Dzongsar Khyentse Rinpoche
“Quando a prática for boa, tente não ficar muito excitado ou usar esse nível de concentração e inspiração como o padrão para toda prática futura. Tsele Natsok Rangdröl disse que praticantes do darma não devem ser como crianças que ficam tão excitadas em um parquinho de diversões cheio de brinquedos que ficam incapazes de escolher com qual vão brincar e terminam não fazendo nada. Quando sua prática não ir bem, não deixe isso sabotar ou desgastar sua determinação. O conselho que Jigme Lingpa dá é, ao repentinamente se deparar com circunstâncias ruins e obstáculos, considere tudo como as bênçãos compassivas do mestre, do darma e do resultado da prática. Nossas vidas serão estimuladas pela prática. Podemos até atrair obstáculos, como Buda Shakyamuni, que atraiu a ira de Mara nas horas antes de alcançar a iluminação. Dificuldades são, então, um sinal que sua prática está funcionando e deveriam te fazer feliz.A chave é consistência. O que acontece com frequência é que, no calor da inspiração, praticantes exageram na dose da prática, depois se sentem profundamente frustrados quando falham em vivenciar um bom sonho, não conseguem se concentrar adequadamente ou manter a calma. Tendo praticado até se fartar, eles param por uns meses, e quando eventualmente retornam, estão de volta à estaca zero. Nesse ritmo, o progresso é muito lento. Uma abordagem muito melhor é a da tartaruga. Cada passo parece uma eternidade, mas não importa quão desanimado se sinta, continue a seguir a agenda de sua prática de modo preciso e consistente. É assim que podemos usar nosso maior inimigo, o hábito, contra ele mesmo. O hábito gruda em nós como uma sanguessuga, ficando mais rígida e teimosa a cada momento, e mesmo que consigamos espantá-la, ainda ficamos com uma lembrança de sua existência que provoca coceira. Ao se habituar à prática do darma regular, no entanto, usamos nosso inimigo contra ele mesmo ao contrabalançar maus hábitos com o bom hábito da prática. E, como Shantideva, apontou, nada é difícil uma vez que você se acostume.”
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