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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

E adoro postar imagens!

Gosto de tudo limpinho e arrumado.


Gosto de dormir em paz.


(foto de Henry Cartier Bresson)

Eu medito.


Faço crochet


Adoro chocolate. O amargo.




Eu costuro




O dia em que conheci Chagdud Rinpoche


Tashi delek!
Eu sabia do Rinpoche. Mas considerava o fato de ir até à rua Mato Grosso à noite, uma coisa difícil, fora de mão, perigosa até. Mesmo indo de carro. Lia nos jornais, namorava a notícia, guardava o recorte, mas não ia.
Ainda exercia a profissão na qual me formei. Decoradora. Um dia, buscava no catálogo o endereço de um estofador na avenida Nossa Senhora do Carmo quando me deparei com outro endereço: Centro de Budismo Tibetano Chagdud Dawa Drolma! Hã?!
Empolguei-me! Afinal de contas, tão perto de casa, dava prá ir a pé! Rapidamente resolvi o estofador e liguei de imediato para o Centro. Mas o telefone só caía na secretária eletrônica, pedindo para deixar a mensagem. E eu não tinha uma mensagem assim pronta para dar. Desliguei, pensei, e liguei de novo. Deixei uma mensagem falando que gostaria de conhecer o Centro.
Passou muito tempo. Liguei de novo e a mesma secretária eletrônica. Cheguei a me irritar pensando que, ah, não tem ninguém lá, deve ser engano, não funciona nada lá. Deixei de lado.
Um dia, minha prima me liga convidando para conhecer seu novo espaço de Liam Gong. No mesmo dia, me liga Alice – você mesmo, Tartaglia! – falando que o Rinpoche estava na cidade e que, se eu quisesse, era só comparecer.
Troquei de programa imediatamente e hoje dou graças a Deus porque o espaço da minha prima, assim como tudo que ela faz, foi pro espaço mesmo! E fui ao budismo.
Cheguei constrangida, embaraçada, sem graça. Afinal, não conhecia ninguém e nem sabia o que me esperava, como me comportar.
Entrei no salão e vi um homem enorme, um gigante imenso sentado num trono, girando um sino e um vajra, murmurando mantras, chocalhando um tambor. Como que hipnotizada, sentei-me numa almofada e fiquei admirada, olhando para ele. A moça que o traduzia falava de coisas como disco de sol, disco de lua, luzes se irradiando e eu não entendia nada! Ela se chamava Andréa Socorro de Lima e hoje é a nossa querida Lama Sherab.
Finalmente, ela falou que iríamos tomar iniciações. Como assim? Falou sobre compromisso. Naquele dia, tomei três iniciações – Tara Vermelha, Ngöndro e P’howa – sem ao menos saber da importância de tudo aquilo. Só sei que saí de lá com a sensação profunda de que tinha feito um juramento, um compromisso, um samaya!
E nunca mais deixei de lado o budismo tibetano de Sua Eminência Chagdud Tulku Rinpoche com seus métodos e caminhos.
Daqui a um mês, se tudo correr bem, estarei no Khadro Ling, lugar mais que sagrado, local em que ele escolheu para viver e para morrer. Morrer... isso não existe! Ele está aqui, comigo, neste exato momento!
Emaho!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Prece ao Lama


Insuperável Lama! Você que é tão precioso quanto minha própria respiração, por favor, reze para que eu ganhe ímpeto para praticar e corrigir minha conduta!

Que os mecanismos de minha mente sejam esclarecidos a fim de que tenha acesso a um tesouro de realizações espirituais!

Que eu possa me abster de julgamentos arrogantes e imaturos e renunciar aos afazeres limitantes desta vida e à totalidade das existências cíclicas!

Que eu possa adquirir uma visão pessoal profunda dos quatro pensamentos e que eles possam se integrar completamente ás minhas atividades cotidianas informando todos os aspectos de minhas vidas!

Que todos os seres possam atingir as mesmas realizações!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Às vítimas da enchente em Santa Catarina


"Como desenvolver Boddhicitta.

A questão então é: 'Como cultivamos e desenvolvemos boddhicitta, a mente da iluminação?' A chave e a raiz são uma grande compaixão. Compaixão aqui,
refere-se a um estado mental que torna totalmente intolerável para nós ver o sofrimento dos outros seres sencientes. O caminho para desenvolvê-la é através do entendimento de como nos sentimos a respeito de nosso próprio sofrimento. Quando ficamos conscientes de nosso sofrimento, temos um desejo espontâneo de nos libertar dele. Se formos capazes de estender esse sentimento para todos os outros seres, por meio da realização do desejo instintivo comum que todos temos de evitar e superar o sofrimento, o estado mental é chamado de 'grande compaixão'.
Todos temos o potencial para desenvolver esse tipo de compaixão porque, sempre que vemos pessoas sofrendo, em especial aqueles que nos são próximos, na mesma hora sentimos empatia em relação a eles e testemunhamos uma reação espontânea dentro de nossa mente. Assim, tudo o que temos a fazer é trazer esse potencial à tona e, a seguir, desenvolvê-lo para que se torne tão imparcial que possa incluir todos os seres sencientes, sejam amigos ou inimigos.
Para cultivar a grande compaixão dentro de nós, antes de mais nada temos que desenvolver o que é chamado bondade amorosa, um sentimento de conexão ou proximidade com todas as criaturas vivas. Essa proximidade e intimidade não deve ser confundida com aquele tipo de sentimento que, em geral, temos em relação a quem amamos, que é maculado pelo apego. Esse apego, em função do qual pensamos: 'Esses são meus amigos... esses são meus parentes...', é baseado no ego e no egoísmo. Quando desenvolvemos a bondade amorosa, não somos instigados por esse raciocínio egoísta. Pelo contrário, buscamos desenvolver um sentimento de proximidade sobre o fato de que o sofrimento é inerente à própria natureza desses seres, sobre o desamparo de sua situação e sobre o desejo instintivo que todos têm de superar o sofrimento. Quanto maior for a força de nossa bondade amorosa em relação aos outros seres, maior a força de nossa compaixão. E, quanto maior a força de nossa compaixão, mais fácil será para que desenvolvamos um senso de responsabilidade para tomarmos para nós a tarefa de trabalhar pelos outros. Quanto maior o senso de responsabilidade, mais bem-sucedidos seremos em gerar boddhicitta, a genuína aspiração altruística de atingir o estado de buda para o benefício de todos.
Em segundo lugar, um fator importante no cultivo da compaixão é desenvolver um insight profundo de dukkha ou de como, nesse ciclo da existência como um todo, a própria natureza da vida é insatisfatória. Isso, de fato, está na primeira nobre verdade - a verdade do sofrimento. Se o nosso insight dessa verdade não for profundo o bastante, em vez de gerar compaixão pelos seres sencientes, poderemos sentir inveja daqueles que, por padrões mundanos, sejam considerados bem-sucedidos, ricos ou poderosos. Se tivermos emoções desse tipo, será um indicativo de que nossa percepção do sofrimento é rasa demais para nos permitir avaliar realmente a difusão do sofrimento nas vidas das pessoas presas ao círculo vicioso do samsara. Entretanto, se nosso entendimento do sofrimento for profundo o bastante, então desenvolveremos um senso espontâneo de quão intolerável é a vida nesse círculo da existência como um todo. Ter esse sentimento de 'intolerabilidade' é o que nos permitirá avaliar o sofrimento dos outros de modo mais espontâneo. Do contrário, nosso cultivo da compaixão será, de certa forma, hipócrita. Por mais que possamos pretextar ter compaixão pelos seres sencientes, bem no fundo, poderemos permanecer com inveja e ciúme das pessoas que são vistas como bem-sucedidas aos olhos do mundo.
Em resumo, a compaixão genuína é cultivada quando temos dois fatores dentro de nossa mente. O primeiro é um insight profundo de como o sofrimento é a natureza da vida no ciclo da existência em geral, junto com a sensação de sua intolerabilidade. O segundo é realizar a igualdade de nós mesmos com os outros: todos temos a tendência natural de buscar a felicidade e tentar evitar o sofrimento, bem como temos o direito natural de buscar a felicidade e tentar evitar o sofrimento. É essa realização que nos levará a trocarmos nós mesmos pelos outros, pois, embora todos compartilhemos dessa inclinação natural e direito comuns, a diferença está nos números. Quando estamos falando de nosso próprio bem-estar, não interessa o quanto possamos ser importantes, permanece a questão de ser um único indivíduo, enquanto os outros são infinitos em números. a partir desse ponto de vista, eles são bem mais importantes do que nós apenas.
Esses dois fatores da mente - um insight profundo do sofrimento, ligado à realização de que os outros são mais importantes do que nós mesmos - vão dar origem a um senso de responsabilidade para trabalharmos pelo benefício dos outros. Isso nos levará a gerar compaixão genuína dentro de nós mesmos."
Sua Santidade, o 14º Dalai Lama - Dzogchen - páginas 145 a 147.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Impermanência - Vida e Morte


sábado, 29 de novembro de 2008

Lama Padma Samten - "Exemplo Zen é sempre com arroz."



Introdução ao Budismo

Existem muitas formas de introduzir o pensamento budista. Farei uma abordagem geral, voltada aos aspectos mais internos do que significam os ensinamentos do Buda.
Apresentando o budismo como um remédio para duka
O budismo pode ser apresentado como um remédio. Olhemos esse aspecto em primeiro lugar. O próprio Buda ofereceu os ensinamentos dessa forma. Quando o Buda era um príncipe, percebeu que todos os seres estavam submetidos a uma doença geral. Essa doença tem um nome específico, mas não existe correspondente para essa palavra no Ocidente. Lá no Oriente chamam essa doença de duka. Embora todos tenhamos essa doença, talvez não percebamos sua existência. Essa doença é algo como alegria e sofrimento inseparáveis. Na visão budista existe uma única palavra para esses dois conceitos, eles não podem ser separados. Em nossas línguas acontece o contrário, estes conceitos estão separados e não podem ser unificados em um único termo.
Duka pode ser explicado de forma simples a partir do fato de que, quando temos alegrias, elas são sempre, simultaneamente, sementes de sofrimento. Dizemos que esta é uma experiência cíclica — é como uma roda girando entre as polaridades de estar bem e estar mal. Gostaríamos de encontrar o freio quando estamos na região de felicidade, e gostaríamos de acelerar quando estamos tristes. Às vezes achamos que encontramos um controle de velocidade desse tipo, mas logo surgem problemas nessa tentativa de controle.
O primeiro exemplo que me surge é o de uma mãe que deseja ter um filho. Quando o bebê nasce, primeiro ela pensa: "Que maravilha!" Depois ela percebe que tudo que acontece ao filho a perturba intensamente. Na exata medida da intensidade daquela alegria, surge o sofrimento. E assim é com todas as relações humanas.
Outro exemplo: uma pessoa está em algum lugar — não sei bem onde poderia ser — e vê um ser maravilhoso, fantástico, inacreditável. Esta pessoa pede aos deuses: "Por favor, deixe-me chegar perto daquele ser tão maravilhoso." Se por acaso os deuses estão de bom humor, podem até conceder alguma interação… E logo a pessoa descobre-se vigiando aquele ser, absolutamente insegura em relação à sua tênue conexão com ele. E o mais curioso: a intensidade da vigilância, a intensidade do sofrimento causado por esta vigilância e a intensidade da insegurança quanto aos rumos da relação correspondem exatamente à intensidade da beleza daquele ser. Ou seja, quanto maior a beleza, maior a vigilância, o sofrimento e a insegurança.
Chamamos isto de duka. Não há como evitar este tipo de inquietação. Para todas as características favoráveis que percebemos no mundo, existem problemas correspondentes, exatamente no mesmo grau.
Há problemas de outros tipos. Há os ligados à impermanência. Lembro de um casal que sofreu uma tragédia verdadeira. Seu carro foi levado por uma enchente, e a filhinha disse: "Papai, não me deixe morrer." Mas os filhos ficaram dentro do carro, e os pais, ainda que tenham sobrevivido, não puderam resgatá-los. Todas as vezes que esses pais lembrarem disso, vão sofrer.
Outra situação mais amena: olhamos para uma bandeja de doces maravilhosos [alguém havia enviado uma bandeja de doces ao lama naquele dia] e pensamos: "Que maravilha!" Podemos até ficar contemplando a bandeja e examinando cuidadosamente nossos apegos, examinando como surgem os ventos internos e as reações condicionadas. Tiramos a tampa da bandeja, e surgem energias nítidas dentro do nosso corpo… tapamos, e as energias se vão. Este é um exercício interessante.
Cada pequeno objeto, cada pequena pedrinha na paisagem tem uma correspondência interna em nós na forma de energias que percorrem nosso corpo e nervos. A isto chamamos ventos internos. Nosso apego não é às coisas, mas aos ventos internos que elas provocam. Os ventos internos são a experiência íntima dos objetos e também dos seres. Esta dependência e apego são a base de duka.
Os problemas ecológicos são outros exemplos de duka. Nunca desejamos destruir a natureza. Queremos apenas meios de transporte, adubos, plásticos, papel, refrigeradores... Mas isso gera problemas. Cada uma das ações humanas tem um objetivo, mas cada uma delas tem um resultado também. Isso é resumido pela palavra duka.
No sentido geral, cada um dos seres sente duka em seu próprio corpo. Cada um nasce, envelhece, adoece e morre. No sentido budista, quando a morte vem, não é o fim. Dentro do círculo representado pela palavra duka, há uma semente de intenção que perdura, o que morre é um personagem. É como um filme que acaba no cinema; outras imagens vão surgir na tela após a projeção daquele filme. Se há um cinema, outro filme sempre entra em cartaz.
Temos um processo infindável de vida, nascimento, decrepitude, morte, vida. Não precisamos acreditar no renascimento. Pode-se ficar em uma morte apenas, mas ainda assim não conseguimos frear a doença de duka.
Todos os aspectos do budismo são propostos como remédios para esta doença. É por causa desta doença que surge o budismo. Observando de forma ampla o sentido de duka, percebemos que Buda a estudou detalhadamente e descobriu uma natureza que está além de toda esta complicação.
Podemos ter uma noção do que seja isso da seguinte forma: reconhecemos que fomos bebês, criancinhas, crianças maiores, adolescentes, adultos — e em cada etapa é como se houvesse toda uma visão de mundo correspondente. Temos uma identidade, olhamos com estranheza as vidas que os outros levam. De dentro do nosso ponto de vista, nunca entendemos completamente o que os outros fazem.
Lembro da minha adolescência; eu olhava para as outras pessoas e achava aquelas vidas muito estranhas, realmente não conseguia entender por que as pessoas se portavam daquela forma. Via crianças sendo maltratadas e tinha uma sensação de grande vantagem por ter minha própria mãe. Quando estamos imersos na nossa própria forma de ver as coisas, só podemos ver de forma estranha o modo de vida dos outros.
Então percebemos que nossas próprias visões anteriores eram visões particulares. Ao examinarmos as várias fases de nossa vida, percebemos que as várias visões são perfeitas enquanto acontecem, mas não são de forma alguma estáveis, permanentes. Quando elas mudam, pode surgir uma pergunta: "O que permaneceu ao deixarmos de ser crianças e nos tornarmos adultos?" O que permanece é um misterioso brilho interno. O Buda usou este mesmo exemplo da criança, do adolescente e do adulto. Ele apontou esta essência que vai transitando de um para outro, esta capacidade de discriminar, como a qualidade que está mais próxima do permanente.
Assim, a partir deste processo, se quisermos ver o que é o budismo de fato, não devemos pensar em épocas, pois a experiência de duka não está limitada pelo tempo… O próprio Buda histórico, o Buda Sakyamuni, não foi o primeiro Buda. Como ele mesmo relata, serviu e ouviu instruções de incontáveis Budas no passado.
Ao aprofundarmos o significado da palavra Buda, percebemos que os primeiros Budas surgem quando surgem as complicações. O budismo não é algo messiânico, Buda não veio anunciar alguma coisa, ele veio manifestar uma liberdade que a maior parte dos seres não vê. Na medida em que os Budas periodicamente aparecem e dão ensinamentos é que surge o budismo.
O budismo não é propriamente algo que pertença à história humana. Algumas vezes as pessoas colocam os ensinamentos espirituais desta forma: "Quem foi o fundador do budismo? Quando e onde surgiu o budismo? O budismo acredita em reencarnação? Que tipo de preceitos morais são praticados pelo budista? Qual a diferença entre tal e tal escolas budistas?" Esta análise do budismo em forma de questionário talvez não ajude muito.
Para o cristianismo existe o Antigo Testamento e a tábua de Moisés, que ele recebeu de Deus no topo do Monte Sinai. Assim surgem os ensinamentos cristãos: Deus se apresenta a Moisés e revela a verdade. O cristianismo depende da Bíblia, ela é a verdade para o cristão.
No sentido budista não existe uma bíblia. Já que colocamos os ensinamentos budistas na forma de um remédio destinado a remover o sofrimento originado por duka, quando isso acontece, ou seja, quando o sofrimento gerado por duka realmente cessa, atinge-se uma situação além de espaço e de tempo, de escrituras e profetas. Assim se dá a liberação da existência cíclica.
Mas o que fazemos quando estamos liberados? A primeira coisa que fazemos é abandonar o remédio. O budismo se extingue com seu efeito. Quando a liberação acontece, o budismo some completamente.
Existem várias imagens para descrever este processo. A imagem do barco, por exemplo. Existe o rio do sofrimento, a margem do sofrimento e o barco da liberação, que leva à margem da liberação. Tudo o que fazemos é atravessar o rio e abandonar o barco. Não teria sentido ficar no barco. Quando chegamos ao destino saímos do barco. Tudo que fazemos é atravessar, então abandonamos o barco. Quando fazemos uma viagem de ônibus, o que se faz? Será que pensamos: "Vamos ser fiéis ao ônibus?" Não. Ao final da viagem abandonamos o ônibus.
Quando a pessoa se vincula aos ensinamentos budistas ela não está se filiando a uma experiência sectária. Ela está apenas em busca da liberação da existência cíclica — o Buda é apenas um guia. Por exemplo: se uma pessoa está na cidade de São Paulo e precisa ir de um extremo ao outro, talvez isto seja muito difícil se ela não conhece a cidade; mas, da segunda vez, talvez seja bem mais fácil. A função do Buda é esta: ajudar as pessoas a percorrer o caminho até a liberação do sofrimento de duka. O Buda completou o trajeto. Depois, durante 46 anos, ele deu o ensinamento de como cruzar efetivamente para a outra margem.
Durante a vida do Buda, as pessoas guardavam de memória o que ele falava. Quando o Buda desapareceu, elas registraram em papel. E surgiu uma vasta obra escrita baseada nos ensinamentos orais do Buda. Muitos seguidores do Buda escreveram muitos livros, sempre lembrando que "a sabedoria não está nos livros". Então estudamos minuciosamente aqueles textos e sabemos de cor que "a sabedoria não está nas palavras".
Agora os ensinamentos chegam à língua portuguesa. Traduzimos do tibetano, chinês, japonês, sânscrito ou páli, para o português. Parece contraditório traduzir textos, mesmo sabendo que a sabedoria não está lá… É que, ainda que não esteja, os textos podem, eventualmente, umedecer as sementes de sabedoria que temos naturalmente. Esta é a sua função.
Estamos apresentando o budismo através da palavra duka. Há representações dela — as imagens da roda da vida são exemplos. A roda da vida é muito interessante, em outra ocasião abordarei isso, sobre como meditamos na roda da vida, como mudamos nosso comportamento na vida cotidiana de acordo com isso. Estes métodos fazem do budismo algo realmente excelente.

Apresentando o budismo através do Buda
Outra forma de explicar o budismo seria de uma forma positiva. Ao invés de começar com o sofrimento de duka, explicamos o budismo através da forma do Buda. Ou seja, através da palavra Buda. O que é Buda? A natureza completamente liberta dos hábitos, dos condicionamentos grosseiros e sutis. Como sabemos que somos presas de tais comportamentos? Basta olharmos para uma bandeja de doces. Dizemos: "Muita gordura, muito açúcar, isso não faz bem." Mas, ainda assim, percebemos que os doces seguem nos atraindo, independentemente de nossas convicções e tratados médicos a respeito, ou de sabermos por experiência própria que doces nos deixam enjoados após comermos alguns a mais.
Cada vez que decidimos não mais fazer alguma coisa, dizer não a algo, há uma região, onde surgem os impulsos, que parece não ser afetada pelas decisões… Podemos dizer não ao cigarro, não ao álcool, não ao videogame, mas estas coisas seguem nos atraindo. Podemos dizer não à inveja, ao desejo-apego, ao cansaço, à ganância, à raiva ou ao orgulho. Mas parece que tudo continua funcionando da mesma forma, apesar de nossa decisão.
Algumas vezes brinco que Charles Bronson é meu mestre. Faço o teste: "lamas não podem matar"; daí ponho a fita no vídeo, coloco uma estatuazinha do Buda sobre a TV e fico rezando durante o filme, mas aos dez minutos de filme já surge o impulso: "Mata, mata logo, vai!" Por isto ele é um mestre, aponta a violência oculta, mas presente. Aponta a fragilidade latente…
Isso quer dizer que temos emoções perturbadoras. E então descobrimos o sentido de uma palavra muito importante — a palavra carma. Porque, se estudamos a liberação, temos que estudar o processo oposto, o aprisionamento, que chamamos de carma.
Ao observar as grandes poesias e músicas, vemos que são sempre sobre nossos impulsos: "Eu não devia fazer tais coisas, no entanto, elas são mais fortes." Elas são sempre sobre duka, daí há duas correntes opostas: "Aqueles cinco minutos valeram a pena", e "não, aquilo nunca mais, o custo é demasiado". Por que esses poemas, músicas e ficções nos atraem? Por que vivenciamos aquilo? Por que aquela energia percorre nossas veias? Isso acontece porque estamos presos no mesmo tipo de situação mental. Então, quando falamos de Buda, inevitavelmente temos que falar de carma. Estamos inevitavelmente presos no mesmo tipo de situação descrita na música ou no romance.
Quando olhamos nossa experiência, ao reconhecer tudo isso, vemos que nossa vida tem sido sempre composta de muitos ciclos desse tipo. E de novo voltamos àquele mesmo lugar: "Por que fui atropelado?", "por que ela me deixou?", "por que sempre faço tudo errado?". E então começa tudo de novo, e dizemos: "Ah, agora já sei como é". E as coisas vão assim.
Um mestre já falecido dizia: "Se você culpa seu marido por seus problemas, você tem uma condenação perpétua — os próximos vão ter a mesma cara, os mesmos problemas do primeiro." Com namoradas é assim também. Podemos simplificar todo este processo com uma palavra — carma. É um processo muito sutil, não é uma lei que nos condena. Se fosse assim, não existiria a palavra Buda. Buda não é o ser, não é uma pessoa. Buda é uma condição de libertação de todos esses impulsos.
O Buda também diz: "Não acreditem no que eu digo, testem por si próprios." Ou seja, o que eu ensino não precisa ser tomado como uma verdade a ser aceita. Escutem e testem à sua própria maneira.

Apresentando o budismo através dos ensinamentos
A fala do Buda, seus ensinamentos e explicações sobre o remédio para duka seriam uma terceira forma de apresentação do budismo. É uma apresentação através das Quatro Nobres Verdades e do Nobre Caminho Óctuplo. Se vocês observarem apenas o que está nas Quatro Verdades e no Nobre Caminho, terão dificuldade de reconhecer o budismo, pois estes ensinamentos estão presentes em outras tradições também.
As Quatro Nobres Verdades são: a experiência de existência cíclica; o reconhecimento de que a experiência cíclica é criada artificialmente; a afirmação da possibilidade de dissolução da experiência da existência cíclica; o Caminho de Oito Passos ou Caminho do Meio, que leva à dissolução da fixação à experiência de existência cíclica.
Podemos apresentar o budismo através destas quatro verdades, e o caminho para descobrir a liberdade é o Caminho do Meio, o Nobre Caminho Óctuplo.
O primeiro passo é a decisão de abandonar a existência cíclica e a impermanência. É muito difícil chegar a este ponto. A maior parte do tempo estamos preocupados em ganhar jogos. Isso significaria dizer a um gremista que, se ele abandonasse o campeonato, não sofreria mais. Mas a pessoa diz: "Se eu abandonar o campeonato, não sou mais uma pessoa. Mas e aí? Eu vou desaparecer!" A primeira etapa das oito é muito difícil, é como saltar de um abismo. Parece haver um grande sofrimento nela. Mas, se temos a coragem de ultrapassar este obstáculo aparente, nossa vida muda por completo. Curiosamente, isto é o oposto do que pensamos convencionalmente. Apenas se liberarmos nossa conexão com a roda da vida é que estaremos livres de fato. Presos à roda, podemos querer reconhecimento, dinheiro, uma dúzia de CDs — buscamos essas coisas. É como falar com alguém que está num campeonato de futebol. A pessoa quer ser campeã da Libertadores, campeã do mundo, ou, como naquele decalque muito engraçado que vi outro dia: "Grêmio, Campeão do Planeta". Se tiramos isso da pessoa, parece que a vida perde completamente o sentido. O amadurecimento desta etapa tem uma certa conexão com outras tradições religiosas.
Se a pessoa realiza o segundo passo, vê-se liberada de todos os impulsos negativos da mente. Quando atinge a liberdade correspondente ao terceiro passo, está livre de todos os defeitos da fala e das emoções E, quando atinge a realização, a maturidade do quarto passo, está livre de todas as manipulações de corpo e identidades, está livre de causar mal para si ou para os outros através do corpo, fala (ou emoção) e mente.
No quinto passo ela se vê contemplada com o que poderíamos chamar de sorte. É como se o universo inteiro começasse a conspirar pela pessoa. Nesse momento, tudo funciona não apenas para a pessoa, mas para os outros ao redor dela. Este é o resultado da maturidade da quinta etapa.
A maturidade do sexto passo dá à pessoa uma grande estabilidade. Uma estabilidade de saúde, de vigor físico, de energia. Esta energia estável significa também destemor. Qualquer traço de medo desaparece — isto caracteriza a vitória na sexta etapa.
Quando a pessoa atinge a maturidade relacionada ao sétimo passo, consegue conceber a natureza divina de todas as coisas. Vê com nitidez o que se chama de dupla verdade, o aspecto luminoso, sagrado. Percebe o aspecto ilimitado dos grãos de poeira, das estrelas, da própria mente, da aparência física dos seres, dos carrapatos, de tudo. Também percebe o aspecto ilimitado presente nos seres abstratos, os seres que não precisam de corpos. Dito assim parece muito místico, mas a culpa é das palavras, elas são assim mesmo. Neste terceiro contexto de introdução ao budismo que estou explicando, coloco as palavras desta forma. Mesmo que elas sejam verdadeiras, não produzem as experiências, produzem apenas curiosidade e predisposição pelas experiências verdadeiras.
O oitavo passo significa a liberação completa de todos os sentidos convencionais. Alcança-se a percepção estável do aspecto ilimitado e da inseparatividade de todas as coisas, sem o aspecto convencional. No sétimo passo ainda existe uma dupla verdade, pois há um aspecto convencional em contraponto a um aspecto absoluto. Esses dois últimos passos são a iluminação, a sétima é um tipo de iluminação impossível de superar, e a oitava também. Na oitava apenas não há percepção dual.
E, por curioso que possa parecer, há um passo adicional além do Nobre Caminho Óctuplo. Buda atingiu as oito etapas sentado sob a árvore bodhi, a figueira sagrada, mas depois levantou-se para ir ao encontro dos seres e ajudá-los. É o ponto da manifestação completa da compaixão pelos seres. Ele se levanta para benefício de todos. Não é uma etapa de liberação propriamente dita — a liberação foi concluída no oitavo passo —, é o momento da ação iluminada.
Existe uma divisão comum de três modos de praticar o budismo. Começamos ouvindo ensinamentos, depois meditamos sobre eles e a seguir agimos de acordo. É por isso que estamos construindo um templo. Para fazer girar as várias etapas da roda do Darma. Precisamos de uma sala onde possamos ouvir, outra onde meditar e ainda o ambiente onde agir. Nosso objetivo é ajudar os seres das mais diferentes formas. É a manifestação de uma dimensão humana transcendente. Quando ajudamos alguém há um aspecto extraordinário, cósmico. Quando ajudamos alguém já estamos atuando segundo a compreensão de uma outra pessoa, já nos colocamos em marcha transcendente em relação a nossos próprios impulsos, nossa identidade.
Agora, se quisermos explicar de uma outra forma, ainda dentro dessa perspectiva descritiva, o budismo inteiro pode ser resumido em três palavras. A primeira é Buda, que já expliquei. A segunda é Darma, que mencionei há pouco; é o ensinamento que surge na mente do Buda para beneficiar os seres — como ele tem liberdade perante o que para nós é dificuldade, ele examina o duka dos outros seres e resolve os problemas, manifestando soluções. A terceira é Sanga, e está relacionada ao Buda.
A Sanga surgiu porque o Buda surgiu, 26 séculos atrás. Se não fosse assim, não estaríamos aqui estudando esses ensinamentos. É como se fosse uma fogueira, a chama em si não pertence a um ou dois dos paus queimando. É um calor que surge a partir do conjunto: se separamos um dos paus da fogueira, o fogo termina neste pau. Temos dificuldade de seguir o caminho da liberação sozinhos, mas quando estamos juntos é mais fácil. Chamamos isso de Sanga. Ela é capaz de queimar nossos problemas. Também é comparada a um recipiente e um pilão. Um centro de Darma, um grupo de praticantes, é como se fosse o recipiente, e o sucessivo bater do pilão é a vida cotidiana. Somos os grãos de arroz com casca. A vida vai batendo, e as cascas vão caindo. Este é o efeito da Sanga. O exemplo é do Zen, claro — exemplo Zen é sempre com arroz

Apresentando o budismo através da meditação
Há várias maneiras de introduzir os ensinamentos, vários estilos de ensinamentos. Uma das avenidas tradicionais, ensinada pelo próprio Buda, é o caminho da meditação tranqüilizadora. A gente simplesmente senta e pratica o primeiro dos oito passos, e os outros seguem-se sucessivamente. Com a mesma aparência externa da posição de lótus, segue-se etapa por etapa.
Neste caminho a pessoa entra, senta e vai colhendo as experiências profundas sentado. Este é o caminho que o Buda ensinou. Podemos chamar isto de diana, shamata, vipassana ou samadhi; podemos chamar de samassati, mahasandi, mahamudra. De acordo com o conteúdo, com o que acontece por dentro. O Buda descreve minuciosamente estes passos. O Buda diz: "Não acreditem!", ou: "Nos textos não está a verdade! Testem!"… Mas ainda assim o Buda descreve. O Buda diz que a verdade não está nos textos, mas, dependendo da realização da pessoa, o texto pode espelhar essa realização, e aí pode ser útil de alguma forma.
Temos então o aspecto discursivo, que pode ser misturado com o anterior. Cada um deles precisa dos outros. Se a pessoa só fica sentada, pode ficar apenas em confusão, é preciso algum tipo de instrução. O obstáculo da meditação nunca é resolvido na meditação. A pessoa precisa ouvir os ensinamentos e meditar, mas só ouvir não adianta, ela precisa aplicar na vida cotidiana, e então a meditação funciona.

Apresentando o budismo através da bondade
Depois existe uma outra abordagem, que é simplesmente praticar bondade. A bondade é uma capacidade de ir além da própria identidade e encontrar os outros seres. É uma imediata prática de transcendência ativa. O Dalai Lama diz: "Eu não sou budista, a minha religião é bondade, amor e compaixão." A instrução seria assim: apenas pratique bondade; se tiver dúvidas e pensar: "Isto é fácil, isto é ingênuo", chame o "mestre" Charles Bronson — vai ficar claro como este caminho é desafiador.
Podemos acreditar que existem seres terríveis, responsáveis pelos problemas do mundo. Mas há uma liberdade que não conseguimos captar na sua natureza terrível. Apenas dizer que são terríveis não explica tudo. Um psiquiatra poderia dizer: "Trato todas as pessoas, menos os loucos" —, mas seria um absurdo. O psiquiatra é alguém que tem afinidade com os loucos, ou seja, esta é a função dele. Por isso, não negamos que os seres sejam terríveis ou loucos, mas é porque as coisas são dessa forma que o psiquiatra é necessário.
Na verdade não negamos as características dos outros, mas vamos nos comportar de forma diferente. Os chineses estão trucidando os budistas no Tibete, mas o Dalai Lama, embora não diga que eles são bonzinhos, ainda assim é médico deles também. Os chineses têm suas características e estão dentro da roda.
Há algum tempo aconteceu um incidente com monges na Coréia. Pode parecer que isso apenas "suje" o nome do budismo, mas há um aspecto maravilhoso. As pessoas devem abrir os olhos e ver que não basta fazer os votos, é necessário cumpri-los. Não é por usar uma roupa diferente que se abandona o carma e os impulsos não virtuosos dos seres humanos. Não é tão fácil. Seria como dizer que apenas por se dizer budista uma pessoa estaria iluminada.
Isso me lembra aquele ministro religioso que foi reconhecido em um motel com uma senhora que não era propriamente sua esposa. Foi uma coisa terrível, ele era admirado por muitas e muitas pessoas. Aí ele foi para a TV e disse: "Viram? Eu sempre disse a vocês, o diabo é um perigo verdadeiro!"
Daí os monges aparecem na TV revelando dimensões de grande agressão. Na verdade devemos entender que a roda é um perigo… As coisas são assim, isto revela um lado humano. Os monges são seres humanos. A forma monástica é uma forma de viver. Raspar a cabeça não raspa as emoções perturbadores. O importante é rir. Rir das nossas expectativas e idealizações.
Lembro do primeiro mestre tibetano que ouvi, Sua Eminência Jangom Kongtrul Rinpoche III. Perguntaram a ele: "Os tibetanos estão mais próximos da iluminação que os ocidentais?" Quando Tenzin, o tradutor tibetano, traduziu, o mestre não parava de rir. "Será que é mesmo assim, Tenzin?", Rinpoche perguntou, jocoso. E não parava de rir… Certamente ele sabia algumas boas histórias do Tenzin. Rir é uma coisa bem boa. Rimos de nós mesmos.
Levar as coisas muito a sério é um grave problema. O Buda mesmo disse: "Se alguém fizesse as prostrações para mim pelas minhas 32 marcas, este seria um herege." Pois um ser liberto não é identificado por características particulares. Então, quando criamos expectativas e depois nos frustramos, estamos apenas criando seres e colocando idealmente qualidades ilimitadas neles.
Mas isto foi apenas um longo parêntese sobre a questão da bondade. Essa bondade pode também ser descrita em dez níveis. Mas não há tempo para este estudo aprofundado agora.

Apresentando o budismo através dos Yidams ou da perfeição de todas as coisas
Outra forma aparentemente diferente de se aproximar do budismo é olharmos para as deidades e suas qualidades e procurarmos copiar de imediato estas qualidades. Em vez de pensar na roda, na estabilização meditativa, ou na bondade, praticamos sadanas referentes a Yidams. É um outro caminho, pode ser praticado sozinho, mas caracteriza uma abordagem em si mesma.
Existe ainda uma outra forma, na qual resumidamente se compreende o primeiro passo do Nobre Caminho Óctuplo e se utiliza a vontade de superação da experiência da existência cíclica como combustível poderoso para penetrar nas práticas de meditação na perfeição de todas as coisas. Não vamos usar conceitos de amor e compaixão, não vamos praticar virtudes nem a supressão das não-virtudes; focamos diretamente a natureza ilimitada. O reconhecimento da natureza ilimitada produz a superação de todas as prisões e carmas, nada mais é necessário.
Todos esses métodos têm superposições uns com os outros, e cada um apresenta dificuldades específicas. Neste último método, por exemplo, o foco não está na prática, no trabalho, na família ou nos centros de atendimento. A ênfase está especialmente nos retiros.

Para praticar o budismo…
Há uma grande diversidade de formas de prática no que diz respeito aos ensinamentos. Este é o corpo de ensinamentos do Buda, mas muitos ensinamentos podem vir a ser necessários antes mesmo de se poder entrar no Nobre Caminho Óctuplo. Podemos dizer que 90% ou 95% dos seres não podem praticar imediatamente as Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho Óctuplo, pois estes ensinamentos pareceriam demasiado sofisticados ou fora de propósito. As pessoas estão presas a ideologias, formas de compreensão, hábitos mentais, soluções aparentes, prioridades invasivas que as impedem. Ajudar estes seres é o foco da maior parte dos ensinamentos dos mestres. Se eles compreenderem a bondade, o amor e a compaixão, isto será maravilhoso.
É como o Buda disse: "Pratiquem a bondade, não criem sofrimento, dirijam a própria mente. Esta é a essência do Budismo."

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"Quando assistimos um filme, a identificação com os personagens é imediata. Ainda que esteja claro que trata-se de uma ficção, as emoções surgem e somos capazes de nos inflamar."
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Informações do Autor…
Padma Samten foi ordenado lama na linhagem Nyingma do budismo tibetano por Chagdud Tulku Rinpoche em 1996. Físico com bacharelado e mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde foi professor de 1969 a 1994, dedicou-se especialmente ao exame dos fundamentos epistemológicos e cognitivos da Teoria Quântica, nos quais encontrou afinidade com o pensamento budista. Em 1986 fundou o Centro de Estudos Budistas (hoje Instituto Caminho do Meio), entidade dedicada a promover o estudo e o intercâmbio entre as culturas budistas e não-budistas. Tem dedicado seu tempo e energia não só a ensinar o budismo, mas também a trabalhar pela paz mundial e pelo diálogo inter-religioso e intercultural.

O Significado de Mettabhavanna


Metta: (pali) bondade, amor.
Bhavana: (pali) prática, cultivo, produção, aquisição de domínio, desenvolvimento, reflexão, meditação.
Mettabhavana: MEDITAÇÃO DA BONDADE AMOROSA
Objetivo: purificar a mente de todas as impurezas tornando-a saudável.
“O mettabhavana trata-se de um método de realizações simples e eficiente dirigido à prática do equilíbrio e da pacificação no contexto das nossas relações cotidianas.”
Lama Padma Samten (Guru da Meditação do Lótus)

1) Que (...) seja feliz.
2) Que (...) se liberte do sofrimento.
3) Que (...) encontre as causas da verdadeira felicidade.
4) Que (...) supere as verdadeiras causas do sofrimento.
5) Que (...) se libere totalmente do seu carma.
6) Que (...) manifeste lucidez de modo natural e instantâneo.
7) Que (...) seja verdadeiramente capaz de ajudar os outros seres.
8) Que (...) encontre nisso sua fonte de alegria e energia.

A dor da alma.

Não vão ficar pensando que sou uma suicida! É apenas uma curiosidade um tanto mórbida, devo concordar. Mas é que fico pensando: os suicidas são corajosos, covardes ou loucos mesmo? É. Porque no Aurélio está definido como "desgraça ou ruína procurada de livre vontade ou por falta de discernimento." Aí, no caso dos loucos, é falta de juízo mesmo. Mas e a livre vontade? Querer morrer? Ter vontade de morrer? Ter coragem de matar-se? Ou transferir para o corpo a dor da alma? E vamos mudando de assunto que isso é conversa para psiquiatras ou é coisa que leva à loucura, o que dá no mesmo!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"The Suicide" - Antoine Wiertz - Óleo sobre tela - 1794


"Le Suicidé" - de Edouard Manet - Óleo sobre tela - 38X46cm. - 1877/1881

Uma deusa com um menino nos braços?


OM MANI PEME HUNG HRI


TCHEN significa olho;
RE implica a idéia de continuidade;
ZIG significa olhar.
Tchenrezig é, então, aquele que olha para todos os seres continuamente com o olho da compaixão. E seu mantra é
OM MANI PEME HUNG HRI

"Tchenrezig, nome tibetano de Avalokiteshvara, em sânscrito, é 'Aquele que olha para baixo' personificando a misericórdia e a compaixão. Os Dalai-Lamas são considerados sua encarnação. É representado com onze cabeças e mil braços cada um com um olho na palma de cada mão para indicar sua atenção sempre desperta para atender aos que sofrem. Na China, esta entidade é vista como a deusa Kwanyin, deusa da misericórdia. Uma deusa com um menino nos braços."

A dor.


Angústia, melancolia, depressão, tristeza, abafamento, insegurança, ansiedade. Dor na alma. O que é esta dor, uma espécie de queimação que dói, arde no peito quando ficamos com medo? Podemos pegá-la? Ela é física? Quero tirá-la de mim e de todos os outros seres.