãos vajra. Os cinco samayas a serem praticados e os cinco a não serem renunciados são o samaya da realização. O resultado destes três é a natureza da realização.

Observe como esta passagem divide os votos samaya em outro conjunto de divisões:
1. o samaya do ponto de visão.
2. o samaya de prática.
3. o samaya de realização."

quinta-feira, 24 de março de 2011

Insônia e aversões

De vez em quando o bicho pega! Anteontem passei a noite literalmente em claro. Quando comecei a cochilar já era hora de acordar e acordei com uma dor de cabeças daquelas! O humor estava do jeito que o diabo gosta! Como toda quarta-feira, desço para almoçar na casa de uma amiga e passo parte da tarde com ela. O almoço tinha um ingrediente que me caiu como uma luva: suco de maracujá! Mas não desses de garrafinha que se compra no supermercado, não, suco mesmo, do maracujá fruta! Subi pra casa a pé como sempre faço, mas desta vez num passo mais marchado pra suar, pra cansar mesmo e ver se dormia o sono atrasado. Parei no mercadinho pra comprar maracujás, três, bem graúdos! Em casa, uma só fruta deu um jarro grande de inox, uns dois litros. Encharquei-me dele! Devo dizer que costumo dormir depois da meia noite, mas ontem, pouco depois das dez, estava na cama e com sono! Dormi o sono dos justos! Mas, naquele breve período entre o acordar e o abrir os olhos, notei que tenho muitas aversões. Detesto barulho, detesto insônia, detesto um monte de coisas. Mas não consegui fazer do barulho uma cachoeira e nem da insônia um momento excelente para uma boa meditação. Eu não tomo jeito!

domingo, 6 de março de 2011

Para Christopher e anônimo. Respondendo aos comentários.

A cura está dentro de nós, pessoal! Afinal somos nós que vivemos vinte e quatro horas com todo nosso organismo, corpo, fala e mente! Hoje não estou bem, mas amanhã posso melhorar. Esta é a minha simples e vívida constatação da impermanência. Um ingênuo mas sábio ditado popular diz que "de hora em hora, Deus melhora". Não tenho a ilusão de que a simples leitura de um livro possa me "curar", mas ele pode me trazer algum vislumbre, um insight que eu possa aproveitar. Nunca acreditei que alguém curasse alguém, que a dor de alguém se comparasse com a nossa ou vice-versa. Nem por isso deixamos de ler, de ir ao médico, ao psicólogo ou ao psiquiatra. Eu mesma já dispensei muitos profissionais como se fechasse um livro que não me interessasse mais. No entanto, continuo lendo, continuo buscando e rezo, peço ao universo que todos os seres possam se ver livres do sofrimento e de suas causas. Mas também que todos estejam a salvo de gerar pensamentos negativos, o obstáculo mais destrutivo. Que esses pensamentos nunca surjam em nossa mente e que todos os seres estejam livres de pensamentos negativos. Seguimos em frente, eu já numa idade meio assustadora, algumas funções corporais não funcionando tão bem quanto antes, certas fraquezas tomando-me de assalto, prossigo e sei que um instante virá em que tudo terá o seu fim determinante, seja ele como for. Espero ter forças e as desejo a todos! 
Losar Tashi Delek!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Abraçando a Raiva - Thich Nhat Hahn


Plena consciência é a capacidade de saber o que está acontecendo em cada momento, e plena consciência da raiva é ser capaz de reconhecer quando a raiva se manifestou. Se deixarmos nossa raiva sozinha, causará estrago para nosso corpo, para nossa mente e talvez para o nosso entorno. Podemos praticar a plena consciência da raiva dizendo para nós mesmos: “Inspirando, sei que a raiva está em mim. Expirando, eu sorrio para minha raiva, eu abraço minha raiva.”

A plena consciência reconhece que a raiva é raiva. Reconhecer e abraçar a raiva é uma arte, é a prática. Usualmente, lutamos contra a raiva que surge em nós. Mas na prática budista, não lutamos contra nossa raiva, nós a abraçamos ternamente.

Imagine uma mãe que está trabalhando na cozinha e ouve seu bebê chorar. Ela o ama, portanto solta o que quer que esteja na sua mão e vai ao quarto dele. Antes mesmo de saber o que está errado, ela pega o bebê e o segura ternamente em seus braços. Apenas segurá-lo carinhosamente pode ser suficiente para trazer alivio à criança e diminuir seu choro. Se a mãe continuar a segurá-lo com plena consciência, ela descobrirá o que está errado. Ele pode estar com fome, pode estar com febre, ou sua fralda pode estar apertada demais. Através da prática da plena consciência podemos abraçar nossa raiva e pacientemente descobrir porque ela surgiu.

Se a mãe descobre que seu filho está com fome, ela lhe dá leite; se a fralda está muito apertada, ela afrouxa. Portanto ao abraçar nossa raiva com carinho, podemos aliviá-la através da respiração consciente e da caminhada consciente.

Quando a energia da raiva começa a emergir, precisamos da prática da plena consciência. Podemos pensar que para liberar nossa raiva temos que fazer algo imediatamente para confrontar a pessoa que pensamos que está nos fazendo sofrer. Ao invés disso, podemos respirar e dizer: “Inspirando, sei que a raiva se manifestou em mim. Expirando, tomarei muito cuidado com a energia da raiva em mim.”

Podemos pensar que dizer ou fazer algo muito forte para punir a outra pessoa é o caminho para encontrar alívio. Mas isto apenas irá escalar o sofrimento. A outra pessoa sofrerá mais, e ela irá buscar alívio nos punindo de volta.

Se alguém nos faz sofrer, é porque esta pessoa também está sofrendo. Alguém que não sabe lidar com seu sofrimento permitirá que ele vaze, e nos tornaremos vítimas do seu sofrimento. Sabemos que alguém que sofre tanto assim precisa de ajuda e não punição. Quando começamos a ver isso, a compaixão nasce, e não sofremos mais. Compaixão é o antídoto para a raiva. Uma vez que estamos motivados pelo desejo de ajudar a outra pessoa a sofrer menos, estamos livres de nossa raiva.

Às vezes é importante comunicar nosso sofrimento para a outra pessoa. Podemos fazer isso usando a prática do “Começar de Novo”. Sentamos juntos em um momento onde possamos estar plenamente presentes. Há três estágios: no primeiro nós “regamos as flores” da outra pessoa, sinceramente expressando nossa apreciação pelas suas boas qualidades. No segundo expressamos lamento por qualquer coisa que vemos que possamos ter feito para contribuir para o conflito. No terceiro, expressamos nosso sofrimento sem culpa ou julgamento.

Quando expressamos nosso ferimento, há três frases importantes que os ensinamentos budistas sugerem. Estas frases são o antídoto para o sofrimento. A primeira é, “Querido, eu estou com raiva. Eu estou sofrendo e quero que você saiba.” A segunda é “Querido, eu estou fazendo o melhor que posso”. A terceira é “Por favor, ajude-me”.

Quando dizemos a primeira frase - “Querido, eu estou com raiva. Eu estou sofrendo e quero que você saiba disso.” - estamos sendo abertos e dividindo o que está acontecendo conosco. É importante que não neguemos nossa própria raiva e sofrimento. Às vezes sofremos por causa da outra pessoa, e quando ela vem e pergunta, “Querido, você está bem, está com raiva de mim?” dizemos “Eu estou bem, porque estaria com raiva?”. Ou quando a outra pessoa põe a mão no nosso ombro, tentamos evitar seu toque e dizemos, ”Deixe-me só, não me toque!”. Estas são formas de punir alguém, queremos dizer a esta pessoa que podemos sobreviver muito bem sozinhos.

Portanto, ao invés disso, é muito importante ser direto. Podemos também querer adicionar, “Eu não sei por que você disse tal coisa para mim, por que fez tal coisa para mim. Por favor, explique.” A coisa importante é dizer para a outra pessoa que estamos com raiva e que estamos sofrendo. Se pudermos escrever esta sentença, já sofreremos menos. É um milagre.

A segunda frase é ainda menor, “Eu estou fazendo o melhor que posso”. Isto significa que estamos praticando a respiração consciente e a caminhada consciente e tomando conta de nossa raiva. Portanto a segunda sentença é um convite indireto para a outra pessoa fazer o mesmo, voltar para reexaminar a situação, e ver o que ela possa ter feito que tenha contribuído para o conflito.

Às vezes não queremos fazer o outro sofrer. Apenas somos inábeis. Temos que aprender a falar em termos de mais ou menos hábeis ao invés de termos como bom ou mau, certo ou errado. Na tradição budista falamos de estados inábeis da mente, como a raiva ou medo.

A última sentença é “Por favor, ajude-me”. Quando somos capazes de escrever a terceira frase, nosso sofrimento se dissipa. Mesmo se a outra pessoa ainda não leu a mensagem, já nos sentimos muito melhor. Reconhecemos nossa interdependência, não somos capturados pelo orgulho. No verdadeiro amor não há lugar para orgulho. Sabemos que precisamos da outra pessoa para nos ajudar a sair da nossa situação.

Tenho muitos amigos que pegam um pedaço de papel do tamanho de um cartão de crédito, escrevem essas três frases e guardam na carteira. Cada vez que a raiva vem, eles pegam o “cartão”, lêem enquanto inspiram e expiram, e então eles sabem exatamente o que fazer.

Quando o nosso amado nos fere, ficamos com raiva e sofremos. Estamos na margem do sofrimento. Como somos bodisatvas, queremos atravessar para a margem da paz. Não dizemos, “Outra margem, por favor, venha de forma que eu possa pisar em você.” Não, temos que atravessar! E entendimento, prajñaparamita, é uma das maneiras de atravessar. Quando entendemos a outra pessoa, vemos seu sofrimento e também que ela não sabe lidar com este sofrimento. Ela sofre, portanto faz a si mesmo e aos que estão a sua volta sofrerem. Quando somos capazes de olhar com olhos de entendimento como estes, de repente estamos na outra margem. Este entendimento traz a outra margem imediatamente.

O Buda disse que há muitas maneiras de lidar com sua raiva, e uma maneira é praticar a paramita chamada dana, que significa doação. Você dá um presente para a pessoa que você está sentindo raiva. Usualmente quando estamos com raiva de alguém, queremos puni-la. Mas o Buda nos aconselha a fazer o oposto. Faça algo que a faça feliz. Ofereça algo para ela, e de repente sua raiva desaparecerá e você se encontrará na outra margem. Você pode querer tentar isto. Você sabe do que seu amado gosta, portanto compre um lindo presente e esconda em algum lugar. E um dia quando ficar com raiva dele, lembre-se do conselho do Buda e ofereça o presente para ele. Então ambos estarão na outra margem imediatamente.

A outra pessoa precisa de amor, e se pudermos prover isso para ela, através do entendimento, nossa raiva se dissolverá. O tempo que leva para atravessar para a outra margem pode ser muito curto. É um milagre! Como um bodisatva, queremos apenas dar. E estamos dispostos a dar qualquer coisa que pudermos.

As coisas mais valiosas para dar são entendimento e compaixão. Todos no mundo anseiam por entendimento, compaixão e amor. Como um bodisatva, como um praticante, podemos produzir entendimento e compaixão. Quando olharmos profundamente para a situação, não culparemos mais, sentiremos compaixão.

(Do livro “Together we are one”– Thich Nhat Hanh)
(Traduzido por Leonardo Dobbin)
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quinta-feira, 3 de março de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quando o mestre morre.

O problema da devoção é idêntico. Caso não seja solidamente estabelecida, a devoção corre o risco de ser efémera. Certos budistas, tibetanos ou outros, têm uma grande devoção por um mestre espiritual. Mas assim que esse mestre morre perdem-na de um momento para o outro. Como consideram que acabou tudo, os seus centros budistas locais fecham. No entanto, em termos absolutos, não faz qualquer diferença o mestre estar ou não presente em carne e osso. O mestre representa a natureza última do espírito e a sua compaixão não é limitada pela distância. Aquele que reconhece esta dimensão do mestre corre poucos riscos de se apegar à sua forma humana. Mesmo que o mestre tenha deixado o seu invólucro corporal, ele sabe que a partir da esfera do Corpo Absoluto as suas bênçãos e a sua actividade estão sempre presentes. Quer o mestre esteja ou não entre nós não muda nada. É sempre possível meditar sobre ele *.

* - No Budismo Vajrayana, o mestre autêntico, a quem o discípulo se liga intimamente, tem por única finalidade revelar a este último a sua verdadeira natureza. Num primeiro tempo, a fé no mestre permite ao discípulo abrir-se a uma realidade mais profunda e ao mestre fazer com que o espírito do discípulo amadureça. No final do caminho, mestre e discípulo são um só: aquele que decobriu a verdadeira natureza do seu espírito, inseparável do «Corpo Absoluto» de Buda, o conhecimento e a compaixão desde sempre presente. Por esta razão, quem se apegar à forma exterior do seu mestre é incapaz de compreender esta realidade e tudo o que retira da sua ligação com o mestre não é mais do que retiraria da relação com um ser comum.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Vislumbre do dia - Glimpse of the day - Sogyal Rinpoche

"De todas as práticas que eu sei, a prática de Tonglen, em tibetano, "dar e receber", é uma das mais úteis e poderosas. Quando você se sentir bloqueado em si mesmo, Tonglen abre-lhe a verdade do sofrimento dos outros; quando seu coração está bloqueado, ele destrói as forças que estão obstruindo-o e, quando você se sente distante da pessoa à sua frente que está com dor, está amarga ou desesperada, ele ajuda você a encontrar dentro de si e, em seguida, revelar o brilho de sua verdadeira natureza amorosa e expansiva. Nenhuma outra prática que conheço é tão eficaz em destruir o auto-apego, a auto-indulgência, a auto-absorção do ego, que são as raizes de todo o nosso sofrimento e toda dureza do coração. Simplificando, a prática de Tonglen de dar e receber é assumir o sofrimento e a dor dos outros e dar a eles a sua felicidade, bem-estar e paz de espírito."

"Of all the practices I know, the practice of Tonglen, Tibetan for “giving and receiving,” is one of the most useful and powerful. When you feel yourself locked in upon yourself, Tonglen opens you to the truth of the suffering of others; when your heart is blocked, it destroys those forces that are obstructing it; and when you feel estranged from the person who is in pain before you, or bitter or despairing, it helps you to find within yourself and then to reveal the loving, expansive radiance of your own true nature. No other practice I know is as effective in destroying the self-grasping, self-cherishing, self-absorption of the ego, which is the root of all our suffering and all hard-heartedness. Put very simply, the Tonglen practice of giving and receiving is to take on the suffering and pain of others and give to them your happiness, well-being, and peace of mind."

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um sonho dentro do sonho.

Belo Horizonte, 21 horas, Galo 4, Zêro 3. Prá mim não faz nenhuma diferença porque quem me conhece sabe que não estou nem aí prá futebol, nem na Copa. Não perco, nem ganho nada com isso. Enquanto atleticanos soltam foguetes, vejo um filme: "Unstopable" com Denzel Washington. Muita adrenalina e eu, ficando aflita, me lembrei que estou dentro de um sonho dentro de um sonho e que só preciso apertar um botão prá parar tudo. Pausa. Subi para o terraço, sentei na minha cadeira favorita pra ver o céu e o tempo mudando, a lua a mais de um quarto embaçando-se nas nuvens. Venta e parece que vai chover enfim! Tá calor demais! Meu filho músico* no quarto com uma bluezeira alta me fez cantar e dançar. http://www.youtube.com/watch?v=NU0MF8pwktg música que ofereço ao meu baixista Leonardo "Mussum", amigo que "roubei" do Guto. É assim que chamo meu filho.

É incrível como se pode viajar de uma coisa prá outra, de um sonho pro outro, de uma situação prá outra. Até Dzongzar Khyentse Rinpoche disse que é bom escutar de tudo, até Marylin Manson, mas não chego a tanto! Um dia ainda escuto de acordo com o conselho dele. Desço e ouço no YouTube o mesmo blues Pride and Joy do Stevie Ray Vaughan e volto pro filme adrenalínico do Denzel Washington com a certeza de que tudo é um reflexo na água, uma bolha, uma alucinação, uma ilusão, uma miragem, um sonho, uma imagem no espelho, um eco. EMAHO!
*

sábado, 5 de fevereiro de 2011

TER e SER / HAVING and BEING

"O filósofo Erich Fromm previu uma sociedade baseada na obsessão por bens. Ele acreditava que os seres humanos tinham duas orientações: TER e SER. Uma pessoa com uma orientação para TER busca adquirir e possuir coisas, propriedade, até pessoas. Mas, uma pessoa com uma orientação de SER, foca-se na experiência da qual derivam significados de doar, comprometer e dividir com outras pessoas. Infelizmente, Fromm previu uma cultura guiada pelo materialismo e comércio como a que vivemos hoje. Ela é condenada à orientação de TER, o que leva à insatisfação e ao vazio. Quando levamos em consideração que nos anos 60 não existia essa coisa de 'self storage' nos Estados Unidos e hoje há mais de 600 milhões de metros quadrados dedicados a isso, nos faz pensar que Fromm tinha razão."

"The philosopher Erich Fromm forecasted a society based on the obsession with possessions. He believed that humans had two guidelines: HAVING and BEING. A person with a guide to HAVING seeks to acquire and possess things, property, even people. But a person with an orientation BEING focuses on the experience from which they derive meaning to donate, engage and share with others. Unfortunately, Fromm provided a culture driven by materialism and commerce as we live in today. It is ordered to the orientation of HAVING, which leads to disatisfaction and emptiness. When we consider that in 60's there was no such thing as "self storage" in the United States and today there are over 600 million square meters dedicated to it, makes us think that Fromm was right."

CSI (Crime Scene Investigation) Las Vegas - 11ª Temporada, 5 episódioº.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

My dog after taking a bath! Fez um ano que a Milky se foi. Matando saudades!

How to Make a Rattlesnake Key Fob by TIAT

How to Tie a Stitched Switchback Strap by TIAT

domingo, 30 de janeiro de 2011

Postura, corpo e mente.

"Se você está sentado e sua mente não está em total sintonia com o seu corpo, se você estiver, por exemplo, ansioso ou preocupado com alguma coisa, seu corpo vai experimentar um desconforto físico, e as dificuldades vão surgir com mais facilidade. Considerando que, se sua mente está em um estado de calma e inspiração, isto irá influenciar toda a sua postura e você pode sentar-se muito mais naturalmente e sem esforço. Por isso, é muito importante unir a postura de seu corpo com a confiança que decorre da sua percepção da natureza da sua mente."

"If you are sitting, and your mind is not wholly in tune with your body—if you are, for instance, anxious or preoccupied with something—your body will experience physical discomfort, and difficulties will arise more easily. Whereas if your mind is in a calm, inspired state, it will influence your whole posture, and you can sit much more naturally and effortlessly. So it is very important to unite the posture of your body and the confidence that arises from your realization of the nature of your mind."

Rigpa - Glimpse of The Day- Sogyal Rinpoche.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Dalai Lama Quote of the Week

Reflita sobre o padrão básico de nossa existência. A fim de fazer mais do que apenas sobreviver, precisamos de abrigo, comida, companheiros, amigos, a estima dos outros, recursos e assim por diante, essas coisas não surgem de nós mesmos, mas são todas dependentes dos outros. Suponha que uma única pessoa estava vivendo sozinha em um lugar remoto e desabitado. Não importa o quão forte, saudável, educada ou esta pessoa fosse, não haveria possibilidade de ela levar uma existência feliz e gratificante .... Tal pessoa pode ter amigos? Ser conhecida? Essa pessoa pode se tornar um herói, se ele ou ela deseja se tornar um? Acho que a resposta a todas estas perguntas é um não definitivo, porque todos esses fatores acontecem apenas em relação a outros seres humanos.

Quando você é jovem, saudável e forte, às vezes você pode obter a sensação de que é totalmente independente e não precisa de ninguém. Mas isso é uma ilusão. Mesmo naquela idade principal de sua vida, simplesmente porque você é um ser humano, você precisa de amigos, não é? Isto é especialmente verdade quando nos tornamos velhos e precisamos confiar mais e mais na ajuda dos outros: esta é a natureza de nossas vidas como seres humanos.

Pelo menos em um sentido, podemos dizer que as outras pessoas são realmente a principal fonte de todas as nossas experiências de alegria, felicidade e prosperidade, e não apenas em termos de nossas relações do dia-a-dia com as pessoas. Podemos ver que todas as experiências desejáveis que apreciamos ou aspiramos alcançar são dependentes da cooperação e interação com os outros. É um fato óbvio.

Da mesma forma, do ponto de vista de um praticante budista, muitos dos altos níveis de realização que você ganha e o progresso que você faz no seu caminho espiritual são dependentes da cooperação e da interação com os outros. Além disso, na fase da iluminação completa, as atividades de um buda de compaixão podem surgir espontaneamente, apenas em relação a outros seres, pois esses seres são os destinatários e beneficiários dessas atividades iluminadas.

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Reflect on the basic pattern of our existence. In order to do more than just barely survive, we need shelter, food, companions, friends, the esteem of others, resources, and so on; these things do not come about from ourselves alone but are all dependent on others. Suppose one single person were to live alone in a remote and uninhabited place. No matter how strong, healthy, or educated this person were, there would be no possibility of his or her leading a happy and fulfilling existence.... Can such a person have friends? Acquire renown? Can this person become a hero if he or she wishes to become one? I think the answer to all these questions is a definite no, for all these factors come about only in relation to other fellow humans.

When you are young, healthy, and strong, you sometimes can get the feeling that you are totally independent and do not need anyone else. But this is an illusion. Even at that prime age of your life, simply because your are a human being, you need friends, don't you? This is especially true when we become old and need to rely more and more on the help of others: this is the nature of our lives as human beings.

In at least one sense, we can say that other people are really the principal source of all our experiences of joy, happiness, and prosperity, and not only in terms of our day-to-day dealings with people. We can see that all the desirable experiences that we cherish or aspire to attain are dependent upon cooperation and interaction with others. It is an obvious fact.

Similarly, from the point of view of a Buddhist practitioner, many of the high levels of realization that you gain and the progress that you make on your spiritual journey are dependent upon cooperation and interaction with others. Furthermore, at the stage of complete enlightenment, the compassionate activities of a buddha can come about spontaneously only in relation to other beings, for those beings are the recipients and beneficiaries of those enlightened activities.
(p.5)  from The Compassionate Life by Tenzin Gyatso, the 14th Dalai Lama

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Citação - Quote

Os budas e bodisatvas veem claramente que a nossa negligência com os outros, a nossa auto condenscendência e o nosso desprezo para com a ligação entre as ações e os seus efeitos são responsáveis por todas os nossos sofrimentos. A sensação de que, não importa o que façamos contanto que possamos ir além, mata as nossas possibilidades de libertação e de iluminação. Nosso egoísmo nos rouba as boas qualidades mundanas e supramundanas, deixando-nos nus e de mãos vazias. Ele nos separa da felicidade, agora e no futuro e nos prende aos grilhões do sofrimento.
Tomem a resolução de nunca mais se deixar dominar por esta maneira mesquinha e egoísta de pensar e de fazer tudo ao seu alcance para combatê-lo. Sua felicidade começa no momento em que você reconhece sua auto-condencendência como seu inimigo principal. Há muitas boas razões de porque o fato de acalentar os outros faz sentido. Shantideva diz:
O estado de Buda é realizado
Igualmente por meio de seres vivos e vitoriosos.
Que tipo de comportamento, então, é para reverenciar
Os Vitoriosos , mas não os seres vivos?
... Se realmente quisermos agradar os budas e bodisatvas e todos os seres nobres do mundo a quem admiramos e de quem os únicos princípios orientadores são o afeto, o amor e a compaixão pelos outros, não podemos fazer nada melhor do que valorizar os seres vivos.
o0o
Buddhas and Bodhisattvas see clearly that our neglect of others, our self-preoccupation and our disregard for the connection between actions and their effects are responsible for all our miseries. The feeling that it doesn't matter what we do as long as we can get away with it kills our chances of liberation and enlightenment. Our selfishness robs us of worldly and supramundane good qualities, leaving us naked and empty-handed. It separates us from happiness now and in the future and fetters us to suffering.
Resolve never again to let yourself be dominated by this mean and selfish way of thinking and do everything in your power to combat it. Your happiness begins the moment you recognize self-cherishing as your chief foe. There are many good reasons why cherishing others makes sense. Shantideva says:
The state of Buddhahood is accomplished
Equally through living beings and Victorious Ones.
What kind of behavior then is it to revere
Victorious Ones but not living beings?
...If we truly want to please Buddhas and Bodhisattvas and all those noble beings in the world whom we admire and whose sole guiding principles are their affection, love and compassion for others, we can do nothing better than to cherish living beings.

(p. 100) from The Three Principal Aspects of the Path an oral teaching by Geshe Sonam Rinchen, translated and edited by Ruth Sonam, published by Snow Lion Publications

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O nosso maior inimigo.

O primeiro inimigo não seria nosso próprio corpo? É isto mesmo. Vamos pensar juntos.

Basta prestar atenção ao que dizem os jornais, as revistas, o radio e a tv. Temos um corpo absolutamente errado. Após 140 mil anos de adaptações, algumas muito provavelmente bastante difíceis, o homem moderno, ocidental, que tem o pensamento da ciência fundamentada no consumo nos dá a clara lição: nosso corpo é um erro.

Por faltar anti depressivos em nosso organismo ficamos tristes. Se faltar remédios para o colesterol ele sobe e quer trancar as artérias do coração e nos matar. Se faltar antibióticos pegamos infecções. Se faltar medicamentos para a febre, podemos nos descobrir com temperaturas elevadas. Se faltar anti-concepcionais engravidamos. Se faltar anoréticos comemos demais e engordamos. Se faltar viagra falta boas ereções. Se faltar ritalina as crianças são hiperativas. Se faltar valium ficamos ansiosos. Se faltar isoflavonas e hormônios artificiais as mulheres da menopausa ficam cheias de problemas. Se faltar flúor ficamos com cáries. Se faltar antiinflamatórios ficamos com reumatismo, dores nas costas, bursites, tenditines e dor em todo o lugar do corpo.

A lista é riquíssima. O canal de parto é um equívoco na raça humana, e graças Deus temos a cesariana. A mamas estranhamente dão leite para os filhos de todos os mamíferos, mas entre os humanos isto só ocorre se as mulheres da espécie são lembradas para tal. Assim se a cirurgia plástica feita muito cedo pode impedir a amamentação, isto não é problema, pois em nosso espécie a mama é ornamento erótico, para um sexo que não foi feito para gerar filhos. Aliás quem sabe num futuro bem próximo os filhos sejam gerados apenas em laboratório, assim todo o equipamento reprodutor seria algo desnecessário e até comprometedor pois expõe os humanos à injustos cânceres. Se a pessoa é muito obesa que se corte o estômago. Se o útero, os ovários, as amígdalas, as adenóides, a tireoide, as mamas, a vesícula, o baço, o apêndice está mal... que se tire do corpo. Se o coração ficou muito fraco que se troque por outro. Se o fígado está fraco que se troque de fígado.

Não há dúvida o ser humano, iluminado, boníssimo, generoso, amoroso, integrado com a natureza de maneira tão bela não merece este corpo humano tão fajuto, não é mesmo?

Há um conto interessante. Havia em algum lugar uma aldeia em que todos os seus habitantes usavam bengalas para facilitar o caminhar. Quando começavam a se erguer recebiam pequenas instrumentos de madeira que se transformariam mais tarde em fundamentais bengalas. Assim todos os primeiros passos eram amparados e garantidos em seu sucesso com este maravilhosos instrumento. E assim era para ser... Uma vez, um jovem da tribo se afastou demais de um grupo de homens que estava na floresta próxima e se viu sozinho. Desafortunadamente, uma fera, um felino predador o percebeu solitário e foi para cima do jovem, que imediatamente começou a correr. Entretanto para seu desespero, ele cai e quebra sua bengala. Por instinto se levanta e tenta andar e correr. E como correu. Foi suficientemente hábil para escapar do fim que parecia inevitável. Feliz, retorna à aldeia, e festivamente brada: "Vocês não podem acreditar. Perdi minha bengala, mas descobri que fiquei mais rápido sem ela. Consegui escapar de uma fera. E tenho certeza que todos aqui podem, facilmente aprender a fazer isto!" Os líderes supremos ficaram furiosos. "Você está é louco! Onde já se viu uma pessoa normal sem bengalas!!!" "Ou você retorna a usar uma linda e necessária bengala ou ficará preso juntos dos loucos, ou quem sabe dos criminosos desta terra" "Aqui só podemos tolerar os que usam bengalas, pois são estas pessoas que geram a riqueza e a estabilidade de nossa comunidade!" "Volte à normalidade e deixe tudo como está!"

A nossa nova normalidade pressupõe que nós devemos utilizar, que nós devemos acreditar piamente em tudo que o sistema nos oferece. E com certeza ele nos oferece toda a parafernália de instrumentos, medicamentos, alimentos e intervenções corporais que melhoram nossa saúde! Apesar de cada haver mais gente doente na terra, apesar de cada vez mais gente morrer dos medicamentos e técnicas terapêuticas, por algum motivo somos levados a crer que o que existe agora é o melhor! E o corpo inimigo é o maior gerador de consumo nestes tempos modernos...

Ironias a parte, o que parece mesmo é que nossa cultura, nossa formação social, nos colocou numa situação peculiar de confronto permanente com o nosso corpo físico. E o mais impressionante é ver como as pessoas não têm idéia de porque adoecem. Elas acreditam que isto independe de suas histórias pessoais, seus decisões, seus modos de vida, seus empregos e suas maneiras de entenderem a existência.

Estamos no século XXI, e após todo o sofrimento que a falta de amor, as guerras, a fome, a injustiça, a violência, o autoritarismo, a insensibilidade já impôs ao ser humano, apesar de toda a história conhecida ainda festejamos a descoberta da rosa azul transgenica, o computador cada vez mais rápido e o celular que toca musica e vê vídeos, mesmo sem conseguir evitar que uma criança na esquina de nossas ruas passe fome. Muito menos que outras morram de fome. E menos ainda que morram em guerras que não são delas.

A evolução tecnológica não qualificou um milímetro a nossa integração com a natureza, nossa compaixão e a nossa capacidade de amar.

Ela, absolutamente, não gera mais humanidade. Em algum lugar do passado nos esquecemos do principal...

(José Carlos Brasil Peixoto, 29-09-2004)

O Garuda


Os Tantras do Dzogchen, os antigos ensinamentos a partir dos quais as instruções bardo do vir a ser, fala de uma ave mítica, o Garuda, que nasce totalmente crescido. Esta imagem simboliza a nossa natureza primordial, que já está completamente perfeita. O filhote garuda tem todas as suas penas das asas plenamente desenvolvidas no interior do ovo, mas não podem voar antes que ele abra. Só no momento em que as fissuras do ovo se abrirem, o garuda pode sair e sobir para o céu. Da mesma forma, os mestres nos dizem, as qualidades do estado de Buda são veladas pelo corpo, e logo que o corpo for descartado, elas serão radiantemente exibidas.

The Dzogchen Tantras, the ancient teachings from which the bardo instructions come, speak of a mythical bird, the garuda, which is born fully grown. This image symbolizes our primordial nature, which is already completely perfect. The garuda chick has all its wing feathers fully developed inside the egg, but it cannot fly before it hatches. Only at the moment when the shell cracks open can it burst out and soar up into the sky. Similarly, the masters tell us, the qualities of buddhahood are veiled by the body, and as soon as the body is discarded, they will be radiantly displayed.
 
Glimse of the Day - Sogyal Rinpoche

domingo, 16 de janeiro de 2011

Síndrome do Pânico - Por favor, respeitem quem tem!

 Um aviso de enorme perigo iminente ao cérebro onde não há perigo algum!
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_do_P%C3%A2nico

sábado, 15 de janeiro de 2011