Como não tenho carro, faço todos os meus trajetos a pé. Isto, para algumas pessoas, pode parecer aborrecido e cansativo. Às vezes, é. Já tive carro e sei que se faz muito mais coisas de carro. E mais rápido.
Porém, a pé, a qualidade supera a quantidade. O caminhar nos leva a certas reflexões muito enriquecedoras. Andar de carro exige reflexos rápidos e atenção voltada ao tráfego. Pouco há de enriquecedor.
Hoje, por exemplo, indo para o gönpa, pensei na motivação que leva as pessoas a escrever, a se tornar escritores mesmo, de profissão. Veio-me à mente Carlos Drummond de Andrade. Vi a carinha dele no ar. Constatei: é a pressa.
As pessoas não têm mais tempo nem paciência de ficar ouvindo, escutando de maneira atenta a cada palavra que o outro diz. E os outros têm tanto a nos dizer. Se Drummond não tivesse escrito o que pensava, se ficasse só falando, seus pensamentos seriam só seus e suas palavras ficariam soltas ao vento. Ninguém prestaria atenção. No entanto, resolveu escrever. E quem é que nunca leu Drummond, ouviu, escutou de maneira atenta?
São como os livros do Budismo em que um simples parágrafo nos põe a contemplar por horas a fio, às vezes por dias. De vez em quando nos flagramos em determinadas situações que nos remetem ao que lemos em algum lugar e sorrimos por dentro.
Estão vendo? Quem teria paciência de ouvir tudo isto que eu escrevi? E eu pensei tudo isto em alguns poucos minutos de caminhada. A pé.
Ana Carmen Castelo Branco.
Quinta-feira, 3 de Abril de 2003.
Porém, a pé, a qualidade supera a quantidade. O caminhar nos leva a certas reflexões muito enriquecedoras. Andar de carro exige reflexos rápidos e atenção voltada ao tráfego. Pouco há de enriquecedor.
Hoje, por exemplo, indo para o gönpa, pensei na motivação que leva as pessoas a escrever, a se tornar escritores mesmo, de profissão. Veio-me à mente Carlos Drummond de Andrade. Vi a carinha dele no ar. Constatei: é a pressa.
As pessoas não têm mais tempo nem paciência de ficar ouvindo, escutando de maneira atenta a cada palavra que o outro diz. E os outros têm tanto a nos dizer. Se Drummond não tivesse escrito o que pensava, se ficasse só falando, seus pensamentos seriam só seus e suas palavras ficariam soltas ao vento. Ninguém prestaria atenção. No entanto, resolveu escrever. E quem é que nunca leu Drummond, ouviu, escutou de maneira atenta?
São como os livros do Budismo em que um simples parágrafo nos põe a contemplar por horas a fio, às vezes por dias. De vez em quando nos flagramos em determinadas situações que nos remetem ao que lemos em algum lugar e sorrimos por dentro.
Estão vendo? Quem teria paciência de ouvir tudo isto que eu escrevi? E eu pensei tudo isto em alguns poucos minutos de caminhada. A pé.
Ana Carmen Castelo Branco.
Quinta-feira, 3 de Abril de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário