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sábado, 9 de abril de 2011

O Troll

Um troll, na gíria da internet, designa uma pessoa cujo comportamento tende sistematicamente a desestabilizar uma discussão, provocar e enfurecer as pessoas envolvidas nelas. O termo surgiu na Usenet, derivado da expressão trolling for suckers (lançando a isca para os trouxas), identificado e atribuído ao(s) causador(es) das sistemáticas flamewars e não os trolls, criaturas tidas como monstruosas no folclore escandinavo. O comportamento do troll pode ser encarado como um teste de ruptura da etiqueta, uma mais-valia das sociedades civilizadas. Perante as provocações insistentes, as vítimas podem (ou não) perder a conduta civilizada e envolver-se em agressões pessoais. Porém, independentemente da reação das vítimas da trollagem, o comportamento do troll continua sendo prejudicial ao fórum, pois o debate ou degenera em bate-boca ou prossegue sendo vandalizado pelo troll enquanto este tiver paciência ou interesse de atuar.
Há várias sistemáticas desenvolvidas por trolls para atuar num fórum de Internet, entre elas:Jogar a isca e sair correndo: consiste em postar uma mensagem de polêmica grande já esperando uma grande reação de cadeia e flame war. Porém o troll não se envolve mais na discussão, some após a mensagem original e se diverte com a repercussão. Uma forma mais branda é postar noticias polêmicas (às vezes mensagens não-verídicas) só para observar a reação da comunidade.
Induzir a baixar o nível: alguns trolls testam a paciência dos interlocutores, induzem e persuadem a pessoa a perder o bom senso na discussão e apelar para baixaria e xingamentos. Com isso, o troll "queima o filme", consegue que a pessoa se auto-difame na comunidade por ter descido a um nível tão baixo.
Repetição de falácias: outro método usado que induz ao cansaço, aqui o troll repete seu conjunto de falácias até que leve seu interlocutor à exaustão, alegando depois ter vencido a discussão após o abandono do oponente.
Desfile intelectual: um troll pode ter um bom nível intelectual, vocabulário sofisticado diante de outros discursantes, desfilar referências e contradizer os argumentos dos rivais por conhecimento e pesquisa, muitas vezes expondo-os ao ridículo e questionando sua formação educacional.

Insetos amam a vida. Insects love life.


Insetos gostam tanto de viver quanto nós. Um vidro de boca larga, um pedaço de papel cartão é só o que precisamos para colocá-los de volta na natureza. Seja pela vida!

Insects love life as we do. A wide-lipped jar and a piece of cardboard is all it takes to relocate them into nature. Stand for life!

A vida não dura muito. Life does not last much.


 
A vida não dura muito, a morte é duradoura.
Esforço é o dever de hoje, mesmo amanhã, a morte pode vir.
Pois está além de nossas forças, atrasar a morte e seu grande exército.

Life does not last much, death is lasting
Effort is today's duties, even tomorrow, death may come
Because it's beyond our forces to delay death and its grand army.
 
Adhuvam jivitam, dhuvam maranam
Ajjeva kiccamatappam, ko janna maranam suve
Na hi no samgarantena mahasenena maccuna

Nós somos o que pensamos. We are what we think.

Auguste Rodin - "Le Penseur"
Nós somos o que pensamos. Tudo o que somos surge dos nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o mundo. Fale ou aja com uma mente impura e problemas o seguirão como a roda segue o boi que guia o carro. Nós somos o que pensamos. Tudo o que somos surge dos nossos pensamentos. Com nossos pensamentos fazemos o mundo. Fale ou aja com uma mente pura e a Felicidade o seguirá como sua sombra, inabalável. Como pode uma mente perturbada compreender o caminho? Seu pior inimigo não pode feri-lo tanto quanto seus próprios pensamentos desarmados. Mas, uma vez planejado, ninguém pode ajudá-lo muito, nem mesmo seu pai ou sua mãe.

We are what we think. All that we are arises with our thoughts. With our thoughts we make the world. Speak or act with an impure mind and trouble will follow you as the wheel follows the ox that draws the cart. We are what we think. All that we are arises with our thoughts. With our thoughts we make the world. Speak or act with a pure mind and Happiness will follow you as your shadow, unshakable. How can a troubled mind understand the way? Your worst enemy cannot harm you as much as your own thoughts, unguarded. But once mastered, no one can help you as much, not even your father or your mother.

domingo, 27 de março de 2011

Se - Atavismo

Se minha avó não tivesse castigado covardemente o meu pai, ele seria uma pessoa mais calma, um homem menos explosivo, por vezes até mesmo violento. Se meu avô não fosse tão omisso, não permitiria que ela agisse dessa forma. Pobre coitado; morreu de câncer no estômago. Talvez não tenha tido mesmo “estômago” pra isso.

Se meu avô não pensasse só em dinheiro e, quando minha mãe chegava com uma nota dez ele não dissesse que “não fez mais que a obrigação” ela não seria uma mulher tão focada no dinheiro, incapaz de tecer um único elogio a qualquer um dos filhos. Minha avó, não dizia nada, era uma “boa mulher”, passiva, incapaz de contrariar o marido. Pobre coitada; morreu de câncer no osso malar que evoluiu para o pulmão. Talvez não conseguisse respirar mais aquele ar.

Se eu não tivesse sido educada por um pai rude, bruto e severo, fruto da educação que recebeu da própria mãe, eu não seria a pessoa que sou. Se minha mãe não fingisse que nada via quando meu irmão e meu pai me agrediam física e verbalmente, se seu único valor não fosse o dinheiro e o conforto, fruto da educação que recebeu dos próprios pais, eu não seria a pessoa que sou.

Se eu não fosse a pessoa que sou, talvez meus filhos, já adultos, não fossem focados na doença, na mudez, na privacidade extrema, exatamente como eu era quando nova!

Como se pára este atavismo?

sábado, 26 de março de 2011

A Quebra do Samaya

"Na tradição budista, as pessoas não falam muito sobre suas próprias experiências e realizações, principalmente porque o ato de se gabar tende a aumentar o senso de orgulho de uma pessoa e levá-la a utilizar mal as experiências para ganhar poderes mundanos ou obter influência sobre as outras pessoas, o que prejudica a si mesmo e aos outros. Por esse motivo, o treinamento da meditação envolve um voto ou um compromisso - conhecido em sânscrito como samaya - para não fazer uso impróprio das habilidades obtidas pela prática da meditação (...). A consequência de quebrar esse compromisso é a perda de todas as realizações e habilidades obtidas por meio da prática."

A Alegria de Viver - Yongey Mingyur Rinpoche - pág. 218
Obs: Pronuncia-se samayá.
 
"Todas as iniciações tântricas vinculam aqueles que as recebem a sérios votos conhecidos como votos de samaya. Na escola Nyingma, há 28 votos de samaya divididos em três votos raízes e 25 ramos. Os três votos raízes são:

1. o voto do corpo: venerar o guru
2. o voto da fala: praticar continuamente os mantras e mudras da deidade
3. o voto da mente: manter restritos os ensinamentos do segredo tântricos

Os outros 20 votos são colocados em quatro grupos:
1. os cinco a serem aceitos
2. os cinco a serem rejeitados
3. os cinco a serem praticados
4. os cinco a serem conhecidos
5. os cinco a serem realizados

Quais são os samayas mais relevantes? De acordo com as instruções esotéricas (man ngag) eles estão agrupados em três.
1.     o samaya da visão
2.     o samaya da prática
3.     o samaya da realização
     
Para distingui-los, o samaya da mente é não disseminar as instruções secretas para outros e os cinco aspectos a serem conhecidos são o samaya da visão. O samaya do corpo é não criar animosidade ou desprezo pelo mestre vajra e pelos irmãos vajra. Os cinco samayas a serem praticados e os cinco a não serem renunciados são o samaya da realização. O resultado destes três é a natureza da realização.

Observe como esta passagem divide os votos samaya em outro conjunto de divisões:
1. o samaya do ponto de visão.
2. o samaya de prática.
3. o samaya de realização."

quinta-feira, 24 de março de 2011

Insônia e aversões

De vez em quando o bicho pega! Anteontem passei a noite literalmente em claro. Quando comecei a cochilar já era hora de acordar e acordei com uma dor de cabeças daquelas! O humor estava do jeito que o diabo gosta! Como toda quarta-feira, desço para almoçar na casa de uma amiga e passo parte da tarde com ela. O almoço tinha um ingrediente que me caiu como uma luva: suco de maracujá! Mas não desses de garrafinha que se compra no supermercado, não, suco mesmo, do maracujá fruta! Subi pra casa a pé como sempre faço, mas desta vez num passo mais marchado pra suar, pra cansar mesmo e ver se dormia o sono atrasado. Parei no mercadinho pra comprar maracujás, três, bem graúdos! Em casa, uma só fruta deu um jarro grande de inox, uns dois litros. Encharquei-me dele! Devo dizer que costumo dormir depois da meia noite, mas ontem, pouco depois das dez, estava na cama e com sono! Dormi o sono dos justos! Mas, naquele breve período entre o acordar e o abrir os olhos, notei que tenho muitas aversões. Detesto barulho, detesto insônia, detesto um monte de coisas. Mas não consegui fazer do barulho uma cachoeira e nem da insônia um momento excelente para uma boa meditação. Eu não tomo jeito!

domingo, 6 de março de 2011

Para Christopher e anônimo. Respondendo aos comentários.

A cura está dentro de nós, pessoal! Afinal somos nós que vivemos vinte e quatro horas com todo nosso organismo, corpo, fala e mente! Hoje não estou bem, mas amanhã posso melhorar. Esta é a minha simples e vívida constatação da impermanência. Um ingênuo mas sábio ditado popular diz que "de hora em hora, Deus melhora". Não tenho a ilusão de que a simples leitura de um livro possa me "curar", mas ele pode me trazer algum vislumbre, um insight que eu possa aproveitar. Nunca acreditei que alguém curasse alguém, que a dor de alguém se comparasse com a nossa ou vice-versa. Nem por isso deixamos de ler, de ir ao médico, ao psicólogo ou ao psiquiatra. Eu mesma já dispensei muitos profissionais como se fechasse um livro que não me interessasse mais. No entanto, continuo lendo, continuo buscando e rezo, peço ao universo que todos os seres possam se ver livres do sofrimento e de suas causas. Mas também que todos estejam a salvo de gerar pensamentos negativos, o obstáculo mais destrutivo. Que esses pensamentos nunca surjam em nossa mente e que todos os seres estejam livres de pensamentos negativos. Seguimos em frente, eu já numa idade meio assustadora, algumas funções corporais não funcionando tão bem quanto antes, certas fraquezas tomando-me de assalto, prossigo e sei que um instante virá em que tudo terá o seu fim determinante, seja ele como for. Espero ter forças e as desejo a todos! 
Losar Tashi Delek!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Abraçando a Raiva - Thich Nhat Hahn


Plena consciência é a capacidade de saber o que está acontecendo em cada momento, e plena consciência da raiva é ser capaz de reconhecer quando a raiva se manifestou. Se deixarmos nossa raiva sozinha, causará estrago para nosso corpo, para nossa mente e talvez para o nosso entorno. Podemos praticar a plena consciência da raiva dizendo para nós mesmos: “Inspirando, sei que a raiva está em mim. Expirando, eu sorrio para minha raiva, eu abraço minha raiva.”

A plena consciência reconhece que a raiva é raiva. Reconhecer e abraçar a raiva é uma arte, é a prática. Usualmente, lutamos contra a raiva que surge em nós. Mas na prática budista, não lutamos contra nossa raiva, nós a abraçamos ternamente.

Imagine uma mãe que está trabalhando na cozinha e ouve seu bebê chorar. Ela o ama, portanto solta o que quer que esteja na sua mão e vai ao quarto dele. Antes mesmo de saber o que está errado, ela pega o bebê e o segura ternamente em seus braços. Apenas segurá-lo carinhosamente pode ser suficiente para trazer alivio à criança e diminuir seu choro. Se a mãe continuar a segurá-lo com plena consciência, ela descobrirá o que está errado. Ele pode estar com fome, pode estar com febre, ou sua fralda pode estar apertada demais. Através da prática da plena consciência podemos abraçar nossa raiva e pacientemente descobrir porque ela surgiu.

Se a mãe descobre que seu filho está com fome, ela lhe dá leite; se a fralda está muito apertada, ela afrouxa. Portanto ao abraçar nossa raiva com carinho, podemos aliviá-la através da respiração consciente e da caminhada consciente.

Quando a energia da raiva começa a emergir, precisamos da prática da plena consciência. Podemos pensar que para liberar nossa raiva temos que fazer algo imediatamente para confrontar a pessoa que pensamos que está nos fazendo sofrer. Ao invés disso, podemos respirar e dizer: “Inspirando, sei que a raiva se manifestou em mim. Expirando, tomarei muito cuidado com a energia da raiva em mim.”

Podemos pensar que dizer ou fazer algo muito forte para punir a outra pessoa é o caminho para encontrar alívio. Mas isto apenas irá escalar o sofrimento. A outra pessoa sofrerá mais, e ela irá buscar alívio nos punindo de volta.

Se alguém nos faz sofrer, é porque esta pessoa também está sofrendo. Alguém que não sabe lidar com seu sofrimento permitirá que ele vaze, e nos tornaremos vítimas do seu sofrimento. Sabemos que alguém que sofre tanto assim precisa de ajuda e não punição. Quando começamos a ver isso, a compaixão nasce, e não sofremos mais. Compaixão é o antídoto para a raiva. Uma vez que estamos motivados pelo desejo de ajudar a outra pessoa a sofrer menos, estamos livres de nossa raiva.

Às vezes é importante comunicar nosso sofrimento para a outra pessoa. Podemos fazer isso usando a prática do “Começar de Novo”. Sentamos juntos em um momento onde possamos estar plenamente presentes. Há três estágios: no primeiro nós “regamos as flores” da outra pessoa, sinceramente expressando nossa apreciação pelas suas boas qualidades. No segundo expressamos lamento por qualquer coisa que vemos que possamos ter feito para contribuir para o conflito. No terceiro, expressamos nosso sofrimento sem culpa ou julgamento.

Quando expressamos nosso ferimento, há três frases importantes que os ensinamentos budistas sugerem. Estas frases são o antídoto para o sofrimento. A primeira é, “Querido, eu estou com raiva. Eu estou sofrendo e quero que você saiba.” A segunda é “Querido, eu estou fazendo o melhor que posso”. A terceira é “Por favor, ajude-me”.

Quando dizemos a primeira frase - “Querido, eu estou com raiva. Eu estou sofrendo e quero que você saiba disso.” - estamos sendo abertos e dividindo o que está acontecendo conosco. É importante que não neguemos nossa própria raiva e sofrimento. Às vezes sofremos por causa da outra pessoa, e quando ela vem e pergunta, “Querido, você está bem, está com raiva de mim?” dizemos “Eu estou bem, porque estaria com raiva?”. Ou quando a outra pessoa põe a mão no nosso ombro, tentamos evitar seu toque e dizemos, ”Deixe-me só, não me toque!”. Estas são formas de punir alguém, queremos dizer a esta pessoa que podemos sobreviver muito bem sozinhos.

Portanto, ao invés disso, é muito importante ser direto. Podemos também querer adicionar, “Eu não sei por que você disse tal coisa para mim, por que fez tal coisa para mim. Por favor, explique.” A coisa importante é dizer para a outra pessoa que estamos com raiva e que estamos sofrendo. Se pudermos escrever esta sentença, já sofreremos menos. É um milagre.

A segunda frase é ainda menor, “Eu estou fazendo o melhor que posso”. Isto significa que estamos praticando a respiração consciente e a caminhada consciente e tomando conta de nossa raiva. Portanto a segunda sentença é um convite indireto para a outra pessoa fazer o mesmo, voltar para reexaminar a situação, e ver o que ela possa ter feito que tenha contribuído para o conflito.

Às vezes não queremos fazer o outro sofrer. Apenas somos inábeis. Temos que aprender a falar em termos de mais ou menos hábeis ao invés de termos como bom ou mau, certo ou errado. Na tradição budista falamos de estados inábeis da mente, como a raiva ou medo.

A última sentença é “Por favor, ajude-me”. Quando somos capazes de escrever a terceira frase, nosso sofrimento se dissipa. Mesmo se a outra pessoa ainda não leu a mensagem, já nos sentimos muito melhor. Reconhecemos nossa interdependência, não somos capturados pelo orgulho. No verdadeiro amor não há lugar para orgulho. Sabemos que precisamos da outra pessoa para nos ajudar a sair da nossa situação.

Tenho muitos amigos que pegam um pedaço de papel do tamanho de um cartão de crédito, escrevem essas três frases e guardam na carteira. Cada vez que a raiva vem, eles pegam o “cartão”, lêem enquanto inspiram e expiram, e então eles sabem exatamente o que fazer.

Quando o nosso amado nos fere, ficamos com raiva e sofremos. Estamos na margem do sofrimento. Como somos bodisatvas, queremos atravessar para a margem da paz. Não dizemos, “Outra margem, por favor, venha de forma que eu possa pisar em você.” Não, temos que atravessar! E entendimento, prajñaparamita, é uma das maneiras de atravessar. Quando entendemos a outra pessoa, vemos seu sofrimento e também que ela não sabe lidar com este sofrimento. Ela sofre, portanto faz a si mesmo e aos que estão a sua volta sofrerem. Quando somos capazes de olhar com olhos de entendimento como estes, de repente estamos na outra margem. Este entendimento traz a outra margem imediatamente.

O Buda disse que há muitas maneiras de lidar com sua raiva, e uma maneira é praticar a paramita chamada dana, que significa doação. Você dá um presente para a pessoa que você está sentindo raiva. Usualmente quando estamos com raiva de alguém, queremos puni-la. Mas o Buda nos aconselha a fazer o oposto. Faça algo que a faça feliz. Ofereça algo para ela, e de repente sua raiva desaparecerá e você se encontrará na outra margem. Você pode querer tentar isto. Você sabe do que seu amado gosta, portanto compre um lindo presente e esconda em algum lugar. E um dia quando ficar com raiva dele, lembre-se do conselho do Buda e ofereça o presente para ele. Então ambos estarão na outra margem imediatamente.

A outra pessoa precisa de amor, e se pudermos prover isso para ela, através do entendimento, nossa raiva se dissolverá. O tempo que leva para atravessar para a outra margem pode ser muito curto. É um milagre! Como um bodisatva, queremos apenas dar. E estamos dispostos a dar qualquer coisa que pudermos.

As coisas mais valiosas para dar são entendimento e compaixão. Todos no mundo anseiam por entendimento, compaixão e amor. Como um bodisatva, como um praticante, podemos produzir entendimento e compaixão. Quando olharmos profundamente para a situação, não culparemos mais, sentiremos compaixão.

(Do livro “Together we are one”– Thich Nhat Hanh)
(Traduzido por Leonardo Dobbin)
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quinta-feira, 3 de março de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quando o mestre morre.

O problema da devoção é idêntico. Caso não seja solidamente estabelecida, a devoção corre o risco de ser efémera. Certos budistas, tibetanos ou outros, têm uma grande devoção por um mestre espiritual. Mas assim que esse mestre morre perdem-na de um momento para o outro. Como consideram que acabou tudo, os seus centros budistas locais fecham. No entanto, em termos absolutos, não faz qualquer diferença o mestre estar ou não presente em carne e osso. O mestre representa a natureza última do espírito e a sua compaixão não é limitada pela distância. Aquele que reconhece esta dimensão do mestre corre poucos riscos de se apegar à sua forma humana. Mesmo que o mestre tenha deixado o seu invólucro corporal, ele sabe que a partir da esfera do Corpo Absoluto as suas bênçãos e a sua actividade estão sempre presentes. Quer o mestre esteja ou não entre nós não muda nada. É sempre possível meditar sobre ele *.

* - No Budismo Vajrayana, o mestre autêntico, a quem o discípulo se liga intimamente, tem por única finalidade revelar a este último a sua verdadeira natureza. Num primeiro tempo, a fé no mestre permite ao discípulo abrir-se a uma realidade mais profunda e ao mestre fazer com que o espírito do discípulo amadureça. No final do caminho, mestre e discípulo são um só: aquele que decobriu a verdadeira natureza do seu espírito, inseparável do «Corpo Absoluto» de Buda, o conhecimento e a compaixão desde sempre presente. Por esta razão, quem se apegar à forma exterior do seu mestre é incapaz de compreender esta realidade e tudo o que retira da sua ligação com o mestre não é mais do que retiraria da relação com um ser comum.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Vislumbre do dia - Glimpse of the day - Sogyal Rinpoche

"De todas as práticas que eu sei, a prática de Tonglen, em tibetano, "dar e receber", é uma das mais úteis e poderosas. Quando você se sentir bloqueado em si mesmo, Tonglen abre-lhe a verdade do sofrimento dos outros; quando seu coração está bloqueado, ele destrói as forças que estão obstruindo-o e, quando você se sente distante da pessoa à sua frente que está com dor, está amarga ou desesperada, ele ajuda você a encontrar dentro de si e, em seguida, revelar o brilho de sua verdadeira natureza amorosa e expansiva. Nenhuma outra prática que conheço é tão eficaz em destruir o auto-apego, a auto-indulgência, a auto-absorção do ego, que são as raizes de todo o nosso sofrimento e toda dureza do coração. Simplificando, a prática de Tonglen de dar e receber é assumir o sofrimento e a dor dos outros e dar a eles a sua felicidade, bem-estar e paz de espírito."

"Of all the practices I know, the practice of Tonglen, Tibetan for “giving and receiving,” is one of the most useful and powerful. When you feel yourself locked in upon yourself, Tonglen opens you to the truth of the suffering of others; when your heart is blocked, it destroys those forces that are obstructing it; and when you feel estranged from the person who is in pain before you, or bitter or despairing, it helps you to find within yourself and then to reveal the loving, expansive radiance of your own true nature. No other practice I know is as effective in destroying the self-grasping, self-cherishing, self-absorption of the ego, which is the root of all our suffering and all hard-heartedness. Put very simply, the Tonglen practice of giving and receiving is to take on the suffering and pain of others and give to them your happiness, well-being, and peace of mind."

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um sonho dentro do sonho.

Belo Horizonte, 21 horas, Galo 4, Zêro 3. Prá mim não faz nenhuma diferença porque quem me conhece sabe que não estou nem aí prá futebol, nem na Copa. Não perco, nem ganho nada com isso. Enquanto atleticanos soltam foguetes, vejo um filme: "Unstopable" com Denzel Washington. Muita adrenalina e eu, ficando aflita, me lembrei que estou dentro de um sonho dentro de um sonho e que só preciso apertar um botão prá parar tudo. Pausa. Subi para o terraço, sentei na minha cadeira favorita pra ver o céu e o tempo mudando, a lua a mais de um quarto embaçando-se nas nuvens. Venta e parece que vai chover enfim! Tá calor demais! Meu filho músico* no quarto com uma bluezeira alta me fez cantar e dançar. http://www.youtube.com/watch?v=NU0MF8pwktg música que ofereço ao meu baixista Leonardo "Mussum", amigo que "roubei" do Guto. É assim que chamo meu filho.

É incrível como se pode viajar de uma coisa prá outra, de um sonho pro outro, de uma situação prá outra. Até Dzongzar Khyentse Rinpoche disse que é bom escutar de tudo, até Marylin Manson, mas não chego a tanto! Um dia ainda escuto de acordo com o conselho dele. Desço e ouço no YouTube o mesmo blues Pride and Joy do Stevie Ray Vaughan e volto pro filme adrenalínico do Denzel Washington com a certeza de que tudo é um reflexo na água, uma bolha, uma alucinação, uma ilusão, uma miragem, um sonho, uma imagem no espelho, um eco. EMAHO!
*

sábado, 5 de fevereiro de 2011

TER e SER / HAVING and BEING

"O filósofo Erich Fromm previu uma sociedade baseada na obsessão por bens. Ele acreditava que os seres humanos tinham duas orientações: TER e SER. Uma pessoa com uma orientação para TER busca adquirir e possuir coisas, propriedade, até pessoas. Mas, uma pessoa com uma orientação de SER, foca-se na experiência da qual derivam significados de doar, comprometer e dividir com outras pessoas. Infelizmente, Fromm previu uma cultura guiada pelo materialismo e comércio como a que vivemos hoje. Ela é condenada à orientação de TER, o que leva à insatisfação e ao vazio. Quando levamos em consideração que nos anos 60 não existia essa coisa de 'self storage' nos Estados Unidos e hoje há mais de 600 milhões de metros quadrados dedicados a isso, nos faz pensar que Fromm tinha razão."

"The philosopher Erich Fromm forecasted a society based on the obsession with possessions. He believed that humans had two guidelines: HAVING and BEING. A person with a guide to HAVING seeks to acquire and possess things, property, even people. But a person with an orientation BEING focuses on the experience from which they derive meaning to donate, engage and share with others. Unfortunately, Fromm provided a culture driven by materialism and commerce as we live in today. It is ordered to the orientation of HAVING, which leads to disatisfaction and emptiness. When we consider that in 60's there was no such thing as "self storage" in the United States and today there are over 600 million square meters dedicated to it, makes us think that Fromm was right."

CSI (Crime Scene Investigation) Las Vegas - 11ª Temporada, 5 episódioº.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Postura, corpo e mente.

"Se você está sentado e sua mente não está em total sintonia com o seu corpo, se você estiver, por exemplo, ansioso ou preocupado com alguma coisa, seu corpo vai experimentar um desconforto físico, e as dificuldades vão surgir com mais facilidade. Considerando que, se sua mente está em um estado de calma e inspiração, isto irá influenciar toda a sua postura e você pode sentar-se muito mais naturalmente e sem esforço. Por isso, é muito importante unir a postura de seu corpo com a confiança que decorre da sua percepção da natureza da sua mente."

"If you are sitting, and your mind is not wholly in tune with your body—if you are, for instance, anxious or preoccupied with something—your body will experience physical discomfort, and difficulties will arise more easily. Whereas if your mind is in a calm, inspired state, it will influence your whole posture, and you can sit much more naturally and effortlessly. So it is very important to unite the posture of your body and the confidence that arises from your realization of the nature of your mind."

Rigpa - Glimpse of The Day- Sogyal Rinpoche.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Dalai Lama Quote of the Week

Reflita sobre o padrão básico de nossa existência. A fim de fazer mais do que apenas sobreviver, precisamos de abrigo, comida, companheiros, amigos, a estima dos outros, recursos e assim por diante, essas coisas não surgem de nós mesmos, mas são todas dependentes dos outros. Suponha que uma única pessoa estava vivendo sozinha em um lugar remoto e desabitado. Não importa o quão forte, saudável, educada ou esta pessoa fosse, não haveria possibilidade de ela levar uma existência feliz e gratificante .... Tal pessoa pode ter amigos? Ser conhecida? Essa pessoa pode se tornar um herói, se ele ou ela deseja se tornar um? Acho que a resposta a todas estas perguntas é um não definitivo, porque todos esses fatores acontecem apenas em relação a outros seres humanos.

Quando você é jovem, saudável e forte, às vezes você pode obter a sensação de que é totalmente independente e não precisa de ninguém. Mas isso é uma ilusão. Mesmo naquela idade principal de sua vida, simplesmente porque você é um ser humano, você precisa de amigos, não é? Isto é especialmente verdade quando nos tornamos velhos e precisamos confiar mais e mais na ajuda dos outros: esta é a natureza de nossas vidas como seres humanos.

Pelo menos em um sentido, podemos dizer que as outras pessoas são realmente a principal fonte de todas as nossas experiências de alegria, felicidade e prosperidade, e não apenas em termos de nossas relações do dia-a-dia com as pessoas. Podemos ver que todas as experiências desejáveis que apreciamos ou aspiramos alcançar são dependentes da cooperação e interação com os outros. É um fato óbvio.

Da mesma forma, do ponto de vista de um praticante budista, muitos dos altos níveis de realização que você ganha e o progresso que você faz no seu caminho espiritual são dependentes da cooperação e da interação com os outros. Além disso, na fase da iluminação completa, as atividades de um buda de compaixão podem surgir espontaneamente, apenas em relação a outros seres, pois esses seres são os destinatários e beneficiários dessas atividades iluminadas.

o0o

Reflect on the basic pattern of our existence. In order to do more than just barely survive, we need shelter, food, companions, friends, the esteem of others, resources, and so on; these things do not come about from ourselves alone but are all dependent on others. Suppose one single person were to live alone in a remote and uninhabited place. No matter how strong, healthy, or educated this person were, there would be no possibility of his or her leading a happy and fulfilling existence.... Can such a person have friends? Acquire renown? Can this person become a hero if he or she wishes to become one? I think the answer to all these questions is a definite no, for all these factors come about only in relation to other fellow humans.

When you are young, healthy, and strong, you sometimes can get the feeling that you are totally independent and do not need anyone else. But this is an illusion. Even at that prime age of your life, simply because your are a human being, you need friends, don't you? This is especially true when we become old and need to rely more and more on the help of others: this is the nature of our lives as human beings.

In at least one sense, we can say that other people are really the principal source of all our experiences of joy, happiness, and prosperity, and not only in terms of our day-to-day dealings with people. We can see that all the desirable experiences that we cherish or aspire to attain are dependent upon cooperation and interaction with others. It is an obvious fact.

Similarly, from the point of view of a Buddhist practitioner, many of the high levels of realization that you gain and the progress that you make on your spiritual journey are dependent upon cooperation and interaction with others. Furthermore, at the stage of complete enlightenment, the compassionate activities of a buddha can come about spontaneously only in relation to other beings, for those beings are the recipients and beneficiaries of those enlightened activities.
(p.5)  from The Compassionate Life by Tenzin Gyatso, the 14th Dalai Lama