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domingo, 8 de março de 2009

A Coragem de Continuar


Como diz o Sutra da Maitri: “Com uma mente ilimitada podemos amar todos os seres viventes, irradiando amizade por todo o mundo, acima, abaixo e à volta, sem limitação.” Na prática da equanimidade, treinamos para alargar nosso círculo de compreensão e compaixão, para incluir o bom e o mau, o bonito e o feio. No entanto, a equanimidade sem limitação, totalmente livre de qualquer preconceito, não é a mesma coisa que uma harmonia definitiva onde tudo, finalmente, está bem. É mais o caso de estarmos totalmente engajados com o que quer que venha bater à nossa porta. Poderíamos chamá-la de estar completamente vivos.O treinamento da equanimidade requer que deixemos para trás alguma bagagem: o conforto de rejeitar grandes pedaços de nossa experiência, por exemplo, e a segurança de dar boas-vindas somente àquilo que nos é agradável. A coragem de continuar com esse processo de desdobramento vem da autocompaixão e de nos darmos tempo bastante. Se continuarmos a praticar dessa maneira, por meses e anos, sentiremos que nossos coração e mente se tornam maiores. Quando as pessoas me perguntam quanto tempo leva isso, eu digo: “Pelo menos até você morrer.”


Sempre que alguém perguntava a um certo mestre zen como ele estava, invariavelmente respondia: “Eu estou bem”. Finalmente, um de seus alunos disse: “Roshi, como você pode estar sempre bem? Você não tem dias ruins?” O mestre respondeu: “Claro que tenho. Nos dias ruins, eu estou bem. Nos dias bons, eu também estou bem.” Isso é equanimidade.


Ani Pema Chödrön, Os lugares que nos assustam, Editora Sextante, Rio de Janeiro, 2003

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