"De acordo com a tradição budista, o caminho espiritual é o processo de atravessar e superar a
nossa confusão, de descobrir o estado desperto da mente. Quando este estado se
encontra entulhado pelo ego e pela paranóia que o acompanha, assume o caráter
de um instinto subliminar. Dessa forma, não se trata de construir o estado
desperto da mente, mas sim de queimar as confusões que o obstruem. No processo
de consumir as confusões, descobrimos a iluminação. Se o processo fosse
outro, o estado desperto da mente seria um produto dependente de causa e efeito
e, assim, passível de.dissolução. Tudo o que é criado, mais cedo ou mais
tarde, tem de morrer. Se a iluminação fosse criada dessa maneira, haveria
sempre a possibilidade de o ego reafirmar-se, provocando um retomo ao estado de
confusão. A iluminação é permanente porque não a produzimos; apenas a
descobrimos. Na tradição budista, a analogia do Sol que surge por trás das
nuvens é freqüentemente empregada para explicar o descobrimento da iluminação.
Na prática da meditação, removemos a confusão do ego a fim de vislumbrar o
estado desperto. A ausência da ignorância, da sensação de opressão, da
paranóia, descerra uma visão fantástica da vida. Descobrimos um modo
diferente de ser."
(Do livro Além do materialismo espiritual de Chögyam Trungpa
Rinpoche).
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