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sábado, 19 de dezembro de 2009

Divagando.


Sonhei com uma coisa ruim e não me lembro o que era. Ando digitando demais, traduzindo demais e talvez esteja me sentindo culpada por não estar meditando como deveria.

O vizinho debaixo tosse prá burro e está cada dia pior. Cada noite pior. Depois que descobri que a profissão dele é carcereiro, ele me chama mais ainda a atenção. Na realidade é um sujeito estranho, taciturno, ainda jovem, mas com ares ranzinzas. Por duas vezes espancou o filho de treze anos. Me retorci para não chamar a polícia. O filho vive com a mãe, ainda bem! O homem não nos cumprimenta. Paciência!

Fiquei pensando nas coisas que Yongey Mingyur Rinpoche falou. Cravou tudo em mim porque copiei à medida em que ele falava no vídeo e agora estou digitando à medida em que traduzo.

De que adianta saber os termos "técnicos" do budismo se eles não nos liberam? São mais conceitos!

Será que Jesus nasceu mesmo nessa data chata que chove sem parar? Será que uma mãe teria coragem de colocar seu recém-nascido num cocho onde burros e vacas comem? Acho tudo isso tão estranho. Não gosto de natal nem de ano-novo. Prá mim não tem mais o menor significado. É Papai Noel, uma compração de coisas, presentes pra fulano, presentes prá ciclano! De onde veio isso? O natal não é prá comemorar o nascimento de Jesus? Tá comprando presente pra quê? Mas como já disse, será que ele nasceu nessa época mesmo? Ah! Deixa prá lá!

É bom quando consigo ficar sem pensar nem que seja por alguns segundos. Descanso a mente.

Essa dor na perna me inquieta. Sinto-me velha, feia, indesejável, inconveniente, excessiva e inútil sem trabalho. Lembro-me que o Rinpoche falou muito nisso, em como é triste ficar velho, em como as pessoas se afastam, não querem ver você por perto.

A briga com minha mãe, as cobranças e manipulações dela me saturaram, a gota d'água. A Milky doente, a preocupação com o futuro dos meus filhos que, apesar de adultos, ainda vivem comigo, o que eles farão se eu faltar, o que farão se o pai faltar, o que farei se algum deles faltar! Começo a pensar na morte, mas de uma maneira viceral e tudo ficará registrado aqui, mas eu não estarei mais. Muita gente acha que sou muito Clarisse, mas Lispector morreu de câncer muito antes de alcançar a minha idade.
Tem sol hoje.

3 comentários:

Anônimo disse...

o salto do tigre é quando olhamos para o abismo e fazemos dele uma ponte para o outro lado... morreremos isso é fato. Mas, será que isso realmente importa se já sabíamos diiso quanfo aqui chegamos. A roda da vida continuará a girar... TODOS sobrevivem à falta.
Bj no coração,
Adriana Dornellas

Anônimo disse...

concordo com vc sobre a reflexão do real significado disso que chamamos de natal... nada disso me comove , mas estar com os que me são caros é uma forma de renascer na Presença e isso basta.
Se é que posso entender suas divagações aí vão as minhas

Adriana Dornellas

Padma Lodrön disse...

Prezada Adriana. Na hora emm que você descobrir uma doença, digamos, complicada, se lembrará com tranquilidade que sabia que ia morrer quando chegou aqui? Por isso é preciso muita prática!
Posso estar com os que me são caros fora desse contexto piegas de natal (com letra minúscula mesmo). Aliás, passo melhores tempos com eles fora dos contextos natal, dia das mães, dos pais, etc. blá, blá, blá!
Não. Ninguém entende as divagações de ninguém! O que me fortalece, encoraja e anima é a impermanência. Hoje já é um novo dia e tudo já passou. O bom e o ruim! Viva o novo!
Feliz NATAL!

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